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terça-feira, 14 de maio de 2019

"Pânico dos pais" é uma das causas para que mulheres jovens decidam adiar a gravidez, diz pesquisa


 Estudo publicado recentemente explica que esse fator psicológico influencia a mulher na hora de optar pelo congelamento de óvulos 

Congelamento de óvulos é um procedimento cada vez mais adotado pelas mulheres ao redor do Mundo. No Brasil, o Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), que é gerenciado e monitorado pela Anvisa, mostrou que entre 2016 e 2017 a procura por esse procedimento cresceu 20%. 
 
Estudos publicados pelas mais respeitadas instituições internacionais indicam que as mulheres mais jovens têm optado por essa forma de extensão da fertilidade. "O congelamento de óvulos, normalmente, está ligado à necessidade da mulher adiar a gravidez e  manter a fertilidade mesmo com o avanço da idade, seja por por problemas de doença, como o tratamento do câncer, seja por obrigações profissionais, por conta da busca de melhores oportunidades na carreira", explica o especialista em Reprodução Humana, Dr. Alfonso Massaguer, diretor da clínica Mae. 

Mas, uma pesquisa publicada pela Human Fertility traz uma novidade em relação a esse comportamento. O estudo mostrou que o principal fator que influencia uma mulher a optar pelo congelamento de óvulos é o chamado “pânico dos pais”, um fator psicológico que ocorre quando a mulher entra num relacionamento tendo como único objetivo ter um filho. Mas esse tipo de atitude, muito comum na sociedade moderna, pode ser prejudicial tanto para a mãe como para o bebê. "Não há um envolvimento afetivo real entre os cônjuges, apenas a vontade de ter uma criança e isso pode acarretar problemas psicológicos", acrescenta o especialista.  

Outro motivo para o congelamento de óvulos, revelado na pesquisa, é a queixa sobre a falta de um parceiro que compartilhe o sonho da maternidade. Ou seja, para garantir a fertilidade até encontrar o cônjuge ideal, muitas mulheres acabam optando pelo congelamento de óvulos. Para muitas delas, esse processo também é uma forma de dar mais tempo para se pensar em ter um filho. A pesquisa indica que a grande maioria das mulheres que deseja engravidar tem uma pressão terrível para encontrar um parceiro adequado, em um período de tempo relativamente curto. Com os óvulos congelados, a fertilidade garantida, elas acabam tendo mais tempo para se planejar.  

Uma das questões apontadas pelo estudo é que a informação disponível para as mulheres que têm interesse nesse processo é inadequada. Muitas, inclusive, sequer fazem ideia de que é preciso buscar uma clínica de reprodução humana reconhecida e com profissionais capacitados para dar início ao processo de congelamento de óvulos. 

Uma das maiores reclamações foi a falta de dados e discussões sobre os resultados desse processo. A probabilidade dos procedimentos darem certo no futuro, os resultados pós-congelamento e qual o tempo ideal para a utilização dos óvulos são alguns dos pontos mal discutidos, segundo as entrevistadas na pesquisa. 


Como funciona o congelamento de óvulos? 

O congelamento de óvulos é um procedimento adotado por mulheres que querem estender sua fertilidade por mais tempo. O ideal é que ele ocorra antes dos 35 anos de idade da mulher. Isso porque, até esse período as mulheres têm boas taxas de fertilidade. 

Ao congelar os óvulos antes dos 35, tenta-se preservar as mesmas taxas de sucesso desse período. Mesmo que o descongelamento e fertilização ocorra apenas aos 40 anos. 

O processo de congelamento de óvulos envolve várias etapas. Para começar a paciente precisa fazer uma indução de ovulação. Geralmente ela dura por volta de 10 dias, e envolve a ingestão de uma série de medicamentos que irão estimular o crescimento de folículos. 

No 12° dia após o início da indução, a paciente é sedada para que os óvulos possam ser coletados. Esse processo é feito com uma agulha especial que fica acoplada a um ultrassom. 

Após a coleta, eles serão encaminhados para um laboratório. Nas próximas duas horas eles ficarão em uma incubadora para terminar de maturar, e posteriormente selecionados. 
Só então ocorre o congelamento de óvulos. Para isso, utilizasse nitrogênio líquido em uma temperatura de -196°C. 

Eles ficarão armazenados até que a paciente decida engravidar 
Para que você consiga fazer a extensão da fertilidade, é recomendado que o congelamento de óvulos seja realizado até os 35 anos. Isso porque após esse período há maior perda de qualidade dos óvulos. 

"O ideal é sempre consultar um médico especializado, que pode ser encontrado na própria clínica de reprodução humana. Assim, você poderá saber exatamente se o congelamento de óvulos é a melhor alternativa para o seu caso, e quais os possíveis resultados", conclui o Dr. Massaguer.




Dr. Alfonso Araújo Massaguer - CRM 97.335 - É Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas e Especialista em Reprodução Humana pelo Instituto Universitário Dexeus – Barcelona. Dr. Alfonso é diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado) especializada em reprodução assistida. É membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e Americana de Reprodução Assistida (ASRM). Também é diretor técnico da Clínica Engravida e autor de vários capítulos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana em livros de medicina.   

