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terça-feira, 2 de junho de 2020

Covid-19: Como lidar com a morte sem os processos tradicionais e fundamentais do luto?


Psicóloga do CAIS – Centro de Apoio Integral à Saúde, explica que independente do distanciamento social, é importante que a pessoa lide com a perda e tenha apoio de familiares e amigos


Com a pandemia da Covid-19 milhares de pessoas perderam entes queridos sem que pudessem se despedir de forma tradicional e passar por todos os processos habituais do luto. Devido ao risco elevado de contaminação, algumas etapas fundamentais como o acompanhamento da pessoa doente, velório e o sepultamento foram proibidos. E como lidar com o luto quando você não pode se despedir do ente querido?

“Cada pessoa tem sua forma de vivenciar o luto. Porém, atualmente, sendo privados dessas possibilidades, há um risco maior das pessoas virem a apresentar futuras complicações emocionais, por não conseguirem viver seus lutos da maneira como estão habituadas. Dentro das possibilidades que temos hoje, o apoio de amigos e parentes mesmo que a distância, é a maneira mais próxima de nos sentirmos acolhidos, claro que respeitando a maneira como cada um lida com o luto. Contar com apoio psicológico nesse momento também é uma forma de enfrentar as dificuldades que podem ocorrer.”, disse a psicóloga do CAIS – Centro de Apoio Integral à Saúde, Aline Melo.

Mesmo com o distanciamento social, podemos nos fazer presentes de outras formas que não físicas para reconfortar a família, como ligando, fazendo chamadas de vídeo para ver como a pessoa está, enviar mensagens, etc. Essas são maneiras de demonstrar que a pessoa não precisa passar por esse momento sozinha.

É possível que os sentimentos de tristeza e angústia provoquem uma alteração na rotina da pessoa que está vivendo o luto, dificultando a execução de suas responsabilidades e prejudicando o sono, a alimentação e o autocuidado, principalmente nos primeiros dias. Aos poucos as atividades e a rotina tendem a ser recuperadas, mesmo com o sentimento de tristeza e dor ainda presentes. “É importante avaliar quando esse quadro de tristeza perdura por muito tempo, assim como a dificuldade da pessoa em retomar sua vida. Nesse caso, seria importante a avaliação de um profissional da saúde para identificar se a evolução desse processo segue de maneira natural ou não.”, finaliza a psicóloga.






Grupo São Cristóvão Saúde



SAÚDE FEMININA NA QUARENTENA | O puerpério da humanidade para o nascimento de um novo mundo


O resguardo incontornável da quarentena é uma oportunidade para olhar para dentro e se reinventar, assim como fazem as mães no pós-parto. Assim como a mulher que se tornou mãe jamais voltará a ser a pessoa que era nove meses antes, a humanidade pós-coronavírus também estará mudada para sempre. É como uma ponte que se destrói depois de atravessá-la.


Silenciar, escutar, resguardar, refletir e reinventar. Essas são as recomendações para as mulheres no puerpério: fase pós-parto marcada por modificações físicas, emocionais, psicológicas, espirituais que impactam a dinâmica familiar. Esse é um momento de recolhimento, de adaptação à nova rotina e, ao mesmo tempo, um período em que as mães ficam com o canal muito aberto para acessar conhecimentos internos; as suas luzes e sombras. Sinto que esta quarentena – que a humanidade vive por conta da pandemia do coronavírus – está sendo uma experiência muito parecida com o puerpério.

Pessoas do mundo inteiro estão sendo obrigadas a passar semanas com a mobilidade restrita. Algumas sequer saem de casa. Adotamos a mesma conduta das mães com bebês recém-nascidos. Esse isolamento é um convite, sem possibilidade de recusa, de nos distanciarmos do mundo externo e, assim como o puerpério, não veio com manual de instruções. Nesse contexto, somos obrigadas a encarar sem filtros a própria companhia e a de pessoas que escolhemos estar mais próximas de nós. Acredito que o mundo está nos chamando para refletir sobre nossos valores e relações. Como você tem recebido esse chamado da Terra?

Entre as mulheres que atendo e com as quais converso, muitas estão sentindo sinais de estresse, que se manifestam inclusive fisicamente – na forma de candidíase, por exemplo. Emocionalmente, estamos mais à flor da pele, uma grande “TPM”. É natural que seja assim. A convivência ininterrupta conosco pode despertar incômodos. Se antes havia distrações e mudança de ares – como ir ao escritório e encontrar os amigos –, agora tudo virou mingau. O trabalho é em casa, as crianças estão em casa, os companheirxs também. E nos momentos à sós, é como se tivéssemos um espelho em nossa frente. Tudo vem à tona.

Acredito que podemos escolher como vamos passar emocionalmente por esse momento. Podemos vibrar no medo e na angústia ou navegar nessa oportunidade que nos convoca a olhar para dentro. Como explico no “O Pequeno Livro sobre o Puerpério” – publicado pela Primavera Editorial – a fase pós-parto é um mergulho, um momento de autoconhecimento, de percepção de necessidades, frustrações, traumas e crenças. De maneira similar ao puerpério, quando a mulher está reclusa com seu bebê, as pessoas em quarentena, que se propuserem a silenciar, percebem os próprios canais mais abertos para a conexão e entendimento interno, sem interferências do mundo exterior. É tão assustador quanto libertador.

Temos a possibilidade de aprender a ficar a sós conosco ou descobrir por que é tão difícil fazer isso. Praticar a autorresponsabilidade, mexendo no que está dentro em vez de apenas querer mudar a realidade lá fora. Ressignificar. Aprender a viver um dia de cada vez, sentindo as energias que se apresentam sem que haja resposta certa. É um momento misterioso e de incertezas em relação ao futuro. Por isso, a intensidade do presente. Tanto na pandemia quanto no puerpério o melhor é viver o agora, pois o amanhã é desconhecido. A única certeza que temos é de que é um ciclo e esta fase vai passar. 

