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terça-feira, 8 de maio de 2018

Acidentes nas rodovias federais consomem R$ 12,3 bilhões/ano[i]


Parte do recurso é destinada à recuperação das vítimas, que pode ser acelerada em 80%[ii], com o uso da terapia por pressão negativa nas lesões de difícil cicatrização


Os quase 170 mil acidentes ocorridos nas rodovias federais brasileiras em 2014 provocaram uma despesa de R$ 12,3 bilhões1. Desse total, 64,7% dos recursos correspondem aos gastos com as vítimas, incluindo cuidados médicos, perda de produção devido às lesões e morte, enquanto 34,7% estão associados a despesas com danos materiais ou remoção dos veículos acidentados1. As informações são do relatório Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: caracterização, tendências e custos para a sociedade, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que avalia que esses gastos podem chegar a R$ 40 bilhões1, se for analisada toda a malha rodoviária brasileira.

O estudo aponta ainda que dos recursos relacionados às vítimas, 43% é relativo à perda de produção das pessoas, como a diminuição da renda durante o período de tratamento da vítima e os benefícios arcados pela previdência social e 20% são de custos hospitalares1

A análise revela que, quanto maior a gravidade do acidente, maiores são as despesas associadas a ele. Em média, cada acidente custou R$ 261.689,00. O gasto médio de um acidente com vítima foi de R$ 664.821,00. As ocorrências nas rodovias federais mataram mais de 8 mil pessoas e deixaram mais de 26 mil pessoas com lesões graves, em 20141.

Embora não haja uma estimativa oficial sobre o tempo de tratamento das vítimas dos acidentes, o estudo “Impactos e Custos dos Acidentes de Trânsito para a Previdência Social”, desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino, Tecnologia e Cultura (FAPETEC), mostra que, entre 2003 e 2012, os benefícios temporários e as pensões por morte pagos pela Previdência Social em função de acidentes de trânsito aumentaram 75,8% e 55,5%, respectivamente4.


Novas tecnologias podem acelerar a recuperação de lesões complexas decorrentes de acidentes de trânsito 

Estudos demonstram que terapias inovadoras já disponíveis no Brasil, reduzem em até 60% os custos de cuidados de enfermagem e os custos médios de hospitalização em 30%2. O acesso a estas tecnologia pode reduzir o tempo de recuperação das vítimas em até 60% quando comparada com curativos convencionais3.

Entre as inovações tecnológicas que permitem aos feridos restabelecer a condição física e voltar às atividades rotineiras mais rapidamente, está a terapia por pressão negativa (TPN), indicada para tratar feridas complexas que não cicatrizam sem o tratamento apropriado.

A terapia por pressão negativa utiliza a pressão controlada e localizada sobre a lesão através de um curativo de espuma coberto por uma película e ligado a um sistema de drenagem. É indicada para tratar lesões agudas e crônicas, como feridas de grande extensão decorrentes de acidentes de trânsito, tecidos com sinais de necrose, queimaduras e áreas doadoras de enxertos. “A TPN contribui de forma significativa na resolução de lesões decorrentes de traumas, estimulando a formação de vasos próximos à ferida, removendo líquidos e fragmentos de tecido desvitalizado e tratando quadros infecciosos”, explica o Dr. Marcelo Ribeiro, cirurgião geral do Hospital Geral do Grajaú.

“Temos muitos pacientes que se beneficiaram com a terapia por pressão negativa para a adequada cicatrização da lesão. Nesses casos, a indicação e a finalidade são promover uma resolução mais rápida do quadro, mantendo a área limpa, estimulando a granulação tecidual e a proliferação de células para o reparo dos tecidos. Além disso, o uso da TPN reduz o inchaço e remove resíduos que podem vir a se tornar focos de infecção local”, revela o especialista.

Ainda segundo Dr. Marcelo Ribeiro, os benefícios da tecnologia vão além do retorno do paciente as suas atividades, no menor tempo possível. “Quando não se dispõe de TPN, são utilizados curativos convencionais que devem ser trocados algumas vezes por dia, causando desconforto, ainda pode haver necessidade de promover uma limpeza (desbridamentos) da ferida cirurgicamente no local, fazendo com que o paciente tenha que ser submetido a um maior número de idas ao centro cirúrgico”, esclarece. A TPN reduz o sofrimento do paciente, uma vez que há menos manipulação local, menos necessidade de intervenções cirúrgicas, redução do tempo de tratamento e aceleração do processo de recuperação local, proporcionando a reintegração às atividades pessoais e profissionais de forma mais rápida e segura.


Conscientização: o tempo não cicatriza

Promover a conscientização é um dos motivos da união de sete organizações, entre sociedades médicas, como a SBAIT, e de enfermagem e associação de pacientes, com apoio da ACELITY, na campanha O Tempo Não Cicatriza. Para feridas complexas, o tratamento é o melhor remédio no Brasil. A iniciativa espera informar a população sobre feridas complexas e seus riscos, levando as pessoas a procurarem um profissional da saúde que possa avaliar a utilização de tratamentos mais adequados. As opções terapêuticas variam de acordo com o tipo de lesão e com a região do corpo em que estão localizadas. 

