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sexta-feira, 6 de abril de 2018

A antirrepublicana vitaliciedade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal


O regime monárquico se distinguiu do republicano precisamente em razão da vitaliciedade.

Reis conservavam sua condição até a morte. E eram irresponsáveis, no sentido de não responder a ninguém por seus atos.

Autoridades políticas exercidas sem prazo determinado, porém, não fazem bem a nenhuma nação. Trata-se de um postulado básico do republicanismo. Deixa-se a atividade privada para exercer uma atividade pública, mas por período previamente previsto. Trata-se de um mandato, representação temporária conferida pela sociedade a determinada pessoas; com começo e fim.
                                                                    
Todos os magistrados são vitalícios. Não há paralelos. Alguém duvida que a vitaliciedade é instrumento de autoritarismo? Essa perenidade dos magistrados leva ao excesso ou abuso de autoridade; autoridade que só deveria ser empregada para garantia das funções, não para pôr-se acima dos cidadãos comuns e, por conseguinte, reinar, como o faziam os reis, nos limites de suas respectivas competências e jurisdição desses juízes.
                                                               
Levado a fundo tal aspecto, nenhum magistrado deveria ser vitalício. A Justiça seria renovada periodicamente, assim como ocorre relativamente aos demais poderes.

Entretanto, num país organizado e sedimentado sob essa condição, uma transformação de tal magnitude, hoje, seria desorganizar o poder judiciário e comprometer a prestação da justiça ao povo.  Algo que poderia levar ao caos e que tem manifesta feição utópica.

Isso para os magistrados de primeiro e segundo grau.

Para os Ministros do STF,  nomeados pelo chefe do Poder Executivo, e cuja característica política, não se cansam seus membros de dizer, em especial o Ministro Gilmar Ferreira Mendes, sobrepõe-se à natureza jurídica (vinculada à lei) de suas funções, nada impediria que fossem substituídos, pelo menos de cinco em cinco anos, quando seus nomeantes também podem ser substituídos - e o são - pelo mecanismo das eleições. Se não estão vinculados às leis, sua vitaliciedade é uma ilha de cobras no arquipélago da República.

Se falamos em três poderes, não há razões para que o Executivo e o Legislativo não tenham membros vitalícios, enquanto o são os Ministros do STF. Daí o poder hipertrofiado destes, que cansamos de presenciar nos últimos tempos. Ao se falar em três poderes,  precisamos entender que não nos referimos ao Judiciário como um todo, desde os juízes de primeira instância. Nessa relação de independência e harmonia, o Judiciário é apenas o STF, que, reitere-se,   quer-se político e, portanto, deve seguir as respectivas regras de transitoriedade.

Essa atemporalidade de equilíbrio entre os três poderes é o antídoto a autoridades que passam de todos os limites, como tem passado, sobretudo, o Ministro referido. A matéria está mais do que apresentada ao Congresso Nacional. Somente é preciso que seja enfrentada e deliberada, para o bem de nossa democracia.






Amadeu Garrido de Paula - Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.


Ameaça oculta: brasileiros estão entre as maiores vítimas


Especialistas da Kaspersky Lab encontraram evidências de que criminosos escondem mineradores disfarçados de aplicativos de VPN e de transmissão de jogos de futebol  

Os pesquisadores da Kaspersky Lab descobriram que um número crescente de criminosos virtuais está voltando sua atenção para softwares maliciosos que executam mineração de criptomoedas às custas dos dispositivos móveis dos usuários. Esses criminosos estão ficando mais ambiciosos e, hoje em dia, não usam apenas malware, mas também ferramentas de risco, ocultando funcionalidades de mineração em aplicativos populares de futebol e de Rede Privada Virtual (VPN) para lucrar em cima de centenas de milhares de vítimas sem seu conhecimento.
A mineração de moedas criptografadas, um tema tão em alta nos dias de hoje, não poderia ser ignorado pelos criminosos virtuais em sua busca por lucros cada vez maiores. Eles mineram computadores, servidores, laptops e dispositivos móveis. No entanto, não usam somente malware de mineração. Os especialistas da Kaspersky Lab encontraram evidências de que os criminosos estão incluindo funcionalidades de mineração em aplicativos legítimos e os espalhando disfarçados de aplicativos de VPN e de transmissão de jogos de futebol, sendo o Brasil e a Ucrânia as maiores vítimas.

Segundo os dados da Kaspersky Lab, os “mineradores legítimos” mais populares são os aplicativos relacionados ao futebol. Sua principal função é transmitir vídeos de jogos e, ao mesmo tempo, minerar criptomoedas discretamente. Para isso, os desenvolvedores usaram o minerador em JavaScript Coinhive. Quando os usuários iniciam a transmissão, o aplicativo abre um arquivo HTML com o minerador em JavaScript incorporado, convertendo a capacidade da CPU dos visitantes na criptomoeda Monero e beneficiando seu criador. Os aplicativos foram disseminados via Google Play Store, e o mais popular deles foi baixado cerca de 100 mil vezes, sendo que 90% desses downloads eram origem brasileira.

Aplicativos legítimos responsáveis por conexões VPN tornaram-se o segundo alvo dos mineradores maliciosos. É por meio da VPN, Virtual Private Network ou Rede Virtual Privada, que os usuários podem, por exemplo, obter acesso a recursos da Web que, de outra maneira, não estariam disponíveis devido a restrições de local. A Kaspersky Lab descobriu o minerador Vilny.net, que é capaz de monitorar a carga da bateria e a temperatura do dispositivo para ganhar dinheiro com menos risco para os dispositivos atacados. Com esse propósito, o aplicativo baixa um executável do servidor e o processa em segundo plano. O Vilny.net foi baixado mais de 50 mil vezes, em sua maioria por usuários da Ucrânia e da Rússia.