Esse olhar para o agora, somado ao tempo na reclusão faz as pessoas observarem os problemas do mundo, que antes talvez passassem despercebidos. Os sintomas estão mais evidentes. Não está sendo fácil. Vivemos em um país desigual e muitas famílias estão vulneráveis. A violência doméstica aumentou. Estamos todos lidando com o acúmulo de tarefas. É claro que precisamos fazer a nossa parte para diminuir o impacto social. E também é importante agora criar momentos para usufruir desse resguardo. Outro dia, em um encontro de mulheres, houve um relato de uma delas que se refugiou dentro do carro na garagem para ter um momento sem interrupções. Estamos nos reinventando. Eu mesma, com três filhos, estou aprendendo a criar novos ritmos e eles também.

Vamos nos permitir. Pergunte-se qual é a sua prioridade. Repense seus acordos. Pare para escutar e descobrir o que precisa deixar ir embora. Iniciamos a quarentena no outono, que na natureza é um momento de poda. Vamos deixar para trás o que já não faz sentido. O consultor Ricardo Guimarães, com quem trabalhei no passado, dizia uma frase que se aplica bem a esse momento: se você tiver seis horas para cortar uma árvore, passe cinco afiando o machado. Então, que tal nos entregar para a escuta e para o silêncio antes de agir? As respostas virão.

Sinto também que é um momento de trazer a força do feminino para a linha de frente. O mundo está precisando dela. Da energia do acolhimento e da intuição. Da sabedoria dos ciclos, do morrer e renascer. Um bom exemplo é o fato de que países liderados por mulheres – como Alemanha, Nova Zelândia e Noruega –, por meio do cuidado e da sensibilidade estão se tornando um modelo para o combate à pandemia, a despeito do incerto. É urgente a necessidade de alinhar razão e emoção. De equilibrar ventre, coração e visão.

Assim como a mulher que se tornou mãe jamais voltará a ser a pessoa que era nove meses antes, a humanidade pós-coronavírus também estará mudada para sempre. É como uma ponte que se destrói ao atravessá-la. Não há como voltar ao que era – o que gera um processo de luto. Agora é o momento de vivermos esse luto e ressignificarmos quem somos para o novo mundo. Como seremos, depende se vamos nos permitir vivenciar esse puerpério da humanidade. Podemos ignorar esse convite que a Terra está nos fazendo, mas assim como um puerpério sem resguardo, essa rejeição pode nos cobrar um preço lá na frente, nos colocando em situações que nos forçarão a fazer essa pausa. Convido todos a aceitarem esse chamado para um mergulho interno, assim como falei às mulheres puérperas em meu pequeno livro. Vamos sair dessa mais fortes e, quem sabe, atingindo um nível acima na nossa espiral de desenvolvimento.





Maria Barretto - é, antes de tudo, uma curiosa pelos mistérios do corpo, da alma e dos ciclos da mulher. Mãe de Tereza, José e Ana, tem se dedicado profissionalmente ao trabalho com mulheres há mais de dez anos.  Seu trabalho é contribuir para que todas mulheres mergulhem em uma jornada de autoconhecimento, reconectando-se com o Ser Mulher, trabalhando com o feminino e masculino, e conhecendo mais o próprio corpo, a sexualidade, a natureza cíclica, a criatividade e a capacidade de gerar vida. Usa diversas ferramentas e técnicas como Coaching, ThetaHealing, Cura e Bênção do Útero, Escuta Empática, Sabedoria das Avós da Tribo da Lua, Toque, Anatomia Emocional, Massagem, Oráculos e o uso de Ervas Medicinais.


Primavera Editorial

REMÉDIO OU VENENO? DEPENDE DA DOSE


Existe apenas um segredo para sobreviver: não morrer. O confinamento social que nos impuseram nos últimos meses, por decisões equivocadas, irresponsáveis e inconsequentes de governadores e prefeitos – e até de algumas autoridades do primeiro escalão do Executivo Federal – nos tem ensinado algumas lições. O preço é caro, caríssimo, não tenha dúvidas. Mas precisamos tirar alguma experiência da excepcionalidade barbaresca atual, a fim de nortear nossa conduta, nossas decisões e nossas atitudes no futuro que se avizinha.
 
Aqueles de nós (CPFs e CNPJs) que sobrevivermos à crise que se instalou no Brasil e em quase todas as nações do mundo, teremos de sair dela mais fortes, robustecidos e imunizados aos sopros contrários de outros ventos que certamente ainda haverão de assoprar. Lamentavelmente, o preço está sendo caro. E a história cobrará o seu tributo.
 
Países que adotaram, no início da epidemia, o uso obrigatório da máscara respiratória facial, dispensando o isolamento social, tiveram números muito mais favoráveis que o Brasil. O Japão, por exemplo, que tem 130 milhões de habitantes e uma densidade demográfica 15 vezes maior que o Brasil (tem 338 habitantes por quilômetro quadrado contra 23 no Brasil), não fez isolamento social e teve, até o dia 15 de maio, 729 mortes. Hong Kong, com 7,5 milhões de habitantes e uma densidade de 6.544 habitantes por quilômetro quadrado (284 vezes maior que o Brasil), teve quatro mortes. O Vietnã, com 95 milhões de habitantes e densidade populacional de 266 habitantes por quilômetro quadrado (11,5 vezes o Brasil), não teve nenhum morto por Covid-19 até 15 de maio de 2020. Taiwan, com 23 milhões de habitantes e densidade demográfica de 636 hab./Km2 (27,6 vezes o Brasil) teve sete mortes por Covid-19 até 15 de maio de 2020.
 
O que têm esses países em comum, além da alta densidade demográfica e do baixo número de mortes por corona? Todos eles adotaram o uso obrigatório da máscara respiratória facial e o isolamento vertical seletivo, ou seja, isolaram apenas os grupos de risco e os infectados, deixando a economia fluir e o povo trabalhar normalmente, observados, com todo o rigor, os protocolos sanitários.
 
