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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Medicamentos para tratar doenças reumáticas autoimunes diminuem a resposta de vacina contra a COVID-19

Estudo divulgado na Nature Medicine avaliou indivíduos imunizados com a CoronaVac. Com base nos resultados, pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP estão testando novas estratégias, entre elas suspender o tratamento desses pacientes uma ou duas semanas antes da vacinação (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

    

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) constataram que alguns tipos de medicamentos usados no tratamento de pacientes com doenças reumáticas autoimunes, como artrite reumatoide, são capazes de diminuir a resposta imunológica de vacinas contra a COVID-19.

No estudo, cujos resultados foram divulgados na revista Nature Medicine, foram avaliados pacientes imunizados com a CoronaVac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. Ainda é preciso testar se o mesmo efeito ocorre com vacinas de outros laboratórios.

Conduzida com apoio da FAPESP e da B3 – Bolsa de Valores, a pesquisa teve o objetivo de avaliar a segurança e a eficácia da CoronaVac em pacientes com nove tipos de doenças reumáticas autoimunes.

Com base nos resultados, os autores estão elaborando novas estratégias de vacinação para esses pacientes, que incluem suspender o tratamento uma ou duas semanas antes da aplicação da CoronaVac e retomá-lo após a vacinação, com o objetivo de melhorar a resposta imune.

“Observamos que algumas medicações, como glicocorticoides, além de imunossupressores, como o metotrexato e o micofenolato mofetil, e alguns biológicos diminuem a resposta imune nesses pacientes”, diz à Agência FAPESP Eloísa Bonfá, professora da FM-USP e coordenadora do estudo.

“Baseados nessa observação, começamos a estudar algumas estratégias de vacinação, como suspender a medicação com mofetil uma semana e a de metotrexato duas semanas antes da aplicação da vacina”, afirma Bonfá.

De acordo com a pesquisadora, em razão da imunidade deficiente, os pacientes imunossuprimidos – que compreendem não só os com doenças autoimunes, mas também em tratamento contra o câncer, transplantados e os que vivem com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), entre outros – apresentam alto risco de ter uma resposta diminuída às vacinas. Além disso, as doenças autoimunes reumáticas podem aumentar a propensão a tromboses.

A fim de avaliar se as vacinas contra a COVID-19 eram eficientes e seguras para essas pessoas, os pesquisadores da FM-USP acompanharam 910 pacientes adultos, atendidos no laboratório de reumatologia do Hospital das Clínicas da FM-USP, até 40 dias após receberem a segunda dose da CoronaVac.

“Os pacientes são acompanhados em centro terciário e, portanto, apresentam quadros mais graves de artrites reumatoide e psoriásica, além de espondiloartrite axial e outras doenças reumáticas autoimunes sistêmicas, como lúpus eritematoso, vasculite, síndrome de Sjögren, esclerose sistêmica, miopatias inflamatórias idiopáticas e síndrome antifosfolípide”, explica Bonfá.

As amostras de sangue dos pacientes para identificação de anticorpos contra o SARS-CoV-2 foram analisadas antes, depois de 28 dias e de seis semanas da vacinação completa com a CoronaVac. Os resultados foram comparados com os de 182 pessoas sem doenças autoimunes ou que não tomavam imunossupressores, que formaram um grupo-controle.

Os resultados das análises indicaram que o imunizante foi capaz de induzir a soroconversão para anticorpos do tipo IgG de 70,4% nos pacientes com doenças reumáticas autoimunes contra 95,5% no grupo-controle.

“Vimos uma redução da resposta imunológica nesses pacientes em comparação com o grupo-controle que consideramos moderada e está dentro dos padrões estabelecidos pela OMS [Organização Mundial de Saúde]”, afirma Bonfá.

“Uma taxa de 70,4% de resposta sorológica já é muito importante para pessoas que têm a imunidade diminuída ou que tomam medicamentos que diminuem a imunidade”, avalia.

Até dez dias após a primeira dose da imunização, quando a resposta da vacina ainda não está completa, 33 dos participantes do estudo tiveram COVID-19. E 40 dias após esse período, quando a resposta imune da vacinação já estava formada, apenas seis pacientes tiveram a doença. Somente quatro indivíduos necessitaram ser internados e não foram registrados óbitos.

