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terça-feira, 15 de abril de 2025

Canetas emagrecedoras: apreensões expõem mercado clandestino e seus riscos

Nutróloga alerta para os riscos das versões ilegais e orienta sobre como identificar medicamentos falsificados.


A Receita Federal apreendeu 389 canetas do medicamento Mounjaro, utilizado para tratar diabetes e perder peso, no Aeroporto Internacional do Recife, em Pernambuco. A carga avaliada em cerca de R$ 1 milhão foi retida na madrugada do último sábado, 12 de abril, e estava sendo transportada por um homem que vinha do Reino Unido.

Além disso, o contrabando de canetas para emagrecer tem se tornado cada vez mais frequente nos aeroportos internacionais do país. Criminosos utilizam meios diferenciados para esconder os produtos, como "disfarçá-los" de canetinhas infantis e até guardá-los dentro da cueca, o que acendeu o alerta para o crescimento do mercado clandestino desses produtos. O problema? Essas versões podem estar adulteradas, contaminadas ou sem qualquer efeito terapêutico.

A Dra. Fernanda Vasconcelos, médica nutróloga e fundadora do Instituto Qualitté, explica que o consumo dessas versões clandestinas pode trazer consequências graves à saúde. “Já vi casos de hipoglicemia severa porque a caneta estava contaminada ou tinha sido substituída por insulina. O perigo é real, e as pessoas precisam entender que emagrecimento não pode ser feito a qualquer custo”, alerta.


Por que o perigo é tão grande?

As canetas como Mounjaro, Ozempic e Saxenda contêm fórmulas sensíveis que exigem armazenamento refrigerado entre 2ºC e 8ºC. Se essa condição não for respeitada, o medicamento perde o efeito e pode causar reações inesperadas no organismo.

Mas o maior risco está na possibilidade de falsificação. Essas canetas podem ser adulteradas, com a fórmula substituída por substâncias desconhecidas ou diluídas com produtos perigosos. Quem compra de vendedores não autorizados simplesmente não sabe o que está aplicando no próprio corpo.


Como identificar um medicamento seguro?

Se você está considerando o uso de canetas injetáveis para emagrecimento, fique atento(a) a essas recomendações:

  • Preço muito baixo? Cuidado! Medicamentos originais têm um custo elevado. Se a oferta parecer boa demais para ser verdade, pode ser um golpe.
  • Compre apenas em farmácias e sites autorizados. Jamais adquira remédios em redes sociais ou de vendedores informais.
  • Armazenamento importa! Se não for refrigerado corretamente, o medicamento pode perder o efeito e causar danos à saúde.
  • Nunca compartilhe sua caneta! O uso deve ser individual e sempre com prescrição médica.

A busca por um corpo mais saudável deve vir acompanhada de informação e segurança. Segundo alerta da Dra. Fernanda, medicamentos para emagrecimento não são produtos estéticos, são tratamentos médicos que exigem acompanhamento especializado. “Quem compra de fontes não confiáveis está assumindo um risco enorme para a própria saúde”. 


Autoestima e câncer: doação de perucas impacta positivamente pacientes oncológicos

Urna de doação de cabelo no IBCC Oncologia ACS IBCC Oncologia
Parceria entre o IBCC e a NeoLife Bem Estar utiliza doações de cabelo para criar perucas personalizadas para pacientes internadas

 

Com um diagnóstico de câncer, muitas mudanças acontecem durante o tratamento que podem afetar a autoestima. Um dos aspectos mais importantes para a qualidade de vida do paciente é a percepção dele sobre a própria autoimagem. 

Muitos tratamentos podem ter efeitos colaterais indesejados como alteração do peso, alterações de coloração da pele, e a temida alopecia - ou seja, queda de cabelo. Cicília Marques, oncologista clínica no IBCC Oncologia – hospital especializado no tratamento do câncer –, explica as preocupações que surgem na mente do paciente durante o tratamento.

"Nem todos os medicamentos oncológicos conferem o risco de alopecia, mas alguns certamente causam a queda de cabelo. Então, algumas preocupações se sobrepõem: como vou ficar? Como eu vou lidar com minha aparência? Como as pessoas ao meu redor vão me perceber?", explica ela.

O IBCC Oncologia, em parceria com a empresa NeoLife Bem Estar, realiza um acolhimento para pacientes em tratamento quimioterápico por meio da doação de perucas feitas de cabelo humano. Os cabelos podem ser doados ao IBCC e são transformados em perucas personalizadas pela NeoLife Bem Estar que, posteriormente, serão direcionados aos pacientes que têm interesse em adquirir uma peruca.

"Esse atendimento individualizado é realizado com base em técnicas de visagismo, dentro do Programa de Humanização do hospital, permitindo que essas pessoas recebam gratuitamente perucas que atendam às suas necessidades e valorizem sua autoestima", comenta Kelly Banin, assistente social responsável pela humanização, doações e voluntariado no IBCC Oncologia.

Para doar, você pode levar o cabelo que deseja doar até a sede do IBCC Oncologia, localizado na Av. Alcântara Machado, 2576 - Mooca, São Paulo - SP. Procure um atendente na recepção e ele te orientará até onde o cabelo pode ser deixado.