As medidas restritivas impostas pelo isolamento social irão matar muito mais do que a Covid-19. A cada semana de paralisação, R$ 20 bilhões em riquezas (alimentos, medicamentos, bens e serviços) deixam de ser produzidos no Brasil. Estimam, os otimistas, uma queda de 4,8% no nosso PIB. Os pessimistas a projetam para -8,5%. Isso indica que entre 15 e 20 milhões de postos de trabalho serão fechados ainda este ano. O comércio no Brasil acumulou perdas de R$ 124,7 bilhões nas primeiras sete semanas de isolamento.
 
O contraditório é que, em plena pandemia, quando o setor médico hospitalar deveria estar faturando mais, os hospitais privados tiveram uma perda de R$ 2,7 bilhões. A maioria dos hospitais privados está com menos de 30% de sua taxa de ocupação. E o mais incrível: sobram vagas na rede pública, que, na maioria dos estados, está com apenas 82% de seus leitos ocupados. Pela primeira vez, nas três décadas do SUS, sobram leitos na rede pública. E o que isso significa? doentes crônicos e ocasionais estão deixando de se tratar. Um pré-cardiopata deixa de fazer os exames e se submeter a um cateterismo salvador, com medo da Covid-19, e morrerá de infarto daqui alguns meses. Da mesma forma um doente oncológico, à míngua de um diagnóstico precoce e um princípio de tratamento, irá “metastasar” em casa; e gestantes que não estão fazendo o pré-natal terão complicações obstétricas, podendo morrer ou matar/sequelar o bebê. O número de suicídios – cerca de 11.000/ano no Brasil, certamente irá aumentar de forma assustadora, pelo desemprego, endividamento, bancarrotas e a depressão, doença silenciosa que, além de baixar a imunidade (para o próprio coronavírus), fomentará os suicídios.
 
A Asbraf defende que se retome imediatamente a atividade econômica no País. Não é o caso de se afirmar que a economia seja mais importante que a saúde, mas sim de reconhecer que não há saúde sem economia. Se o SUS tivesse recursos suficientes, não morreriam pacientes nos corredores dos hospitais ou anos aguardando o agendamento de uma cirurgia de emergência.
 
O correto é que adote-se um isolamento vertical seletivo, mantendo em casa os pertencentes aos grupos de risco e os já infectados. Os demais devem ser liberados para trabalhar e produzir riquezas para o Brasil, com as cautelas sanitárias indispensáveis.



Raul Canal - presidente da Associação Brasileira de Franqueados (Asbraf)


6 Brincadeiras pedagógicas para entreter as crianças em casa


Coordenadora pedagógica do Colégio Renascença ensina brincadeiras educativas para dentro de casa


Acostumadas a gastar muita energia durante o dia, as crianças podem se sentir bastante estressadas após dois meses de distanciamento social. No entanto, a quarentena não precisa ser sinônimo de tédio. A coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental (anos iniciais) do Colégio Renascença, Lucila Sarteschi, recomenda algumas brincadeiras que podem ser feitas dentro de casa para entreter e estimular pedagogicamente os pequenos.

Construa um calendário - Uma das principais preocupações dos pais é como construir uma rotina minimamente viável durante a quarentena. Uma dica é pedir auxílio das próprias crianças para construir um calendário com algumas folhas de sulfite, lápis de cor, colagens e o que mais a imaginação mandar.

“Criar um calendário estimula a organização, a autonomia, a aprendizagem sobre o funcionamento dos números e a identificação da passagem do tempo. No calendário pode constar, além do horário das aulas, alguma tarefa que ele faça para contribuir com a organização da casa, como arrumar a cama ou mesmo o horário de trabalho dos pais no home office”, diz a coordenadora.

Placas Divertidas - Por que não aproveitar este período para fortalecer a cumplicidade entre pais e filhos? A proposta dessa brincadeira é criar placas divertidas para contar sobre os interesses, gostos e emoções. Por exemplo, qual o filme preferido ou que passeio foi o mais marcante. Vale fazer em uma folha de sulfite, em uma cartolina ou qualquer outro suporte onde seja possível desenhar, pintar, fazer colagens, escrever e muito mais.

Cápsula do Tempo - Nesta brincadeira, a proposta é construir uma cápsula do tempo que será guardada em um lugar de pouca visibilidade para ser aberta no futuro -  em dias, meses, anos ou quando acabar a quarentena. “Utilize materiais que vocês têm em casa: caixa de papelão, copo plástico e outros, usando toda a criatividade. Do lado de fora da cápsula, coloque o nome e a data em que foi feita. Dentro, coloque um desenho, um bilhete, ou algo especial que vocês queiram guardar e dar para o seu Eu do futuro”, ensina Lucila Sarteschi.
Bingo - O bingo pode ser uma atividade simples para divertir a família inteira. As cartelas com letras, nomes ou números podem ser feitas pelas crianças e, além disso, a brincadeira é um ótimo estímulo para que os menores adquiram repertório e aprendam a brincar em grupo. Não esqueça, o primeiro que completar a cartela grita: BINGO!

Jogo da Forca - O tradicional jogo de forca é uma atividade fácil e que exige poucos recursos. Além disso, é um importante estímulo pedagógico, comenta a coordenadora pedagógica, Lucila Sarteschi: “O jogo da forca estimula o conhecimento das letras e auxilia a desenvolver a noção do número de letras de cada palavra”. A profissional ainda recomenda que, caso o jogo seja realizado com crianças no início do processo de alfabetização, é importante escolher palavras que façam parte do cotidiano e que já sejam conhecidas pelos pequenos.