Essa redução de casos de infecção entre os participantes, de 33 para apenas seis, ocorreu de forma inversa ao pico de registros de novas infecções pelo SARS-CoV-2 em São Paulo, que no mesmo período teve um aumento de 45%, ressaltou Bonfá.

“A observação de que dez dias após a segunda dose ocorreu uma redução importante de casos mostra que a vacina parece ter uma efetividade muito boa mesmo nessa população de pacientes imunossuprimidos, que é mais propensa a ter infecção”, diz a pesquisadora.

“Isso reforça a recomendação para que esses pacientes sejam vacinados”, sublinha.


Grupo prioritário

Segundo a pesquisadora, além de apresentar maior risco de contrair doenças infecciosas e evoluir para um quadro grave, os pacientes imunossuprimidos têm incidência mais elevada de comorbidades, como hipertensão e obesidade, que são fatores de risco para a COVID-19. Por isso, deveriam ter sido priorizados desde o início da campanha de vacinação contra a doença.

Além disso, os pacientes imunossuprimidos têm maior dificuldade de “limpar” o vírus do organismo em comparação com pessoas saudáveis, o que favorece o desenvolvimento de mutações.

“Priorizar a vacinação desse grupo é importante não só para eles, mas também para a população em geral, porque dessa forma é possível reduzir o risco de surgirem mutações”, afirma.

O artigo Immunogenicity and safety of the CoronaVac inactivated vaccine in patients with autoimmune rheumatic diseases: A phase 4 trial, de Ana C. Medeiros-Ribeiro, Nadia E. Aikawa, Carla G. S. Saad, Emily F. N. Yuki, Tatiana Pedrosa, Solange R. G. Fusco, Priscila T. Rojo, Rosa M. R. Pereira, Samuel K. Shinjo, Danieli C. O. Andrade, Percival D. Sampaio-Barros, Carolina T. Ribeiro, Giordano B. H. Deveza, Victor A. O. Martins, Clovis A. Silva, Marta H. Lopes, Alberto J. S. Duarte, Leila Antonangelo, Ester C. Sabino, Esper G. Kallas, Sandra G. Pasoto e Eloisa Bonfa, pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41591-021-01469-5.

 

 

Elton Alisson

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/medicamentos-para-tratar-doencas-reumaticas-autoimunes-diminuem-a-resposta-de-vacina-contra-a-covid-19/36470/


Artigo publicado na The Lancet alerta sobre síndrome respiratória associada à COVID-19 e outras infecções virais

Especialistas destacam importância do diagnóstico por meio de raios-x e tomografias


A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) é uma complicação respiratória associada muitas vezes ao agravamento de alguma infecção viral. Segundo artigo publicado recentemente na revista científica The Lancet1, por especialistas dos Estados Unidos e da Alemanha, em decorrência da pandemia da COVID-19, o número de casos aumentou consideravelmente desde o ano passado, o que destacou os desafios associados a síndrome, incluindo a alta mortalidade.

Identificada nas radiografias de tórax por imagens opacas em ambos os pulmões, o artigo explica que a SDRA é mais comum do que se acreditava inicialmente. Em 2016, um estudo com 459 pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI) de 50 países apontou que 10% desses pacientes e 23% dos pacientes em ventilação mecânica se encaixavam nos critérios da doença, além de terem apresentado alta taxa de mortalidade hospitalar (35%-45%).

Com a pandemia global da COVID-19, a SDRA começou a ser mais discutida, já que muitos centros clínicos ficaram sobrecarregados com pacientes diagnosticados com a forma grave doença, ou seja, associada a SDRA, afirmam os pesquisadores Nuala J Meyer, da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia (EUA), Luciano Gattinoni, do Centro Médico da Universidade de Göttingen (AL), e Carolyn S Calfee, da Universidade da Califórnia (EUA).

Ainda segundo artigo, relatórios apontaram características únicas da síndrome quando relacionada a COVID-19, embora existam dados que sugerem semelhança com a SDRA clássica. Os relatos revelam também uma alta prevalência de trombose venosa e coagulopatia na síndrome associada ao Sars-Cov-2.

Apesar de ter sido observada redução da mortalidade associada à SDRA nos últimos anos, devido à diminuição das lesões pulmonares induzidas por ventilação mecânica, a mortalidade ainda é alta, situando-se em torno de 40%. "Neste contexto, o reconhecimento precoce por meio dos critérios clínicos e radiológicos, bem como o tratamento correto da SDRA, são essenciais para preservar a saúde dos pacientes", explica Igor Santos, médico radiologista e Superintendente de Inovação e Dados da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), empresa responsável por gerir sistemas de diagnóstico por imagem na rede pública de saúde.

