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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Além de afetar a autoestima, entenda como a falta de dentes leva a problemas de digestão

Problema pode estar associado a patologias que vão da gastrite à enxaqueca, mas pode ser resolvido com implantes. Empresa brasiliense CPMH Digital desenvolveu uma prótese exclusiva no Brasil que já mudou cerca de 100 vidas

 

A primeira parte do processo digestivo é ainda na boca, quando os dentes trituram os alimentos. Isso significa que, muito além da autoestima afetada e de eventuais transtornos psicológicos, a falta de dentes na boca prejudica essa etapa importante da digestão e pode estar associada a mais de 15 patologias. A lista vai de gastrite, úlcera e prisão de ventre à enxaqueca. O Ministério da Saúde, por exemplo, recomenda mastigar os alimentos 30 vezes antes de engolir. Sem a mastigação correta, o processo digestivo fica mais lento e dá sensação prolongada de estufamento abdominal. 

“Digerir os alimentos significa quebrá-los em pedaços cada vez menores para que o organismo consiga absorver os nutrientes”, explica o médico gastroenterologista Rodrigo Aires de Castro, do Hospital Anchieta de Brasília. “Quando não mastigamos adequadamente os alimentos, transferimos para o estômago um trabalho que deveria ser feito pelos dentes. Isso, além de tornar o processo digestivo mais lento, sobrecarrega o estômago, podendo levar a sintomas.” 

Para quem tem problemas com a falta de dentes, a principal sugestão é procurar um cirurgião dentista para correção do problema. Mesmo com a dentição completa, para que a digestão ocorra da melhor maneira, a recomendação do médico é uma alimentação variada, rica em frutas e vegetais, dividida em pelo menos cinco refeições diárias, balanceadas nos demais grupos de alimentos.

 

Dificuldade na pele 

A vida do brasiliense Wilber Kleber Vasconselos foi marcada pela baixa autoestima e pelos problemas derivados da falta de dentes. Devido à falta de condições financeiras para fazer tratamentos, precisou arrancá-los depois de sofrer com dores intensas. “Vivi esse sofrimento até chegar ao sorriso vazio. Perdi os dentes cedo e tinha o desejo de arrumá-los, mas não tinha como. Se você for a um almoço, não consegue comer uma azeitona ou um milho assado, um churrasco”, relata o paciente, que também conta que a falta de mastigação contribuiu para um aumento de peso. 

“Fui a vários consultórios e fui bem atendido, mas não consegui ajuda, pois a minha gengiva ficou muito fina e precisava fazer enxerto, além de outras complicações. Por isso, não havia dado certo até então”, conta Kleber. Em janeiro, ele receberá um implante tecnológico renovador por meio de uma ação social.
 

Implante tecnológico 

O implante customizado de Kleber é produzido por meio de uma tecnologia de impressão 3D em titânio, com exclusividade da empresa brasiliense CPMH Digital no Brasil, produzida de maneira semelhante em apenas quatro fábricas em todo o mundo. A prótese CustomLIFE substitui qualquer dente e serve tanto para pacientes com ausência de dentes (pacientes edêntulos) como aqueles que não têm osso suficiente na região para fazer implantes convencionais. A tecnologia estreou em 2019 e, desde então, atendeu a cerca de 100 casos em todo o país. 

Comparada às demais opções disponíveis no mercado nacional, que muitas vezes precisam de um tempo para cicatrização óssea, a reabilitação do implante neste caso é imediata. Todo o processo, desde os exames iniciais até a realização do implante, leva de um a três meses. Como nas demais cirurgias, o estado de saúde do paciente deve ser analisado para descobrir eventuais contra indicações. 

“Outra vantagem é a dispensa no processo de enxerto, o que normalmente faz o paciente ter longa espera de até dois anos para obter uma prótese fixa nos tratamentos tradicionais”, explica o cirurgião-dentista Frederico Rodger. Realizado por profissionais habilitados, o processo cirúrgico não difere muito dos implantes convencionais. Nas primeiras 48 horas, a alimentação deve ser líquida ou pastosa. A partir daí, os hábitos alimentares são retomados gradativamente, à medida que o paciente se habitua com a nova prótese. 

“Como esse implante permite a instalação de uma prótese fixa logo após a cirurgia, o paciente se sente seguro para se alimentar adequadamente em pouco tempo, além de falar, sorrir e socializar normalmente, sem insegurança em relação ao sorriso”, complementa a também cirurgiã-dentista Danielle Sales. “O implante dentário, além de restaurar os dentes, restaura vidas. Já me emocionei com inúmeros relatos de pessoas que não tinham mais o prazer de sorrir ou sair de casa e voltaram a ter uma vida social”, comenta Rodger.


O ano começou: é hora de retomar os cuidados com a saúde

O primeiro passo é verificar o estado geral por meio da realização de exames laboratoriais de rotina, solicitados pelo médico, após avaliação individual

 

Nenhuma resolução para 2023 poderá ser cumprida sem a saúde em dia. Por isso, já no início do ano, principalmente após um período em que a Copa do Mundo e a época de festas afastaram muitas pessoas do médico, é importante realizar uma bateria de exames ou check-up. Com os avanços da ciência e da tecnologia, os exames diagnósticos têm sido cada vez mais decisivos na aplicação da conduta médica adequada em diversas patologias. 

Atualmente, as análises laboratoriais contemplam amplo leque de possibilidades que apoiam os profissionais médicos para detectar alterações metabólicas, diagnosticar doenças em estágios iniciais e analisar a necessidade de investigação complementar e/ou de tratamento. Sua utilização conforme as diretrizes médicas mais atualizadas traz inúmeros benefícios aos pacientes. 

De acordo com o Dr. Alberto Duarte, líder médico do Laboratório e Patologista Clínico do Hcor, dependendo do estado de saúde do paciente, pode haver mudanças nos exames de rotina solicitados e na frequência com que são realizados. No entanto, de maneira geral, o ideal é que sejam feitos, pelo menos, seis grupos de testes, uma vez ao ano. “O primeiro é o hemograma completo, que quantifica as células do sangue - glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas. Níveis anormais desses componentes podem indicar deficiência nutricional, problemas de coagulação, infecções, distúrbios do sistema imunológico e até leucemia”, explica. 

