A partir da próxima
segunda, 17, quem tem contrato de financiamento na Caixa Econômica Federal com
recursos da poupança, por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo
(SBPE), não poderá mais tomar outro crédito dessa linha. Em nota, a CEF
informou que essas operações representam apenas 2,4% da quantidade de
financiamentos concedidos pelo banco. Segundo a instituição, o foco em 2015 são
imóveis novos, com destaque para a habitação popular, operações do Minha Casa
Minha Vida e recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Para especialista da
Associação Brasileira de Mutuários da Habitação (ABMH), o principal motivo desta
mudança é falta de captação de recursos na poupança.
De acordo com o
diretor executivo do escritório de representação da ABMH em São Paulo,
Alexandre Naves Soares, desde o ano de 2014, o SBPE tem sofrido grandes saques
e, com isso, diminuído bastante os recursos disponíveis para o Sistema
Financeiro da Habitação (SFH). "O problema se agravou no início deste ano,
quando foram divulgados diversos boatos sobre um possível 'confisco' dos
depósitos realizados em cadernetas de poupança, como ocorreu no governo
Fernando Collor, no início da década de 1990. Desde então, com a alta da
inflação e aumento da Selic, a poupança deixou de ser um investimento
atrativo", analisa.
A mudança prejudica,
principalmente, as pessoas que têm interesse em adquirir um segundo imóvel por
meio de um financiamento. No entanto, há outras alternativas, como buscar
outras linhas de crédito em outras instituições financeiras, via consórcio,
financiamento direto com o vendedor, conforme Soares. "Atualmente, vários
outras instituições - como o Banco do Brasil e o Itaú - têm intensificado a
oferta de crédito para financiamento imobiliário. Como o mercado financeiro
anda instável, as operações lastreadas em garantia de bens imóveis (através da
alienação fiduciária) têm sido uma boa forma de manter o ritmo dos
empréstimo."
Além do financiamento
em outras instituições, se o comprador não tiver urgência do imóvel, pode optar
por um consórcio imobiliário. Outras alternativas são o aluguel ou fazer uma
poupança e pagar à vista, como acrescenta o diretor do escritório de
representação da ABMH em Sorocaba, Ricardo Pereira Chiaraba. "Independente
de qual seja a escolha, a medida terá pouco impacto negativo no mercado
imobiliário. Como divulgado pela Caixa, o financiamento do segundo imóvel representa
apenas 2,4% dos empréstimos concedidos no SFH. De qualquer forma, em um cenário
pouco promissor para o mercado imobiliário, qualquer medida que tenha por
objetivo restringir o crédito é vista como uma má notícia", constata.