Para a SDRA ser diagnosticada, os problemas respiratórios, assim como anormalidades radiográficas, devem estar presentes por até 7 dias. Com a suspeita baseada nos critérios clínicos, a radiografia de tórax é o método de imagem inicial para complementar o diagnóstico. Já a tomografia de tórax pode substituir ou adicionar mais informações aos achados radiográficos, também sendo útil para quantificar o edema e o potencial recrutamento de parênquima pulmonar.

"Nela, é possível observar opacidades bilaterais consistentes com edema pulmonar, além de melhor identificar as opacidades que podem ser confundidas com a SDRA na radiolografia de tórax, como derrames pleurais isolados, atelectasias ou tumores. ", pontua o médico.

Trata-se de uma doença grave e desafiadora, com diversos fatores de risco, como pneumonia e sepse de origem não-pulmonar, seguidos pela aspiração de conteúdo gástrico, sem contar o altíssimo índice de mortalidade. Porém, o tratamento pode ajudar a reparar os danos pulmonares ou limitar a resposta do organismo à lesão, por exemplo, ao reduzir qualquer excesso de líquido que possa se acumular em volta dos pulmões lesionados, segundo artigo publicado na The Lancet.

 


FIDI

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Referências Bibliográficas

1 Nuala J Meyer, Luciano Gattinoni, Carolyn S Calfee. Acute Respiratory Distress Syndrome. The Lancet; Julho de 2021.


O papel do ovo no sistema imunológico

O organismo possui uma estrutura complexa distribuída por todo o corpo que defende as células da ação de microrganismos, toxinas, poluentes e outros e é chamado sistema imune que é composto de barreiras como a pele, secreções produzidas pelo corpo, sistemas de defesa inata e aquelas adquiridas (1).

 

Fatores como idade, estilo de vida e a genética estão relacionados com o sistema imune. Assim, o desenvolvimento de doenças está associado a condição do corpo de responder as alterações orgânicas.

 

Nutrientes como vitaminas A, D, E, K, Zinco, selênio, magnésio, manganês e outros participam da manutenção do sistema imune e a alimentação pode influenciar neste equilíbrio. O ovo é um alimento muito interessante porque possui estes e outros nutrientes importantes que colaboram para a melhoria do sistema imune.

 

A vitamina A já é reconhecida pelo seu papel na visão, atua também na integridade da pele, atua na melhora da resposta imune, desenvolvimento ósseo e crescimento.

 

 A vitamina D é outro nutriente já reconhecido na função de mineralização óssea auxiliando na deposição de cálcio, crescimento, crescimento e diferenciação de células do sistema imune.

 

A vitamina E possui função antioxidante, preserva a integridade das membranas, preserva gorduras e atua na inibição da agregação plaquetária. A vitamina E é obtida através da alimentação. 

 

A vitamina K está relacionada a redução de processos inflamatórios pela ação antioxidante.  Estas Vitaminas A, D, E, K estão presentes no ovo e são facilmente absorvidas, pois circulam apenas na presença de gorduras e o ovo possui 4,5g de gordura por unidade. 

 

Em relação aos minerais, o Zinco é fundamental para organismo e possui função antioxidante, além de participar de crescimento celular, fertilidade e reprodução e participa da melhora da função imune. A deficiência de zinco em idosos está relacionada a redução da resposta imune. 

 

O selênio atua no sistema de defesa combatendo radicais livres. Participa do crescimento, tem ação na tireoide através da regulação e produção dos hormônios tireoidianos, enquanto o magnésio participa de inúmeras reações químicas no organismo que controlam todo o metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, fundamental para a transmissão do impulso nervoso e batimento cardíaco e ainda ação antioxidante.

 

O manganês é outro mineral traço que participa de várias reações enzimáticas com ação antioxidante e está associado ao cálcio, vitamina D para a formação de células ósseas.  Estes minerais, além de ferro, cálcio, fosforo, potássio estão presentes no ovo.

