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quarta-feira, 19 de abril de 2017

28% dos brasileiros confessam que não gostam de ler



Para formar novos leitores, é preciso não apenas incentivo, mas exemplo dentro de casa, diz especialista


Segundo dados do Instituto Pró-Livro (IPL/2016), a leitura é um hábito de 56% da população brasileira. E o número parece não ter evoluído nos últimos anos: eram 55% em 2007 e 50% em 2011.  Para ser considerado um leitor, pela metodologia do estudo, é necessário ter lido ao menos um livro nos últimos três meses. Segundo o gerente editorial da Editora Positivo, Júlio Röcker Neto, para formar leitores é essencial entender o perfil de leitura do brasileiro e compreender quais são seus hábitos, para focar na criação de livros que se adequem à demanda dos cidadãos. Isso porque, enquanto 43% dos entrevistados alegaram falta de tempo para leitura, outros 28% (num universo de 5 mil pessoas), declararam – simplesmente – que não gostavam de ler. Ainda segundo a pesquisa, 42% dos entrevistados disseram ler a Bíblia, seguidos por livros religiosos, contos e romances (todos com 22%). Já os livros didáticos aparecem como leitura frequente de 16% dos entrevistados, enquanto os infantis de 15% do público. 

“Fazer com que estes 28% desenvolvam o prazer pela leitura é um grande desafio para o país. Quanto mais cedo as pessoas criarem o prazer pela literatura, mais chances terão de se tornar um leitor assíduo e um cidadão mais crítico", defende o especialista. Entre os benefícios da leitura, Röcker Neto cita o aprimoramento do vocabulário, a dinamização do raciocínio e da interpretação, além da aquisição de conhecimento e informação. “Ler, antes de tudo, é uma operação de percepção, em que estão envolvidos muitos processos: neurofisiológico, cognitivo, afetivo, argumentativo, simbólico (não necessariamente nessa ordem) - daí a complexidade e abrangência do conceito de leitura”, complementa.   


Exemplo

Graduado em Letras, especialista em Leitura e Múltiplas Linguagens, e mestre em Literatura, Röcker Neto observa que um dos primeiros passos na formação de leitores é promover o acesso ao livro e estimular a leitura por meio do exemplo. “Facilite o acesso, levando os pequenos na biblioteca ou na livraria e deixe com que escolham o livro que desejam ler ou que querem que você leia para eles. Não se preocupe com o tema. A literatura é um espaço de fantasia, de liberdade, de imaginação. Leia para os pequenos, dê o exemplo em casa, e deixe que eles, mesmo que não alfabetizados, leiam para você, aproveitando para conversar sobre o tema e as ideias que surgem a respeito”, sugere.  

Segundo o especialista, também é importante chamar a atenção para as imagens que estão nas obras, uma vez que, muitas vezes, sozinhas, elas contam uma outra história, estimulando a criatividade. Ele observa que, para criar o hábito, vale a pena desligar a televisão dez minutos mais cedo e ir para o quarto ler com as crianças, antes de dormir: “esse momento pode se tornar um tempo de convivência maravilhoso entre pais e filhos”, ressalta.

Para auxiliar aqueles que desejam compreender mais sobre a leitura e as diversas fases das crianças e jovens nesse universo, Röcker Neto apresenta uma sugestão de leitura para cada etapa de desenvolvimento:


Fases da formação do leitor:

·         PRÉ-LEITOR (entre 2 a 5 anos): Fase dos primeiros contatos da criança com os livros antes da alfabetização, quando o objeto livro e as imagens em situação começam a ser descobertas.  Sugestão de leitura: O Encontro, de Michele Iacoca (Ed. Positivo, R$ 39,80) - narrativa visual mostra o desenrolar de uma situação intrigante por meio do deslocamento de um personagem não identificado por diversos ambientes de uma casa. É um livro que exige a participação ativa da criança. 


·         LEITOR INICIANTE (dos 6 aos 7 anos): Fase da aprendizagem da leitura; início do processo de socialização e de racionalização da realidade com que a criança entra em contato. Sugestão de leitura: “O leão e o pássaro”, de Marianne Dubuc (Ed. Positivo, R$ 44,30) - num dia de outono, o leão encontra perto de casa um pássaro machucado. Começa assim uma amizade. Um texto delicado, em que os ritmos da natureza e as estações do ano moldam o curso da vida e impregnam a relação desses dois seres.