Calibração: Compreendendo as pessoas ao seu redor


Técnica ajuda a identificar as emoções

Dentro da PNL – Programação Neurolinguística –, existe uma série de estratégias a fim de maximizar os resultados positivos de um indivíduo. Entre elas está a calibração, que é a compreensão dos diferentes estados de espírito das pessoas. Para maior sucesso do trabalho em equipe, é essencial desenvolver e aperfeiçoar essa técnica.

Segundo Madalena Feliciano, diretora da empresa de coaching Outliers Careers e presidente do IPC, a calibração é uma ferramenta essencial. “Essa ferramenta auxilia no desenvolvimento de habilidades de alto desempenho, descobrindo o que há de melhor em cada profissional e elevando ainda mais a capacidade existente nele” relata.

calibração é altamente útil. Julgamentos impensados sobre o que "significam" os comportamentos específicos raramente são úteis. Em termos da PNL, as pessoas costumam fazer generalizações rápidas com informações insuficientes. O fato é que quase ninguém se comporta da mesma maneira nos vários contextos. Então, a calibração é ótima para determinar o presente estado de espírito de alguém, mas não pode ser usado para imaginar como outra pessoa se comporta.

Se bem utilizada, a calibração auxilia na compreensão da linguagem corporal, tom de voz e das expressões faciais do outro, sendo possível identificar se algo está errado e, em alguns casos, até mesmo o que está se passando na mente do indivíduo. A técnica exige que você “zere” qualquer impressão que possa ter do outro, se focando apenas em observá-lo e interpretar seu comportamento.




Madalena Feliciano  - Gestora de Carreira
Professor Aprígio Gonzaga 78, São Judas, São Paulo - SP.

Três em cada cinco mulheres já sofreram ou sofrem violência em um relacionamento afetivo


"Esse tipo de relação nunca começa com uma agressão física", alerta especialista


No Brasil, a taxa de feminicídios é a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). E três em cada cinco mulheres já sofreram ou sofrem violência física ou moral em um relacionamento afetivo. Não é à toa que cerca de 40% dos casos de violência acontecem dentro de casa. Só em 2018, 536 mulheres foram agredidas fisicamente por HORA no Brasil.
Desse modo, saber identificar e enxergar relacionamentos abusivos e tratar a saúde emocional da mulher vítima desse tipo de violência é fundamental. Falar sobre o assunto, principalmente em um contexto atual tão preocupante e alarmante, é cada vez mais importante.

"Muitas vezes, a mulher que está vivendo em um relacionamento abusivo vai ao longo do tempo se afastando de familiares e amigos mais próximos e convivendo com um intenso estado de tensão e vigilância, sem saber ao certo o por que se sente assim. Evita marcar encontros com amigos ou pessoas próximas, porque seu companheiro não se sente bem com isso e, sem perceber, passa a ter um relacionamento altamente estreito, em que o foco de vida torna-se apenas ele", explica Mariete Duarte, psicóloga da Clínica Maia.

Segundo a especialista, enxergar e sair de um relacionamento abusivo nem sempre é simples, em alguns casos, passam-se anos até a mulher perceber que algo está errado, que não é normal o que ela vive e que ela precisa se afastar. Isso porque esse tipo de relação nunca começa com uma agressão física, na verdade, inicia-se com traços de dominação psicológica, como a diminuição da autoestima, dependência financeira e, por fim, a agressão. Em vários momentos, o parceiro não se mostra sempre violento, sendo também gentil, sensível e carinhoso; é aquilo: "a mão que afaga e a mesma que agride".

A profissional dá algumas dicas importantes. "Você entrega suas senhas ou partilha a mesma conta nas redes sociais com o seu parceiro? Isto não é algo que faz parte de um relacionamento saudável; Acredita que o ciúmes em excesso do companheiro é sinal de cuidado? É um erro. É um fator perigoso e está ligado à insegurança do outro e controle; Há falta de diálogo ou mesmo resolução de brigas sem uma boa conversa? Isso é algo que pode trazer prejuízos psicológicos", comenta.

E continua. "O fator financeiro já foi usado para fazê-la permanecer na relação? Esta é uma forma de abuso; No relacionamento, conjugal ou não, o parceiro exigiu/forçou relações sexuais? Outra forma clara de abuso; Conquistas individuais já foram motivo de problemas na relação? Isso é um sinal de que seu relacionamento não é saudável; Chantagens emocionais são frequentes? Cuidado, é algo considerado também violação emocional", alerta.
As vítimas do problema, no tratamento, conseguem se sentir capazes e confiantes para seguir um novo caminho e se blindar, sem ficar na sombra de outra pessoa novamente. "A terapia permite à mulher voltar a se socializar sem medo, e a ter pessoas queridas fazendo parte de sua vida de novo. Saber identificar relações abusivas, a fim de evitá-las no futuro, é também um dos grandes focos do trabalho psicológico", conta Mariete.

O relacionamento abusivo pode acarretar consequências sérias à saúde mental. Se houver humor deprimido ou irritadiço por um período prolongado; quando conquistas e elogios já não fazem sentido, como se sentisse estar num estado "automático"; é importante procurar auxílio, pois o agravamento desses sinais pode resultar em um nível elevado de estresse, atingindo significativamente a qualidade de vida e podendo desencadear uma depressão profunda.