O segundo é o painel metabólico básico, que analisa cálcio, glicose, sódio, potássio, ureia e creatinina, por exemplo. “Alterações podem indicar doença renal, diabetes ou desequilíbrios hormonais”, esclarece. Uma análise mais completa também pode ser considerada por meio de um painel metabólico abrangente, que além dos testes básicos, conta com medições das proteínas séricas através de uma eletroforese, fosfatase alcalina (ALP), alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e bilirrubina. “Altos níveis dessas últimas enzimas podem indicar disfunções hepáticas, como cirrose, hepatite e câncer no fígado”, completa. 

O terceiro é o de lipídeos, que verifica o “colesterol bom” e o “colesterol ruim”. “A lipoproteína de alta densidade (HDL) é ‘boa’ porque remove substâncias nocivas do sangue e ajuda o fígado a transformá-las em resíduos. Já a lipoproteína de baixa densidade (LDL) é ‘ruim’ porque pode causar o desenvolvimento de placas nas artérias, aumentando o risco de doenças cardíacas. Como complemento se impõem cuidados cardiológicos avaliados através de biomarcardores, como a troponina e o peptídeo natriurético cerebral (NT-proBNP), que indicam lesões cardíacas e insuficiência cardíaca, respectivamente”, esclarece. 

Ainda de acordo com o especialista, um quinto grupo de exames importantes no check-up é o dos hormônios, como os da tireoide. “Níveis anormais de tiroxina livre (T4 livre) e hormônio estimulante da tireoide (TSH) podem indicar hipotiroidismo, que pode prejudicar importantes funções corporais, como humor, nível de energia e metabolismo geral”, exemplifica Dr. Duarte. Vale ainda acrescentar, no caso de um check-up de mulheres, os hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona. No check-up masculino é importante verificar a testosterona e fazer uma análise da próstata por meio do PSA livre e total. Estes últimos, principalmente após os 50 anos de idade”, indica o médico. 

Com o advento de pandemias, como a promovida pelo SARS-CoV-2, o aumento da frequência de outras infecções virais e o crescimento de casos de câncer, passou a ser importante no check-up anual um sexto grupo de exames para avaliar o sistema imunológico. “Parte desta análise já está inserida na contagem de células brancas do hemograma, mas a quantificação dos níveis de IgG, IgA e IgM séricos se mostram importantes para a avaliação da resposta humoral. Da mesma forma, podemos analisar a memória imunológica com a pesquisa de anticorpos a infecções frequentes, que passam muitas vezes despercebidas, como mononucleose infecciosa (EBV), citomegaloviroses (CMV), toxoplasmoses e hepatites A, B e C. A avaliação da resposta imunológica humoral recente pode ser aferida por meio da pesquisa de anticorpos antipneumococos e anti-hepatite B pós-vacinação específica”, detalha o Dr. Duarte. 

Ainda, e não menos importante, também é indicada a realização de testes para infecções sexualmente transmissíveis (IST), como hepatites, HIV e sífilis. “Aqui, vale ressaltar que existe uma ‘janela’ para detecção do vírus HIV na análise laboratorial. Havendo suspeita de infecção, e se o teste inicial for negativo, deve ser indicada a repetição do exame após 30 dias”.

 

Laboratório em casa

Para quem não tem condições de se deslocar ou prefere fazer os testes com maior conveniência e conforto, existe a possibilidade de realizar a coleta dos exames laboratoriais em domicílio. No Hcor, uma equipe de enfermagem altamente qualificada e referência em acolhimento, segurança e qualidade é dedicada para esses atendimentos. 

O agendamento pode ser realizado pelo telefone (11) 3889-3939, de segunda a sexta, das 7h às 21h, aos sábados, das 7h às 14h e, aos feriados, das 8h às 14h. Não é cobrada taxa para coleta domiciliar.

 

Hcor

 

Estudo aponta relação entre esquizofrenia e alterações vasculares no cérebro

             Astrócitos derivados de células de pacientes com esquizofrenia (colunas 1 e 3) promovem menor  vascularização comparados à células-controle (imagem: Pablo Trindade/UFRJ/Idor)


Estudo publicado na revista Molecular Psychiatry sugere que a esquizofrenia pode estar relacionada com alterações na vascularização de determinadas regiões do cérebro. No trabalho, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto D´Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) observaram que células neurais (astrócitos) derivadas de pacientes com a doença induzem a formação de um maior número de vasos – só que mais finos –, o que pode afetar a rede vascular de algumas áreas cerebrais.

A esquizofrenia é considerada um transtorno mental grave e multifatorial, podendo afetar até 1% da população mundial. Entre os sintomas comuns estão a perda de contato com a realidade (psicose), alucinações (ouvir vozes, por exemplo), falsas convicções (delírios), pensamento e comportamento anômalos, diminuição da motivação e piora da função mental (cognição).

No estudo, os pesquisadores centraram as atenções no papel dos astrócitos – células essenciais para a manutenção dos neurônios e que funcionam como usinas energéticas do sistema nervoso central – no desenvolvimento da doença. Além de apontar novos alvos terapêuticos, o estudo avança no entendimento de mecanismos moleculares da doença.

“Mostramos que os astrócitos podem estar envolvidos com uma alteração na espessura dos vasos do cérebro. E isso pode estar relacionado com um fator importante da esquizofrenia: a diminuição no fluxo metabólico [produção de energia] em certas regiões cerebrais. “Isso reforça o papel dos astrócitos como um elemento central da doença, tornando-os um alvo para novas terapias”, explica Daniel Martins-de-Souza, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e um dos autores do artigo.

O trabalho foi apoiado pela FAPESP por meio de um Projeto Temático e de Bolsa de Pós-Doutorado concedida a Juliana Minardi Nascimento, primeira autora do artigo ao lado de Pablo Trindade, da UFRJ e do Idor.

