A reprovação durante o Ensino Médio é apontada como
uma das principais causas para a evasão de alunos das escolas em todo o país,
principalmente entre os jovens de 15 a 17 anos. De acordo com um levantamento
divulgado recentemente pela Organização Não Governamental Todos Pela Educação,
62% dos jovens brasileiros que largaram os estudos estão justamente nessa faixa
de idade. São, aproximadamente, 1,5 milhão de adolescentes fora das escolas.
“No momento em que o estudante está mais próximo de
decidir sobre o que pretende para sua vida, o processo é simplesmente interrompido.
E, infelizmente, são raros os casos em que são retomados. São poucos os
desistentes que regressam aos bancos escolares e concluem o Ensino Médio”,
lamenta Fabio Silva, coordenador pedagógico do Ético Sistema de Ensino, que
oferece soluções educacionais a centenas de escolas espalhadas pelo país.
Para o especialista, a reprovação desestimula
muitos jovens a prosseguir com os estudos por diversos fatores, podendo variar
também de acordo com a realidade de cada um. “Em muitos casos, eles ficam
desencorajados de rever o conteúdo de todas as disciplinas por mais um ano
seguido, sendo que o mau desempenho foi apenas em uma ou duas. E entre
enfrentar tudo de novo e desistir, desacreditados, muitos acabam por desistir”,
acredita o coordenador pedagógico.
Algumas escolas já optam pelo método de progressão continuada para tentar reverter esse quadro. Mas, embora se mostre eficiente em países como Japão, Suécia e Noruega, aqui no país ainda encontra resistência. É o que aponta uma pesquisa de 2014 realizada com mais de 2 mil professores, encomendada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Para cada 10 professores, 6 são contra a progressão continuada.
“A pesquisa da ONG revela que apenas 58,5% dos nossos estudantes de até 19 anos concluem o Ensino Médio. É urgente melhorar esse índice, se queremos de fato formar verdadeiros cidadãos, se desejamos realmente um Brasil melhor. Para isso, nossas instituições de ensino precisam oferecer melhores mecanismos para o acompanhamento e avaliação de seus alunos, sem usar a reprovação como única ferramenta de medição do desempenho escolar”, conclui Silva.
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