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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Tsunami nos Serviços Jurídicos


Há uma forte apreensão no mercado jurídico sobre as mudanças que estão por acontecer causadas pelas novas tecnologias, robôs, inteligência artificial etc. (uma certa “hype” ou “frisson”).

Realmente, os avanços tecnológicos em todas áreas são assombrosos e tenho a total convicção que estamos nos aproximando a um ponto de singularidade (o termo “singularidade” vem da física e designa fenômenos tão extremos que as equações não são mais capazes de descrevê-los).

Trazendo a discussão para a atualidade em termos econômicos, o que temos é um tsunami com seu epicentro ocorrido na crise mundial de 2008, que gerou uma reação em cadeia na economia global e que estamos sentindo agora no mercado jurídico.

As empresas em crise se voltaram para otimizar seus custos, sua governança e houve (e ainda está havendo) o boom da aplicação de regras rígidas de compliance, gerando modificações importantes; e tudo isso começa a afetar os serviços jurídicos. 

Primeiramente, a mudança gradativa das funções dos “General Counsels”, passando de gestores de carteiras jurídicas para participantes ativos nas decisões estratégicas da empresa e com o aumento brutal de “accountability” sobre os aspectos financeiros dessas carteiras. 

Segundo, por conta das regras rígidas de compliance, a migração da responsabilidade na contratação de serviços jurídicos terceirizados para os setores de “procurement” ou simplesmente setor de compras das empresa.

Terceiro, a constatação de que o ticket médio para os serviços executados internamente nos departamentos jurídicos é cerca de um terço dos valores cobrados por escritórios externos, gerando uma onda de internalização inversa àquela ocorrida na década de 90, quando quase todos os serviços jurídicos de empresas foram terceirizados.  A estatística citada em meu evento de Governança da Informação, ocorrido em maio de 2017, quando o General Counsel de uma importante empresa mundial de logística comentou seus números: em oito anos passou de sete para 58 advogados internos, num processo ainda em andamento para internalizar uma grande parte dos serviços jurídicos da empresa.

Como tudo o que acontece no mundo, a grande motivação é sempre econômica e este caso não foge à regra. O grande tsunami que está chegando aos prestadores de serviços jurídicos (“aka” Escritórios de Advocacia) é o desafio de se reinventar e tentar sair da posição de zona de conforto que estiveram durante as últimas décadas.

O grande desafio é a mudança do “mindset” para entender que o mercado passou de “sellers pricing” para “buyers pricing” e que esse mesmo mercado espera que todos os seus fornecedores sejam empresas que ofereçam serviços ágeis, inovadores e mais baratos.

Nesse exato ponto é que entra a aplicação das novas tecnologias, mas com uma grande observação: “Só a tecnologia não garante a inovação. Precisa haver um pensamento estratégico inovador para que a tecnologia possa ajudar a implementá-lo!”.

Esse pensamento engloba alguns pontos fundamentais que toda empresa deve estar atenta no atual mercado digital:


• estar totalmente voltada para as necessidades de seus consumidores (lembrando sempre que escritórios devem começar a tratar seus clientes com o conceito mais amplo de consumidores). Oferecer efetivamente o que o mercado quer e não o que se sabe fazer (se as duas coisas coincidirem, melhor ainda);
• estar totalmente atenta à competição e sempre tentar estar um passo à frente;
• mudar a gestão para “data centric”, deixando o amadorismo e achismo de lado;
• tentar ser inovadora, sem deixar de se preocupar paralelamente a sempre melhorar e otimizar seus procedimentos e práticas internas;
• apresentar um serviço que realmente agregue valor ao cliente.
Tudo isso com utilização intensa de todas as tecnologias disponíveis no mercado!





José Paulo Graciotti - consultor, autor do livro “Governança Estratégica para escritórios de Advocacia”,  sócio da GRACIOTTI Assessoria Empresarial, membro da ILTA – International Legal Technology Association e da ALA – Association of Legal Administrators. Há mais de 28 anos implanta e gerencia escritórios de advocacia - www.graciotti.com.br.


Novo golpe do FGTS atingiu mais de 70 mil pessoas


Armadilha, compartilhada via WhatsApp, promete resgate de valores de até R$ 1.900 



O dfndr lab, laboratório da PSafe especializado em cibercrime, identificou um novo golpe envolvendo suposto saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Mais de 70 mil usuários do app dfndr security foram impedidos de acessar a nova armadilha, que está no ar há pouco mais de 24 horas e promete resgate de valores de até R$1,9 mil a pessoas que tiveram um vínculo formal de trabalho (CLT) em algum período entre 1998 e 2018.

