Prática é semelhante à exposição solar em horários
inadequados. Especialista comenta chances do aparecimento da doença através da
técnica
O bronzeamento artificial é uma saída
para quem quer ter resultados semelhantes à exposição solar - ficando com a
pele mais dourada - sem a preocupação de uma tonalidade avermelhada. Mas,
apesar da técnica ainda ser bastante utilizada, como é o caso de diversos
influenciadores digitais, que têm divulgado os resultados nas redes sociais, é
importante ficar de olho quanto aos riscos do câncer de pele.
Segundo dados do Instituto Nacional do
Câncer (Inca), a doença ultrapassa no Brasil a marca de 185 mil novos casos
todos os anos - representando cerca de 33% dos tumores malignos registrados. A
prática do bronzeamento artificial pode trazer diversos efeitos nocivos à
saúde, sendo semelhante à exposição solar em horários inadequados, com a
presença dos raios UVA e UVB.
Apesar de serem proibidas pela Anvisa
desde 2009, as câmaras de bronzeamento ainda continuam sendo oferecidas de
maneira ilegal em algumas clínicas de estética. De acordo com um estudo da
Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer, a técnica pode aumentar em
até 75% as chances do desenvolvimento de melanoma - tipo mais agressivo do
câncer de pele.
A Dra. Sheila Ferreira, oncologista da
Oncoclínicas São Paulo, explica ainda que dentro das cabines de bronzeamento
artificial há uma alta intensidade de radiação ultravioleta. "Elas podem
aumentar significativamente as chances do aparecimento do câncer de pele,
causar o envelhecimento precoce cutâneo e proporcionar o surgimento de
lesões".
Como identificar o
câncer de pele
Os primeiros sinais do câncer são as
alterações na pele, bastante semelhantes a pintas ou manchas escurecidas, sejam
elas novas ou de nascença, que se modificam com o tempo. "Geralmente,
essas alterações são percebidas pelo próprio paciente e são fundamentais para a
identificação de possíveis lesões malignas. Caso algum dos sinais seja notado,
é importante procurar um especialista de modo que seja possível o diagnóstico e
tratamento correto", acrescenta Sheila Ferreira.
Tipos de câncer de
pele
De modo geral, o câncer de pele pode
ser dividido em dois subtipos: o câncer de pele não melanoma (carcinoma
basocelular e espinocelular), mais frequente, e o melanoma, mais raro, porém,
mais agressivo.
● Carcinoma basocelular (CBC) -
aparece nas células basais, que ficam na camada superior da pele. As regiões
afetadas com maior frequência são: rosto, couro cabeludo, pescoço, costas e
ombros. Pode se parecer com lesões não cancerígenas, como a psoríase ou eczema.
É considerado o tipo mais prevalente de câncer de pele;
● Carcinoma espinocelular (CEC) -
costuma se manifestar nas células escamosas, presentes na camada superior da
pele. Geralmente, aparece em áreas com sinais de dano solar, como rosto,
orelhas, pescoço, couro cabeludo, entre outros, e tem aparência avermelhada -
como se fosse uma ferida ou machucado. É o segundo tipo de câncer de pele mais
comum;
● Melanoma -
tipo mais raro e com maior índice de mortalidade. Possui a aparência de
"pinta" ou "sinal" em tons acastanhados. Embora seja mais
comum o surgimento em áreas expostas ao Sol, o melanoma pode surgir em qualquer
região do corpo, inclusive nas palmas das mãos e plantas dos pés. Estes casos
ocorrem mais comumente em pessoas de pele negra.
Apesar de um diagnóstico assustador,
vale lembrar que quando é descoberto precocemente, as chances de cura podem
chegar a mais de 90%.
É possível ter um
bronzeado com segurança?
Sim! Segundo Sheila Ferreira, a
exposição ao sol deve ser evitada das 10h às 16h, momento do dia onde a
incidência solar é mais intensa. Caso não seja possível, o recomendado é
utilizar bonés e chapéus de aba larga, assim como o protetor solar.
"Para um bronzeamento saudável é
necessário ainda caprichar na alimentação, colocando no cardápio frutas e vegetais
ricos em betacaroteno - como é o caso da beterraba, cenoura, mamão, entre
outros - manter a pele hidratada e deixá-la descansar, fazendo pausas longe do
sol para reduzir o risco de queimaduras e radiação solar", finaliza.
Micose: como evitar a doença que se
intensifica no verão
Praia, piscina ou qualquer outro ambiente aquático
compartilhado sem cuidados necessários com a higienização podem causar ou
agravar doenças de pele como micoses
Verão em todo o país e férias. Uma
combinação perfeita para quem pretende tirar aqueles dias de descanso a beira
mar, clube ou locais com diversões aquáticas como parques.
É nesta época em que há uma maior
incidência de micose e de outras infecções provocadas por fungos e parasitas.
“A micose de unha, por exemplo, é facilmente proliferada em ambientes quentes e
úmidos, já que permite o acúmulo de fungos na região causando infecção. Hábitos
simples, como usar tênis em dias muito quentes ou não secar direito os pés,
podem contribuir para a micose se instalar.”, afirma o dermatologista Dr.
Werick França.