"O tratamento é feito através de psicoterapia individual e em grupo, já que o diálogo promove alívio dos sintomas. Existem muitos grupos de ajuda que fazem o acolhimento deste tipo de sofrimento. Falar sobre o problema traz força e confiança à mulher, que consegue sair da condição de vítima e se torna mais ativa. Por isso, procurar ajuda é fundamental", completa a psicóloga.



Transtornos mentais podem levar à mudança da dinâmica do Instagram



Em um mundo de likes, stories, ostentação, exposição e imediatividade, a pergunta que fica é como estas características modernas podem influenciar nas relações e na saúde mental dos indivíduos. Um recente anúncio feito pelo criador do Facebook, Mark Zuckerberg durante a conferência F8, pode ser um alerta de que até os detentores das principais redes sociais estão preocupados com esses impactos.  

O Instagram anunciou que fará testes para esconder o número de curtidas que uma foto recebe e até mesmo o número de seguidores em perfis poderá ficar privado. A rede justificou as mudanças como uma forma de conter a ansiedade e problemas psicológicos causados pela rede social, especialmente em adolescentes.

Atualmente, as ferramentas digitais são uma importante fonte de conhecimento e, em particular, as redes sociais funcionam como um espaço de relacionamento para as mais diversas gerações. No entanto, o uso demasiado dessas ferramentas por crianças e adolescentes, sem o devido controle dos pais e responsáveis, pode expô-los a informações e influências indesejadas, e inclusive à ansiedade e à depressão.

A psicóloga da Holiste Ethel Poll reconhece a internet/rede sociais como mais uma opção de informação, entretenimento e relacionamento, mas defende o limite de exposição às ferramentas e a prática de um diálogo aberto entre pais e filhos “de forma ‘desarmada’, dispostos a contribuir e também aprender com os jovens sobre este universo”.

Ela também pontua que quem produz algo na internet o faz buscando seguidores, espera ser querido, amado, espera que as pessoas gostem de suas produções, busca ser uma referência, um formador de opinião.

“Conversar com os jovens sobre o excesso de expectativas é importante para que aprendam a administrar suas frustrações e ou decepções diante da rede”.

A psicóloga e coordenadora do Núcleo Infanto-Juvenil da Holiste, Daniela Araújo, destaca que as redes sociais podem desencadear problemas psicológicos sim, mas também não se pode demonizar esses recursos.

“Tem que tomar muito cuidado com isso. Se a gente pensa que a tecnologia também é muito utilizada como uma defesa, para algumas pessoas ela pode fazer uma função. Vamos supor: um jovem com dificuldade em estar se relacionando no mundo real, no cara a cara, e se utiliza da tecnologia cada vez mais, se ensimesmando nesse universo. Aí, o uso que ao mesmo tempo é maléfico está fazendo uma função. Se a gente tira isso totalmente, o prejuízo, o dano, pode ser maior”, alerta a psicóloga.

Quem eu quero não me quer, e agora?



Sabe quando a gente se interessa por alguém e essa pessoa não retribui? Segundo a Orientadora Emocional Camilla Couto, isso pode acontecer até mais do que desejamos, mas faz parte da vida. O que não dá é para romantizar começos que não se desenrolaram e achar que tudo é rejeição!


 “Muitas vezes, como crianças mimadas, temos a pretensão de achar que as pessoas por quem nos interessamos têm que retribuir da mesma forma. Só que, na verdade, não é bem assim”, explica Camilla Couto, Orientadora Emocional para Mulheres, com foco em Relacionamentos. Segundo ela, amor e paixão não são equações exatas. Acontece, e muito, de nos apaixonarmos e não sermos correspondidos, e tudo bem! Para Camilla, a história do “quem eu quero não me quer, e agora?” não pode virar um drama. “E agora, parte pra outra! Bola pra frente! Vida que segue! Há mais sete bilhões de outras pessoas por aí”.

Veja o que a orientadora enfatiza: “pensando friamente, percebemos que as pessoas são completamente livres para amar e desejar, ou não, tudo aquilo que bem entendem, certo? Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, inclusive de nós! Mas, então, por que é tão difícil aceitar que alguém simplesmente não sente o mesmo que a gente? Por que é mais fácil pensar que estamos sendo rejeitados do que entender a parte que nos cabe de responsabilidade na hora de enfrentar a situação? Quando alguém não demonstra reciprocidade aos nossos desejos, sentimentos e intenções, cabe a nós respeitar o movimento dessa pessoa. Insistir, persistir e tentar convencer o outro a gostar de nós, além de ser desgastante e frustrante, pode ser pura perda de tempo e de energia”.

Camilla explica que se apaixonar por alguém e não ser correspondido, fantasiar e romantizar algo que nunca se concretizará, criar expectativas que jamais se tornarão realidade, tudo isso pode ser bastante dolorido, mas faz parte da vida. “Certamente, já deve ter acontecido o oposto com você: alguém se apaixonou e você não. E aposto que, se a pessoa dramatizou a situação ou insistiu por muito tempo, você achou super inconveniente, afinal de contas, você não manda no seu coração! Quando os sentimentos das pessoas são recíprocos, tudo flui naturalmente, sem pressão, sem insistência e sem humilhação”.