Como surgiu a parceria

O objetivo do projeto é levar bem-estar, autoestima e qualidade de vida para pacientes em tratamentos oncológicos. Afinal, o impacto da quimioterapia, radioterapia e cirurgia do câncer afeta a aparência dos pacientes em tratamento e, consequentemente, a autoestima.

Assim, Fernanda Teixeira, CEO da NeoLife Bem Estar, viu a oportunidade de proporcionar esse cuidado com a autoimagem daqueles pacientes, especialmente as mulheres, que enfrentam a alopecia como consequência do tratamento.

"A ideia surgiu com a vontade de trazer esse cuidado para pacientes do SUS, internados, com sequelas do tratamento em pele, unha e cabelo. O Hospital IBCC acreditou no projeto, na importância para essas mulheres e disponibilizou o espaço para eventos mensais com entrega de perucas naturais personalizadas, massagens, reflexologia e maquiagem", comenta a CEO.


O papel do senso de comunidade na percepção da autoimagem

Na capital paulista, de acordo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), existe a previsão de surgirem cerca de 704 mil casos de câncer em 2025, destes 70% acontecerão nas regiões Sudeste e Sul. Nas mulheres, o mais prevalente é o câncer de mama, enquanto nos homens é o de próstata. 

Além do cuidado com a autoestima, o senso de comunidade também é muito importante para os pacientes. Por isso, grupos de apoio para os pacientes oncológicos são uma ferramenta essencial.

"Com os grupos, as pacientes compartilham experiências e contatos, percebendo que a jornada não precisa ser única e solitária. Elas se comunicam durante o período do tratamento, compartilhando conquistas, preocupações, dicas e vitórias. Através dos grupos informam-se sobre eventos institucionais e externos, mantendo o contato e criando laços, muitas vezes além do tratamento oncológico", ressalta Banin.

Nesse cenário, a oncologista clínica também reforça a importância do grupo de apoio para o entendimento da autoimagem do paciente também. "Por meio deles, o paciente pode ressignificar a queda de cabelo e a imagem pessoal. Nestes grupos, as pacientes têm a oportunidade de trabalhar conceitos do que é beleza, de aprimorar suas práticas de autocuidado e se tornam mais corajosas para vivenciar o processo pelo qual elas passam de maneira mais leve", finaliza Marques.

 

IBCC Oncologia

https://ibcc.org.br/


ABP lança Manual de Alimentação, Nutrição e Suplementação na Doença de Parkinson

A Associação Brasil Parkinson lança o Manual de Alimentação, Nutrição e Suplementação na Doença de Parkinson, um guia essencial para auxiliar pessoas diagnosticadas com a doença a adotarem hábitos alimentares mais saudáveis e adequados às suas necessidades específicas. O material, desenvolvido pelas especialistas em nutrição – Maura Corá, Mariana Burmeister e Maria de Fátima Nunes Marucci - traz orientações detalhadas sobre os melhores alimentos para promover o bem-estar.

O Manual, com 95 páginas, aborda desde a importância da hidratação até a escolha de alimentos ricos em nutrientes essenciais, priorizando uma alimentação balanceada e livre de ultraprocessados. Entre as recomendações, destaca-se o consumo de frutas, legumes, cereais integrais e proteínas magras, além da sugestão de preparações mais saudáveis.

“Esse Manual tem as mais recentes pesquisas da dietoterapia, as informações científicas sobre os nutrientes e os impactos para o portador da DP, a importância do nutricionista na equipe multidisciplinar de acompanhamento ao paciente e as orientações sugeridas para uma qualidade de vida melhor. Na verdade, toda informação desse Manual serve para qualquer pessoa”, explica Maura Corá.

Entre as dicas para os pacientes com Parkinson, estão:

 

Principais Recomendações Nutricionais:

  • Alimentos essenciais no dia a dia: consumir legumes e verduras variados no almoço e jantar; ingerir 3 porções de frutas por dia; priorizar carnes brancas (peixe e frango) e cereais integrais (pães, arroz, aveia); incluir leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilha), batatas, castanhas e azeite de oliva extravirgem; optar por queijos brancos e iogurtes naturais sem açúcar e aditivos químicos.
  • Métodos de preparo saudáveis: preferir preparações assadas, grelhadas ou refogadas.
  • Hidratação: beber água ao longo do dia
  • Evitar alimentos ultraprocessados: excluir doces, açúcares, farinhas refinadas, frituras, fast food, carnes gordurosas e embutidos, refrigerantes e sucos artificiais.

 

Interação da alimentação com o medicamento levodopa:

  • Distância entre proteína e levodopa: Tomar o medicamento pelo menos 1 hora antes ou depois das refeições, pois proteínas interferem na sua absorção. Em alguns casos, pode ser necessário concentrar o consumo de proteínas no jantar, sempre com orientação de um nutricionista.

Uso de suplementos: apenas com recomendação médica ou nutricional, conforme a necessidade do paciente.

Estilo de vida saudável: praticar exercícios regularmente; ter um descanso adequado e manter o convívio social.