Os produtos da Kaspersky Lab detectam esses aplicativos como ferramentas de risco.

Nossos resultados mostram que os criadores de mineradores mal-intencionados estão expandindo seus recursos e desenvolvendo suas táticas e sua abordagem para realizar a mineração de moedas criptografadas de maneira mais eficaz. Hoje, eles usam aplicativos temáticos legítimos com funcionalidades de mineração para alimentar sua ganância. Dessa forma, conseguem ganhar duas vezes com cada usuário. Primeiro, por meio da exibição de um anúncio e, depois, com a discreta mineração de criptomoedas”, explica Roman Unuchek, pesquisador de segurança da Kaspersky Lab.

Os pesquisadores da Kaspersky Lab recomendam que os usuários adotem as seguintes medidas para proteger seus dispositivos e dados particulares de possíveis ataques cibernéticos:

• Desative a opção de instalar aplicativos de fontes que não sejam as lojas oficiais de aplicativos;
• Mantenha a versão do sistema operacional do dispositivo atualizada para reduzir as vulnerabilidades de softwares e o risco de ataques;
• Escolha apenas aplicativos de fornecedores confiáveis – especialmente aqueles voltados para proteger sua privacidade quando estiver online (por exemplo, VPN)
• Instale uma solução de segurança comprovada para proteger seu dispositivo de ataques virtuais


Kaspersky Lab

Lula, a vontade coletiva e o culto da personalidade


Um dos mais argutos filósofos, de certo modo desconhecido, Frans Schopenhauer, sustenta que a vontade é o motor (coisa-em-si) de tudo quanto existe, natureza, homem, humanidade; não se trata da vontade individual de comer, por exemplo, mas da grande vontade que movimenta todos os fenômenos. Expôs o filósofo sua teoria num dos mais preciosos livros dos dois últimos séculos, denominado  "O mundo como vontade e como representação".

O problema é que a vontade, voltada ao melhor mundo possível, como dizia seu colega Leibniz, é constatada, no mundo real, com sua negação reiterada. A vida proporciona tristezas que são mais contundentes, e perduram mais em nossas memórias, que os passageiros momentos de alegria. Estes são muito mais fugazes, passageiros. Todos sentimos que é assim mesmo.
                                                     
A humanidade fica mais sujeita aos sofrimentos, que marcam a existência geral. Por isso, nosso pensador foi conhecido como o filósofo do pessimismo, o que deve ter justificado a fuga de seus seguidores, porque todos nós queremos ser felizes e temos medo das tragédias. Qual a razão de viver um mundo de sofrimento? Entretanto, no exame profundo de sua filosofia, vemos conceitos perturbadores dessa simples desolação: conhecer a verdade faz com que o homem conviva com os ventos contrários; e aprofundar nossa felicidade, torná-la possível em cada momento da vida, é nossa grande luta para escapar daquela vontade fundamental e incontrastável, metafísica, da "sofrência".

Decorre que nenhum homem, por seu carisma, por sua capacidade de comunicação às grandes massas, por sua vocação à liderança, consegue transformar esse estado de coisas, que é dependente de cada um de nós, não de um outro homem, por mais poderoso que seja.

Consequentemente, o culto da personalidade é uma redução ao absurdo de nossa consciência. Alienamo-nos e deixamos a outrem o encontro de nossa felicidade.

Fés religiosas como as que encontramos no budhismo, no brahmanismo, no catolicismo, condenam o culto da personalidade. No entanto, o homem, em sua fragilidade psíquica e espiritual, em sua história, busca o nirvana, a terra prometida, o paraíso, na ação política de outros homens. Os tempos mais recentes conviveram com o culto à personalidade de Vladimir Lênin, Joseph Stálin, Adolph Hitlher, Mao Tsé Tung. Todos os resultados frustrantes do acontecimento dito como AQUELE QUE VIRÁ, MAS QUE NUNCA VEIO E NÃO VIRÁ, estão aí, devidamente registrados.

No Brasil, talvez não pudéssemos fugir do fenômeno. Conhecemos os episódios de Antonio Conselheiro, Padre Cícero e, em tempos modernos, a adoração de Lula, por expressiva parte da população, especialmente do sofrido nordeste. Este último atinge o término do culto, que não poupou nenhuma das personalidades veneradas, do modo menos nobre possível, prisão por corrupção comprovada. O homem endeusado, em seu íntimo, tinha fragilidades que vontades coletivas não poderiam admitir.
                                                   
É provável que hoje seja seu primeiro dia de encarceramento. O culto transforma-se numa peça teatral de tragédia, encenada por seus adeptos, que fazem do acontecimento algo extraordinário e que confirma a percepção do filósofo alemão: o mundo objetivo é feito de ilusões, que somente cada um de nós pode desfazer, por meio do conhecimento do real e das práticas menos gananciosas, satisfeitas nossas necessidades materiais razoavelmente, como a arte em geral, a poesia, a música, a pintura, a arquitetura, enfim de tudo aquilo que pode transformar nossas vidas para o bem, independentemente de esperarmos um milagre a cargo de um outro ser humano, tão limitado como nós.

Hoje é o dia brasileiro da demonstração do equívoco das esperanças vãs, do culto da personalidade e de um dia sublime, em que um notável acontecimento histórico transformaria para melhor nossas vidas.






Amadeu Garrido de Paula - Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.

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