Jogo da Memória - Além de divertido de jogar, pode ser ainda mais divertido produzir o próprio Jogo da Memória. Bastam quadradinhos de papel e lápis de cor para construir os pares. A educadora recomenda que os pares sejam feitos de acordo com a familiaridade das crianças com as letras e palavras, por exemplo: uma imagem que corresponda à lletra inicial do que está representado (Abelha - Letra A), ou palavra com palavra, ou mesmo imagem com palavra.


Você Sabia?



A água sanitária, embora usada há muitos anos, não é a opção mais indicada para a limpeza de ambientes residenciais e empresariais. Só para se ter ideia, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) reconheceu o cloro, o princípio ativo da água sanitária, como um pesticida, pois seu único objetivo é eliminar organismos vivos. “Quando nos colocamos em contato com substâncias que contém cloro, elas não matam somente as bactérias, mas também destroem células e tecidos dentro do nosso corpo. Isso porque o hipoclorito de sódio (NaClO), conhecido como cloro, ao se misturar com substâncias orgânicas, pode criar moléculas cancerígenas”, explica Renato Ticoulat, certificado internacionalmente em auditorias de processos de limpeza pela ISSA/CMI - Cleaning Management Institute e presidente da Limpeza com Zelo, rede especializada em limpeza residencial. 

O executivo ainda afirma que além de todos os problemas que podem ser ocasionados na saúde, tem também a baixa efetividade do produto na hora de eliminar vírus e bactérias. “Para surtir um resultado satisfatório na eliminação de contaminantes, é preciso que a água sanitária aja por, pelo menos, 10 minutos, tempo este muito maior que o de evaporação, onde há liberação de um gás que será inalado pelas vias aéreas, causando, por exemplo, irritação aos olhos, dores de cabeça, alergias, coceiras, intoxicações e até queimaduras”. Como se ainda fosse pouco, o cloro é também altamente poluente, pois geralmente está atrelado a outras substâncias, como mercúrio e metais pesados.


Nutricionista lista alimentos que ajudam a regular o sono


Juliana Vieira também falou quais os chás que ajudam a você a ter uma noite tranquila


Uma pesquisa do Ministério da Saúde realizada em todo o país apontou que, durante a pandemia da Covid-19, 41,7% dos brasileiros se queixam de distúrbios do sono, como dificuldade para dormir ou dormir mais do que o de costume. 

Para quem está sofrendo com a insônia, a ajuda pode estar na alimentação. A nutricionista Juliana Vieira listou quais os alimentos podem dar uma forcinha para quem quer ter uma boa noite de sono.

"Alimentos ricos em vitamina B6 e magnésio podem ajudar, como banana cozida, frango, aveia , uva ,alface . Também recomendo os frutos secos, que são ricos em triptofano e melatonina (hormônio produzido pelo organismo , responsável pela melhora do sono", disse a profissional, que também citou os alimentos, que fazem o efeito contrário, ou seja, ajudam a não dormir:

"Bebidas alcoólicas , pimenta , cafeina , termogênicos em geral e sal". 

Chás, bebida muito consumida no inverno, também podem estimular o sono. Juliana disse quais:

"Chá de melissa , maça , camomila, pois provocam o relaxamento, ajudam acalmar e atuam no receptores do sono".

Assim como os alimentos, existem chás que ajudam a espantar o sono, segundo a profissional, como: 

Chá preto , chá verde , esses dois contém muita cafeina; chás de gengibre e canela são estimulantes e aumentam o metalismo.  

Vale destacar que o café, segunda bebida mais consumida no Brasil, deve ser apreciado moderadamente para quem tem dificuldades de dormir.

"400 mg da substância por dia, equivalente a 4 xícaras de café fresco (225 ml). Devemos evitar toda e qualquer bebida que contenha cafeína em sua fórmula algumas horas antes de dormir."

Juliana acrescenta que para que o sono seja tranquilo, é importante que a ultima refeição seja leve .  

A profissional deu dicas para uma boa noite de sono e enfatizou que se a insônia tiver prejudicando seu dia a dia, é preciso consultar um médico. 

"O ritual é o de sempre: preparar-se para dormir, apagar as luzes e deitar na cama com a mente despreocupada, sem aparelhos eletrônicos.   Sempre funciona.... Evite utilizar medicamentos sem prescrição antes de dormir, pois muitas vezes não tratam o problema e podem ter efeitos colaterais bem sérios. Caso você precise muito de alguma ajuda para dormir, sempre consulte um médico antes de tomar qualquer medicamento", finaliza. 

Foto Samuel Melim 



"Como encarar o 'novo normal' e seus desafios psicológicos"



A pergunta que muitos se fazem é: qual realidade nos espera após o confinamento? Durante a quarentena, estamos sendo obrigados a conviver com um cenário bem diferente do habitual. Restrições de contato físico, utilização de máscaras, cancelamento, adiamento de encontros socias (festas e shows) e viagens, aulas virtuais, implantação da modalidade home office, entre outros. Enfim, mudanças drásticas tanto na vida pessoal quanto profissional. Ainda dentro dessa análise, destaco a real necessidade de alteração em muitos planos de vida. Casamentos adiados, mudanças canceladas e até a convivência com nosso pior pesadelo: as perdas de pessoas próximas ou conhecidas. Milhares de vidas ceifadas por uma tragédia que ainda assola nossa humanidade.


O termo “Novo normal” tem sido amplamente divulgado, referindo-se a volta à realidade diante das mudanças profundas em nossas rotinas e hábitos. Algumas delasm inclusive, já dão sinais de que vieram para ficar - enquanto outras desempenham um caráter transitório e necessário.


No entanto, esses novos tempos exigem do ser um humano pitadas de tolerância à frustração, cada vez mais necessárias para que seja possível encarar a perda ou o cancelamento de projetos - muitos, inclusive, planejados e pensados há muito tempo, mas destruídos por um virus que trouxe medo, angústia, incerteza e pânico.