Dramatizar um amor não correspondido pode ser um sofrimento desnecessário. Para a orientadora, ficaria muito mais leve se entendêssemos que nem tudo na vida acontece do jeito que gostaríamos. “Ninguém tem o poder de nos rejeitar! As pessoas apenas não correspondem a cem por cento dos nossos sentimentos. E quando a negativa do outro nos leva a sentir rejeitados, certamente esse sentido de rejeição está dentro de nós. Portanto, é algo a ser trabalhado internamente”.


Dramatizar a vida não ajuda em nada

Sentir-se no papel de vítima não ajuda a dar a volta por cima. Por outro lado, entender que o “sim” e o “não” são naturais da vida e que os ciclos, sejam de dor ou de amor, existem para nos ensinar a ser melhor e a amadurecer, pode dar um tom menos dramático a um amor não correspondido. Lembrando que, geralmente, quando isso acontece, o pano de fundo é de histórias que nem chegaram a se concretizar. Sofremos por um romance que aconteceu apenas na nossa cabeça. E por uma rejeição que existe apenas dentro de nós.

Então, o que fazer? “Você se apaixonou e a pessoa não? Sofra e chore, se necessário. Mas, depois, siga em frente. Não se prenda à fantasia do que poderia ter sido. Não se apegue ao sofrimento. Não cultive o sentimento de rejeição. Não se acomode no papel de vítima das escolhas dos outros. Não se feche para novas oportunidades. Volte para a realidade. Encare as verdades de frente. Se não deu certo é porque não era para ser. A vida continua. E há outros amores por descobrir, sempre”, finaliza Camilla.




Camilla Couto - Orientadora Emocional para Mulheres, com foco em Relacionamentos. Criadora/ autora do Blog das Amarildas e fundadora do PAR - Programa Amarildas de Relacionamentos. Orientadora emocional, Terapeuta Floral (TF-153-17/SP) e Contoterapeuta, viveu durante 8 anos no exterior conhecendo diferentes culturas e comportamentos. No blog amarildas.com.br, compartilha seus estudos sobre amor, relacionamentos e dependência emocional - com o propósito de promover mais entendimento sobre esses temas e de incentivar as mulheres a se amarem e valorizarem cada vez mais.




Quando a depressão pode ser o início da solução


À primeira vista o título soa estranho, no mínimo curioso. Pensar que a depressão, considerada a doença do milênio, possa ser algum tipo de solução na vida de alguém parece algo absurdo. Será mesmo?

O que me levou a escrever essa breve reflexão foi o caso do Miguel (nome fictício). Com 55 anos, ele se sentia infeliz no casamento e no trabalho, dizia que sua vida não tinha mais sentido. Passadas algumas sessões no consultório de minha antiga professora, Miguel foi se dando conta de seus padrões mentais e dos problemas que criou para si mesmo. Aos poucos, começou a enxergar uma luz no fim do túnel.

Depois de anos a fio como único provedor da família, estava cansado e desanimado, sentia-se sem reconhecimento. Sua principal queixa era “me sinto sugado em casa... eu tenho que resolver tudo”. Em decorrência de seu estado de saúde, acabou perdendo um dos empregos. Isso causou mudanças no padrão de vida do qual sua família estava acostumada a usufruir. As queixas e reclamações em casa só aumentavam. De certa forma, Miguel compreendeu que ele próprio havia contribuído para que sua esposa e filhos fossem ficando dependentes, acomodados e egoístas. E agora, diante de uma conjuntura que exigia deles uma mudança de comportamento, eles não estavam nem um pouco dispostos a ajudá-lo. Em vez de todos contribuírem com algum sacrifício, buscar um trabalho e ajudar nas despesas, o pressionavam para que buscasse ajuda e, assim, tudo voltasse a ser como antes....

Sua mulher era graduada em administração, mas nunca havia trabalhado na área. Ainda antes de se formar, eles se casaram. Os dois empregos de Miguel e seu bom rendimento permitiram que sua esposa pudesse ficar em casa e cuidar dos dois filhos do casal.

Após quase 20 anos de casamento, com os filhos crescidos, um fazendo faculdade e outro terminando o ensino médio, a vida deles se resumia a uma agenda de “tocar os estudos aos trancos e barrancos”, sair com os amigos e curtir, sem se preocupar. Mas quando a mesada foi retirada, a revolta foi grande... Miguel se ressentia da atitude mimada de seus filhos e se culpava por isso.

No curso de seu tratamento terapêutico, Miguel foi se dando conta de que parte da solução do problema ele já tinha. Após meses de consultas e ainda se sentindo deprimido, ele se deu conta de que a mudança não poderia partir somente dele, mas deveria envolver a dinâmica das relações de sua família. No entanto, essa não era uma perspectiva compartilhada.  As queixas agora se somavam a ameaças da esposa: “se você não melhorar vou morar com minha mãe e levar os meninos junto. Minha família sempre teve boas condições.” Essa “insensibilidade” da esposa decorria de um casamento idealizado, que não existia mais.

Após quase um ano de tratamento, ele continua se sentindo deprimido, mas estranhamente feliz. Sua esposa foi morar com sua sogra e levou os filhos junto. Parte da venda da casa permitiu a Miguel comprar um pequeno apartamento. Com mais tempo, agora com apenas um emprego e se sentindo mais leve, passou a visitar com mais frequência sua mãe e irmãos. Em sua última consulta, disse que queria retomar as amizades deixadas para trás e quem sabe encontrar uma namorada, talvez um namorado, e riu muito das próprias palavras...