Alteração na vascularização

Os pesquisadores compararam astrócitos derivados de células da pele de pacientes com esquizofrenia com os derivados de pessoas sem a doença. Essa parte do estudo foi realizada no laboratório de Stevens Rehen, pesquisador do Idor e professor do Instituto de Biologia da UFRJ.

Para isso, a equipe reprogramou as células epiteliais de pacientes com esquizofrenia e as do grupo-controle para que regredissem a um estágio de pluripotência característico de célula-tronco (células-tronco pluripotentes induzidas ou iPSCs). Em seguida, induziu-se a diferenciação das células, transformando as iPSCs em células-tronco neurais (que podem dar origem tanto a neurônios como a astrócitos).

"Estudos anteriores já haviam sugerido que tanto anormalidades moleculares quanto funcionais dos astrócitos poderiam estar envolvidas na patogênese da esquizofrenia. Em nosso trabalho, comprovamos essa relação a partir de estudos com células-tronco pluripotentes induzidas. Sem essa técnica seria impossível estudar os astrócitos da maneira como fizemos”, explica Martins-de-Souza.

Com os astrócitos derivados de pacientes e de controles saudáveis os pesquisadores realizaram dois testes. Primeiro, foi feita uma análise proteômica (que identifica o conjunto de proteínas presentes na amostra), no Laboratório de Neuroproteômica da Unicamp, verificando a variação de proteínas expressas nas células-controle e nas de pacientes com esquizofrenia.

“Avaliando a proteômica das células com esquizofrenia observamos alterações imunes associadas aos astrócitos. Também encontramos diferenças em citocinas inflamatórias e diversas outras proteínas que indicavam uma ação angiogênica [que favorece o crescimento de novos vasos] na vascularização cerebral”, informa Nascimento.

Depois da análise proteômica, os pesquisadores realizaram ensaios funcionais. Observou-se que a resposta inflamatória dos astrócitos de pacientes estava alterada e que as substâncias que liberavam afetavam a vascularização. A realização desses ensaios foi parte do pós-doutorado de Trindade.

Para isso, os pesquisadores utilizaram um modelo de sistema vascular baseado na membrana que envolve o embrião de galinha. Conhecida como CAM (sigla em inglês para membrana corioalantoica embrionária de ovos de galinhas), a metodologia tem sido empregada para estudar o efeito de substâncias na vascularização de tecidos.

Esse ensaio foi conduzido por colaboradores da Universidad de Chile (Chile). “Basicamente, colocamos os meios condicionados de astrócitos, contendo todas as substâncias que estas células secretam, dentro da região vascular de ovos fertilizados. Conforme as células vasculares vão se multiplicando, é possível verificar como se dá a formação dos vasos. Assim, é possível observar se as substâncias secretadas pelas células cultivadas induzem ou inibem a vascularização do ovo", conta Trindade.

Além de modificarem a vascularização, os astrócitos derivados de pacientes com esquizofrenia apresentavam um perfil crônico de inflamação. “É sabido que os astrócitos são células neurais que têm o papel de regular a resposta imune na região. Portanto, é possível que eles estejam promovendo uma vascularização mais imatura ou menos eficiente. Verificamos que, em comparação ao grupo-controle, os astrócitos derivados de pacientes secretam uma quantidade maior de interleucina-8, um sinalizador de inflamação e suspeito de ser o principal agente da disfunção vascular associada à esquizofrenia”, explica o pesquisador à Agência FAPESP.

Os autores ressaltam que os achados reforçam o papel do neurodesenvolvimento na esquizofrenia, que, ao que tudo indica, é mediado pelos astrócitos.

"Os sintomas da doença geralmente se manifestam quando se é um jovem adulto. Mas, como mostramos no trabalho, as células gliais nesses pacientes são diferentes desde o princípio, o que interfere no neurodesenvolvimento ainda no útero. A diferenciação e a formação do cérebro ocorrem de forma alterada. Portanto, pode ser que, durante a maturação do cérebro, aconteçam fatos como o que verificamos no estudo: uma vascularização sistematicamente alterada levando à malformação de circuitos cerebrais que pode desencadear a esquizofrenia na idade adulta”, diz Nascimento.

Outra contribuição do estudo foi alertar para a importância dos astrócitos nas doenças neurológicas. “O papel das células da glia, como é o caso dos astrócitos, não só na esquizofrenia, mas nas doenças neurológicas em geral tem sido um achado recente, pois havia uma visão muito neurocêntrica de investigar mais o papel dos neurônios. Não deixa de ser uma forma de ampliar nossa visão e entendimento sobre a doença”, avalia Martins-de-Souza.

O artigo Induced pluripotent stem cell-derived astrocytes from patients with schizophrenia exhibit an inflammatory phenotype that affects vascularization pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41380-022-01830-1. 



Maria Fernanda Ziegler
Agência FAPESP
Estudo aponta relação entre esquizofrenia e alterações vasculares no cérebro | AGÊNCIA FAPESP


VISÃO NO ESPORTE

Campanha do CBO estimula conscientização sobre a importância da saúde ocular na prática de atividades físicas

 

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) realizará uma grande ação para mobilizar gestores, atletas e o grande público em torno dos cuidados com a saúde ocular na prática esportiva, tanto em competições de alta performance quanto em grupos amadores. Intitulada “Visão no Esporte”, a campanha terá seu auge no dia 11 de fevereiro (sábado), a partir das 10 horas. Na oportunidade, ocorrerá uma maratona transmitida pelo canal da entidade no Youtube com a exibição de entrevistas, debates, entrevistas e depoimentos com esclarecimentos sobre o tema. 

