Apesar do repertório e experiência, conduta inapropriada e inesperada pode causar problemas tanto para o profissional quanto para a empresa
Trabalhar em equipe, buscar novas habilidades,
respeito ao próximo e inteligência emocional. Tudo isso tem um papel importante
na hora de desempenhar um papel profissional em uma empresa. E isso é crucial
para que os candidatos não só conquistem a vaga, como se mantenham nela.
De acordo com um estudo da Page Personnel, 90% dos
profissionais são contratados pelo seu perfil técnico, mas demitidos pelo seu
perfil comportamental. Ou seja, não adianta muito ter graduações, cursos,
habilidades técnicas se o profissional não tem um bom relacionamento com as
pessoas a sua volta e colegas de trabalho.
“Os colaboradores de uma forma geral, precisam desenvolver cada vez mais a inteligência emocional, desenvolvendo assim o relacionamento interpessoal, a adaptabilidade a inúmeras adversidades, toda essa mudança de comportamento fará com que muitos passem a observá-lo, inspirando-se nele. Porém, o que se observa ainda, em alguns ambientes corporativos, é a presença do egocentrismo, postura impositiva, intolerante. Atualmente, as empresas não estão tolerando mais este tipo de comportamento. Sabe-se que é difícil esta transição, esta mudança. Colocar em prática a fala: ‘nós’, ‘nosso’, ‘equipe’, o que chamamos de colaborativismo, que é o que o mercado cada dia mais exige dos profissionais. Muitos profissionais ainda não acreditam que sua performance é impactada pela ausência dessa habilidade comportamental, onde acabam acordando, ou popularmente falando: ‘a ficha só cai’, quando o percentual de rejeição relacionado a ele aumenta, causando assim o seu desligamento”, diz Daniel Alves, consultor empresarial da NID CONSULTORIA e especialista em gestão organizacional.
Alertas de que um profissional enfrenta problemas
comportamentais
Existem alguns alertas que indicam quando um
profissional não se encaixa não só na cultura da empresa, mas também com a
proposta do trabalho o qual é designado para fazer.
Se o trabalho é uma obrigação, a estagnação pode
tomar a frente, junto com a desmotivação. É possível e também importante que a
pessoa goste do que faz. Pelo contrário, é um sinal para sair de onde está.
É preciso estar atento e identificar o quanto antes
o comportamento dos colaboradores. Um profissional que não realiza suas
entregas, não cumpre com os compromissos acordados, e demonstra pouco interesse
em suas tarefas é um alerta para os gestores reverterem a situação.
“O papel do gestor é extremamente importante neste
momento. É ele quem será responsável em tentar trazer este profissional para o
‘jogo’ novamente. É ele que será o responsável por apresentar ao profissional
os novos desafios a serem superados pela equipe e por este profissional. É
importantíssimo lembrar, que o resgate deste profissional deverá contar com a
ajuda da equipe de Gente e Gestão, muitas vezes também conhecidos por Gestão de
Pessoas, pois só assim de forma conjunta, será possível identificar habilidades
deste colaborador. As equipes de Gente e Gestão, tem um papel imprescindível
neste momento, pois será através do programa de T&D (Treinamento e
Desenvolvimento) de profissionais, que identificará as habilidades e
desenvolverá nestes profissionais as habilidade e competências comportamentais
que a área exige, e não apenas as habilidades técnicas”, diz Daniel Alves -
consultor empresarial da NID CONSULTORIA e especialista em gestão
organizacional.
Vale também ficar de olho na saúde física. Ela é
diretamente impactada pela saúde mental. Ou seja, se há muitos problemas de
saúde, isso é um alerta de stress e somatização. Problemas de pressão,
ansiedade, ataques de pânico podem gerar um grande impacto na vida.
É papel do gestor, também, ser responsável por
promover um ambiente que estimule os funcionários a terem um bom comportamento.
Além disso, é importante ressaltar sobre o equilíbrio entre vida profissional e pessoal: tirar da cabeça as demandas, o local de trabalho e o foco no mundo corporativo pode ser um problema.
“É importantíssimo que o profissional saiba o momento que ele vive, que ele se
encontra. Se ele estiver certo de que chegou no ponto máximo de crescimento
naquela empresa, ou o momento da carreira dele pede uma mudança, é importante
que ele saiba renunciar de forma inteligente, para que não prejudique a sua
imagem, reputação e não gere impacto no time, na equipe que ele faz parte.
Exemplo: Quando todos os desafios propostos a ele, não o fazem com que ele
deslumbre crescimento pessoal e profissional, fazendo com que ele reclame de
tudo e de todos, fazendo com que o seu comportamento fique apático, não
contribuindo para o êxito das tarefas, impactando assim na performance da
equipe”, diz Daniel Alves.
Gestão de tempo também é essencial
Um profissional organizado é também um profissional
que sabe gerir o seu tempo de maneira eficiência. A recompensa disso pode ser
não só aumento na produtividade, mas benefícios para a saúde mental.
“Planejar as tarefas do dia, praticar exercícios
físicos, alimentar-se de forma equilibrada, cultivar seus relacionamentos,
tirar um tempo só para você, tire férias e se desligue totalmente do trabalho
e, especialmente, cuide da sua mente tanto quanto do seu corpo”, comenta o
consultor empresarial
E quando o funcionário é quem pede demissão?
O Brasil, assim como o mundo, passa neste momento
por uma onda de demissões voluntárias. Dados do Blue Management Institute (BMI)
indicam que 75% dos profissionais que abandonam seus empregos buscam por
realização pessoal em outra atividade e desejam maior flexibilidade no
trabalho. O levantamento entrevistou 48 líderes de empresas com receitas anuais
acima de R$ 1 bilhão durante março deste ano.
Isso surge no contexto da pandemia, e 54% dos
entrevistados dizem que passaram a priorizar o modelo de trabalho híbrido. Em
seguida, os motivos para pedir demissão incluem fuga de uma cultura corporativa
tóxica, com ausência de promoção de diversidade, equidade ou inclusão (52,1%) e
o terceiro é a disputa por profissionais mais qualificados no mercado de
trabalho (50%).
Na maioria das vezes, portanto, os profissionais
que abandonam seus empregos não buscam salários maiores, mas maior
flexibilidade.
De acordo com o consultor empresarial e
especialista em gestão organizacional da NID Consultoria, Daniel Alves, “as
empresas precisam sempre lembrar e levar em consideração, que neurociência cada
vez mais tem estudado, o quanto as condições do ambiente de trabalho e
estímulos externos influenciam na produtividade. Sugere-se que as empresas
desenvolvam os seguintes pontos, para evitar um ambiente tóxico: O bem-estar
dos colaboradores deve ser um dos pontos principais para evitar ambientes de
trabalho tóxicos; desenvolver líderes, que não estão nos seus cargos para
comandar, mas para direcionar a estratégia da empresa; levar a cultura e valores
da organização para os processos diários; mediar conflitos desde que haja
coerência; incentivar a tomada de decisões claras e assertivas; e, claro,
lembrar que tudo isso com a equipe, pois várias cabeças sempre pensam melhor do
que uma”.
O equilíbrio, portanto, é tanto a empresa quanto os
funcionários definirem eficientemente recursos para que ambos tenham
oportunidades e uma relação empregatícia saudável.