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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

90% dos recrutadores acreditam não estar preparados para contratar profissionais com deficiência



No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, pesquisa conduzida pela i.Social, em parceria com a ABRH, ABRH SP e Catho, mostra que despreparo e preconceito dos gestores são os principais entraves para a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho


O dia 03 de dezembro é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e as notícias ainda permanecem desfavoráveis a essas pessoas quando o assunto é trabalho. Pesquisa “Pessoas com deficiência – expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho” conduzida pela i.Social, consultoria com foco na inclusão social e econômica de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, em parceria com a ABRH Brasil, ABRH São Paulo e Catho, apontou que 90% dos profissionais de RH acreditam que não estão ou poderiam estar melhores preparados para contratar profissionais com deficiência ou, ainda, oferecer suporte para os gestores desses profissionais.

Além do despreparo de quem os contrata, os profissionais com deficiência têm de enfrentar um obstáculo ainda pior: o preconceito. Entre os pesquisados, 50% afirmaram ter sofrido algum tipo de preconceito no ambiente de trabalho, seja do chefe, colegas ou até mesmo dos clientes. Para 64% dos gestores entrevistados, há sim resistência quando é apresentado a eles um candidato com deficiência.

“Não houve melhora nesse índice com relação à pesquisa do ano anterior, o que denota a necessidade de intensificar as ações das empresas junto aos gestores para que a inclusão de pessoas com deficiência aconteça mais naturalmente”, afirma o sócio-diretor da i.Social, Jaques Haber.

Prova de que as empresas ainda precisam melhorar seus processos de contratação de pessoas com deficiência é que, de acordo com as respostas, de 28% dos profissionais de RH, a empresa em que trabalham não possui um programa de inclusão. Das empresas que possuem um programa, 13% afirmaram que a responsabilidade da gestão é do RH, 4% disseram que é apoiado pela liderança e apenas 10% possuem orçamento próprio para ações de inclusão.

Sobre a Lei de Cotas, se por um lado ela permitiu um acesso maior dos profissionais com deficiência ao mercado de trabalho, por outro, não ajudou na melhora da qualidade das vagas. Segundo 88% dos recrutadores entrevistados, as empresas contratam pessoas com deficiência com foco unicamente no cumprimento da Lei de Cotas. “Esse dado demonstra a importância da legislação para a inclusão, mas preocupa com relação à qualidade do processo. Processos seletivos precisam ter como foco a escolaridade, a qualificação e a experiência profissional dos candidatos, e não simplesmente o pretexto de uma contratação pelo tipo de deficiência do profissional ou apenas para o cumprimento da cota”, explica o diretor de RH da Catho, Murilo Cavellucci.

Ainda de acordo com o levantamento feito junto aos recrutadores, a maior barreira para as pessoas com deficiência no mercado de trabalho é a falta de acessibilidade (19%). Porém, para 78% dos profissionais com deficiência entrevistados, não há necessidade de acessibilidade no ambiente de trabalho, o que corrobora com a informação de que incluir pessoas com deficiência no quadro de colaboradores de uma empresa não necessariamente envolve mudanças arquitetônicas nas áreas internas e externas da companhia. Entretanto, isso não diminui a importância desse assunto, visto que 14% dos respondentes afirmaram precisar de vagas reservadas, sanitário acessível, rampas que facilitem sua circulação, etc.

“Sobre esse ponto, a pesquisa mostra que mais da metade dos respondentes são profissionais que estão desempregados, têm alta escolaridade, idade economicamente ativa e deficiência adquirida. Esses dados permitem inferir que, antes da deficiência, havia uma possível condição de vida com experiência profissional e, nesse sentido, as principais preocupações das empresas no que diz respeito à acessibilidade, se desfaz”, finaliza Haber.

Realizada entre os meses de setembro e outubro, a edição 2017 da pesquisa “Pessoas com deficiência – expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho”, contou com respostas de 1.091 pessoas com algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida e 1.240 profissionais de RH, cuja maioria ocupa cargos de analista ou coordenador, seguidos de assistente e gerente.  São profissionais que estão na linha de frente na inclusão de pessoas com deficiência e que vivenciam os desafios inerentes a este processo.





Falta transparência prejudica empresas que pedem recuperação judicial



A fiscalização das atividades das empresas em Recuperação Judicial ainda enfrenta barreiras decorrentes da falta de transparência das informações transmitidas pelos Administradores Judiciais, conforme aponta estudo recentemente divulgado pelo Instituto Recupera Brasil.
 