“Esse Manual, juntamente com o livro “Com Parkinson e de bem com a vida”, “Manual de Exercícios para pessoas com Doença de Parkinson” e o “Manual de Orientações Fonoaudiológicas na Doença de Parkinson”, a Associação Brasil Parkinson cumpre sua missão de reduzir a desigualdade de acesso à informação de qualidade baseada nas evidências científicas mais atuais sobre a doença. E, parafraseando nosso fundador, Dr Samuel Grossmann, proporcionando assim melhor qualidade de vida “a quem perdeu seu bem supremo – a saúde”, esclarece Dra Érica Tardelli.

 

O Manual de Alimentação, Nutrição e Suplementação na Doença de Parkinson estará disponível, a partir de 14 de abril, por preço promocional em abril - R$ 20,00 + frete.

 

ABP ebooks - https://www.parkinson.org.br/

Manual de Alimentação, Nutrição e Suplementação na Doença de Parkinson


Você sabia que a limpeza do sofá pode prevenir crises alérgicas?

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 Stefamerpik

Muitos não imaginam, mas os sofás podem ser um dos maiores vilões para quem sofre com alergias respiratórias. Por acumular poeira, esse objeto se transforma em um foco de ácaros e bactérias que podem desencadear espirros, coceiras e até crises mais graves. Com a chegada do outono, o tempo mais seco também é propício para o aparecimento de alergias. Por isso, a higienização correta dos estofados pode ser uma grande aliada para amenizar esses episódios tão incômodos, como explica Fritz Paixão, CEO e fundador da CleanNew, uma das maiores franquias de higienização e conservação de estofados do Brasil. “Ácaros e bactérias se proliferam rapidamente e, sem manutenção constante do sofá, fazem mal à saúde respiratória. Sendo assim, a recomendação é o uso de aspirador de pó todos os dias, para evitar o acúmulo. A cada ano nós acumulamos cerca de 1 milhão de ácaros nesses objetos, por isso é necessária a higienização a cada seis meses. Não somente por uma questão estética, por conta da sujeira, mas também por uma questão de saúde. Contudo, quando o sofá está blindado, pode fazer a limpeza a cada ano”, completa o especialista.

 

CleanNew


Anvisa aprova vacina contra chikungunya do Instituto Butantan e Valneva para aplicação no Brasil; entenda os próximos passos

O imunizante, fruto de uma parceria com a farmacêutica Valneva, foi avaliado nos Estados Unidos em 4 mil voluntários de 18 a 65 anos, e 98,9% dos participantes produziram anticorpos que neutralizavam o vírus

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (14/4) o pedido para registro definitivo da vacina contra a chikungunya no Brasil, encaminhado pelo Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em parceria com a Valneva, empresa farmacêutica franco-austríaca. Com o parecer favorável do órgão regulatório, o imunizante está autorizado a ser aplicado no país na população acima de 18 anos.

 

A vacina foi avaliada nos Estados Unidos em 4 mil voluntários de 18 a 65 anos, tendo apresentado um bom perfil de segurança e alta imunogenicidade: 98,9% dos participantes do ensaio clínico produziram anticorpos neutralizantes, com níveis que se mantiveram robustos por ao menos seis meses. Os resultados foram publicados na revista científica The Lancet, em junho de 2023.

 

O imunizante contra a chikungunya já recebeu aprovação da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, e da European Medicines Agency (EMA), da União Europeia. Esta é a primeira vacina autorizada contra a doença, que pode causar dor crônica nas articulações e afetou 620 mil pessoas no mundo só em 2024. Os países com mais casos da doença são Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia.

 

O parecer favorável da Anvisa representa um importante passo na aprovação da versão do Butantan do imunizante, que já está em análise pela agência reguladora. As duas vacinas têm praticamente a mesma composição. A versão do Instituto Butantan será adequada à possível incorporação no enfrentamento da doença em nível de saúde pública.

 

No estudo clínico de fase 3 feito com adolescentes brasileiros, publicado na The Lancet Infectious Diseases em setembro de 2024, após uma dose da vacina, foi observada presença de anticorpos neutralizantes em 100% dos voluntários com infecção prévia e em 98,8% daqueles sem contato anterior com o vírus. A proteção foi mantida em 99,1% dos jovens após seis meses. A maioria dos eventos adversos registrados após a vacinação foi leve ou moderada, sendo os mais relatados dor de cabeça, dor no corpo, fadiga e febre.


 

Próximos passos da vacina do Butantan

 

Mas para que o produto chegue, de fato, aos braços da população, alguns passos regulatórios ainda devem ser cumpridos.

 

O Instituto Butantan está trabalhando em uma versão com parte do processo realizado no Brasil. As modificações usam componentes nacionais e será melhor adequado à incorporação pelo SUS, pendente análise pela CONITEC, Programa Nacional de Imunizações e demais autoridades de saúde.

 

“A partir da aprovação pelo CONITEC, a vacina poderá ser fornecida estrategicamente. No caso da chikungunya é possível que o plano do Ministério seja vacinar primeiro os residentes de regiões endêmicas, ou seja, que concentram mais casos”, afirma Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan.


 

Vacina pioneira

 

O imunizante contra chikungunya do Butantan e da Valneva é um caso inovador no mundo por ser o primeiro a ser inicialmente aprovado com base em dados de produção de anticorpos. Tradicionalmente, vacinas são aprovadas com estudos que mostram a eficácia, comparando a incidência de casos entre pessoas vacinadas e não vacinadas. Mas como a circulação do vírus da chikungunya não é tão frequente, as agências reguladoras decidiram pela aprovação a partir do percentual de anticorpos neutralizantes.


