Parte
do recurso é destinada à recuperação das vítimas, que pode ser acelerada em 80%[ii], com o uso da terapia por
pressão negativa nas lesões de difícil cicatrização
Os quase 170 mil acidentes ocorridos nas rodovias
federais brasileiras em 2014 provocaram uma despesa de R$ 12,3 bilhões1.
Desse total, 64,7% dos recursos correspondem aos gastos com as vítimas,
incluindo cuidados médicos, perda de produção devido às lesões e morte,
enquanto 34,7% estão associados a despesas com danos materiais ou remoção dos
veículos acidentados1. As informações são do relatório Acidentes de
Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: caracterização, tendências e custos
para a sociedade, elaborado pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que avalia que esses gastos podem chegar a R$ 40 bilhões1,
se for analisada toda a malha rodoviária brasileira.
O
estudo aponta ainda que dos recursos relacionados às vítimas, 43% é relativo à
perda de produção das pessoas, como a diminuição da renda durante o período de
tratamento da vítima e os benefícios arcados pela previdência social e 20% são
de custos hospitalares1.
A
análise revela que, quanto maior a gravidade do acidente, maiores são as
despesas associadas a ele. Em média, cada acidente custou R$ 261.689,00. O
gasto médio de um acidente com vítima foi de R$ 664.821,00. As ocorrências nas
rodovias federais mataram mais de 8 mil pessoas e deixaram mais de 26 mil
pessoas com lesões graves, em 20141.
Embora
não haja uma estimativa oficial sobre o tempo de tratamento das vítimas dos
acidentes, o estudo “Impactos e Custos dos Acidentes de Trânsito para a
Previdência Social”, desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino,
Tecnologia e Cultura (FAPETEC), mostra que, entre 2003 e 2012, os benefícios
temporários e as pensões por morte pagos pela Previdência Social em função de
acidentes de trânsito aumentaram 75,8% e 55,5%, respectivamente4.
Novas tecnologias podem acelerar a
recuperação de lesões complexas decorrentes de acidentes de trânsito
Estudos demonstram que terapias
inovadoras já disponíveis no Brasil, reduzem em até 60% os custos de cuidados
de enfermagem e os custos médios de hospitalização em 30%2. O acesso
a estas tecnologia pode reduzir o tempo de recuperação das vítimas em até 60%
quando comparada com curativos convencionais3.
Entre as inovações tecnológicas
que permitem aos feridos restabelecer a condição física e voltar às atividades
rotineiras mais rapidamente, está a terapia por pressão negativa (TPN),
indicada para tratar feridas complexas que não cicatrizam sem o tratamento
apropriado.
A terapia por pressão negativa
utiliza a pressão controlada e localizada sobre a lesão através de um curativo
de espuma coberto por uma película e ligado a um sistema de drenagem. É
indicada para tratar lesões agudas e crônicas, como feridas de grande extensão
decorrentes de acidentes de trânsito, tecidos com sinais de necrose,
queimaduras e áreas doadoras de enxertos. “A TPN contribui de forma
significativa na resolução de lesões decorrentes de traumas, estimulando a
formação de vasos próximos à ferida, removendo líquidos e fragmentos de tecido
desvitalizado e tratando quadros infecciosos”, explica o Dr. Marcelo Ribeiro,
cirurgião geral do Hospital Geral do Grajaú.
“Temos muitos pacientes que se
beneficiaram com a terapia por pressão negativa para a adequada cicatrização da
lesão. Nesses casos, a indicação e a finalidade são promover uma resolução mais
rápida do quadro, mantendo a área limpa, estimulando a granulação tecidual e a
proliferação de células para o reparo dos tecidos. Além disso, o uso da TPN
reduz o inchaço e remove resíduos que podem vir a se tornar focos de infecção
local”, revela o especialista.
Ainda segundo Dr. Marcelo Ribeiro, os benefícios da tecnologia
vão além do retorno do paciente as suas atividades, no menor tempo possível.
“Quando não se dispõe de TPN, são utilizados curativos convencionais que devem
ser trocados algumas vezes por dia, causando desconforto, ainda pode haver
necessidade de promover uma limpeza (desbridamentos) da ferida cirurgicamente
no local, fazendo com que o paciente tenha que ser submetido a um maior número
de idas ao centro cirúrgico”, esclarece. A TPN reduz o sofrimento do paciente,
uma vez que há menos manipulação local, menos necessidade de intervenções
cirúrgicas, redução do tempo de tratamento e aceleração do processo de
recuperação local, proporcionando a reintegração às atividades pessoais e
profissionais de forma mais rápida e segura.
Conscientização: o tempo não cicatriza
Promover a conscientização é um dos motivos da união de sete
organizações, entre sociedades médicas, como a SBAIT, e de enfermagem e
associação de pacientes, com apoio da ACELITY, na campanha O Tempo Não
Cicatriza. Para feridas complexas, o tratamento é o melhor remédio no
Brasil. A iniciativa espera informar a população sobre feridas complexas e seus
riscos, levando as pessoas a procurarem um profissional da saúde que possa
avaliar a utilização de tratamentos mais adequados. As opções terapêuticas
variam de acordo com o tipo de lesão e com a região do corpo em que estão
localizadas.
A campanha é promovida pelas sociedades brasileiras de
Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), de Queimaduras (SBQ), de Tratamento
Avançado de Feridas (SOBRATAFE), a de Atendimento Interligado ao Traumatizado
(SBAIT); de Estomaterapia (SOBEST) e a de Enfermagem em Dermatologia (SOBENDE),
e a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD).
Atualmente, estão disponíveis no País soluções inovadoras
como curativos avançados com propriedades antimicrobiana, antiodor,
regenerativa ou hidratante, que contribuem para a cicatrização. Também existem
tecnologias hospitalares e domiciliares, como o sistema de pressão negativa,
que utiliza a pressão controlada e localizada sobre a lesão por meio de um
curativo de espuma coberto por uma película e ligado a um sistema de drenagem,
e a câmara hiperbárica que permite ao paciente respirar oxigênio puro enquanto
fica sob uma pressão de duas a três vezes superior à pressão atmosférica ao
nível do mar. Ambas as tecnologias aceleram o tempo de cicatrização de feridas.
Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado
(SBAIT)
Referências:
1.Relatório Acidentes de Trânsito nas
Rodovias Federais Brasileiras: caracterização, tendências e custos para a
sociedade, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/150922_relatorio_acidentes_transito.pdf
2. Mouës CM, van den Bemd GJ, Meerding WJ, Hovius
SE.An economic evaluation of the use of TNP on full-thickness wounds.Journal of
Wound Care.2005 May; 14(5):224-7
3.
Joseph E, Hamori CA, Bergman S, Roaf E, Swann NF,
Anastasi GW. A Prospective Randomized Trial
of Vacuum-Assisted Closure Versus Standard Therapy of Chronic Nonhealing
Wounds. Wounds;
2000, 12(3):60-67
4.E studo
“Impactos e Custos dos Acidentes de Trânsito para a Previdência Social”,
desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino, Tecnologia e Cultura
(FAPETEC). http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2016/10/sausegimpactcustos.pdf
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