Setembro é o mês da prevenção do câncer de intestino. A doença que foi responsável pela precoce morte do ator Chadwick Boseman, famoso pelo seu papel no filme Pantera Negra, que mobilizou fãs no mundo inteiro, requer atenção e cuidados, pois a patologia é mais frequente do que a maioria das pessoas imagina e porque costuma se desenvolver de forma silenciosa. Além disto, a detecção e diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura.
O câncer de intestino abrange os tumores que se
localizam no intestino grosso - chamado tecnicamente de cólon - no reto e no
ânus. Por isso também é conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal.
Segundo dados do INCA, esse tipo de câncer é o segundo mais frequente entre homens e mulheres, e é consequência de ‘interações’ entre fatores genéticos e ambientais. Sua prevenção está principalmente na mudança de hábitos, alimentação saudável, e também na realização de exames preventivos periódicos.
Manifestação e sintomas
Uma grande porcentagem desse câncer se inicia
como um pólipo benigno dentro do intestino. Quando o diagnóstico destes pólipos
é realizado precocemente, pode-se impedir a evolução para um quadro mais
preocupante. O problema é que, geralmente, essa lesão se desenvolve de forma
assintomática sendo apenas descoberto, muitas vezes, quando já se transformou
em um tumor maligno de tamanho considerável.
Os sintomas mais comuns do câncer colorretal são
sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre
alternados), dor abdominal, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente
e alteração na forma das fezes. Tais sintomas podem estar ou não presentes,
dependendo da localização do tumor no intestino, e é muito importante dizer que
esses sintomas também são comuns em outras patologias gastrointestinais e por
isso devem ser sempre avaliadas por um médico especialista.
Causas e fatores de risco
A idade avançada aumenta os riscos de câncer de
intestino, por isso a partir dos 40 anos já é preciso redobrar a atenção.
Sobrepeso, alimentação não saudável (pobre em frutas, vegetais e fibras e com
excesso de carne vermelha e alimentos ultraprocessados), tabagismo e consumo de
álcool também contribuem para o aumento do risco desta patologia.
A incidência de câncer de intestino também
aumenta caso haja familiares próximos que tenham tido a doença e caso o próprio
paciente tenha o diagnóstico de alguma doença inflamatória intestinal como a
Retocolite ulcerativa crônica e a doença de Crohn.
Diagnóstico e tratamento
Qualquer alteração do hábito intestinal abrupta e
persistente a partir dos 40 anos, além do aparecimento de algum dos sintomas
comuns do câncer colorretal, deve ser considerado como alerta. Por isso, é
importante procurar um médico especialista que saiba distinguir os sintomas de
outras doenças parecidas, como hemorróidas, e ofereça a investigação adequada.
O diagnóstico é feito através do exame que se
chama colonoscopia na qual é realizada a retirada de um pequeno fragmento
(biópsia) do pólipo/lesão suspeito.
Quando diagnosticado é, na maioria dos casos, uma
doença tratável e frequentemente curável. O tratamento inicial é a cirurgia. A
cirurgia pode ser feita de forma convencional (aberta), laparoscópica e também
robótica. Nela é retirado o segmento do intestino afetado além de gânglios
linfáticos próximos. A quimioterapia e a radioterapia também podem ser
utilizadas para tratamento e também na prevenção de recidiva do tumor.
Prevenção
Para evitar o câncer de intestino, além de
procurar um especialista ao notar qualquer sintoma suspeito, é muito importante
se manter no peso corporal adequado, praticar atividades físicas, evitar o
consumo de bebida alcoólica, não fumar e não se expor ao tabagismo. Também é
fundamental a realização periódica de exames de check-up preventivos, no caso,
a colonoscopia. Ela deve ser realizada a partir dos 50 anos mesmo em pessoas
assintomáticas e a partir dos 40 anos caso haja algum fator de risco presente.
Uma alimentação saudável e balanceada é um
importantíssimo aliado na prevenção do câncer colorretal.
Carnes em excesso devem ser evitadas,
principalmente as mais gordurosas e embutidos como presunto e salame. Até mesmo
aqueles que são vendidos como opções "saudáveis", como peito de peru,
são ricos em substâncias conservantes como nitrito e nitrato, altamente
cancerígenas.
Corantes também devem ser dispensados do cardápio
sempre que possível. E não pense que apenas estão presentes em doces ultra
coloridos como balas e pirulitos. Grande parte dos produtos ultraprocessados os
contém, inclusive os populares tabletes e sachês de temperos prontos.
Portanto, dê preferência para comer em casa
sempre que puder, com pratos saborizados com ervas e temperos naturais (a lista
é infinita: cebola, alho, orégano, manjericão, páprica, cúrcuma…) e ricos em
grãos, frutas e legumes.
Na dúvida, aposte mais nas feiras e menos
nos supermercados. Dessa maneira, não só o risco de câncer de intestino é
drasticamente reduzido, como de muitas outras enfermidades.
Dr. Samuel Okazaki - Clínico e Cirurgião do Aparelho digestivo