 

Sobre a chikungunya

 

A chikungunya é uma doença viral transmitida por meio da picada de mosquitos Aedes aegypti infectados – os mesmos que transmitem dengue e Zika. No Brasil, ao longo de todo o ano de 2024 foram registrados 267 mil casos prováveis da doença e pelo menos 213 mortes, de acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde.

 

Os principais sintomas são febre de início repentino (acima de 38,5°C) e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e punhos. Pode ocorrer, também, dor de cabeça, dor muscular e manchas vermelhas na pele. Alguns pacientes podem desenvolver dor crônica nas articulações, afetando severamente sua qualidade de vida. 


Ainda não existe tratamento específico para chikungunya. Além da vacinação, é importante manter o controle de vetores, com ações como esvaziar e limpar frequentemente recipientes com água parada, como vasos de plantas, baldes, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e descartar adequadamente o lixo.

 

Como evitar o envelhecimento dos ovários? 5 hábitos que ajudam a preservar a fertilidade por mais tempo

Divulgação
Dr. Arnaldo, especialista em reprodução humana e autor do livro Ame Seus Ovários, alerta para os cuidados essenciais que colaboram para preservação da fertilidade feminina 

 

Cada vez mais mulheres buscam formas de preservar a fertilidade e cuidar da saúde reprodutiva. Embora o envelhecimento dos ovários seja um processo natural, é possível adotar hábitos que ajudam a desacelerar esse processo e aumentar as chances de uma gravidez saudável no futuro.

Segundo o Dr. Arnaldo Cambiaghi, ginecologista especialista em reprodução humana e que acaba de lançar o livro “Ame Seus Ovários  – Um guia de como preservar e prolongar a sua fertilidade e adiar a menopausa”, “Alguns cuidados podem evitar ou, pelo menos, suavizar a velocidade do envelhecimento dos ovários. Se forem seguidos, esses hábitos têm potencial para contribuir com o bom desempenho do sistema reprodutor feminino. Manter uma alimentação equilibrada, com foco em alimentos ricos em ômega 3, e reduzir o estresse, por exemplo, são atitudes simples que podem fazer toda a diferença para a saúde reprodutiva”, orienta o especialista. 

A seguir, listamos algumas orientações importantes que vão além da genética e mostram como o estilo de vida pode influenciar diretamente a saúde ovariana:


1. Invista na alimentação certa: conheça a “dieta dos telômeros”

Os telômeros são estruturas que protegem nosso material genético e estão diretamente ligados ao envelhecimento celular. A chamada “dieta dos telômeros” é rica em antioxidantes, ômega 3, vitaminas e minerais que ajudam a preservar a integridade celular – incluindo a dos ovários. Alimentos anti-inflamatórios, como frutas vermelhas, folhas verdes, oleaginosas, peixes e azeite de oliva, devem estar presentes na rotina alimentar.


2. Evite alimentos inflamatórios e reduza o consumo de açúcar

A inflamação crônica é uma das grandes vilãs da fertilidade feminina. O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, gorduras trans e açúcar pode causar processos inflamatórios silenciosos no organismo e afetar diretamente os ovários. Reduzir ao máximo o consumo de doces e carboidratos simples é essencial para proteger a fertilidade. Além disso, controlar os picos de glicose pode ajudar a amenizar o desejo por açúcar e manter o equilíbrio hormonal.


3. Cuide da alimentação também durante a gravidez

Se você está grávida ou planejando uma gestação, saiba que a alimentação adequada pode até influenciar os telômeros do bebê – ou seja, impactar positivamente sua saúde celular e envelhecimento ao longo da vida. Uma dieta rica em nutrientes durante a gestação é um legado de saúde para o futuro da criança.


4. Tenha um sono de qualidade

Dormir bem é um pilar fundamental para o equilíbrio hormonal e o bom funcionamento dos ovários. Durante o sono, o corpo realiza importantes processos de regulação e reparo. Para melhorar a qualidade do sono, é importante estabelecer rituais de relaxamento, evitar o uso de telas antes de dormir, reduzir estímulos luminosos e sonoros, e evitar alimentos estimulantes à noite, como café e chocolate. Distúrbios como apneia do sono e ronco também devem ser investigados.


5. Pratique atividade física regularmente

A prática de exercícios físicos está diretamente associada à preservação dos telômeros, ajudando a retardar o envelhecimento celular. Além disso, a atividade física melhora a circulação, reduz a inflamação, equilibra os hormônios e contribui para o controle do peso – fatores essenciais para manter os ovários saudáveis e ativos por mais tempo. 

 



Arnaldo Cambiaghi - ginecologista obstetra, formado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com residência em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Autor de 17 livros e mais de 25 e-books direcionados a médicos e mulheres na área de reprodução humana, como "Ser ou não Ser (In)Fértil — Eis as questões e as respostas", atua com Infertilidade conjugal, Reprodução Humana, Fertilização In Vitro e Cirurgia Endoscópica. Em sua abordagem, acredita que o respeito à ética é extremamente importante para que se alcance um bom resultado em qualquer tipo de tratamento. A atenção, a conversa, a alegria de ajudar os pacientes, juntamente com o apoio da ciência e o interesse em cada caso, tornam o tratamento muito mais eficiente.