 

A Glutamina é um aminoácido livre e está presente em grande quantidade no plasma e tecido muscular. Como pode ser produzido pelo organismo, é considerado um aminoácido não essencial; No entanto, existem alguns casos, como traumas e cirurgias em que a glutamina endógena parece não atender a demanda do organismo (2); 

 

Estudos mostram que a glutamina desempenha função importante na integridade da mucosa intestinal com a promoção da proliferação de células chamadas enterócitos e estas podem melhorar a função barreira, que vai atuar no sistema imune. Além disso, a glutamina participa de reações bioquímicas com manutenção do equilíbrio acido/ básico, transporte de amônia entre os tecidos. (3)

 

O ovo é um dos alimentos que contém ácido glutâmico, cerca de 133 mg e é convertido em glutamina; além disso, todos os aminoácidos essenciais fazem parte do ovo e por isso é considerado fonte de proteína e é considerado um alimento referência. A proteína tem uma participação efetiva na melhora do sistema imune e o ovo rico em proteínas, vitaminas, carotenoides e minerais é um ótimo alimento para ser consumido diariamente, afinal o ovo é um alimento pratico, saboroso e saudável.

 

 


Referencias:

1-      ILSI EUROPE CONCISE MONOGRAPH SERIES – nutrição e imunidade no homem

2-     Waitzberg,Dan L. Nutrição oral, enteral e parenteral na pratica clinica/ 5º ed Rio de Janeiro: Atheneu,2017.

3-     Glutamina: Aspectos Bioquímicos, Metabólicos, Moleculares e Suplementação – Rev. Bras Med Esporte – Vol. 15, No 5.


Lei que torna o teste da orelhinha obrigatório completa 11 anos de prevenção a doenças auditivas em recém-nascidos

Shutterstock
Especialista do Hospital Paulista de Otorrinolaringologia alerta para a importância do exame no desenvolvimento das crianças



Rápido, indolor e muito necessário. O exame de emissões otoacústicas ou "teste da orelhinha", como é popularmente conhecido, é uma triagem neonatal auditiva capaz de detectar problemas de audição em recém-nascidos e proteger este, que é um dos sentidos mais importantes para o desenvolvimento e comunicação.

A otorrinolaringologista Dra. Renata Christofe Garrafa, do Hospital Paulista, celebra a importância da Lei Federal 12.303, de 2 de agosto de 2010, que completa 11 anos de existência em 2021 e torna obrigatória a realização do teste ainda na maternidade.

"Mesmo crianças sem risco conhecido podem apresentar algum grau de perda de audição. Por isso, o teste da orelhinha deve ser realizado em todos os recém-nascidos ainda no primeiro mês de vida, para, no caso de alguma deficiência, ela seja tratada o mais precocemente possível", explica.

De acordo com a médica, um teste alterado pode significar perdas auditivas de diferentes causas e intensidades, capazes de trazer prejuízos para o desenvolvimento da criança. "E a lei garante que todos tenham acesso ao exame. Isso é de extrema importância, visto a diversidade e a desigualdade existentes em nosso país", complementa a especialista.

Formada em torno do quinto mês de gestação, a audição é um dos sentidos mais importantes para o desenvolvimento das crianças, já que, por meio deste sentido, elas ouvem a voz da mãe e os sons emitidos por ela.

Crianças que não passam pelo teste da orelhinha, e são portadoras de perda auditiva, podem ter seu desenvolvimento comprometido. Entre os danos que os problemas podem trazer, caso o tratamento não seja realizado precocemente, a médica destaca dificuldades de aprendizagem e compreensão, além de prejuízo na fala e na interação social.


Como é feito o teste da orelhinha?

Simples e prático, o teste da orelhinha pode ser realizado enquanto o bebê dorme, sem dor ou qualquer desconforto ao recém-nascido. O exame é realizado por meio da inserção de um minúsculo sensor dentro do canal auditivo, capaz de captar a resposta das células ciliadas externas da cóclea. Essas células participam da captação e da amplificação do som.

A realização do teste deve acontecer ainda nos primeiros 30 dias de vida e sua obrigatoriedade se deve ao fato de que, quanto antes for iniciado um tratamento, melhor será o desenvolvimento global da criança.

Caso o exame detecte a existência de algum problema ou perda auditiva, o bebê é encaminhado para um serviço de diagnóstico, onde são realizados avaliação otorrinolaringológica e exames complementares.


Teste falho

De acordo com a Dra. Renata, logo após o nascimento, a criança pode apresentar vérnix - líquido residual do parto - no conduto auditivo externo, o canal da orelha, prejudicando a leitura do exame. Nestas situações, o bebê deve realizar novo teste após 30 dias de vida.