Na avaliação do presidente do CBO, Cristiano Caixeta Umbelino, é comum que as pessoas associem a prática esportiva e de exercícios físicos ao cuidado com a saúde, no entanto, pouca atenção é voltada à saúde ocular. Pensando nisso, a campanha abordará assuntos pouco discutidos pelo grande público, com uma programação onde serão esclarecidas dúvidas sobre uso de óculos de proteção, o impacto de erros refrativos no desempenho esportivo, a indicação de cuidados nas atividades ao ar livre e as medidas para evitar traumas oculares, entre outros.

 

Programação - Com uma grade de assuntos pensada para atingir diferentes públicos, a campanha Visão no Esporte promoverá ainda debates em torno de políticas públicas. Dentre os participantes, estão previstas as participações de representantes do Ministério da Saúde e dos Conselhos de Secretários de Saúde (de Estados e dos Municípios), assim como porta-vozes de entidades médicas, de confederações desportivas de várias modalidades e especialistas no assunto. Nestas rodadas, pretende-se identificar alternativas para ampliar o acesso da população ao atendimento oftalmológico, o que pode oferecer maior segurança à saúde dos praticantes. 

Na programação também estão previstas as presenças de atletas, influenciadores e médicos especialistas que vão falarão sobre a interação entre a saúde ocular e o esporte. Dentre os assuntos pautados estão a importância do acompanhamento oftalmológico, da adesão aos hábitos saudáveis e dos cuidados com a visão durante a prática de atividades físicas. Questões como primeiros socorros em caso de trauma ocular, avaliação de atletas de alta performance e papel das equipes multidisciplinares nesses atendimentos também serão analisados.

 

Canal - A maratona Visão no Esporte será transmitida no canal oficial do CBO no YouTube durante todo o dia, a partir das 10h, em 11 de fevereiro. Confira mais detalhes no site oficial da campanha. 

A Visão no Esporte conta com o engajamento de inúmeros voluntários de diversas áreas da saúde e do esporte. Além dos profissionais, diversas entidades, públicas e privadas, celebridades, influenciadores digitais e esportistas de renome empenharam apoio à iniciativa. A realização da iniciativa conta com o apoio institucional da Johnson & Johnson.

 

CUIDADO NAS FÉRIAS

 Viajantes estão vulneráveis ao surgimento de casos de trombose que podem levar à embolia pulmonar, alerta SBACV

 

Nesse período de férias, milhares de pessoas viajam para descansar ou visitar familiares e amigos. No entanto, nos deslocamentos, principalmente os mais longos, é preciso estar atento à saúde. A dica da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) vale para todos: não importa se o deslocamento é de carro, ônibus ou avião, e nem se a pessoa ocupa o lugar de passageiro, piloto ou motorista: é preciso entender os riscos da chamada trombose do viajante. 

A origem da preocupação é uma só: como a pessoa em viagem passa muito tempo parada, sem movimentação, durante o percurso, ela fica vulnerável ao surgimento de trombose venosa profunda. Trata-se de uma formação de coágulo sanguíneo nas veias dos membros inferiores que obstrui a passagem de sangue e causa dor e inchaço na região. Esse problema ganhou até o apelido de trombose do viajante pela recorrência de registro em indivíduos com esse perfil. 

Para evitar o surgimento de novos casos, a SBACV faz algumas recomendações importantes. As dicas, que estão disponíveis no site da entidade e em suas redes sociais, chamam a atenção para medidas simples que podem diminuir as chances de aparecimento do transtorno que, sem o devido cuidado, pode desencadear quadros clínicos mais graves, como a embolia pulmonar. 

Clique aqui e acesse a cartilha publicada no perfil da SBACV no Instagram 

“O sistema venoso precisa de bombeamento para fazer voltar o sangue para o coração. Se ficamos muito tempo parados, aumenta o risco desse fluxo ser comprometido. É importante considerar que pacientes com câncer, os obesos, os que fizeram cirurgia recente, gestantes e pessoas que fazem uso de anticoncepcional oral ou de terapia de reposição hormonal têm ainda maior risco de apresentar a tromboembolia venosa (TEV)”, afirma o cirurgião vascular e coordenador do subgrupo diretriz de tromboembolismo venoso (TEV) da SBACV, Marcone Lima Sobreira,

 

VIAGEM DE AVIÃO - Segundo ele, a soma dessas condições numa viagem de avião com duração de mais de seis horas, por exemplo, multiplica ainda mais a chance de um paciente com esse perfil manifestar um evento tromboembólico. Quem fica dentro de uma aeronave por esse tempo em deslocamento vê dobrar o risco de ter um episódio desse tipo em comparação com passageiros de voos mais curtos, afirma o especialista da Sociedade. 

A SBACV destaca que a doença - também conhecida por Síndrome da Classe Econômica -- ocorre com maior frequência nas viagens de avião. Nas aeronaves, fatores como assentos apertados e espaço curto para movimentar as pernas, aliados ao ar com menor quantidade de oxigênio e à baixa umidade, favorecem o espessamento do sangue e a formação de coágulos. 

Caso o coágulo que formou dentro da perna se desprenda, a situação pode se agravar acarretando uma embolia pulmonar, que é a obstrução de vasos do pulmão. “Quando isso acontece, a depender do tamanho do coágulo e da condição do paciente, pode ser fatal”, ressalta Sobreira. 

A SBACV explica em sua campanha que movimentar os pés (acelerando e desacelerando), fazer caminhadas pela aeronave para melhorar a circulação e se manter hidratado, já que a água afina o sangue e diminui o risco da formação de coágulos, são medidas que podem prevenir o aparecimento de trombos venosos. Também há a indicação de se sentar no corredor para facilitar a movimentação, usar meia elástica de média compressão e evitar o consumo de bebida alcoólica e café, além de medicamentos que estimulam o sono. 

“Todos devem buscar a prevenção, mas a atenção deve ser redobrada por pessoas que possuem fatores individuais que agravam os riscos de desenvolver o quadro, como os obesos, fumantes, portadores de câncer, pessoas que utilizam anticoncepcionais orais, além de gestantes e pessoas acima de 60 anos de idade em voos prolongados”, frisa.

