A implementação de pausas para atividade física na sala de
aula pode
melhorar o comportamento na sala de aula
“Sentados”,
este é um mantra das salas de aula...
Mas
isso está mudando à medida que as evidências mostram que fazer breves intervalos
de atividade, durante o dia, ajuda as crianças a aprender e a serem mais
atentas na sala de aula.
“Precisamos
reconhecer que as crianças ‘são movimento’. Nas escolas, às vezes, agimos
contra a natureza humana, pedindo-lhes para ficar quietas e sentadas o tempo
todo. Caímos na armadilha de pensar que se as crianças estão em suas mesas, com
suas cabeças para baixo, silenciosas e escrevendo, estão aprendendo. Mas o que
descobrimos é que o tempo ativo usado para energizar o cérebro torna os
momentos de aprendizagem ainda melhores”, afirma o pediatra e homeopata Moises
Chencinski (CRM-SP 36.349).
Um
relatório de 2013 do Instituto de Medicina concluiu que as
crianças que são mais ativas "demonstram maior atenção, têm velocidade de
processamento cognitivo mais rápido e melhor desempenho em testes acadêmicos
padronizados do que crianças que são menos ativas". E um estudo,
publicado em janeiro, pela Universidade de Lund, na Suécia, mostra que os
alunos, especialmente os rapazes, que faziam educação física diariamente tinham
melhores resultados na escola.
“A
atividade física diária é uma oportunidade para a escola média se tornar uma
escola de alto desempenho. A atividade ajuda o cérebro de muitas maneiras:
estimula mais vasos sanguíneos no cérebro para suportar mais células cerebrais.
E há evidências de que crianças ativas se saem melhor em testes
padronizados e prestam mais atenção na escola”, destaca o pediatra, que é
membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da
Sociedade de Pediatria de São Paulo.
O
movimento ativa todas as células cerebrais que as crianças estão usando para
aprender, acorda o cérebro. Além disso, faz com que as crianças queiram ir mais
à escola - é divertido fazer essas atividades. Mas, mesmo diante das evidências
científicas, as escolas ainda apostam a maior parte do tempo nas atividades
acadêmicas. É raro encontrar escolas que ofereçam aulas diárias de educação física.
Menos tempo na cadeira
“As
crianças, assim como os adultos, não devem ficar sentadas o dia todo, recebendo
informações”, observa o médico.
Nos
EUA, a National
Association of Physical Literacy produziu uma série de vídeos de três a cinco
minutos chamados "BrainErgizers" que estão sendo usados em escolas em 15 estados americanos, no Canadá, no México, na
Irlanda e na Austrália. Uma versão do programa está disponível para as escolas sem nenhum
custo.
O
programa é projetado para que de três a cinco vezes por dia, os professores
possam reservar alguns minutos para que os alunos assistam a um vídeo e sigam
as dicas dadas pelos instrutores. Em um vídeo típico, os instrutores são
estudantes da Universidade de Connecticut que fazem um aquecimento rápido e
depois propõem que as crianças participem de um mini-treino envolvendo
movimentos de vários esportes: beisebol, basquete e um triatlo.
“Ao
final de uma semana, as crianças têm uma hora ou mais de movimento. E tudo é
feito na sala de aula sem equipamentos especiais. A proposta não é substituir
as aulas de educação física, o objetivo é oferecer às crianças mais minutos de
movimento por semana. A introdução dos vídeos dá às crianças uma chance
de experimentar esportes que elas nunca tenham experimentado antes. Esta é uma
geração digital que espera se divertir, e a proposta desse movimento é usar a
tecnologia para que as crianças se movam mais e se mantenham entretidas”,
explica Moises Chencinski.
Mais que aulas de educação física
Nas
aulas de educação física, muitas vezes, as crianças se movem por cerca de 15
minutos, durante um período de 50 minutos. Se acrescentarmos essa atividade na
sala de aula, algumas vezes por dia, isso pode render pelo menos 60 minutos a
mais de movimento por semana.
Já
em 1961, o presidente Kennedy defendia que as crianças precisavam de atividade
física nas escolas para se desenvolver. Michelle Obama tinha a mesma intenção
ao criar o movimento “Let’s Move – Active Schools”.
“Precisamos
conhecer essas novas experiências, pois, nos últimos 20 anos, as escolas estão
cedendo apenas à pressão acadêmica. Não estamos pensando em como a atividade
física pode ajudar as crianças a lidarem com o estresse para beneficiá-los na
sala de aula”, defende o médico.
Moises
Chencinski
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