Prof. Everson Araujo Nauroski - filósofo clínico, doutor em sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Curso de Sociologia do Centro Universitário Internacional Uninter.

5 dicas para uma mudança positiva de hábitos


 Os chamados “atos inconscientes” são responsáveis pela trajetória de sucesso de uma pessoa


Quando foi a última vez que se propôs a fazer uma atividade diferente? Segundo informações divulgadas pela Universidade de Duke, nos Estados Unidos, uma média de 40% das ações do cotidiano são realizadas no formato de piloto-automático. Neste contexto, o jornalista Charles Duhigg afirma no livro “O Poder do Hábito - Por Que Fazemos o Que Fazemos na Vida e Nos Negócios” que os chamados atos inconscientes ocorrem devido a constante necessidade do cérebro humano em poupar esforços.

Na prática, a propagação de atitudes similares na rotina pessoal e profissional promove a internalização de um determinado padrão que, ao longo do tempo, se torna involuntário. “O desenvolvimento de hábitos é um movimento ininterrupto que acontece desde a infância até a terceira idade. Ou seja, ninguém nasce com um pensamento automático. Na verdade, os padrões comportamentais são criados de acordo com o ambiente externo e as experiências individuais”, explica Carolina Manciola, sócia-diretora da Posiciona Educação e Desenvolvimento.

Ao se aprofundar no conceito, é possível dizer que os atos inconscientes são responsáveis por uma trajetória de sucesso. Afinal, determinam o afastamento ou a concretização de metas de uma pessoa. Neste sentido, é fundamental transformar as ações nocivas em positivas. Veja abaixo as sugestões da especialista em desenvolvimento corporativo sobre mudanças de hábitos:


Dispense recompensas

A primeira etapa na construção de um hábito consiste no gatilho onde um estímulo é capaz de acionar certa atitude. Em seguida, a rotina aparece com a função de dar sequência às atividades físicas, intelectuais e emocionais ativadas. Por fim, o sistema exige uma recompensa a fim de incentivar a memorização da ação. Logo, o ciclo permanece ineficaz ao retirar a última fase, pois o benefício do comportamento involuntário deixa de existir.


Pratique a substituição

A motivação é a base da mudança de hábito, mas não é o suficiente para modificá-lo da noite para o dia porque o cérebro tende a criar resistência no processo de adaptação diante de um novo comportamento. Então, é preciso priorizar a substituição ao abandono. Durante uma dieta, por exemplo, nutricionistas recomendam trocar o chocolate ao leite pelo meio amargo, por este ser mais saudável e menos calórico.


“Não vá com sede ao pote”

O excesso de motivação pode se tornar uma armadilha ao provocar um esforço excessivo no início do processo e uma desistência no meio do caminho, ocasionada pelo cansaço. Neste caso, trabalhe em doses homeopáticas. Se pretende estudar uma nova língua durante uma hora por dia, dedique-se ao menos trinta minutos e aumente o período de maneira gradual, até alcançar o objetivo inicial.


Fique atento com a frequência

A constância é uma das partes mais desafiadoras de um processo de mudança de hábito, pois o fato de um novo comportamento remeter a uma ação definitiva gera uma barreira emocional. Contudo, há a possibilidade de fazer uma reprogramação mental menos penosa ao se apoiar em prazos curtos, como a Teoria dos 21 dias, na qual a pessoa utiliza este período para implantar as novas ações no cotidiano sem precisar dispor de um comprometimento maior.


Fuja de padrões negativos

Além das distrações físicas em uma modificação comportamental, existem também as barreiras mentais. Entretanto, a técnica do “mas” é uma espécie de braço direito no contorno desta situação. Ao ter pensamentos sabotadores, corrija-os, usando o “mas”. Por exemplo, “exercitar-se todos os dias é cansativo, mas fará bem à saúde”.




Saiba como "sair do automático" e viver com mais significado

(Foto: Getty Images)


Para terapeuta, as mudanças devem começar
com novas e pequenas ações no cotidiano

   
Para sair do automatismo é importante como primeiro passo, “se olhar e pesquisar os seus sentimentos do seu momento atual, com esse exercício você sai do automatismo e pesquisa o seu momento presente”, afirma a terapeuta pessoal Wanessa Moreira, que também é pós-graduada em psicologia transpessoal.

Segundo a especialista, o próximo passo é “levantar as questões do seu momento que já não tem mais significado para você, situações que você está vivendo e não faz mais sentido estar nessas histórias, e aí então começar a trazer a coragem para as reais mudanças possíveis, para esse momento em pequenos passos”, esclarece.

Para Wanessa, que também é master mentoring em coaching corpo e mente, as pessoas se prendem em acordos de gratidão e lealdade que as impede de mudar, como se fosse uma quebra de contrato, verdades internas e erros gritantes dos próprios desejos. Desta forma, acabam desistindo de querer mudar e se conformando com a vida como está, antes mesmo de buscar a coragem para realizar novos movimentos.

“Para conseguir ter essa coragem, busque inspiração em histórias de pessoas que já realizaram essas mudanças, isto vai ampliar o seu repertório e registro de ações dentro de você. É como comprar novas roupas em outros estilos, que você até o momento não tinha no seu guarda-roupas e começar a usar. Comece com novas e pequenas ações no seu cotidiano, como frequentar novos lugares, novos parques e percorrer novos caminhos durante o dia, assim você vai treinando o seu cérebro a receber novas informações e colocá-las em prática”, indica a terapeuta.