O especialista ressalta que essas
infecções causadas por fungos podem atingir pele, unhas e cabelos e existem
diferentes tipos. O verão é a estação mais propícia porque os fungos se
desenvolvem especialmente nas dobras do corpo em ambientes onde prevalecem o
calor e a umidade. Nessa época do ano as pessoas costumam ficar com roupa de
praia molhadas por mais tempo, garantindo assim o cenário ideal para que as
micoses apareçam.
Dr. Werick traz alguns tipos de micoses
consideradas comuns nessa época do ano: pitiríase vesicolor, as tineas
e a candidíase:
Pitiríase
versicolor:
também conhecida como micose de praia ou pano branco. É causada por fungos do
gênero Malassezia e tem evolução crônica e recorrente. Acomete mais comumente
adolescentes e jovens. Indivíduos de pele oleosa são mais susceptíveis a
apresentar esse tipo de micose. Apresenta-se clinicamente como manchas brancas,
descamativas, que podem estar agrupadas ou isoladas, e normalmente surgem na
parte superior dos braços, tronco, pescoço e rosto. Ocasionalmente, podem se
apresentar como manchas escuras ou avermelhadas, daí o nome vesicolor. O
tratamento deve ser feito com medicamentos antifúngicos tópicos e orais.
Tineas
(tinhas): São
doenças causadas por um grupo de fungos que vive à custa da queratina da pele,
pelos e unhas. A tinea na pele manifesta-se como manchas vermelhas de
superfície escamosa, crescimento de dentro para fora, com bordas bem
delimitadas, podendo apresentar pequenas bolhas e crostas. O principal sintoma
é coçeira. Acomete as dobras principalmente: virilhas e interdígitos por
exemplo.
Candidíase: É
a infecção pela Candida, que pode comprometer isoladamente ou conjuntamente a
pele, mucosas e unhas. A Candida sp é um fungo oportunista, e dessa forma,
existem situações que favorecem seu desenvolvimento, como baixa da imunidade,
uso prolongado de antibióticos, diabetes e situação de umidade e calor. Pode se
manifestar de diversas formas, como placas esbranquiçadas na mucosa oral, comum
em recém-nascidos (“sapinho”); lesões fissuradas no canto da boca (queilite
angular) mais comum no idoso; placas vermelhas e fissuras localizadas nas
dobras naturais (inframamária, axilar e inguinal), ou podem envolver a região
genital feminina (vaginite) ou masculina (balanite), causando coceira, manchas
vermelhas e secreção vaginal esbranquiçada. No tratamento da candidíase,
deve-se sempre considerar os fatores predisponentes, tentando corrigi-los.
Antifúngicos tópicos e sistêmicos devem ser empregados sob orientação médica.
Areia de praia
requer cuidado:
No caso das doenças provocadas por
parasitas, o principal fator de risco é justamente andar descalço em áreas
contaminadas por esses organismos. É o caso do bicho-de-pé, doença provocada
pela pulga Tunga penetrans, que entra na pele e pode viver ali por
semanas enquanto coloca seus ovos, já o bicho geográfico surge após o contato
da pele com larvas de parasitas do gênero Ancylostoma.
Fique atento aos
sintomas
As micoses de pele comuns costumam
provocar lesões avermelhadas, coceira e eventualmente, descamações. A micose
conhecida como “pano branco”, ou pitiríase versicolor, causada pelo fungo Malassezia
furfur, costuma gerar lesões brancas ou castanhas no tronco (pescoço, tórax
e abdome). Já a famosa frieira se apresenta com lesões descamativas e coceira
entre os dedos dos pés. No caso do bicho-de-pé, a lesão costuma ser redonda com
um ponto preto ao centro — o que indica a presença do inseto. Já o bicho geográfico
é conhecido por marcas esbranquiçadas feitas pela movimentação das larvas
embaixo da pele, gerando desenhos que lembram um mapa, que dá o nome da doença.
Tratamentos para
micose de praia
Dessa forma, a maioria das micoses pode
ser tratada com pomadas antifúngicas adquiridas nas farmácias, segundo o
dermatologista. “É importante, porém, ficar atento à duração do tratamento. No
caso de piora ou persistência do problema, é necessário retorno médico para
reavaliação do caso. Vale o mesmo para as micoses de unha, que devem ser
acompanhadas por um profissional”, afirma o dermatologista. Na suspeita de
bicho-de-pé ou bicho geográfico, a recomendação é que um médico especialista ou
de pronto atendimento seja procurado para avaliar as lesões e, se necessário, fazer
a remoção dos parasitas por meio cirúrgico. Eventualmente, pode-se também
receitar remédios de via oral. Para prevenir o surgimento da micose de praia é
preciso evitar que se crie um ambiente propício à proliferação dos fungos. Para
isso, tente tomar banho após sair da praia, remover as sobras de filtro solar;
manter a pele sempre bem seca; evitar usar roupas úmidas por longos períodos;
usar roupas confortáveis que deixem a pele respirar; evitar o acúmulo de suor e
umidade excessiva em regiões como axilas, costas e virilha.
Contra as doenças provocadas pelos
parasitas, o principal ponto de atenção é não andar descalço em solos que
possam estar infectados, como areia por onde passaram animais domésticos (que
podem contaminar o local por meio das fezes) e locais sujos ou com saneamento
básico precário.