 

TRATAMENTO - O tratamento padrão da trombose venosa profunda é com uso de anticoagulante, uma medicação que “afina” o sangue e ajuda o organismo a dissolver o coágulo. Na opinião de Sobreira, “o tratamento intensivo, correto com anticoagulante adequado e controle rigoroso, favorece a dissolução desse coágulo pelo organismo, assim como promove uma melhora do desconforto. Esse tratamento pode ser feito com paciente internado ou ambulatorial, a partir da avaliação médica”. 

No entanto, segundo ele, não há evidências de que o uso de anticoagulante antes da viagem reduza o risco da trombose venosa profunda. “Sabemos que esse tipo de medicamento diminui as chances de formação de coágulo, mas carregam consigo um risco aumentado de sangramento, levando em conta que em altas altitudes, como é o caso de voos em que a pressão atmosférica é reduzida, há chance de sangramentos graves”, salienta. 

O especialista reforça, ainda, que é importante consultar o angiologista e o cirurgião vascular, especialmente em casos de dor, desconforto e edema, a fim de identificar o problema o mais rápido possível. “Se o paciente teve um desconforto ou inchaço diferente na perna, ocorrido entre duas e quatro semanas após o voo, ele deve procurar um cirurgião vascular ou angiologista. Esses profissionais são habilitados a fazer o exame e a suspeita diagnóstica da trombose, que devem ser acontecer o mais cedo possível. A partir disso, o profissional irá instituir o tratamento mais correto para diminuir as chances de o paciente ter complicações graves”, sublinhou. 

Confira abaixo a lista com os oito principais cuidados para prevenir a trombose do viajante, apontados por especialistas da SBACV: 

1 -- Usar meias de compressão durante o voo;

2 -- Utilizar roupas confortáveis, evitando vestimentas apertadas que dificultem o retorno venoso;

3 -- Evitar ficar longos períodos sem se movimentar;

4 -- Levantar e realizar pequenas caminhadas durante o voo;

5 -- Movimentar ativamente os pés e panturrilhas enquanto estiver sentado (a);

6 -- Beber bastante líquido (água e sucos);

7 -- Evitar bebidas alcoólicas durante o voo;

8 -- Evitar medicações sedativas que dificultem o passageiro de se levantar ou se movimentar.


Confira 5 mitos e verdades sobre a amamentação

A desinformação e questões culturais sãos os principais obstáculos para o aleitamento materno exclusivo de bebês no país 

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam a amamentação exclusiva dos bebês até os seis meses, seguindo com alimentação complementar até pelo menos dois anos ou mais. A prática traz diversos benefícios à saúde da mulher e, principalmente, da criança.

 

“O leite humano é o alimento mais completo para o bebê. Além da nutrição, ele proporciona diversos benefícios como a diminuição da mortalidade infantil e prevenção de infecções, como por exemplo, pelo coronavírus, por meio de anticorpos passados pela mãe”, destaca Yara Leite, enfermeira obstétrica do Hospital Bom Pastor, localizado em Guajará-Mirim (RO).

 

Unidade própria da entidade filantrópica Pró-Saúde, o Bom Pastor é a única maternidade do município de Guajará-Mirim, atuando como referência regional para gestantes e atendimento da população indígena de 54 aldeias na região Norte do país.

 

Apesar das taxas de amamentação avançarem nos últimos anos, a porcentagem permanece abaixo da meta estipulada pela OMS de, até 2030, atingir 70% de aleitamento exclusivo nos seis primeiros meses. Segundo levantamento feito em 2019 pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), o aleitamento materno exclusivo no Brasil abrange apenas 45,8% das crianças.

 

Um dos obstáculos para que o país possa alcançar a meta estipulada é a desinformação. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), há uma grande influência de questões culturais, passadas de geração em geração, e sem embasamento científico para comprovação, que desestimulam e interferem no processo de amamentação.

 

Entre os exemplos citados pelo órgão estão falas equivocadas como: “leite empedrado faz mal para criança”, “após seis meses leite vira água”, “leite provoca cólica na criança”, entre outras. “A melhor estratégia neste caso é disseminar informações corretas e esclarecer as principais dúvidas que podem surgir durante esse processo”, destaca Yara.


 

Confira a seguir cinco mitos e verdades sobre a amamentação.

 

1.   Leite fraco

MITO! O leite materno tem todas as substâncias necessárias para que o bebê cresça e se desenvolva de forma sadia. Segundo o Ministério da Saúde, o leite no início da mamada é “ralo” por conter menos gordura, mais água, vitaminas e sais minerais. Já, o leite no fim da mamada é mais grosso, por ter mais gordura para a criança.

“A percepção sobre o leite fraco, muitas vezes, é consequência da pega incorreta, ou do uso de chupetas e mamadeiras. Se a criança não mama com a técnica correta, ela pode ingerir menos leite e não esvaziar a mama adequadamente. Dessa forma, a produção de leite cai e, consequentemente, a criança fará intervalos menores entre as mamadas, gerando insegurança na mãe, que acaba associando a frequência da amamentação com a qualidade do leite”, explica a enfermeira.

 

2.   Horários fixos de amamentação

MITO! A SBP afirma: não é preciso estabelecer horário fixo para as mamadas. Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e duração do aleitamento, ou seja, a amamentação deve ser em livre demanda.

O bebê deve mamar sempre que desejar, pois é ele quem determina a frequência e o tempo de duração da mamada. Essa prática possibilita que ele aprenda a reconhecer os sinais de fome e saciedade, o que pode estar relacionado com menores taxas de obesidade na vida adulta, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria.

 

3.   O leite materno pode variar de cor

VERDADE! Muitas vezes isso pode ser motivo de preocupação, mas não é necessário. Segundo a SBP, a cor do leite pode variar entre os períodos da mesma mamada devido à quantidade de anticorpos, proteínas e gordura que são ofertadas para o bebê ao longo do aleitamento. Cores amareladas, azulada, esverdeada e rosada também são normais: elas podem mudar de acordo com a alimentação da mãe, como o consumo de vegetais da cor laranja, folhas ou alimentos com corante verde, e bebidas ou alimentos que tenham a cor próxima ao rosa.