Mas será que não existe uma pressão exagerada da sociedade para que as pessoas tenham coragem? De acordo com a terapeuta pessoal, hoje temos acesso a muita informação sobre tudo. Pessoas contando histórias incríveis e mudanças fantásticas, e isso com certeza chega a assustar e pode inclusive chegar como uma cobrança.

“Por que com a minha vida as coisas não estão tão bem, ou ainda o por que eu não vivo o meu sonho? Essa reflexão pode caminhar para um processo de baixa autoestima, que dá a sensação de que a vida não sorri para mim e eu não sinto que sou uma pessoa especial e tenho que me conformar com o que vivo. Tudo isso pode levar a desistência de mudar e ao conformismo”, explica Wanessa.

Por isso, a especialista recomenda que para ter coragem e realizar as mudanças necessárias, é necessário sair do papel de espectador e se tornar protagonista.

“Colocar literalmente a mão na massa e começar a agir, dentro da necessidade do que realmente queremos e não porque as outras pessoas esperam de nós determinadas atitudes”, finaliza.

7 dicas para viver melhor aos 50 anos


Momentos de relaxamento são fundamentais para manter a saúde em dia
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No Brasil, população acima de 50 anos cresce o dobro em relação às outras idades





Que os 50 anos são os novos 40, ninguém mais tem dúvidas. Afinal, no Brasil, população acima de 50 anos cresce o dobro em relação às outras idades (3% versus 1,5%) e o país já conta com mais pessoas acima dos 50 anos do que com jovens de zero a 14 anos. A questão, portanto, é como fazer dessa década a melhor da vida.

Com a tecnologia e a o conhecimento médico atual, ficou mais fácil ter vitalidade e saúde na idade que, na época dos nossos avós, já significava ter uma perspectiva menor. Atualmente, é nessa idade que estamos mais maduros, sabemos o que queremos e podemos passar a viver de forma plena, sem culpas e com mais tranquilidade. Para que isso aconteça, porém, é preciso equilibrar todas as áreas da vida. O geriatra Paulo Camiz, professor colaborador da disciplina de Clínica Geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), dá algumas dicas sobre como manter uma vida saudável aos 50 anos.


Dieta equilibrada: quem não se alimenta de forma saudável, precisa repensar os hábitos ao chegar aos 50 anos. Isso acontece porque o corpo pede um equilíbrio de vitaminas para que todas as funções trabalhem de forma correta, reparando os danos celulares que acontecem naturalmente. Por isso, invista em alimentos antioxidantes, como legumes, verduras e frutas, gorduras boas, como o azeite de oliva, cereais integrais e reduza ao máximo o consumo de açúcares.


Sono: já não precisamos dormir o mesmo tanto de horas de que quando estávamos na casa dos 30 anos. No entanto, algumas pessoas passam a ter insônia, o que pode prejudicar a saúde e a energia. Para evitar a falta de sono, prepare o ambiente duas horas antes de ir para a cama: luz baixa, TV e celular desligados, um banho morno e um chá relaxante. E, se acordar no meio da madrugada sem sono, não insista. Saia da cama e vá ler um livro sob uma luz baixa, enquanto o sono não vem.


Saúde mental: quem não se cuida fica vulnerável a sofrer com depressão ou ansiedade. O melhor remédio, portanto, é a prevenção. Não leve mais a vida tanto a sério: procure ter momentos relaxantes, controlar o estresse e estar sempre aberto a fazer novos amigos.


Atividade física: a partir dos 30 anos, passamos a perder 1% de massa muscular por ano. Esse número, que não parece relevante no início, faz uma diferença enorme lá na frente. A palavra da vez, portanto, é manter a massa muscular e ganhar ainda mais por meio da atividade física. São os músculos que nos mantêm independentes, com autonomia para uma caminhada, levantar da cama e outras atividades diárias.

Além disso, praticar algum exercício aeróbico previne depressão e afasta doenças cardíacas, além de evitar o surgimento de câncer. 


Controle de doenças crônicas: não deixe um probleminha virar um problemão. Se foi diagnosticado com hipertensão arterial, siga à risca a recomendação do médico de praticar atividade física, reduzir o sal da dieta e tomar os medicamentos prescritos. O mesmo vale para o diabetes: controlar a dieta é fundamental para manter a glicemia dentro da faixa ideal e afastar o risco de doenças cardíacas.


Amigos e família: cultive os amigos e a família, afinal, são eles que nos proporcionam momentos memoráveis. Apesar de a facilidade de fazer novos amigos ter ficado na adolescência, nunca é tarde para encontrar companheiros de alma para escrevermos novas histórias. Socializar é cada vez mais importante conforme os anos vão passando. Aproveite os 50 para fazer amigos que vão permanecer por ainda muitos anos. 


Autoestima: quem não gosta de se sentir confiante com suas escolhas, com a aparência e com a própria identidade? Quando estamos com 50 anos, é ainda mais importante nos mantermos com essa afirmação. A autoestima elevada não permitirá que nos abalemos com opiniões, críticas ou fatos que estremeçam nossa estrutura. Com isso, evitaremos o estresse e teremos uma vida mais tranquila. Procure cultivar a autoestima e, se estiver com dificuldades, não hesite em procurar um psicoterapeuta para colocar tudo nos eixos novamente.