Desafios e Inovações no Tratamento da Doença de Parkinson no Brasil: um Olhar Atual e Futuro

A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa crônica e multissistêmica, cujo diagnóstico se baseia em sinais motores, como lentidão de movimentos, tremores e rigidez, além de afetar outros sistemas. No Brasil, a doença vem ganhando crescente atenção tanto pelo aumento de sua prevalência, à medida que a população envelhece, quanto por suas implicações sociais e econômicas. 

A importância da condição em território nacional está ligada a vários fatores. Primeiramente, o envelhecimento acelerado da população brasileira tem aumentado a incidência de doenças neurodegenerativas. De acordo com uma meta-análise de Dani J. Kim e colaboradores, que analisou estudos de 13 países da América Latina, a prevalência da Doença de Parkinson foi estimada em 472 casos por 100.000 habitantes, com uma incidência de 31 casos por 100.000 pessoas-ano. No contexto brasileiro, o estudo Bambuí, apontou uma prevalência de 3,3% entre indivíduos com 64 anos ou mais 2. 

Apesar de não haver cura ou tratamentos que modifiquem a evolução da doença, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Contudo, o acesso a esses serviços ainda é desigual, e a carga econômica da Doença de Parkinson sobre o sistema de saúde e a sociedade geral é significativa. Os custos com tratamento médico, medicações, reabilitação e cuidados de longo prazo são elevados. Segundo o estudo de Bovolenta e colaboradores o custo anual médio para pacientes no Brasil é de aproximadamente US$ 4.020,48, considerando-se custos diretos e indiretos que representam, respectivamente, 63% e 36% do total. Os custos diretos incluem despesas médicas e não médicas, enquanto os custos indiretos estão relacionados à perda de produtividade e outras despesas não associadas diretamente ao tratamento 3. 

Ainda que os desafios sociais e epidemiológicos associados à doença sejam muitos, nas últimas décadas o tratamento farmacológico tem experimentado inovações promissoras. A partir do desenvolvimento da levodopa, na década de 60, observou-se uma revolução no tratamento dos sintomas motores, trazendo significativa melhora na qualidade de vida e produtividade dos pacientes. Diversas classes de medicamentos foram desenvolvidas desde então parte delas já disponível gratuitamente no Brasil. No entanto, com o avanço da doença, mesmo tratamentos sintomáticos adequados muitas vezes não impedem danos significativos à qualidade de vida dos pacientes. Frente a esse cenário, há 30 anos iniciaram-se estudos sobre terapias avançadas para complementar os tratamentos existentes. A partir da década de 90, começaram as cirurgias para estímulo cerebral profundo (ECP): um procedimento que envolve a implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, conectados a um gerador implantado no tórax. Esse dispositivo envia impulsos elétricos que ajudam a reduzir os sintomas do Parkinson. 

A introdução da ECP marcou uma revolução no tratamento de casos avançados da doença. Esta terapia, já disponibilizada pelo sistema único de saúde brasileiro, oferece uma alternativa eficaz para lidar com flutuações motoras e sintomas refratários, comuns após longos períodos da enfermidade. Esse tratamento trouxe uma nova perspectiva sobre a integração de intervenções neurocirúrgicas no manejo de condições neurodegenerativas, abrindo caminho para futuros desenvolvimentos. 

Apesar de muitos avanços no tratamento sintomático da doença de Parkinson, ainda existem grandes desafios. Conforme aumenta a expectativa de vida dos pacientes com Parkinson existem sintomas axiais relacionados especialmente a marcha e equilíbrio assim como sintomas não motores refratários aos tratamentos hoje disponíveis na prática clínicas. Além disso, apesar de várias pesquisas realizadas no mundo todo ainda não foram desenvolvidos tratamentos farmacológicos que proporcionam cura ou modificação o processo de neurodegeneração.  

A Doença de Parkinson, como outras condições neurodegenerativas e relacionadas ao envelhecimento, representa um grande desafio para a saúde pública no Brasil. É crucial desenvolver políticas que priorizem o diagnóstico precoce, garantam o amplo acesso a tratamentos adequados, incluindo medicamentos e terapias avançadas, e ofereçam apoio social aos pacientes. Ademais, investir na educação sobre a doença e fortalecer o acompanhamento multidisciplinar são passos essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir o impacto da doença no país. 

 

Dr Augusto Coelho - membro da comissão científica da Associação Brasil Parkinson, Médico Neurologista Especialista em Distúrbios do Movimento pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP)


 

Referências

  1. Prevalence and Incidence of Parkinson’s Disease in Latin America: A Meta-Analysis.

Kim DJ, Isidro-Pérez AL, Doering M, et al. Movement Disorders: Official Journal of the Movement Disorder Society. 2024;39(1):105-118. doi:10.1002/mds.29682.

  1. Parkinsonism and Parkinson’s Disease in the Elderly: A Community-Based Survey in Brazil (The Bambuí Study).

Barbosa MT, Caramelli P, Maia DP, et al. Movement Disorders: Official Journal of the Movement Disorder Society. 2006;21(6):800-808. doi:10.1002/mds.20806.