A médica explica que crianças com risco conhecido de surdez ou que apresentem uma nova falha nas de emissões otoacústicas são encaminhadas para a realização de outro teste, o BERA, também conhecido como PEATE (Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico), que avalia de forma mais completa todo o sistema auditivo. Assim como o teste da orelhinha, ele também é completamente indolor.



Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


SUS disponibiliza nova opção de tratamento para hemofilia A

Alternativa é indicada para pacientes com inibidores do fator VIII refratários à terapia de imunotolerância

Um grupo de pacientes com hemofilia A, terá uma nova opção de tratamento na rede pública de saúde, a terapia emicizumabe. O Ministério da Saúde finalizará as tratativas para o fornecimento do medicamento, em continuidade à decisão de incorporar a indicação ao Sistema Único de Saúde, publicada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde no Diário Oficial da União.

A hemofilia A é uma doença que atinge cerca de 11 mil pessoas no Brasil, segundo dados de 2019 do Perfil das Coagulopatias Hereditárias no Brasil. Trata-se de uma doença rara e genética, caracterizada pela deficiência ou anormalidade do fator VIII da coagulação.

Até então, apenas os concentrados de fator VIII de origem plasmática e recombinante faziam parte das tecnologias ofertadas pelo SUS para o tratamento de pacientes com hemofilia A, juntamente com a indução de imunotolerância (ITI), terapia padrão recomendada para pacientes que apresentam inibidores ao fator na tentativa de dessensibilizar o paciente. Entretanto, 30% deles falham a ITI e alguns não possuem indicação para essa terapia por diversas razões, deixando-os sem alternativa terapêutica.

É esse cenário que a nova incorporação pretende mudar. O anticorpo terapêutico, que possui longa duração no organismo permite uma aplicação subcutânea a cada quatro semanas, recentemente incorporado reduz em 96% o índice de sangramento em pacientes sem inibidores e em 68% a taxa anual de sangramentos, por ser capaz de "imitar" a ação do fator de coagulação VIII sem ser bloqueado pelos inibidores, conforme publicado no estudo HAVEN 1.

O tratamento é indicado para aumentar a qualidade de vida de todas as pessoas com Hemofilia A. Vale ressaltar que o medicamento requer prescrição médica e que a relação de risco e benefício deve ser avaliada pelo profissional de saúde de acordo com o perfil e necessidade de cada paciente. É contraindicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida a emicizumabe ou qualquer um de seus componentes.

 


Roche

www.roche.com.br

 

 

Referencial

• Emicizumabe para tratamento de indivíduos com hemofilia A e inibidores ao fator VIII refratários ao tratamento de imunotolerância: https://conitec.gov.br/images/Relatorios/2019/Relatorio_Emicizumabe_HemofiliaA_Inibidores.pdf

• Portaria STIE N. 62, de 26 de novembro de 2019: https://www.conass.org.br/conass-informa-n-185-publicada-a-portaria-sctie-n-62-que-torna-publica-a-decisao-de-incorporar-o-emicizumabe-para-tratamento-de-individuos-com-hemofilia-a-e-inibidores-ao-fator-viii-refrat/

• Remédio moderno para hemofilia agora pode ser aplicado em mais pacientes: https://saude.abril.com.br./medicina/remedio-moderno-para-hemofilia-agora-pode-ser-aplicado-em-mais-pacientes/

Semana Mundial da Amamentação: mitos e verdades que toda mãe precisa saber sobre o aleitamento materno

 Amamentar em público. Bombear leite materno no trabalho. Sacrificar a vida social e passar meses sem dormir quatro horas seguidas. Superar incontáveis mordidas, mastites, beliscões e julgamentos. Tudo vale para alimentar a pessoa mais importante do mundo. Só não precisava de tanto julgamento...

 

A Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) acontece de 1º a 7 de agosto para promover e incentivar a amamentação - são 120 países abraçando a causa.

Apesar de ser a principal e melhor fonte de nutrição dos bebês, a amamentação é rodeada de muitos mitos, dúvidas, aflições e medos. Muitas mulheres que vivenciam ou vivenciaram esse momento se frustram por não contar com uma rede de apoio, com pessoas próximas que saibam da importância fundamental da amamentação.