·         LEITOR EM PROCESSO (8 aos 9 anos):  Fase do domínio relativo do mecanismo da leitura e de agudização do interesse pelo conhecimento das coisas, com o pensamento lógico se organizando em formas concretas que permitem as operações mentais. Sugestão de leitura: Visita à baleia, de Paulo Venturelli (Ed. Positivo, R$ 39,80) - texto emocionante, em que os desejos e as dúvidas de um menino afloram por entre as frestas da imaginação. 


·         LEITOR FLUENTE (dos 10 aos 11 anos):  Fase de consolidação do domínio da leitura e da compreensão do mundo expresso no livro. Sugestão de leitura: Marcéu, de Marcos Bagno (Ed. Positivo, R$ 44,30) -  com beleza e sensibilidade trata da relação de dois irmãos. O mais novo, que tem um contato íntimo com a natureza, morre em uma enchente. O mais velho, com a trágica experiência, amplia e aprofunda sua visão de mundo e de si mesmo.


·         LEITOR CRÍTICO (entre 12 e 13 anos): Fase de total domínio da leitura, da linguagem escrita, capacidade de reflexão em maior profundidade, podendo ir mais fundo no texto e atingir a visão de mundo ali presente. Sugestão de leitura: "Apenas Tiago", de Caio Riter (Ed. Positivo, R$ 44,30) - Tiago é um jovem que foi abandonado pelos pais, vive com uma tia e é levado por más companhias. Trama envolvente à medida que propõe uma reflexão sobre quem realmente somos em situações adversas.




Editora Positivo



Por que as crianças não devem ficar sentadas na escola o dia inteiro?



A implementação de pausas para atividade física na sala de aula pode melhorar o comportamento na sala de aula

 
“Sentados”, este é um mantra das salas de aula...



Mas isso está mudando à medida que as evidências mostram que fazer breves intervalos de atividade, durante o dia, ajuda as crianças a aprender e a serem mais atentas na sala de aula.

“Precisamos reconhecer que as crianças ‘são movimento’. Nas escolas, às vezes, agimos contra a natureza humana, pedindo-lhes para ficar quietas e sentadas o tempo todo. Caímos na armadilha de pensar que se as crianças estão em suas mesas, com suas cabeças para baixo, silenciosas e escrevendo, estão aprendendo. Mas o que descobrimos é que o tempo ativo usado para energizar o cérebro torna os momentos de aprendizagem ainda melhores”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Um relatório de 2013 do Instituto de Medicina concluiu que as crianças que são mais ativas "demonstram maior atenção, têm velocidade de processamento cognitivo mais rápido e melhor desempenho em testes acadêmicos padronizados do que crianças que são menos ativas". E um estudo, publicado em janeiro, pela Universidade de Lund, na Suécia, mostra que os alunos, especialmente os rapazes, que faziam educação física diariamente tinham melhores resultados na escola.

“A atividade física diária é uma oportunidade para a escola média se tornar uma escola de alto desempenho. A atividade ajuda o cérebro de muitas maneiras: estimula mais vasos sanguíneos no cérebro para suportar mais células cerebrais. E há evidências de que crianças ativas se saem melhor em testes padronizados e prestam mais atenção na escola”, destaca o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

O movimento ativa todas as células cerebrais que as crianças estão usando para aprender, acorda o cérebro. Além disso, faz com que as crianças queiram ir mais à escola - é divertido fazer essas atividades. Mas, mesmo diante das evidências científicas, as escolas ainda apostam a maior parte do tempo nas atividades acadêmicas. É raro encontrar escolas que ofereçam aulas diárias de educação física.


Menos tempo na cadeira

“As crianças, assim como os adultos, não devem ficar sentadas o dia todo, recebendo informações”, observa o médico.

Nos EUA, a  National Association of Physical Literacy produziu uma série de vídeos de três a cinco minutos chamados "BrainErgizers" que estão sendo usados ​​em escolas em 15 estados americanos, no Canadá, no México, na Irlanda e na Austrália. Uma versão do programa está disponível para as escolas sem nenhum custo.