Vaidade: ter ou não ter. Eis a questão !


Especialista em carreira alerta para as armadilhas da vaidade


A vaidade é perigosa. Tem um conceito tão amplo e sedutor quanto o próprio sentimento. A palavra originária do latim significa oco, vazio. No dicionário quer dizer valorização que se atribui a própria aparência ou a intelectualidade, mas pode se encontrar mais de 130 sinônimos correlacionados a vaidade. Na história do cristianismo, a vaidade é o primeiro pecado capital.

Para o professor da FGV e fundador da escola do Pensar da ESIC Internacional, Luciano Salamacha, a vaidade é uma fera que deve ser controlada no ambiente profissional. Em excesso pode cegar, colocar tudo a perder, e na falta dela pode ser a pitada que faltava para a autoestima, sentimento fundamental na disputa de cargos de liderança. Salamacha orienta algumas atitudes que podem fazer com que não se caia na fogueira da vaidade :

1 - Todo profissional deve periodicamente revisar as atividades que desenvolve, pois algumas vezes, alimentamos por vaidade certa rotina de trabalho que passou a ser desnecessária.


2- A vaidade acontece o tempo todo em nossas vidas, por isso, tenha sempre pessoas de sua confiança que possam apontar se deve manter afazeres por necessidade ou  por pura vaidade. Pessoas que possam, inclusive apontar se você está certo sobre certas habilidades que você considera ter.


3 – Não seja refém de pessoas que por maldade vão usar essa característica para provar que você deve ser menos despretensioso, sem ganância, sem ambição, porque na verdade querem te frear na competição.


4- Perceba o que está cultuando na empresa. Estamos num momento em que certos valores estão sendo revistos. Às vezes, valorizamos coisas que não têm a menor finalidade prática.


5 – Perceba o quanto sua vaidade é nociva ou não. Há pessoas autocríticas que se condenam demais, destroem a própria autoestima. Saem de um extremo a outro. Gerencie melhor suas emoções e seu julgamento sobre você.


6 – Troque a vaidade por validade. Na vaidade somos oco, na validade temos força e poder. Estamos plenos.


7 - Use a vaidade para avaliar melhor a si mesmo e aos outros e tenha cuidado ao alertar um vaidoso. Talvez ele saiba, mas prefere mostrar que continua na ignorância ou, talvez acredite que seja esse o caminho.

Luciano Salamacha diz que subir na carreira requer antes de mais nada melhorar a nós mesmos, por isso temos que entrar em contato com a realidade e tentar controlá-la. O antídoto da vaidade é a humildade e isso nada tem a ver com nos humilhar, mas em encarar o outro de forma mais igual, muitas vezes aceitando os defeitos e erros, pois somos seres humanos e como tal, absolutamente todos erramos. As pessoas vaidosas dentro de uma empresa são soberbas na hora de ensinar, deixando claro quem estão numa posição acima do outro, mas Salamacha aconselha “ nada é estático principalmente numa companhia,o estagiário que se ensina hoje, pode chegar a chefia amanhã.”

O professor afirma que pessoa vaidosa é pouco estratégica, é frágil porque alguns elogios podem quebrar sua resistência.

Luciano Salamacha avalia que a vaidade é o caminho para a autossatisfação, é como uma droga “ Ilude temporariamente que talvez você seja o que não é, que tem um poder que não existe e nessa ilusão, o vaidoso coloca os pés pelas mãos.“

Salamacha diz que vaidade extrema é um defeito, mas a falta dela também. A falta de vaidade também pode indicar falta de amor próprio. Como amar o que se faz, ou ganhar o respeito do outro quando demonstramos que não amamos a nós mesmos?

O lado positivo da vaidade na medida certa é a autoconfiança e a autoestima que temos ter todos os dias quando saímos para o trabalho. Para Salamacha, não basta apenas uma boa formação curricular, há de se ter nessa era uma boa formação ética e acima de tudo cultivar boas relações.





Luciano Salamacha - doutor em Administração e mestre em Engenharia de Produção. Preside e integra conselhos de administração de empresas brasileiras e de multinacionais, atuando como consultor e palestrante internacional. É professor da Fundação Getúlio Vargas em programas de pós-graduação. Recebeu da FGV o prêmio de melhor professor em Estratégia de Empresas nos MBA’s, por sete anos seguidos. É um dos raros professores que fazem parte do “Quadro de Honra de Docentes”, da FGV Management. Também é professor de mestrado e doutorado no Brasil, na Argentina e nos EUA. Salamacha é fundador da Escola do Pensar, coordenador de MBA de neurociências na ESIC Internacional, uma das mais importantes escolas de negócios da Europa. Luciano Salamacha é autor de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no exterior. Foi pioneiro na América Latina em pesquisas sobre neuroestratégia e neurociência aplicada ao mundo empresarial.

5 dicas para sua empresa lidar com críticas nas redes sociais



A internet é hoje o meio mais utilizado para comunicação, inclusive entre empresas e seus clientes e consumidores. A facilidade dessa interação, apesar de muito positiva, também pode gerar problemas de imagem ou exposição negativa das empresas! As equipes têm que estar sempre atentas, e, por mais cautelosa que seja a interação nas redes, toda empresa está sujeita a situações desfavoráveis.