Disseminada via WhatsApp, a página falsa se assemelha a outra URL maliciosa que impactou mais de 360 mil pessoas em maio de 2017, mesma época em que houve de fato liberação de dinheiro de contas inativas do FGTS. Ao entrar no link, a vítima é induzida a responder algumas perguntas, como “Você está registrado atualmente?” e “É maior de 18 anos?”. Independentemente das respostas, ela é encaminhada a uma nova página que supostamente atesta o direito de receber o dinheiro e pede para que ela compartilhe a página com amigos antes de mostrar uma lista com nomes de beneficiários. Desta forma, o cibercriminoso consegue disseminar com maior velocidade o seu golpe, atingindo um maior número de vítimas.

Segundo Emílio Simoni, diretor do dfndr lab, o objetivo desse golpe é encaminhar o usuário a se cadastrar em serviços de SMS pago. “A partir do momento em que este cadastro ocorre, sem perceber, a vítima fica vulnerável a cobranças indevidas”, esclarece.
Para dar mais realismo ao ataque, os hackers criam comentários de falsos usuários elogiando a promoção, como, por exemplo, “Acabei de sacar o meu”, “deu certo comigo!” e “meu nome está na lista, vou sacar”.




Para não cair nessas ameaças, Emílio Simoni afirma que é preciso adotar soluções de segurança que disponibilizam a função de bloqueio anti-phishing, como o dfndr security, cujo sistema é capaz de analisar todas as ameaças existentes no mundo virtual e bloqueá-las instantaneamente. “Além disso, é importante que o usuário crie o hábito de se certificar se as páginas de promoção e de Facebook realmente pertencem às marcas mencionadas”, afirma Simoni.  


Posicionamento da Caixa Econômica Federal:


A Caixa Econômica Federal esclarece que não envia mensagens sobre saques das contas vinculadas ao FGTS e que disponibiliza orientações de segurança em seu portal da internet e em suas agências com o objetivo de alertar seus clientes quanto a golpes, seja por e-mails, spam, whatsapp, sites falsos ou por telefone. 

A CAIXA informa que o trabalhador pode verificar informações regularmente por meio do App FGTS, do endereço eletrônico www.caixa.gov.br/fgts, área “Serviços para o Trabalhador”, opção “Extrato do FGTS” ou pelo telefone 0800 726 0207 – ATENDIMENTO AO TRABALHADOR. O trabalhador também pode optar pelo recebimento de informações via SMS, via dispositivo móvel de telefonia, onde obtém, mensalmente, as informações sobre os depósitos, créditos de remuneração da conta e saldo da conta vinculada.





LULA preso? Nem ALEGRIA e nem TRISTEZA...


Não me alegro, em nada, com a decretação da prisão de Lula. Mas, também não estou triste. Na vida social, nas relações entre indivíduos e grupos, somos, sempre, em última instância, responsáveis pelas nossas decisões. Obviamente, Lula tem - e sempre terá - sua dimensão política e o legado de seus governos.
 No governo, acertou e errou. O problema dele, nos últimos tempos saiu da esfera política e adentrou na seara jurídica. Essa condenação e a prisão decretada é apenas a primeira de outros processos que responde e mas não sabemos o resultado das outras ações. Há para muitos a ideia, uma narrativa petista, de que o Juiz Sergio Moro foi um dos articuladores de uma perseguição, um golpe, contra Lula, um inocente. Mais do que Moro, a prisão de Lula seria uma forma de impedi-lo de voltar à Presidência, uma grande trama, com os norte-americanos. A Globo, a Veja, as elites, enfim, uma avassaladora articulação para defenestrar Lula e os petistas, mas, vejamos: além de Moro, foram outros três desembargadores (TRF-4), mais cinco do TSJ e, ontem, mais seis Ministros do Supremo, ou seja, 15 membros do Judiciário brasileiro, do Juiz de primeira instância aos ministros do STF. Para Lula e os militantes, nada disso teve validade, mas se, ao contrário, ontem, a decisão do HC lhe fosse favorável, a justiça teria sido feita ou reestabelecida.

Lula é um ser político no seu âmago. Advogados, provavelmente, pedirão que se entregue acatando a ordem judicial. Os militantes e o próprio Lula farão, por certo, um evento de caráter político, de resistência, de enfrentamento. Podem querer impedir a prisão de Lula, dando ao Estado, como monopólio legítimo da violência, a possibilidade de usar de forças policiais. Militantes podem enfrentar a polícia e, também, muitos outros podem querer enfrentar essa militância.

 Nada, nada mesmo, desse cenário é bom para nossa sociedade. Terá Lula e os dirigentes petistas discernimento ou continuarão a enfrentar as decisões judiciais e gerar, ainda mais, beligerância e desrespeito às instituições e à república? Não sei responder, mas não conto muito com discernimento.

Não estou feliz e nem triste. Todos devem responder pelas suas escolhas. Ações humanas não são meramente instintivas: são ações com dimensão moral e com uma capacidade inerente aos humanos, que é, antes de agir, ponderar as consequências e o resultados.





Rodrigo Augusto Prando - Cientista Político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. É Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp/FCLAr.


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