Para saber se a coloração é justificada pela dieta ou não, é possível diminuir o consumo dos alimentos suspeitos e observar a cor do leite. Caso o leite permaneça esverdeado, vermelho tijolo ou marrom, é importante procurar um profissional de saúde ou um Banco de Leite Humano.

 

4.   Leite ordenhando e congelado perde os nutrientes

MITO! Quando guardado na geladeira, o prazo de validade do leite materno ordenhado é de até 12 horas. Se armazenado no freezer ou congelador, a validade se estende para 15 dias, mas é importante que, nesse caso, o leite seja congelado logo após sua retirada.

“Para descongelar o leite, preservando seus nutrientes para o bebê, coloque o recipiente em banho-maria, com água potável, aquecendo um pouco sem deixar ferver. Em seguida, o frasco deve ser mantido na água até descongelar por completo”, orienta a profissional.

 

5.   O aleitamento contribui para o retorno ao peso normal da mãe

VERDADE! De acordo com a SBP, a mãe que amamenta volta ao seu peso normal com mais facilidade. Além disso, o aleitamento gera outros benefícios à saúde da mulher, como a prevenção contra o câncer de mama e ovário, redução do risco de desenvolvimento de diabetes, infarto e hemorragia após o parto. “Outro fato importante a ser destacado, é a melhora da autoestima da mãe ao saber que o bebê está saudável porque recebe o alimento ideal para seu desenvolvimento: o seu leite”, ressalta Yara.


Janeiro Branco: Seconci-SP orienta o que fazer para ter saúde mental

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil ocupa o primeiro lugar em casos de ansiedade e o 5º de depressão


Criada em 2014, a campanha Janeiro Branco é dedicada aos cuidados com a saúde mental e emocional, reforçando a importância da reflexão e conscientização sobre esta questão. O tema deste ano é: “A vida pede equilíbrio”. Na opinião da psiquiatra do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), dra. Amara Alice Darros, manter o equilíbrio é de fato fundamental, pois os excessos podem comprometer a saúde física e emocional.

“Alguns problemas orgânicos, como alterações na tireoide, diabetes e pressão arterial alta, quando não controlados, podem afetar o estado emocional. Por isso, a primeira recomendação é que a pessoa se observe, para que possa discernir se há alguma alteração significativa de comportamento, que pode vir acompanhada de sintomas como batimentos cardíacos acelerados, náusea, diarreia e sensação de sufocamento”.

Frente a isso, o indicado é procurar um clínico geral, que poderá avaliar se há problemas físicos ou não e, dependendo do caso, encaminhar para um especialista em saúde mental.

“Mas, infelizmente, ainda há muito preconceito, de que o psiquiatra seria ‘médico de louco’, que os remédios viciariam e fariam a pessoa dormir o dia todo e outras informações equivocadas desse tipo. O problema é que com isso vemos pessoas sofrendo com ansiedade, depressão, medo excessivo, crises de choro sem motivo aparente e não procuram ajuda especializada. No entanto, a psiquiatria, assim como os medicamentos, evolui muito”, afirma dra. Amara.

O pior é que esses quadros acabam comprometendo as ações cotidianas sociais e profissionais, deixando a pessoa paralisada e interferindo na tomada de decisões. “O ideal é usar a razão associada à emoção. Porém o desajuste, a falta de equilíbrio, não vai permitir que a pessoa reflita com clareza e pode chegar a tomar atitudes, de que venha se arrepender no futuro”.

Dra. Amara ressalta a importância de adotar hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, ter momentos de lazer, cultivar bons relacionamentos com a família e amigos, praticar exercícios físicos regularmente, ter horário para dormir e acordar e evitar o consumo exagerado de bebidas alcoólicas.

Se houver necessidade de ajuda especializada, o Seconci-SP oferece atendimento com psicólogo e psiquiatra, na sua sede na capital paulista e via teleconsulta para todas as suas Unidades no Estado de São Paulo. “Temos também rodas de conversas em um encontro mensal. O Grupo Social de Apoio é formado por equipe multidisciplinar, da qual faz parte psicólogo, psiquiatra e assistente social, e tem como foco a psicoeducação, orientação, reflexão e informação”, explica dra. Amara e acrescenta: “Quem cuida da mente, cuida da vida”.

 

Barotrauma do ouvido: atenção ao período de férias

Mergulho de profundidade pode gerar lesão no tímpano e levar à perda da audição


Barotrauma é uma lesão do tecido provocada por mudanças na pressão atmosférica, que comprime ou expande os gases em diferentes estruturas do corpo. Essa lesão pode ocorrer nos pulmões, trato gastrintestinal, dentes, olhos, face e ouvidos, esse último com maior frequência.

Conforme o Dr. José Ricardo Gurgel Testa, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, por definição, o barotrauma no ouvido gera um trauma e deixa a membrana timpânica (tímpano) avermelhada ou com hemorragia --mais raro e indica alto nível de gravidade. O sintoma mais comum é a dor, mas pode ocorrer também sensação de ouvido tapado ou zumbido.

Segundo o especialista, o problema pode acontecer por pressão física, como no mergulho de profundidade.

A maioria dos casos de barotrauma é de emergência. O indivíduo passa no pronto-socorro, faz uma avaliação e, eventualmente, complementa com exames auditivos.

Em caso de suspeita de barotrauma, o otorrino recomenda não molhar o ouvido e esclarece que a ideia, popularmente difundida, de jogar álcool é incorreta. “Nada deve ser introduzido, a menos que o médico examine e oriente.”

Segundo Dr. Testa, quando há um trauma somente da membrana timpânica, sem afetar a orelha interna, além de não molhar o ouvido, não deve haver exposição a ambientes ruidosos ou de pressão por um período entre uma semana e dez dias.