  1. Average Annual Cost of Parkinson’s Disease in a Brazilian Multiethnic Population.

Bovolenta TM, Schumacher-Schuh AF, Santos-Lobato BLD, et al. Parkinsonism & Related Disorders. 2023;117:105897. doi:10.1016/j.parkreldis.2023.105897.



5 dicas para aumentar as vendas de delivery na Pásco

 

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Especialista da Goomer detalha estratégias para negócios de food service aproveitarem potencial da data


A Páscoa se apresenta como um período significativo para o setor de alimentação, movimentando vendas em restaurantes, confeitarias e operações de delivery. No entanto, dados recentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil indicam que a comemoração deverá ser afetada pela alta mundial do preço do cacau, que aumentou 180% em dois anos, motivada pelas mudanças climáticas. 

Como consequência,  a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados prevê uma queda de 20% na produção de ovos de chocolate, além de aumento nos preços dos produtos e a necessidade de planejamentos mais assertivos para conquistar vendas.

"A Páscoa é um dos momentos mais afetivos do calendário, com forte apelo emocional, e é associada à reunião em família. No contexto dos pedidos online, isso representa uma oportunidade única para os estabelecimentos se conectarem com esse sentimento", explica Isaac Paes, CMO da Goomer, líder em soluções digitais no setor de food service.

Pensando nesse cenário, o executivo listou cinco ações que podem auxiliar negócios a aumentar as conversões durante a festividade,  com estratégias direcionadas para aproveitar o potencial de vendas que se estende além do consumo de chocolates.

 

Criar um cardápio especial


Desenvolver um menu com itens exclusivos para o período atende à busca do consumidor por produtos de celebração. Ofertas por tempo limitado, como sobremesas inspiradas em ovos de Páscoa ou pratos com ingredientes sazonais, podem estimular o interesse e diferenciar a empresa.

"A sazonalidade da ocasião permite criar experiências personalizadas, com produtos especiais e embalagens temáticas, reforçando o valor percebido e impulsionando o ticket médio", comenta Paes.

 

Oferecer promoções e combos exclusivos


Ações promocionais direcionadas, como combos para famílias ou descontos progressivos, incentivam pedidos de maior valor. A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) indica que condições especiais segmentadas podem elevar vendas em até 35% em períodos sazonais. 

"Ofertas que envolvem combos temáticos, como um almoço completo para a data, geram maior percepção de valor. Promoções como “compre dois e ganhe um item” ou descontos progressivos também tendem a ter bom desempenho", afirma o CMO da Goomer.

 

Facilitar a jornada de compra online


Uma plataforma de pedidos online clara e funcional é fundamental para a conversão. Investir em sistemas de navegação simples reduz o atrito. O Baymard Institute aponta que dificuldades na finalização levam ao abandono de 70% dos carrinhos de compra online. 

"A conveniência é chave. Ter um cardápio digital atrativo e um processo de checkout sem etapas complexas é fundamental. O consumidor escolhe com os olhos e desiste se a compra for difícil", pontua Paes.

 

Estruturar uma logística eficiente


O aumento da demanda requer atenção à operação de entrega para evitar atrasos e comprometer a experiência do cliente. O uso de sistemas integrados a plataformas de entrega e a organização prévia das rotas contribuem para a manutenção da qualidade do serviço. 

"A antecipação de pedidos, incentivada por benefícios, permite que o restaurante organize melhor sua operação de cozinha e entrega, reduzindo o risco de gargalos no dia de maior movimento", aconselha o especialista.

 

Promover com antecedência e estratégia


Campanhas de marketing digital, incluindo redes sociais e anúncios direcionados, aumentam a visibilidade das ofertas de Páscoa. Uma pesquisa da Opinion Box mostra que 60% dos consumidores planejam compras sazonais com pelo menos duas semanas de antecedência. 

"Uma presença ativa nas redes sociais, combinada com anúncios direcionados, especialmente os geolocalizados, é um trunfo para atrair novos clientes e lembrar os antigos das suas promoções", ressalta Paes.

Adotar essas práticas pode auxiliar estabelecimentos a otimizar o desempenho no delivery durante a Páscoa. “A utilização de ferramentas digitais adequadas com um plano de vendas facilita a implementação dessas estratégias, ampliando a capacidade competitiva de negócios de diferentes portes no ambiente online”, conclui o CMO da Goomer.

 

Goomer


O papel das empresas de saneamento diante da crise hídrica

O Brasil tem vivido ondas de calor cada vez mais intensas, batendo recordes de temperatura e alterando drasticamente a rotina da população. Em algumas cidades, os termômetros ultrapassam os 40°C e, com isso, o consumo de água dispara. O que muitos não percebem é que, por trás do simples ato de abrir a torneira e se refrescar, há um sistema complexo que precisa funcionar sem falhas para garantir que essa água continue chegando às casas, hospitais, escolas e indústrias. 

No entanto, os desafios são grandes. Em diversas regiões, o aumento da demanda, combinado com longos períodos de seca, tem levado a crises de abastecimento. Famílias precisam racionar água, caminhões-pipa são enviados para áreas mais afetadas e as autoridades entram em estado de alerta. Mas até que ponto estamos preparados para enfrentar essa realidade que se tornará cada vez mais comum? 

A crise hídrica não afeta apenas o presente. Ela coloca em risco o futuro. As mudanças climáticas continuarão impactando os padrões de chuva, tornando eventos extremos mais frequentes. 