O programa é projetado para que de três a cinco vezes por dia, os professores possam reservar alguns minutos para que os alunos assistam a um vídeo e sigam as dicas dadas pelos instrutores. Em um vídeo típico, os instrutores são estudantes da Universidade de Connecticut que fazem um aquecimento rápido e depois propõem que as crianças participem de um mini-treino envolvendo movimentos de vários esportes: beisebol, basquete e um triatlo.

“Ao final de uma semana, as crianças têm uma hora ou mais de movimento. E tudo é feito na sala de aula sem equipamentos especiais. A proposta não é substituir as aulas de educação física, o objetivo é oferecer às crianças mais minutos de movimento por semana. A introdução dos vídeos dá às crianças uma chance de experimentar esportes que elas nunca tenham experimentado antes. Esta é uma geração digital que espera se divertir, e a proposta desse movimento é usar a tecnologia para que as crianças se movam mais e se mantenham entretidas”, explica Moises Chencinski.


Mais que aulas de educação física

Nas aulas de educação física, muitas vezes, as crianças se movem por cerca de 15 minutos, durante um período de 50 minutos. Se acrescentarmos essa atividade na sala de aula, algumas vezes por dia, isso pode render pelo menos 60 minutos a mais de movimento por semana.

Já em 1961, o presidente Kennedy defendia que as crianças precisavam de atividade física nas escolas para se desenvolver. Michelle Obama tinha a mesma intenção ao criar o movimento “Let’s Move – Active Schools”.

“Precisamos conhecer essas novas experiências, pois, nos últimos 20 anos, as escolas estão cedendo apenas à pressão acadêmica. Não estamos pensando em como a atividade física pode ajudar as crianças a lidarem com o estresse para beneficiá-los na sala de aula”, defende o médico.





Moises Chencinski




Reprovação estimula evasão escolar, principalmente entre jovens de 15 a 17 anos



A reprovação durante o Ensino Médio é apontada como uma das principais causas para a evasão de alunos das escolas em todo o país, principalmente entre os jovens de 15 a 17 anos. De acordo com um levantamento divulgado recentemente pela Organização Não Governamental Todos Pela Educação, 62% dos jovens brasileiros que largaram os estudos estão justamente nessa faixa de idade. São, aproximadamente, 1,5 milhão de adolescentes fora das escolas.

“No momento em que o estudante está mais próximo de decidir sobre o que pretende para sua vida, o processo é simplesmente interrompido. E, infelizmente, são raros os casos em que são retomados. São poucos os desistentes que regressam aos bancos escolares e concluem o Ensino Médio”, lamenta Fabio Silva, coordenador pedagógico do Ético Sistema de Ensino, que oferece soluções educacionais a centenas de escolas espalhadas pelo país.

Para o especialista, a reprovação desestimula muitos jovens a prosseguir com os estudos por diversos fatores, podendo variar também de acordo com a realidade de cada um. “Em muitos casos, eles ficam desencorajados de rever o conteúdo de todas as disciplinas por mais um ano seguido, sendo que o mau desempenho foi apenas em uma ou duas. E entre enfrentar tudo de novo e desistir, desacreditados, muitos acabam por desistir”, acredita o coordenador pedagógico.

Algumas escolas já optam pelo método de progressão continuada para tentar reverter esse quadro. Mas, embora se mostre eficiente em países como Japão, Suécia e Noruega, aqui no país ainda encontra resistência. É o que aponta uma pesquisa de 2014 realizada com mais de 2 mil professores, encomendada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Para cada 10 professores, 6 são contra a progressão continuada.

“A pesquisa da ONG revela que apenas 58,5% dos nossos estudantes de até 19 anos concluem o Ensino Médio. É urgente melhorar esse índice, se queremos de fato formar verdadeiros cidadãos, se desejamos realmente um Brasil melhor. Para isso, nossas instituições de ensino precisam oferecer melhores mecanismos para o acompanhamento e avaliação de seus alunos, sem usar a reprovação como única ferramenta de medição do desempenho escolar”, conclui Silva.




Ético Sistema de Ensino





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