Mergulho

“No mergulho de profundidade é importante que se observe os sintomas nasais, pois o problema pode comprometer a tuba auditiva, que não conseguirá equalizar a pressão e terá um trauma na membrana timpânica ou na orelha interna”, pontua.

Ele ressalta que no mergulho de piscina é mais raro acontecer, mas é possível sofrer um trauma ao bater a orelha, colidir com uma onda ou ainda ao pular de trampolim e cair de rosto na água.


Voo
Dr. Testa pontua que, se o avião despressurizar rápido ou se for um voo curto que sobe e desce muito rápido, às vezes, não dá tempo de fazer essa compensação de pressão, podendo haver o barotrauma.

Nessas condições, o problema não é tão frequente em adultos, porque a tuba auditiva é mais larga. “A compensação da pressão pode ser feita engolindo a própria saliva, mascando chiclete ou bebendo água”, explica.

Já em criança pequena, que não sabe compensar a pressão direito, é comum haver dor de ouvido. Neste caso, o médico recomenda que, para deglutir e, então, abrir a tuba auditiva, seja dada à criança uma mamadeira com água ou chupeta.


Serra
O especialista esclarece que, na serra, subindo ou descendo, é mais difícil haver um barotrauma. O que comumente ocorre é um pouco de dor e sensação de pressão.

 

Hospital Paulista de Otorrinolaringologia



Seletividade alimentar e crianças com TEA

Pesquisa estimou que 70% das crianças com autismo são mais propensas a terem seletividade alimentar

 

A seletividade alimentar não é um problema exclusivo das crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autismo (TEA), mas uma pesquisa feita pela Penn State College of Medicine, nos Estados Unidos, estimou que as crianças com autismo são 15 vezes mais propensas a terem seletividade alimentar que os neurotípicos. Os pesquisadores avaliaram os comportamentos alimentares em entrevistas com pais de mais de 2 mil crianças. O estudo descobriu que comportamentos alimentares atípicos estavam presentes em 70% das crianças com TEA.

Também chamada de TARE (Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo), a seletividade, pode englobar mais de uma situação e pode incluir tanto uma recusa total aos alimentos oferecidos, como um repertório alimentar restrito, com casos de crianças que comem poucos ou até mesmo apenas um único tipo de alimento, por exemplo.

A Profa. Dra. Giovana Escobal aponta que a seletividade é uma classe de comportamentos de ordem superior que pode englobar restrições comportamentais relacionadas a pessoas, tarefas, preferências, estímulos, ambientes, outros comportamentos, e pode refletir na recusa de alimentos pela textura, cor, odor, sabor, etc., ou na seleção de apenas alimentos preferidos ou conhecidos, por exemplo. Consequentemente, comportamentos disruptivos podem aparecer para fugirem/se esquivarem dos alimentos que não querem. Adicionalmente, questões de saúde como desnutrição e queda na densidade óssea podem surgir.

Para a especialista, é importante avaliar e analisar os problemas de alimentação que podem estar relacionados a razões médicas primeiro (e.g., problemas gastrointestinais, disfagia, deglutição disfuncional, etc.). Depois disso, deve-se garantir que as outras necessidades de saúde da criança sejam reconhecidas e gerenciadas. O fonoaudiólogo, exemplificando, pode avaliar se os movimentos orofaciais, a mordida, a deglutição, a mastigação, dentre outros comportamentos, está adequada. O Terapeuta ocupacional pode avaliar a questão sensorial e a capacidade motora global, por exemplo.  “É muito importante que seja realizada uma intervenção precoce para que diferentes profissionais analisem funcionalmente essas questões e direcionem o melhor tratamento”, esclarece.

“Em função da seletividade alimentar ser frequente e preocupante, intervenções em ABA são efetivas, portanto, fundamentais para tratar os problemas de comportamento alimentar”, conclui. 



Instituto referência em terapia ABA
http://www.abacare.com.br/
Facebook e Instagram @institutoabacare.

 

Janeiro Roxo: dermatologista alerta para aparecimento de casos de hanseníase

O Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase é sempre no último domingo de janeiro, mês que ganha a cor roxa para alertar sobre o tema 

Freepik

 

Campanha chama a atenção para casos graves da doença, que tem tratamento gratuito pelo SUS. Se não curada, pode deixar sequelas na pele 

 

A hanseníase é uma das doenças mais antigas da humanidade, com relatos de casos desde 600 a.C.. Apesar disso, ela ainda é um grave problema de saúde pública, especialmente no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país possui a maior carga dessa enfermidade na América e a segunda maior no mundo (ficando abaixo somente da Índia). Ao todo, de 2016 a 2020, foram diagnosticados 155,3 mil casos – dos quais 19,9 mil com grau 2 de incapacidade física, que é o mais grave.  

Para a dermatologista Priscila Chaves, a hanseníase tem um quadro preocupante no Brasil. “E a tendência é piorar, caso não tenhamos medidas de saúde pública eficientes, que proporcione o tratamento precoce dos doentes. Só assim conseguiremos controlá-la e evitar as sequelas, que muitas vezes são incapacidades neurológicas nos membros, que limitam a pessoa de exercer suas atividades diárias, podendo levar a invalidez”, salienta. 

A doença, que já foi chamada de lepra, foi renomeada devido ao estigma associado ao termo. A hanseníase é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae, também conhecida como bacilo de Hansen, que afeta principalmente nervos periféricos e a pele. As complicações da enfermidade podem levar a incapacidades físicas, principalmente nas mãos, pés e nos olhos. O Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase é sempre no último domingo de janeiro, mês que ganha a cor roxa para alertar sobre o tema. 

Para a OMS, a hanseníase é uma doença negligenciada e a especialista do Órion Complex aponta os motivos. “Por ser contagiosa, é muito presente na população mais carente e em famílias que convivem com muitas pessoas aglomeradas na mesma casa. É preciso investimentos públicos em saúde e melhoria das condições sociais. A OMS considera que a doença está alastrada devido a falta de atenção das autoridades quanto a essa situação. A aplicação de verbas adicionais pode salvar vidas e  acabar com o sofrimento”.