Considerando a extrema relevância do papel exercido pelos Colaboradores da Justiça nomeados como longa manus dos magistrados para atuarem além das tarefas processuais, o estudo buscou evidenciar se os agentes estão cumprindo requisitos tidos como básicos para fornecer aos credores elementos suficientes para a tomada de decisões, seja para votação dos planos de recuperação judicial, para mensuração de expectativas de recebimento dos créditos ou mesmo para conceder novos créditos no curso do procedimento recuperacional.

De acordo com o levantamento, cerca de 27% dos casos de recuperação judicial não contemplam qualquer informação prestada pelos administradores judiciais, sendo que 20% permanecem sem relatórios mesmo após 90 dias do início dos trabalhos de acompanhamento e fiscalização das atividades.

Eleitos pelo estudo 44 parâmetros necessários para o bom acompanhamento das atividades das empresas em recuperação judicial que vão desde análise de informações contábeis básicas como receita bruta, lucro/prejuízo e caixa das devedoras até margem EBITDA e índices de liquidez, apurou-se que grande maioria dos auxiliares nomeados pela Justiça não avaliam nenhum ou ponderam poucos dos parâmetros considerados essenciais pelo apontamento.

Verifica-se, portanto, que os administradores judiciais via de regra limitam-se a levar poucos indicadores ao conhecimento dos credores e demais stakeholders, geralmente aqueles “extraídos quando da simples leitura do demonstrativo mensal de resultados (DRE) elaborado pela contabilidade da empresa recuperanda”.

O que se conclui é que na maior parte dos processos de recuperação judicial não há qualquer análise valorativa sobre às informações pálidas que poderiam ser simplesmente apresentadas pelas próprias devedoras.

Assim, o processo de evolução do instituto de recuperação judicial passa pela premissa de que os profissionais que atuam na administração judicial devem alcançar expertise iniciando a atuação em casos de menor expressividade econômica e propo       rcional grau de dificuldade, observando práticas que revelem a efetiva proximidade sobre a realidade da empresa fiscalizada, galgando espaço no mercado para futuras nomeações em casos de maior complexidade, que dependerão de atuação profissional, multidisciplinar e especializada.







Carolina Merizio Borges de Olinda - advogada especializada em Direito Falimentar e Recuperação de Empresas. Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP, especialista em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sócia responsável pelo departamento jurídico especializado em administração judicial e de consultoria empresarial voltada para atuação em casos de recuperações judiciais e falências da Capital Administradora Judicial. Vice-Presidente do Instituto Recupera Brasil – IRB.





Saúde e conservação: ameaças aos macacos também põem humanos em risco




 
Muriqui-do-norte está entre as espécies mais ameaçadas
Créditos: Central Press


Existem cerca de 500 espécies de primatas no planeta Terra e 60% delas correm risco de extinção. No Brasil, país com o maior número de espécies conhecidas, 35 das 139 são consideradas ameaçadas, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). No entanto, as principais ameaças aos macacos também são grandes riscos para a humanidade, e a maior parte é gerada justamente pelo homem.

Um exemplo é o novo ciclo de febre amarela que preocupa o Estado de São Paulo. A morte de aproximadamente 300 macacos até o início de novembro provocou o fechamento de parques como o Horto Florestal e o Parque Ecológico do Tietê, entre outros. De acordo com o especialista em primatas e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Sérgio Lucena Mendes, o desenvolvimento da doença se torna mais propício pela redução das áreas silvestres e consequente avanço das cidades. Quando adicionamos outros fatores, como mudança climática, por exemplo, a equação se torna ainda mais complicada. “É preciso ver o surto com um olhar ecológico, além da preocupação com a saúde humana. Para controlar a febre amarela é preciso, necessariamente, preservar os habitats naturais e suas espécies nativas. Desflorestar e matar macacos não impede a circulação do vírus da doença e pode até piorar a situação”, analisa.

O especialista explica a relação entre a sobrevivência de humanos, dos primatas e o desmatamento. “Enquanto os macacos precisam da floresta para sobreviver e são afetados diretamente pelo desmatamento, nós humanos gostamos de acreditar que não sentimos os impactos tão rapidamente e invadimos o habitat deles para plantar ou para realizar obras. O que não percebemos é que os serviços ambientais prestados pelas florestas são essenciais para nós. Qualidade do ar, abastecimento e qualidade da água, manutenção da temperatura e do clima, entre outros, são vitais para a humanidade”, analisa Mendes.

Um estudo publicado em janeiro, na Revista Science Advances divulgou que além das espécies ameaçadas, outras também devem desaparecer nos próximos 25 anos, a não ser que a conservação se torne uma prioridade. A expansão da humanidade pode ser citada como a principal causa para a redução que está sendo observada. A perda de habitat, causada pelo desmatamento, é uma das razões mais impactantes, explica o biólogo Fabiano Melo, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN). “A redução de habitat é a principal causa de ameaça aos primatas há décadas, com a caça sendo um impacto decisivo nesses ambientes fragmentados”. O desmatamento que acontece em todo o País é consequência de grandes obras de infraestrutura, da ampliação do agronegócio e do crescimento humano desordenado, entre outras questões”, alerta.