A campanha é promovida pelas sociedades brasileiras de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), de Queimaduras (SBQ), de Tratamento Avançado de Feridas (SOBRATAFE), a de Atendimento Interligado ao Traumatizado (SBAIT); de Estomaterapia (SOBEST) e a de Enfermagem em Dermatologia (SOBENDE), e a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD).

Atualmente, estão disponíveis no País soluções inovadoras como curativos avançados com propriedades antimicrobiana, antiodor, regenerativa ou hidratante, que contribuem para a cicatrização. Também existem tecnologias hospitalares e domiciliares, como o sistema de pressão negativa, que utiliza a pressão controlada e localizada sobre a lesão por meio de um curativo de espuma coberto por uma película e ligado a um sistema de drenagem, e a câmara hiperbárica que permite ao paciente respirar oxigênio puro enquanto fica sob uma pressão de duas a três vezes superior à pressão atmosférica ao nível do mar. Ambas as tecnologias aceleram o tempo de cicatrização de feridas.



Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT)



Referências:

1.Relatório Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: caracterização, tendências e custos para a sociedade, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/150922_relatorio_acidentes_transito.pdf

2. Mouës CM, van den Bemd GJ, Meerding WJ, Hovius SE.An economic evaluation of the use of TNP on full-thickness wounds.Journal of Wound Care.2005 May; 14(5):224-7

3. Joseph E, Hamori CA, Bergman S, Roaf E, Swann NF, Anastasi GW. A Prospective Randomized Trial of Vacuum-Assisted Closure Versus Standard Therapy of Chronic Nonhealing Wounds. Wounds;
2000, 12(3):60-67

4.E studo “Impactos e Custos dos Acidentes de Trânsito para a Previdência Social”, desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino, Tecnologia e Cultura (FAPETEC).  http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2016/10/sausegimpactcustos.pdf



Presidente do IEP fala dos perigos dos prédios abandonados em Curitiba


                                                                                                   Foto: pxhere
A tragédia causada pelo incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida na região central de São Paulo e que resultou no desabamento do prédio na madrugada de terça-feira, 1º de maio, foi causado por um curto-circuito em uma tomada no quinto andar do edifício de acordo com o depoimento de uma sobrevivente à polícia.

O triste fato levantou diversas discussões com respeito às ameaças que estas edificações abandonadas trazem nos grandes centros urbanos como incêndios e desmoronamentos.

Para o Presidente do Instituto de Engenharia do Paraná - IEP, José Rodolfo Lacerda, há uma necessidade urgente de reorganizar as cidades no que diz respeito às obras em edifícios altos - principalmente aqueles que se encontram abandonados:

"Os prédios não podem ser invadidos pois, quando eles são abandonados, tudo o que havia lá é retirado. Não há abastecimento de água, de força elétrica, de gás e consequentemente os invasores fazem o famoso 'gato', que são as conexões sem nenhuma segurança para ter luz na parte de dentro. Como não há nenhum projeto seguro, acontece este tipo de situação e em pleno século XXI estamos assistindo estas tragédias." explica o presidente do IEP.



Capital Paranaense também tem riscos 

 
Assim como em muitas grandes cidades do mundo, Curitiba tem alguns edifícios abandonados principalmente no centro, sem estrutura alguma e expostos à ação do tempo e constantemente invadidos por moradores de rua que usam o esqueleto das construções como moradia, sem nenhuma manutenção.

Lacerda explica que esta situação representa riscos reais se não forem sanados imediatamente: "O mesmo problema que ocorreu em São Paulo pode ocorrer em Curitiba. Quando chega o inverno, os ocupantes destes edifícios abandonados precisam se esquentar e acendem fogueiras com papel usado, jornais velhos e até mesmo com botijões de gás sem nenhuma segurança na parte interna. Não há um sistema de combate á incêndio, nem saídas de emergência com segurança. Este incêndio pode evoluir para algo gravíssimo ".

O presidente do IEP reforça ainda que quando o edifício é histórico e tombado, a responsabilidade é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, que precisa encontrar mecenas ou empresas que se prestem à recuperação desses imóveis para evitar que a memória urbana da cidade acabe em cinzas: "No ano passado, por exemplo, houve um incêndio no histórico Palácio Belvedere, localizado na praça do Alto São Francisco, por inépcia do poder público. " lembra José Rodolfo Lacerda.



O que fazer em caso de suspeita de perigo?

 
A Secretaria Municipal de Urbanismo de Curitiba não possui um levantamento com o número de edifícios abandonados em Curitiba, mas a Prefeitura afirmou que o perigo de desmoronamento tal qual aconteceu em São Paulo está descartado uma vez que a capital paranaense não possui nenhum estrutura abandonada com as mesmas características e condições do edifício que desmoronou. No entanto, qualquer pessoa que detectar algum edifício que ofereça riscos pode entrar em contato com a Secretaria através da Central 156.



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