Sempre quando nos vemos perdendo o controle do que nos é externo, tendemos a entrar em um processo de tensão e ansiedade e, consequentemente, descontrole do nosso interno. Conviver com o fato de que nem tudo que é planejado será realizado pode ser bem aceito por uns e ser encarado com grandes dificuldades por outros. Houve, portanto, uma imposição à novas adaptações de maneira inédita e repentina.


Constatamos, da pior maneira, que não temos controle sobre nada. Descobrimos um novo mundo interno (ou diria velho mundo interno?) que exige do indivíduo muito mais sanidade e equílibrio, sem fugir da realidade. Conciliando mundo interno com mundo externo de forma saudável.


A consciência de toda esssa nova circunstância remete à lições adquiridas e à reflexões profundas que desnudam o sentido de humanidade. Sabemos que as experiências que mais nos transformam são aquelas das quais desejamos fugir. Sendo assim, encarar as trasnformações de frente, sustentar e dialogar com suas emoções e desconfortos internos, sem se identificar com eles e sem negar o que sente, são dicas preciosas para conseguir explorar os novos cenários, novos hábitos e os novos posicionamentos. Mas cabe ressaltar que, para a psique, não existe certo ou errado, normal ou anormal. Existe a realidade particular do indivíduo alicerçada por seus valores, desejos e sua bagagem pessoal. Mas o “Novo Normal” que estamos prestes a vivenciar é o legado de uma pandemia que mudou a vida de todos e implantou novos hábitos, passageiros ou definitivos.


Neste momento, fazendo uma análise deste impacto. A paciência e a tolerância serão muito mais exigidas para a manutenção do equilibrio emocional. O nosso maior desafio, certamente, será aprender a tornar esse “Novo normal” em um “Normal melhor”. A desestruturação dos comportamentos e a ação aniquiladora das certezas, trazidas pelo Covid 19, deixarão marcas em toda a humanidade. O que vamos fazer com essas marcas e como iremos conviver com elas é que será a grande sacada de sucesso para o equilíbrio psíquico de cada um.


No entanto, tenho boas notícias: se somos seres adaptativos, o “Novo normal” pode, facilmente, fazer parte de nossos dias. Enfrentar as muitas realidades impostas pós pandemia será um desafio individual -  e como temos uma infinita capacidade de sermos resilientes, afetuosos e empáticos, podemos, sim, fazer o melhor uso do verbo ressignificar. Sabemos que a vida não é estática e as mudanças internas e externas serão constantes ao longo de nossa trajetória. A crise demonstrou que a valorização dos detalhes e dos pequenos prazeres modificou nosso olhar.


 Além disso, também fica evidenciado que a mudança e a aceitação de uma nova maneira de dialogar consigo mesmo, aceitando e respeitando seus desejos , sem dúvidas já demonstram o começo das novas mudanças, arriscando até a dizer: não há mais espaço para dramatizações, mas sim para adaptações. Adaptações que levem o ser a encontrar meios para dominar suas emoções e eliminar fragilidades que levam a desestruturação emocional, alimentando transtornos psíquicos destrutivos à mente humana. Enfim, novos tempos, novas chances para desconstruir conceitos e formatar novos empoderamentos pessoais. Tudo vai depender da forma como cada um irá encarar a nova realidade que se desenha após toda a tempestade que estamos enfrentando.







Dra. Andréa Ladislau - . Psicanalista * Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de Ciências Sociais * Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde * Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social  * Professora na Graduação em Psicanálise  * Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói  * Membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento Profissional do Instituto Miesperanza  * Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo. * Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.


Três brincadeiras de Paula Zukerman para inspirar mães na quarentena com os filhos


Se a missão é colocar a mão na massa e entreter os pequenos em casa, a Paula Zukerman, mãe e influenciadora, listou três “receitas” divertidas de artesanato e que pode ser feito aproveitando materiais que temos em casa:


Ovelha (lápis, cola branca, sulfite ou papelão, algodão): desenhe uma ovelha em uma folha sulfite e, além de pintar com lápis de cor a carinha do animal, use a cola branca para colocar alguns montinhos de algodão no corpo. Assim, pode ensinar sobre a textura dos pelos que a ovelha possui e como é divertido trabalhar com cola;


Cobra de sucata (cola quente, 4 rolos de papel higiênico, arame encapado, olhos soláveis, tesoura, barbante e papel colorido): corte os rolos de papel higiênico em argolas, e com o papel colorido uma forma oval que será a cabeça da cobra. Entrelace as argolas de papelão e cole a cabeça da cobra na frente da primeira argola. O arame serve para ser a língua da cobra, os olhinhos são colados no rosto e o barbante enrolado na primeira argola para a criança puxar;


- Avião de papelação (caixa de papelão grande, caixas de ovos, tampas de garrafas, rolo de papel toalha): corte as abas da caixa em formato de asas nas laterais. Para o painel de controle, use tudo que lembre botões a manivelas como indicado aqui. Faça uma pequena abertura para deslizar o manete e use um arame para fixar o rolo de papel na caixa de ovos. Depois, cole com cola quente as tampinhas para montar definitivamente o painel de controle do seu avião de sucata. Tampas redondas podem ser as turbinas e pode usar uma cadeirinha de plástico como assento.




Paula Zukerman - empreendedora e influenciadora digital conhecida pela criatividade e pelo movimento “faça você mesmo”.