Planeta dos macacos em risco

A redução da população de primatas no Brasil e no mundo é um alerta importante por diversos aspectos. Além do desmatamento, uma ameaça mais visível, há também outros fatores relevantes, como o grau de conservação das florestas e questões de saúde tanto dos animais como da comunidade.

A bióloga Cecília Kierulff explica que a diversidade de animais também é importante para a manutenção da qualidade de vida das pessoas. “Além da preocupação com o desmatamento, também temos que garantir a presença de diferentes animais nessas áreas. Não basta ter uma floresta vazia, é preciso ter toda uma rede de animais que exercem diferentes funções na natureza, desde insetos polinizadores até animais como onças e gaviões que estão no topo da cadeia”, conta ela, que também faz parte da RECN.

A febre amarela é outro exemplo de como a degradação das florestas pode prejudicar o bem-estar da comunidade e colocar em risco as populações de primatas. No início do ano, milhares de mortes, tanto de humanos e muito mais de primatas, aconteceram devido à contaminação provocada por mosquitos dos gêneros Sabethes e Haemagogus, que vivem especificamente em ambientes florestais. A proximidade cada vez maior das áreas urbanas às florestas facilita a disseminação da doença, que é letal para os primatas e dizimou espécies nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte. “A saúde humana está intimamente relacionada à saúde do meio ambiente. O controle da febre amarela inclui, necessariamente, a preservação dos habitats naturais e suas espécies nativas”, alerta Sérgio Lucena Mendes, que também ressalta: “com a volta das temperaturas altas, a doença pode voltar a ter as mesmas consequências que vimos no início do ano. Alguns casos de morte de macacos em São Paulo já nos apontam nessa direção”. Com a falta de vacinação, uma tragédia muito maior pode ocorrer, uma vez que o mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e da zika, conhecido como Aedes aegypti, também pode ser o vetor da febre amarela nas áreas urbanas, potencializando os riscos. Felizmente, isso não ocorre no Brasil desde 1942.


Conservação da saúde e do meio ambiente

Como a conservação dos primatas e a preservação do habitat onde vivem são fatores intimamente ligados, pesquisadores de diferentes áreas do Brasil atuam em projetos que atuam em ambas as frentes.

A bióloga Cecília Kierulff, por exemplo, comemora a ampliação da Reserva Biológica União, criada em 1998 na região de Rio das Ostras, no estado do Rio de Janeiro. O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) estava extinto no local, mas, em 1994 Cecília remanejou 42 micos-leões-dourados para a área por meio de um projeto apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Hoje há mais de 300 micos-leões na Reserva. Além do benefício para o meio ambiente, que ganhou mais uma área de proteção ambiental, que beneficia todas as espécies que ali existem, os micos puderam passar de “Criticamente em Perigo”, de acordo com a classificação da Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, a chamada Lista Vermelha, para “Em Perigo”. Apesar de continuar ameaçado, a situação de conservação do mico-leão-dourado melhorou.

Na região Sudeste, o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), uma das espécies de primatas mais ameaçadas do mundo, está sendo beneficiado por dois projetos apoiados pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Um no Espírito Santo, que prevê a elaboração de um plano de manejo e maior conhecimento da população de muriquis na região serrana do estado, além de ações de conscientização e engajamento da comunidade. Em Minas Gerais, a conservação do muriqui-do-norte ganhou apoio tecnológico inédito, com o desenvolvimento de um drone com câmera ultra HD e termal para monitoramento da espécie.

O mesmo acontece com o muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides). Uma pequena população da espécie, que era considerado extinto no Paraná há décadas, foi encontrada em fragmentos florestais, em 2002, em uma região com baixa densidade populacional. Esse fato ressaltou a importância da conservação dessas áreas em que a espécie ainda sobrevive. Carlos Hugo Rocha, engenheiro agrônomo, professor da UEPG e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, conduz o projeto para caracterização socioeconômica da região, no Vale do Ribeira, no Paraná. O objetivo é apoiar estudos para a criação de uma área protegida associada à definição de políticas públicas para a conservação do muriqui-do-sul, que é considerado “em Perigo”, pelo ICMBio.




Sobre a Rede de Especialistas de Conservação da Natureza
Rede de Especialistas de Conservação da Natureza é uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.



Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.528 projetos de 501 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país.  Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.br, www.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario

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