Além disso, o desperdício de água no Brasil agrava ainda mais o problema: cerca de 40% da água tratada é perdida devido a vazamentos e sistemas ineficientes. Esse número é alarmante e precisa ser reduzido com urgência. 

Diante desse cenário, as empresas de saneamento têm um papel importante na mitigação desses problemas. Investir em infraestrutura robusta, modernizar sistemas de distribuição e reduzir perdas de água são algumas das medidas necessárias para garantir que o abastecimento não seja interrompido nos momentos críticos. 

No entanto, essas ações precisam estar acompanhadas de uma abordagem estratégica e inovadora. 

Possuímos grandes tecnologias que oferecem soluções promissoras. A dessalinização da água do mar, amplamente utilizada em países como Israel, e o reuso de efluentes tratados para abastecimento industrial e irrigação são exemplos de alternativas viáveis que podem aliviar a pressão sobre os mananciais. 

Também é fundamental o fortalecimento da regulação e a ampliação de parcerias estratégicas entre setor público e privado e o investimento em inovação. O enfrentamento da crise hídrica passa pela modernização do saneamento e pelo compromisso de todos os atores envolvidos com um futuro mais seguro e sustentável. 

Precisamos sair do discurso e adotar uma postura mais proativa. Empresas, governo e sociedade devem agir juntos para garantir que a água, um recurso vital à vida, seja protegida e utilizada de forma sustentável. 

Se queremos um futuro onde a escassez de água não seja uma realidade constante, precisamos encarar essa questão com seriedade e agir agora. A adaptação é inevitável, mas a inovação e o compromisso podem fazer toda a diferença.

 


André Ricardo Telles - CEO da Ecosan, empresa de soluções sustentáveis para o tratamento de água e recuperação de efluentes. Pós-Graduado em Inovação na Universidade CUOA na Itália, com MBA pela FGV, Telles já publicou livros no Vale do Silício pela IBM-USA e está à frente de inovações que transformam desafios ambientais em soluções de engenharia eficientes e sustentáveis.

 

O novo rumo da cobertura dos planos de saúde nas mãos do STF

O  Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou um julgamento de extrema importância para a saúde suplementar no Brasil. A controvérsia envolve a obrigatoriedade de os planos de saúde cobrirem tratamentos que não constam no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), uma decisão que pode redefinir o acesso a tratamentos inovadores e impactar profundamente a vida de milhares de pacientes. 

O debate sobre a cobertura de procedimentos fora do rol da ANS não é apenas uma questão técnica, mas envolve princípios fundamentais de direitos humanos, sustentabilidade econômica e inovação médica. O julgamento refletirá nos principais stakeholders envolvidos: pacientes, operadoras de planos de saúde e o próprio sistema de saúde público. Além disso, essa decisão pode influenciar a adoção de novas tecnologias e a pesquisa clínica no país. 

Importante lembrar que a Lei nº 9.656/1998 foi a primeira a regulamentar os planos de saúde no Brasil, estabelecendo um padrão de cobertura e responsabilidade. Com a evolução do setor e o surgimento de novas tecnologias, a necessidade de revisão e atualização das normas tornou-se evidente, culminando na Lei nº 14.454/2022. Esta nova legislação redefiniu as regras do jogo ao transformar o rol da ANS em exemplificativo, permitindo a inclusão de tratamentos não listados, desde que sejam respaldados por evidências científicas e recomendados por órgãos de saúde renomados. 

Um exemplo prático dessa mudança é a cobertura de terapias-alvo para câncer. Antes da Lei nº 14.454/2022, muitos pacientes precisavam recorrer à Justiça para obter acesso a esses medicamentos, mesmo com evidências claras de sua eficácia. Agora, com o rol exemplificativo, a cobertura desses tratamentos pode ser mais facilmente garantida, desde que cumpram os critérios estabelecidos. 

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu anteriormente que o rol da ANS era taxativo. Esta determinação significava que os planos de saúde não tinham obrigação de cobrir procedimentos não listados, exceto em casos excepcionais. O entendimento do STJ tinha como objetivo garantir previsibilidade e controlar os custos para as operadoras, mas foi alvo de críticas por parte de pacientes e especialistas em saúde que consideravam a medida restritiva e insuficiente diante das necessidades reais dos pacientes. 

Essa decisão gerou uma série de litígios judiciais, nos quais pacientes buscavam, por meio de liminares, o acesso a tratamentos não cobertos. A judicialização da saúde suplementar tornou-se um problema crescente, onerando tanto o sistema judiciário quanto as operadoras de planos de saúde. 

O cerne da discussão reside na Lei nº 14.454/2022, que promoveu alterações significativas na Lei dos Planos Privados de Saúde (Lei nº 9.656/1998). Essa nova legislação permite a cobertura de tratamentos que estão fora do rol da ANS, desde que haja evidências científicas robustas que comprovem a eficácia e segurança do tratamento. Essa exigência de comprovação científica é crucial para evitar a cobertura de terapias experimentais sem validação. 

A Unidas, representando entidades de autogestão em saúde, questionou a validade parcial da Lei nº 14.454/2022. O principal argumento é que a flexibilização do rol poderia comprometer a sustentabilidade dos planos de saúde, levando a um aumento insustentável nas mensalidades e reduzindo a acessibilidade para os usuários. 