Quero um amor que seja fácil


Eu quero um AMOR que seja FÁCIL. Que agregue e não desgaste. Que seja inspirador e não cansativo. Que destaque e não abafe. Quero um AMOR que seja SIMPLES. Que ir ao mercado seja agradável. Que o caos no trânsito seja tempo de risada. Que fazer janta seja melhor do que pedir pizza. Quero um AMOR que seja LEVE. Que a briga seja um meio para consenso. Que haja individualidade sem rivalidade. Que haja liberdade sem insegurança. Que haja crescimento mútuo. Quero um AMOR que seja SINCERO. Que haja cumplicidade sem necessidade. Que haja companheirismo sem possessão. Que haja sonho sem cobrança. Quero um AMOR que seja LIVRE. Que se esteja junto por vontade. Que haja saudade e não imposição. Que haja calmaria em meio à tempestade. Quero um AMOR que seja TRANQUILO. Que seja sereno depois da complicação. Que aprenda com os erros. Que esqueça pelo perdão. Que recomece a cada encontro. Que gere certezas e não expectativas. Quero um AMOR que seja EXTRAORDINÁRIO. Que não obedeça às regras. Que seja inventado e reinventado pela vontade. Que seja adaptado e adaptável. Que seja único. Quero um AMOR NOSSO. Feito do jeito que a gente quer que seja. Quero o amor que temos e que tivemos. Quero o amor que teremos. Porque, afinal, nós podemos ser tudo o que quisermos. 





Crônica de autoria da escritora Izabella de Macedo, extraída do Livro “Mulheres Normais”, páginas 27 e 28.

Quer viver um amor de verdade? Não espere que ele seja perfeito!



Aprenda a conviver com os defeitos do outro (e com os seus!)


Muita gente sonha com um amor que seja, no mínimo, perfeito. Nada de mal em sonhar, mas precisamos reconhecer que a realidade não é bem assim. Às vezes, as expectativas são altas demais e não haverá parceiro capaz de atendê-las. Comumente, exigimos deles algo que também não somos capazes de dar.

Como temos muitas possibilidades de escolha, algumas pessoas tendem a ir experimentando, colocando de volta na prateleira, insistindo na busca pela perfeição. Do lado oposto, existem aquelas que acreditam que “qualquer coisa já é o suficiente”, sujeitando-se a uma relação que não traz nenhuma satisfação. Os dois comportamentos antagônicos não levam a nada. Como tudo na vida, devemos procurar o equilíbrio.

Pessoas perfeitas não existem, todos temos os nossos defeitos. Buscar continuamente a perfeição fará com que você não enxergue o grande parceiro em potencial que, provavelmente, já encontrou. Se você adota padrões impossíveis de atingir, está contribuindo para o fracasso de uma relação que tinha tudo para ser emocionalmente enriquecedora. 

Se você vê defeitos no parceiro e em tudo o que ele faz, está na hora de se perguntar quais as qualidades que ele tinha quando resolveu iniciar a relação. Certamente, você vislumbrou algo de bom. Faça uma análise e pense no quanto os seus próprios defeitos e a crítica contumaz não têm influído negativamente no relacionamento. Não valorize somente os pontos indesejáveis, dê o devido destaque para os positivos. Antes de desistir e partir para outra experiência, procure resolver as questões que causam incômodo. Não seja intransigente e aprenda a ceder para resguardar a relação. É claro que existem defeitos graves e não podemos nos sujeitar a eles. Não estamos falando de um parceiro que faz você se sentir inferior, que usa pressão psicológica ou chantagem emocional, que é controlador ou ameaçador. Nestes casos, o melhor mesmo é manter distância!

Sempre ouço a respeito de arrependimentos. Sobre aquele que não era perfeito, mas tinha qualidades que não foram reconhecidas, aquele que ficou para trás e agora não quer mais voltar para o lado de alguém que só sabia depreciar. E você se arrependeu. Teve outras experiências, mas descobriu que, apesar dos defeitos, você gostava dele de verdade e deveria ter investido mais na relação. Definitivamente, você precisa aprender a distinguir as questões de menor importância daquilo que realmente é crítico. Não transforme problemas pequenos, facilmente contornáveis, em justificativa para encerrar uma relação. Pode não haver espaço e tempo para uma segunda chance.

Quando tiver que fazer escolhas, valorize o companheiro com o qual você possa compartilhar a vida, experiências e sonhos (imperfeitos). Alguém que goste de conversar com você, que se preocupe com o seu bem-estar e que esteja disposto a oferecer apoio emocional na relação. São alguns dos aspectos que merecem ser valorizados em um relacionamento. Pequeno defeitos? Releve!]





Jennifer Lobo - filha de empresários brasileiros, nascida nos EUA, graduada pela Auburn University, Alabama, com especialização em Comunicação e mestrado em Relações Públicas. Certificada pelo Matchmaking Institute, empreendedora, é fundadora e CEO da plataforma de relacionamentos MeuPatrocinio.com. Autora do livro “Como Con$eguir um Homem Rico”, escrito em conjunto com Regina Vaz, terapeuta de casais.   


A Lei de Abuso de Autoridade como instrumento de abuso



O genial escritor francês Paul Valéry certa feita afirmou que: “O poder sem abuso perde o encanto”. Nesse sentido, é inequívoco que na esfera público os poderes investidos a indivíduos não raro geram uma trajetória perniciosa que parte da posição de autoridade para uma concretude em atos autoritários. Tal movimento deturpa o poder estatal, que tem por premissa o seu exercício numa perspectiva técnica, em desencanto – pois sem o deslumbramento típico dos excessos – nunca ensimesmado e jamais direcionado a finalidades ilegítimas a seus estritos propósitos.

Em virtude disso, todo o ordenamento jurídico está permeado por normas que visam a assegurar a contenção do comportamento dos agentes públicos, sendo certo que vasta parcela desse conteúdo está insculpido na Constituição Federal brasileira, profundamente inspirada na limitação do arbítrio estatal como uma necessidade de primeira ordem ao Estado democrático de Direito. Para tanto e inclusive, a noção de freios e contrapesos entre os poderes constitucionais é fundamental na incumbência de balancear forças e limitar abusos.

Ocorre que o equilíbrio nos arranjos entre os três poderes tem uma conformação frágil, notadamente ainda mais em virtude de crises institucionais que marcam o Brasil nos últimos tempos. Há alguns dias, tal contenda ganhou um sensível marco.