 

Sintomas
Priscila Chaves detalha quais sinais as pessoas devem se atentar sobre a hanseníase. “O mais frequente é o aparecimento de manchas únicas ou múltiplas na pele, com alteração de sensibilidade. Inchaço nas mãos e pés e dormência ou dor nas extremidades também acontece muito. Outros sintomas são: alteração ou perda da sensibilidade ao calor e ao frio, fraqueza muscular dos membros, obstrução nasal persistente e até alteração da visão. É comum que as pessoas com hanseníase não sintam queimar a pele no fogão, percam o chinelo ao caminhar, tropeçam frequentemente e machuquem o pé no calçado sem perceberem”, detalha a dermatologista.. 

Contudo, a doença tem cura. “Se a pessoa completa todo o esquema de tratamento com comprimidos, conforme proposto pelo médico de acordo com cada caso, ela é curada. As cartelas do medicamento são oferecidas gratuitamente pelo SUS nos postos de saúde, assim como todo o acompanhamento, consultas e exames. Caso tenha demorado a procurar ajuda e tenha ficado alguma sequela, ele precisará de reabilitação, também oferecida pelo SUS”, detalha a especialista. 

O preconceito em relação à hanseníase ainda existe, mas a médica diz que isso vem diminuindo com o passar do tempo. “Com o  melhor conhecimento sobre a transmissão, que só se pega após um contato muito próximo e frequente (ou seja, pessoas do convívio diário), começou a desmistificar a hanseníase. Outro fato importante é que com o tratamento precoce e disponível no SUS reduziu-se muito o número de sequelas graves. A doença não é só dos mais pobres, pode acontecer em qualquer pessoa. Por isso é importante orientar toda a população”, ressalta Priscila Chaves.  


Os mitos do uso indiscriminado do Ozempic para a perda de peso no Brasil

No país, o remédio, que contém o princípio ativo semaglutida, era liberado apenas para o tratamento de diabetes, mas recentemente teve aprovação da Anvisa para tratamento de obesidade, mas com o nome de Wegovy. A obesidade é uma doença crônica que requer tratamento médico 

 

As “dietas milagrosas”, a exemplo da lua, e o uso de medicações, sem prescrição médica, com a finalidade de emagrecer exigem atenção redobrada para não provocar danos ao organismo e a saúde de forma geral. Recentemente, uma onda tomou conta das redes sociais e parte da internet, usuários elegeram o remédio Ozempic como fármaco eficaz para a perda de peso rápida. Alguns mitos em relação a esse tema precisam ser desconstruídos. 

No Brasil, o remédio, que contém o princípio ativo semaglutida, era liberado apenas para o tratamento de diabetes, agora, como nos EUA e em outros países, também é usado para o tratamento da obesidade. Provavelmente, os usuários das redes sociais por aqui foram “inspirados” pelo que já ocorre nesses locais e incluíram o Ozempic como uma das “fórmulas mágicas” para a perda de peso sem esforço, mas essa informação deve ser revista.

O Ozempic é indicado, em conjunto com dieta e exercícios, para tratar pacientes adultos com diabetes tipo 2, não controlada, ou seja, em que o nível de açúcar no sangue permanece muito alto e pode desencadear outros efeitos colaterais, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), cegueira, problemas cardíacos, doenças renais crônicas, perda de audição e amputação de parte dos membros. 

O tratamento da diabetes com o Ozempic requer uma avaliação médica e a realização de exames para garantir sua eficácia no tratamento da doença e se não há contraindicação.  Entre os efeitos adversos do uso do remédio estão: náusea, vômito, diarreia, entre outros problemas gastrointestinais. Poderá ocorrer o risco do aumento da incidência de pancreatite, mas com menos frequência. Em contrapartida, quando é indicado para um paciente com diabetes terá o apelo do uso para cardioproteção e controles da obesidade e glicêmico.   

Um paciente com diabetes que tem um estilo de vida saudável, com a adoção de uma dieta  regular e que faz atividades físicas, consequentemente, perderá peso, mas o Ozempic sozinho não impulsionará essa mudança. À parte a diabetes, a obesidade é uma doença crônica que requer tratamento médico. A pessoa, que sofre desse mal, precisa de ajuda médica para construir um plano alimentar e se esforçar para sair do sedentarismo.    

Sobre o uso de remédios para tratar a obesidade, eles são indicados para o paciente que mudou o estilo de vida, ou seja, alimenta-se de forma adequada e pratica atividade física, mas não perde peso. Nesse caso, é preciso avaliar a prescrição do medicamento que atua em diferentes áreas do organismo, tanto na absorção de gorduras, quanto no sistema nervoso central para inibir a fome e a sensação de saciedade. Caso o tratamento medicamentoso e a mudança do estilo de vida não surtam efeito pode ser indicado a cirurgia bariátrica, mas o médico avaliará cada paciente e indicará a melhor técnica. 

No Brasil existem muitas farmácias, aquele atendimento de balcão em que é possível comprar remédios sem receitas, não só do princípio ativo semaglutida, mas de todas as outras classes. Alguns estudos apontam que 50% de todas as medicações compradas são utilizadas de forma irregular, ou seja, diferente do que é recomendado pelo fabricante, simplesmente pelo fato das pessoas terem acesso sem receita, prescrição ou orientação profissional, o que aumenta o uso inadequado em pacientes com contraindicações. Médicos e autoridades de saúde no país estão preocupados com esse uso de forma não segura. Novamente, a perda de peso é um processo complexo que deve ter como foco a mudança do estilo de vida, acompanhada por um profissional de saúde. “Dietas e fórmulas milagrosas” não são caminhos seguros para a melhoria da saúde e do bem-estar.     

 

Eduardo Rauen - cofundador da healthtech Liti, que trabalha para resolver a dor do sobrepeso e da obesidade no Brasil. É médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É médico nutrólogo (com título de especialista pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia) e do Exercício e do Esporte (com título de especialista pela SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-Estar.   

 

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