No Brasil, em 2020,
mais de 54% dos bebês com até seis meses não têm o leite materno como o único alimento - a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses de vida. O índice está aumentando, mas ainda é baixo.

De acordo com a Cartilha de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, 13% das mortes em crianças menores de cinco anos em todo o mundo poderiam ser evitadas com o aleitamento materno. Suas substâncias são capazes de diminuir o risco de alergias, diarréias, doenças respiratórias do bebê, entre outras.

Nesta semana de conscientização, é importante distinguir mitos e verdades sobre o assunto. Quem fala sobre isso é a Dra. Danielle Lopez Pera, médica da Sami, operadora de saúde digital com foco em PMEs e MEIs.


Aleitamento materno - Mitos e Verdades

Quando o leite é fraco, o bebê chora porque a amamentação não basta.

Mito. O leite humano é um alimento completo para o bebê, contém todos os nutrientes com qualidade e quantidade certas que ele precisa para crescer e se desenvolver. Nos primeiros meses de aleitamento os bebês choram muito, pedindo leite com uma frequência maior do que a esperada pela maioria dos pais, e isso dá a sensação de que o leite materno não está sendo "forte" o suficiente. Mas não é isso. O que ocorre é que o estômago do bebê é muito pequeno nos primeiros meses, assim, cabe pouco leite a cada mamada.

O leite humano é uma solução viva e, além de nutrir e prevenir doenças, também contribui para o desenvolvimento do cérebro e da inteligência do bebê. Além disso, o leite materno é melhor absorvido e tem uma digestão mais rápida que o leite de vaca. Justamente por isso, bebês que são alimentados exclusivamente com o leite materno mamam mais vezes que os alimentados com o leite de vaca.


Existem mães que simplesmente não produzem leite.

Mito . A pouca produção de leite, na maioria dos casos, é uma percepção da mãe relacionada à insegurança sobre sua capacidade de amamentar. Do ponto de vista fisiológico, as chances de uma produção de leite insuficiente ou uma contraindicação médica à amamentação são raras. Então, do que depende o sucesso da amamentação? A posição e a "pega" do bebê são fatores determinantes para a produção adequada de leite, já que o maior estímulo à produção de leite materno é a sucção do bebê. Isso mesmo, quanto mais o bebê sugar, mais leite será produzido. Outros fatores também interferem nesse processo, como o volume de água consumido pela mãe, por exemplo. O ideal é que uma mãe amamentando consuma, em média, de 2 a 3 litros de água ao dia.


Se a alimentação da mãe for ruim, o leite materno será fraco.

Mito. Hábitos de vida saudáveis trazem, sem dúvidas, benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê, mas essa não é uma condição necessária para manter uma boa qualidade ou um estoque adequado de leite. O leite materno possui todos os elementos necessários para o desenvolvimento do bebê. A recomendação é de que o bebê seja amamentado até o sexto mês de vida exclusivamente com o leite materno. Nada de chás ou água, combinado? Dos seis meses em diante, apenas o leite materno não garante todos os nutrientes necessários ao crescimento e ao desenvolvimento da maioria dos bebês. Suas necessidades aumentam e, portanto, precisam de outros alimentos que complementam a amamentação. O leite materno, porém, ainda representa uma importante oferta de nutrientes e anticorpos que ajudam a criança a combater e se recuperar de episódios de doenças.



Algumas emoções atrapalham a produção de leite.

Verdade. Caso a pessoa que amamenta passe por situações de nervosismo, a produção de leite pode diminuir, isto porque o hormônio adrenalina liberado em excesso bloqueia o hormônio ocitocina, que é um dos hormônios que influenciam na amamentação. O estresse pode influenciar na liberação de ocitocina, afetando a transferência de leite e o vínculo entre a mãe e o bebê.



O bebê deve mamar em horários específicos.

Mito
. Segundo o Ministério da Saúde, a recomendação é de que o bebê possa mamar sempre que ele pedir o peito, sem horários delimitados. E, ainda, para ajudar na amamentação, é importante atentar-se ao bebê para que ele mame até se satisfazer por completo.



Existe um tipo de parto melhor para o leite materno.

Mito
. A via de parto não altera a qualidade do leite materno. Alguns estudos afirmam que o parto normal facilita o aleitamento na primeira hora de vida uma vez que, durante o trabalho de parto, a produção de ocitocina para o aumento da contratilidade uterina, estimula e ejeção do leite, facilitando assim o aleitamento.



