Estresse severo e depressão podem influenciar o
curso do tratamento e comprometer a resposta do paciente
A campanha Janeiro Branco
tem especial importância na oncologia por promover a necessidade da atenção
emocional e incentivar a busca pela ajuda profissional para lidar com emoções e
sentimentos. A relação entre saúde mental e câncer é complexa e bidirecional.
Estudos indicam que o estresse severo e a depressão podem influenciar o curso
do tratamento e comprometer a resposta do paciente, além de interferir na
detecção precoce da doença.
A revista News-Medical
publicou um artigo em maio passado destacando que pacientes com transtornos
psicológicos tendem a realizar menos exames de rastreio, o que atrapalha a
identificação da doença em fase inicial e afeta negativamente o prognóstico.
O oncologista Fernando Medina, do Centro de Oncologia
Campinas, reforça que o estresse e a depressão são capazes de afetar o sistema
imunológico e alterar a resposta do organismo ao tratamento, tendo como uma das
consequências o risco aumentado de complicações.
“O diagnóstico de câncer e o tratamento geram uma série
de desafios físicos e emocionais, como ansiedade, medo e tristeza. A incerteza
sobre o futuro, as mudanças físicas e as dificuldades do tratamento influenciam
a saúde mental do paciente, de seus familiares e dos cuidadores”, observa o
médico.
A campanha Janeiro Branco ajuda os pacientes oncológicos
de diferentes maneiras, aponta Medina. “Ao promover a importância de cuidar da
saúde mental, a ação incentiva a busca por ajuda profissional e o diálogo
aberto sobre emoções e sentimentos. Uma campanha criada para combater o estigma
associado às doenças mentais motiva pacientes com câncer a buscar apoio sem
medo de julgamentos”, detalha.
Como
enfrentar a doença?
Fernando Medina destaca as principais orientações para
ajudar as pessoas com câncer a superar a pressão psicológica e os dilemas
emocionais que acompanham a doença. A principal delas, diz, é buscar apoio
profissional.
“Psicólogos e psiquiatras podem oferecer suporte
emocional e ajudar a lidar com os desafios do câncer. Também converse com seus
familiares e amigos. Compartilhe seus sentimentos e preocupações com pessoas de
confiança. Participe de grupos de apoio. Conectar-se com outras pessoas que
passam por experiências semelhantes pode ser reconfortante e encorajador”,
orienta.
O oncologista recomenda ainda a prática de atividades
relaxantes como ioga, meditação, exercícios de respiração e outras técnicas de
relaxamento que colaboram com a redução do estresse e da ansiedade. Medina
aponta também uma rotina de saúde como sendo essencial. “Mantenha hábitos
saudáveis: alimente-se bem, durma o suficiente e pratique exercícios físicos
regularmente”.
Psico-oncologia
A psico-oncologia, direcionada ao atendimento de
pacientes com câncer, integra a lista de especialidades do atendimento
multidisciplinar oferecido pelo Centro de Oncologia Campinas. Dentre as
atribuições do profissional estão dar suporte emocional para o paciente
expressar seu sofrimento diante do diagnóstico da doença, compreender o momento
e lidar da melhor forma com as mudanças e adaptações impostas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia, a
assistência do psico-oncologista deve ser disponibilizada em todas as fases do
acompanhamento ao paciente, incluindo intervenções relacionadas à prevenção, ao
diagnóstico, aos tratamentos, à reabilitação e, nos casos de doença sem
possibilidade de cura, aos cuidados paliativos e processo de finitude.
A psico-oncologista Ana Luiza Nobile Cassiani, do Centro
de Oncologia Campinas, salienta que cuidar da saúde mental durante o tratamento
oncológico é fundamental tanto para o paciente quanto para a sua rede de apoio.
“O câncer tem grande impacto no corpo. Afeta a autoestima e promove mudanças
psicológicas que exigem cuidados e envolvem também os que estão em volta”,
observa.
“Quando um paciente é diagnosticado, aquele mundo
presumido, o mundo que era conhecido até então, desaparece. Surgem a relação
entre o câncer e as perdas e a sensação de que tudo aquilo que estava previsto
para a vida está ameaçado”, prossegue.
A saúde mental vai além de aliviar sintomas emocionais, destaca Ana Luiza. Ela conecta o cuidado físico ao emocional. Promove uma base sólida para que o paciente se sinta amparado e fortalecido. “É esse equilíbrio que mantém viva a esperança e contribui para uma jornada mais leve e humana, mesmo nos momentos mais desafiadores”, acrescenta.
COC - Centro de Oncologia Campinas
Rua Alberto de Salvo, 311, Barão Geraldo, Campinas.
Telefone de contato é (19) 3787-3400.
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