Trata-se da decisão recente do ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, que determinou o levantamento do sigilo da fatídica reunião ministerial ocorrida no dia 22 de abril de 2020. Tal decisão continua reverberando na imprensa, meios políticos e jurídicos. Isto porque muitos correligionários do Presidente Jair Bolsonaro apontaram que ela teria ofendido o artigo 28 da Lei 13.869/2019 (o próprio Presidente publicou um tweet com a transcrição do dispositivo alguns dias após a decisão). Tal artigo dispõe, in verbis: “Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado. Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.”

Após alguns dias e muitas opiniões depois, é possível sintetizar – depois desse breve, contudo necessário período de maturação do debate – uma posição desapaixonada sobre o tema, nos estritos limites da dogmática penal e dos preceitos constitucionais atinentes.

Nesse sentido, a decisão do ministro Celso de Mello não perfectibiliza o delito em tela. Há pelo menos três razões indubitáveis (que seriam suficientes, per si, mas quando somadas demonstram que a tentativa de imputar o delito à conduta em questão é uma inequívoca teratologia) para tanto:

O tipo penal em comento exige que a divulgação seja exibida “expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado”. É despiciendo alongar-se no seguinte argumento: tratava-se de uma reunião entre o Presidente, seu Vice e seus Ministros no desempenho de suas funções. Não há qualquer exposição da intimidade, da vida privada ou aviltamento da honra ou imagem, eis que o conteúdo divulgou falas proferidas justamente por tais indivíduos.

Não estão presentes os elementos subjetivo do injusto, previstos no §1º do artigo 1º, da Lei de Abuso de Autoridade. O referido disposto estabelece “que constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal”.
Destarte, finalidade específica de para a configuração dos crimes de abuso de autoridade, são: 1) prejudicar outrem; 2) beneficiar a si mesmo; 3) beneficiar a terceiro; 4) mero capricho; 5) satisfação pessoal. Para configuração dos delitos da Lei de abuso de autoridade exige-se um dos elementos específicos do injusto, sob pena de atipicidade do delito.

O ministro Celso de Mello em sua decisão pontuou que: “ao assistir ao vídeo em questão e ao ler a transcrição integral do que se passou em referida assembleia ministerial, que não foi classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada (Lei nº 12.527/2011, arts. 23 e 24), constatei que, nela, parece haver faltado a alguns de seus protagonistas aquela essencial e imprescindível virtude definida pelos Romanos como ‘gravitas’, valor fundamental de que decorriam, na sociedade romana, segundo o ‘mos majorum’, a ‘dignitas’ e a ‘auctoritas’. Essa é uma das razões pelas quais um dos investigados, o Senhor Sérgio Fernando Moro, pretende, a partir do exame do contexto global em que se desenvolveu semelhante reunião ministerial, identificar e revelar, na busca da verdade em torno dos fatos, os reais motivos subjacentes à conduta presidencial.

Estender-se o manto do sigilo aos eventos que só a liberação total do vídeo seria capaz de revelar implicaria transgredir o direito de defesa de referido investigado, que deve ser amplo (CF, art. 5º, LV), além de sonegar aos eminentes Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, “b”), aos ilustres Senhores Deputados Federais (CF, art. 51, I) e aos protagonistas deste procedimento penal o conhecimento pleno de dados relevantes constantes da gravação em referência, vulnerando-se, frontalmente, desse modo, o dogma constitucional da transparência, instituído para conferir visibilidade plena aos atos e práticas estatais.”

Portanto, a fundamentação construída pelo Ministro afasta peremptoriamente as finalidades estampadas no artigo 1º, §1º, da Lei 13.869/2019.

3) Por outro lado, não se pode olvidar que o Art. 1º, §2º estabelece uma excludente consistente na impossibilidade de se atribuir “crime de hermenêutica”, que assim dispõe: “A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade”. Trata-se de mais um argumento que afasta em absoluto qualquer vislumbre de incriminação.

Assim, a tentativa de subsunção pela simples análise da descrição típica do Art. 28 da Lei 13.869 é uma flagrante atecnia, eis que deixa de lado pressupostos e ressalvas previstas no próprio corpo do diploma.

É certo que a Lei 13.869 trouxa uma alvissareira perspectiva de contenção dos frequentes e intoleráveis abusos de agentes públicos. No entanto, a efetividade de tal diploma em tal propósito está imprescindivelmente ligada a sua correta aplicação: intransigente e enérgica quanto às condutas típicas de agentes públicos que abusam de poder e deturpam a razão de ser de suas funções (qual seja, servir à sociedade); com esmero técnico, de modo a não ser instrumentalizada de forma oportunista de modo a constranger agentes públicos que atuam com correção.

Do contrário, o potencial benéfico da lei dará lugar a um cacofônico e pernicioso fenômeno da Lei de Abuso de Autoridade como um instrumento de abuso. Esse parece ter sido o sentido da referência por alguns à lei no episódio da decisão do ministro Celso de Mello: o desiderato de intimidação e enfraquecimento do dever de atuação de um proeminente representante de um dos poderes constitucionais, visando a um desequilíbrio de forças, o que, conforme a História é pródiga em demonstrar, é terreno fértil do arbítrio e autoritarismo.



 
Marcelo Aith - advogado especialista em Direito Público e Direito Penal e professor da Escola Paulista de Direito


Rodrigo Fuziger - advogado PhD e Mestre em Direito Penal pela USP, PhD em Estado de Direito e Governança Global pela Universidade de Salamanca e professor da Pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Segurados do INSS e a correção de vínculos trabalhistas em tempos de pandemia



Diante do cenário atual de pandemia e fechamento das agências da Previdência Social, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vem tomando muitas medidas que visam otimizar o atendimento dos segurados via telefone ou pelo site "MEU INSS". Vale ressaltar que o Governo Federal prorrogou para 19 de junho o prazo de fechamento das agência físicas. E a falta de atendimento pessoal impõe uma série de dificuldades e obstáculos para a concessão de benefícios previdenciários.