Mamadeiras e chupetas prejudicam o aleitamento?

Verdade . Ao sugar o peito, o bebê precisa fazer um esforço muito maior do que o de mamar na mamadeira, por isso, caso ele se acostume com a mamadeira ou chupeta, há o risco dele não se habituar mais para mamar no peito. Além disso, o esforço dos músculos para ele mamar no peito serão cruciais na mastigação e na fala.


As mães também se beneficiam da amamentação?

Verdade. A amamentação auxilia o retorno do útero ao seu volume normal ajudando assim na transição pós parto. Amamentar também é um fator de proteção contra o câncer de mama e ovário. Ela funciona, se seguir algumas características específicas, como método contraceptivo nos primeiros seis meses de vida do bebê, chamamos isso de Método da Amenorréia Lactacional (LAM). Para isso, é necessário que o bebê esteja em aleitamento materno exclusivo (consumindo apenas leite materno 100% do tempo), sob livre demanda (ou seja, dar o peito sempre que o bebê pedir) e, por último, que a mãe não tenha menstruado ainda. Viu como amamentar é tudo de bom? Isso, sem mencionar em todos os benefícios psicológicos de diminuição da ansiedade e aumento da conexão mãe-bebê.


Se a mulher engravidar tem que parar de amamentar.

Mito. Para a maioria das mulheres a gestação não contraindica a amamentação. Sendo uma gestação de baixo risco em uma mulher saudável, não há problemas em continuar amamentando. No entanto, nos casos de gestações de maior risco, como na pré-eclâmpsia, restrição do crescimento uterino ou ameaça de parto prematuro, suspendemos a amamentação precocemente. Essa avaliação deve ser feita caso a caso, então é importante conversar com seu time de saúde antes de tomar essa decisão.


Muita coisa que a mãe come dá cólicas no bebê.

Mito. A "receita" do leite materno é sempre a mesma e independe da alimentação materna. Uma porcentagem bem pequena das proteínas circulantes na corrente sanguínea da mãe pode chegar ao leite materno, sendo insuficiente para causar uma reação intestinal no bebê, a não ser que ele já tenha sensibilidade a alguma proteína específica. É o que acontece quando o bebê tem alergia ao leite de vaca, por exemplo. Nesses casos, orientamos a mãe a restringir o consumo de leite e seus derivados.


Mulheres com mamoplastia não conseguem amamentar.

Mito. As mulheres com mamoplastia não necessariamente terão problemas na hora de amamentar, no entanto, as cirurgias mamárias têm sido elencadas como uma das causas associadas à interrupção precoce da amamentação. Isso pode acontecer por problemas na produção e ejeção do leite, pois, dependendo da técnica cirúrgica utilizada, pode haver alteração da integridade e do funcionamento da mama. Antes de optar pela cirurgia converse com seu cirurgião plástico sobre os possíveis efeitos e riscos para a amamentação.


A amamentação envolve o corpo da mulher, sua história de vida, sua relação com o parceiro(a), a família, e o contexto onde vive. Não nascemos sabendo amamentar, é um ato a ser aprendido pelas mães e pelos bebês. Converse com seu time de saúde desde o pré-natal sobre as suas dúvidas, angústias, medos e inseguranças. E lembre-se que está tudo bem se houverem desafios no meio do caminho.

 

 

Dra. Danielle Lopez Pera

Sami

https://www.samisaude.com.br


Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 - Quantas calorias um atleta precisa?

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, são o maior evento esportivo do planeta. A determinação para alcançar a tão sonhada medalha, é planejada nos mínimos detalhes. Com a alimentação não é diferente. São inúmeros atletas, competindo em diferentes modalidades com necessidades energéticas que variam muito entre eles.

Por exemplo, um corredor de maratona pode gastar até 2.500kcal durante a competição. No entanto, um atleta correndo os 100 metros rasos pode queimar menos de 10kcal durante a prova. No geral, as necessidades de energia de dependem do peso, altura, tempo de treinamento e da demanda de cada esporte, e podem variar de 2.000 kcal diárias para um esporte de curta duração (velocista ou salto em altura) até 10.000 calorias ou mais para esportes de alta demanda, como natação.

Os eventos esportivos são desafiadores e requerem recomendações individualizadas de alimentos e líquidos antes, durante, e após o exercício, para reduzir fadiga e permitir um desempenho ideal.