Veja algumas dicas listadas pelo Simplic para lidar com as críticas nas redes sociais:



LC nº 167/2019 e a EMPRESA (NÃO TÃO) SIMPLES DE CRÉDITO


Como foi amplamente divulgado na mídia, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei Complementar nº 167/2019 que cria as Empresas Simples de Crédito. As ESCs, como estão sendo chamadas, serão empresas comerciais de pequeno porte, que poderão fazer empréstimos, realizar financiamentos e descontar títulos de crédito exclusivamente para pequenos empresários e utilizando apenas recursos próprios.

O espírito da Lei Complementar nº 167, era de que fossem criadas inúmeras Empresas Simples de Crédito, constituídas por pessoas físicas capitalizadas, que ao invés de alocarem seus recursos em diversas outras modalidades de investimento convencional, atuariam no mercado de crédito, por meio da criação de uma empresa que necessita, unicamente, do mero registro de seus atos constitutivos nas Juntas Comerciais, passando a atuar como verdadeiras financeiras, sem a necessidade de qualquer autorização do Banco Central.

Contudo, se a Empresa Simples de Crédito, de fato, é de fácil constituição, a operacionalização dos seus negócios não é tão SIMPLES.

O Artigo 5º da Lei Complementar nº 167, estabelece parâmetros de atuação, alguns muito salutares, mas que retiram a simplicidade do chamado “crédito olho no olho” que foi o norteador da criação das ESCs.

Já em seu inciso II é determinado que as operações de crédito das ESCs formalizem-se em um contrato, por meio de instrumento próprio e cuja cópia deverá ser entregue à contraparte, ou seja, há que se possuir um contrato específico para as operações das ESCs, retirando qualquer possibilidade de uma avença verbal ou informal.

No inciso III observamos a previsão de que a movimentação dos recursos deve ser realizada exclusivamente mediante débito e crédito em contas de depósito de titularidade da ESC e da pessoa jurídica contraparte na operação, ou seja, não estamos mais falando de um crédito destinado a “desbancarizados”, haja vista que a lei determina que os recursos emprestados pela ESC deverão ser depositados em conta de deposito de titularidade do tomador do empréstimo e devem ser originadas de uma conta de depósito, da própria ESC, vedando-se a utilização do dinheiro em espécie ou do cheque para a disponibilização dos recursos mutuados.

Complicando, ainda mais, a empresa que deveria ser simples, temos a disposição prevista no § 3º, que estabelece como condição de validade das operações das ESCs, o registro dessas mesmas operações em entidade registradora autorizada pelo Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários.

As registradoras são IMFs (Infraestruturas do Mercado Financeiro) que exercem a atividade de registro de ativos financeiros, com respectivo armazenamento de suas informações referentes a ativos financeiros não objeto de depósito centralizado, bem como às transações, ônus e gravames a eles relativos.

Ao estabelecer a necessidade do registro das operações das ESCs em Registradoras, a Lei impõe um burocrático e custoso ônus ao crédito que deveria ser prático e simples e com certeza será um elemento dificultador da difusão das operações.

Embora a denominação Empresa Simples possa induzir que sua tributação seguirá a condição diferenciada do chamado SIMPLES NACIONAL,  o Art. 8º. determina que a ESC deverá manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais e transmitir a Escrituração Contábil Digital (ECD) por meio do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), suprimindo a “simplicidade” tributária.

Finalmente, a Lei Complementar 167/2019 alterou o inciso V do artigo 9º da Lei nº 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro), ao incluir as ESCs no rol de modalidades empresariais sujeitas a  mecanismo de controle através do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), sendo obrigadas, portanto, a  adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e volume de operações, que lhes permitam prevenir e combater a lavagem de dinheiro e manter cadastro atualizado de todos os seus clientes.

Claramente tais dispositivos, muitos inseridos no curso da tramitação da lei, no Congresso Nacional, buscaram dificultar eventual prática criminosa travestida de legalidade e, embora salutares, acabaram por não tornar tão simples a rotina empresarial de uma Empresa Simples de Crédito.

Assim, apesar da meritória intenção dos idealizadores da Empresa Simples de Crédito, entre os quais destaco o denodado empresário Guilherme Afif Domingos, em buscar inserir no mercado de crédito, pessoas físicas capitalizadas e até então fora deste certame, que de forma fácil e rápida poderiam criar uma empresa com permissão legal para realizar empréstimos e outras operações financeiras, tal objetivo se frustrou em parte, diante das formalidades contratuais e contábeis, da necessidade do registro das operações em entidades registradoras, bem como a sujeição às regras relativas à prevenção e combate à lavagem de dinheiro.

Acreditamos, diante da complexidade envolvendo a rotina operacional das Empresas Simples de Crédito que o perfil de empresário que irá aceitar o desafio de ser um Empresário Simples de Crédito será aquele que já atua no chamado “Fomento Comercial” uma atividade extremamente sinérgica com as das ESCs e cujos empresários estão preparados e treinados para vencer os obstáculos burocráticos contidos na Lei Complementar nº 167/2019.






Jose Luis Dias Da Silva - Advogado, Sócio Fundador do Dias da Silva Sociedade de Advogados e Consultor Jurídico da ANFAC – Associação Nacional de Fomento Comercial.

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