Entre as medidas para desafogar o enorme "gargalo" de acesso aos benefícios, a mais recente é a portaria nº 123 de 2020, publicada no último dia 15 de maio no Diário Oficial da União, que trouxe uma novidade muito interessante: a possibilidade de acerto e correção de vínculos no CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) por meio do canal de comunicação do INSS, o telefone 135.

O segurado deverá prestar as informações necessárias solicitadas pelo atendente e a complementação documental será feita por meio do portal "MEU INSS", conforme previsto na portaria.

As alterações são muito relevantes, pois visam corrigir eventuais erros que surjam no cadastro do segurado, como divergências quanto ao salário recebido, períodos de trabalho, nome de empresas que trabalhou, entre outras. Tais inconsistências podem acontecer com vários segurados, porém aqueles que venceram ações trabalhistas devem redobrar a atenção, pois grande parte desses processos tem reflexos previdenciários nem sempre corrigidos no CNIS.

A mudança também é muito importante para os segurados que trabalharam em condições especiais, expostos a agentes nocivos, pois estes poderão corrigir seus vínculos e fazer a conversão do tempo que trabalharam em atividades especiais para tempo comum. A conversão poderá acarretar o aumento do tempo de contribuição do segurado, de acordo com o tipo de agente nocivo a que esteve exposto, melhorando o cálculo da renda mensal inicial da aposentadoria. Nestes casos, é necessária a apresentação da documentação comprobatória do período laborado em condições especiais, como a Carteira de Trabalho, PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) ou laudos, para que o período possa ser considerado, que poderão ser submetidos por meio do site "MEU INSS".

Importante salientar também que, devido a reforma previdenciária de 2019, somente os períodos laborados antes da publicação da mesma, no dia 13 de novembro, poderão ser convertidos. Anteriormente, devido as normas internas do órgão, só era possível solicitar tais alterações e conversões no momento de requerimento da aposentadoria ou de outros benefícios, o que dificultava os procedimentos de concessão bem como prolongavam sua duração.

Outra mudança trazida pela portaria publicada neste mês de maio foi a possibilidade do cálculo de contribuições em atraso também por meio do 135. O segurado que é responsável pelas próprias contribuições poderá solicitar por telefone que o órgão faça os cálculos do valor devido em atraso e, então, será emitida uma guia para o referido pagamento.

A guia emitida poderá contemplar os últimos cinco anos de atraso, visto que este é o período máximo não abrangido pela decadência. Entretanto, o contribuinte também tem a possibilidade de fazer o requerimento do cálculo do período decadente, porém sem a emissão da guia. O computo desses períodos em atraso é de suma importância para o segurado, posto que com os valores corretos no sistema, poderá utilizar a aba de simulação de aposentadoria no site "MEU INSS" para verificar se já possui os requisitos necessários para requerer seu benefício.

Vale destacar que na situação atual gerada pela pandemia, com a necessidade de concessão de benefícios emergenciais, é de suma importância que os dados de cadastro de todos os segurados estejam corretos, posto que tais informações são levadas em consideração para o deferimento de eventuais auxílios. Portanto, o segurado deve ficar atento as novas possibilidades - telefone e internet - para a correção de seus dados na base da Previdência Social.




Debora Silva - advogada do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados


Por uma Educação contra o ódio



Aristóteles afirmava que cada coisa tinha uma finalidade no mundo. O fim era a realização plena da natureza de cada coisa. O nosso fim, como animais que pensam, era alcançar a excelência da razão, por meio de uma vida voltada para esse fim. E para chegarmos lá, precisávamos praticar, desenvolver o hábito, condicionar nossas atividades para que elas não se perdessem em outras atividades que não eram propriamente ruins, como as paixões, mas que estavam longe de ser tudo o que poderíamos alcançar e que Aristóteles chamou de “estado de graça” (eudaimonia).

No entanto, esse estado de graça que uma vida voltada para o desenvolvimento do espírito poderia atingir não era uma tarefa que se realizaria solitariamente. Somos seres sociais e a polis é a nossa natureza a priori, isto é, anterior à nossa percepção de que somos indivíduos. Assim, o bem comum, a felicidade geral, eram o verdadeiro fim da jornada humana. Alcançar esse estágio era a realização. Depois disso, bastava contemplar essa beleza toda. Nada mais seria tão perfeito.

Aristóteles disse tudo isso ao seu filho, Nicômaco, em um esforço de pai que busca orientar, guiar, indicar o caminho para uma vida plena. O preço disso era o que o filósofo chamou de “virtude”, que consistia em manter o equilíbrio das atitudes, evitar tanto os excessos quanto às faltas, e também, como já dito, o hábito, a prática, o exercício diário dessa virtude, que não é rígida, nem única. Cada um sabe os limites e a capacidade que tem e, por isso, o excesso e a falta dependerão desses parâmetros. O conceito virtuoso de coragem, por exemplo, era um só, traduzido por um meio termo entre  não fazer o que um cidadão poderia ter feito e fazer algo que não estava ao seu alcance. A régua da coragem ia, assim, variando de acordo com o amadurecimento de cada um, até atingir aquele momento que, com nosso esforço diário, podemos chamar de sabedoria.

Tudo isso foi pensado e dito há mais de dois mil anos. Hoje, diante do descalabro das paixões que se avolumam por todos os lados, sem peias, martelando nossos ouvidos com palavrões e ameaças, gritos e gestos cheios de fúria, sentimos a falta de as escolas não terem incluído, para os jovens, a leitura, a reflexão e a prática desses conselhos de Aristóteles ao seu filho e aos jovens de sua época. Afinal, como ele asseverou, lembrando que fazer a coisa certa é muito mais simples e fácil e, principalmente, ainda possível: “Os homens são bons de um modo apenas, porém são maus de muitos modos”.




Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo.

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