E com as Olimpíadas em foco, a nutricionista Adriana Stavro analisou as necessidades energéticas de 4 diferentes modalidades esportivas. Confira:



NATAÇÃO 

É um dos três esportes que mais gastam calorias, ficando logo atrás da corrida e do ciclismo. Estima-se que nado borboleta pode queimar entre 660 e 976kcal por hora, dependendo do peso do atleta.

Em média, um nadador masculino precisará de pelo menos 5.000 kcal por dia e potencialmente até 8.000kcal para períodos de treinamento mais intenso. As nadadoras serão um pouco menos, pode variar entre 4.000 e 6.000 kcal ao dia.

Estes números podem mudar para mais ou para menos, dependendo da intensidade de treinamento, altura e peso do competidor (a) Maratonistas Os corredores de longa distância precisam de uma quantidade de calorias semelhante aos nadadores. Homens de 5.000 a 8.000 calorias ou mais e as mulheres entre 4.000 e 6.000 ou mais. Durante uma competição de 4 horas, um atleta chega a gastar 2.400 kcal, de acordo com a Harvard Medical School.

Estes números podem mudar para mais ou para menos, dependendo da intensidade de treinamento, altura e peso do competidor (a)



Maratonistas

Os corredores de longa distância precisam de uma quantidade de calorias semelhante aos nadadores. Homens de 5.000 a 8.000 calorias ou mais e as mulheres entre 4.000 e 6.000 ou mais. Durante uma competição de 4 horas, um atleta chega a gastar 2.400 kcal, de acordo com a Harvard Medical School.

O ideal é uma dieta rica em carboidratos complexos, principalmente durante as sessões de treino e no dia da prova, para garantir que tenham energia suficiente durante toda a competição.

Alimentos de alto desempenho, como proteínas magras, grãos integrais, gorduras saudáveis, frutas e vegetais , são recomendados para todos os atletas olímpicos.



Ginástica

A maioria das ginastas deve comer no mínimo 2.000 kcal/dia. Se isso parece baixo em comparação com outros esportes olímpicos, pode ser porque a ginástica é um esporte que requer muito menos energia que um esporte de resistência como a natação. Por 30 minutos de ginástica, o gasto energético é de 120 a 168kcal, dependendo do seu peso (em média).

Além do mais, embora suas rotinas envolvam explosões de energia por um ou dois minutos, também há muitos momentos em que ficam parados esperando sua vez nos equipamentos, tanto durante o treinamento quanto durante as competições. Um treino de ginástica de 4 horas gasta apenas 1.000 calorias, muito menos que as 2.400 calorias queimadas durante uma corrida de 4 horas.



Levantamento de peso

Embora o levantamento de peso não queime uma quantidade significativa de calorias quando comparado a outros esportes olímpicos, os atletas ainda fazem dietas com alto teor calórico para aumentar a massa muscular. Em média, uma sessão de levantamento de peso intensa de 30 minutos queima entre 180 e 252kcal, dependendo do peso e da altura do competidor.

O número de calorias ingeridas vai depender de suas metas de peso, peso corporal atual, composição corporal, quantidade de gordura e plano de treinamento.

Os levantadores de peso menores podem consumir cerca de 1.800kcal/dia, em média. Levantadores de peso maiores, ou mesmo aqueles que tentam que ganhar peso , podem consumir até 4.000kcal/dia.

A energia dos carboidratos é a chave para os levantadores de peso, ajudando tanto no desempenho quanto na recuperação , junto com proteínas e gorduras.

Manter-se hidratado é essencial, uma vez que sem a reposição adequada de líquidos seu rendimento esportivo cai significativamente. A manutenção do balanço hídrico nos momentos antes, durante e após o exercício é um fator determinante para o desempenho esportivo.

No geral, a ingestão de energia deve ser adequada para apoiar o desempenho nos exercícios, prevenir lesões e manter a saúde, mas mudará com o tempo, dependendo da programação de exercícios e das metas de peso. O carboidrato é necessário para a reposição de combustível e glicogênio muscular, enquanto a proteína é necessária para o crescimento, reparo e os alimentos selecionados devem fornecer os requisitos adicionais de micronutrientes.


Adriana Stavro - Nutricionista Mestre pelo Centro Universitário São Camilo.
Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Pós graduada em Nutrição funcional pela VP e em Fitoterapia pela Courses4U
Instagram -@adrianastavronutri


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