A Unidas argumenta que a inclusão indiscriminada de novos tratamentos pode levar a um ciclo vicioso de aumento de custos, redução da base de beneficiários e, consequentemente, menor qualidade dos serviços oferecidos. Eles propõem a necessidade de um processo de avaliação mais rigoroso e transparente para a inclusão de novas tecnologias no rol, garantindo que apenas tratamentos com real valor terapêutico e custo-efetividade comprovados sejam cobertos. 

As operadoras, entretanto, argumentar que o rol taxativo é essencial para a manutenção de um equilíbrio econômico, garantindo que os custos dos planos permaneçam acessíveis. Isso porque, segundo as empresas, ter um rol exclusivo fornece um guia claro tanto para as operadoras quanto para os beneficiários, reduzindo disputas judiciais e incertezas em torno da cobertura. A previsibilidade permite que as operadoras planejem seus orçamentos e invistam em infraestrutura e tecnologia, melhorando a qualidade dos serviços oferecidos. Elas defendem também que a ANS realiza avaliações detalhadas para incluir novos tratamentos no rol, baseando-se em critérios de eficácia científica, segurança e custo-benefício. Esse processo envolve a análise de estudos clínicos, pareceres de especialistas e a avaliação do impacto financeiro da inclusão do tratamento no rol. 

Já na perspectiva de quem defende os pacientes resta claro que o direito à saúde é um direito fundamental. Os pacientes argumentam que devem ter acesso a tratamentos eficazes independentemente de estarem listados no rol da ANS. Negar um tratamento com potencial de cura ou melhora da qualidade de vida é visto como uma violação desse direito. Isso porque a medicina evolui rapidamente, e muitas terapias emergentes oferecem esperança para condições complexas e raras que não estão cobertas pelo rol. A aprovação de novas drogas e terapias muitas vezes leva tempo, e a restrição do rol pode impedir que pacientes tenham acesso a esses avanços. 

Vale destacar que todos os pacientes devem ter igual acesso aos melhores tratamentos disponíveis, baseados em evidências científicas e adequados para suas condições médicas. A diferenciação no acesso a tratamentos com base na cobertura do plano de saúde é vista como uma forma de discriminação e injustiça.

 

Diversas entidades participaram do julgamento representando interesses variados, desde associações de consumidores até sindicatos da indústria farmacêutica. Essa diversidade de vozes permitiu uma discussão mais rica e profunda, contribuindo para um julgamento mais informado e equilibrado. A participação de associações de pacientes, como a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), trouxe à tona as dificuldades enfrentadas por pacientes que precisam de tratamentos não cobertos pelos planos de saúde. Por outro lado, a participação de entidades como a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) apresentou a perspectiva das operadoras, destacando os desafios financeiros e regulatórios do setor. 

O julgamento do STF tem potencial para modificar significativamente o cenário da saúde suplementar brasileira. Se o STF decidir por um rol exemplificativo, é provável que haja uma ampliação no acesso a tratamentos, embora tal decisão venha acompanhada de desafios econômicos e administrativos. Assim, médicos terão mais liberdade para prescrever tratamentos inovadores, enquanto pesquisadores poderão ver suas inovações terapêuticas aceitas mais rapidamente. A aprovação de um rol exemplificativo pode incentivar a pesquisa clínica no Brasil, uma vez que novas terapias terão maior chance de serem incorporadas ao sistema de saúde. 

E uma decisão pelo rol exemplificativo possivelmente forçará as operadoras a repensar seus modelos de negócios, considerando o aumento dos custos com novos tratamentos. Será fundamental desenvolver estratégias para mitigar esses impactos, possivelmente através de parcerias com governos e acordos com fabricantes de medicamentos. As operadoras podem considerar a implementação de programas de gestão de saúde, que visam a prevenção de doenças e a promoção de hábitos saudáveis, reduzindo a necessidade de tratamentos mais caros. 

O julgamento do STF não apenas decidirá sobre o destino imediato das coberturas dos planos de saúde, mas também sinalizará o caminho para a inovação, acessibilidade e equidade em saúde no Brasil. Será crucial acompanhar as implicações dessa decisão e promover um diálogo contínuo entre legisladores, profissionais de saúde, operadoras e pacientes para construir um sistema que equilibre a viabilidade econômica com o compromisso de atender plenamente às necessidades de saúde da população.

 

Natália Soriani - advogada especialista em Direito Médico e de Saúde, sócia do escritório Natália Soriani Advocacia


Feed zero das Gerações Z e Alpha recria forma de se comunicar e dizer quem é quem nas redes sociais

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Ao esvaziar os feeds e cobrir parte do rosto nas fotos, essas gerações não estão deixando de se comunicar, elas estão moldando uma nova forma de fazer isso


A forma de se expressar nas redes sociais está mudando rapidamente entre os mais jovens. A Geração Z, nascida entre meados dos anos 1990 e o início dos anos 2010, e a Geração Alpha, formada pelos adolescentes que já nasceram em um mundo digital, compartilham novas formas de linguagem visual, que dispensam as palavras. 

O feed zero, em que os perfis não têm nenhuma publicação e as raras fotos são com a mão no rosto, são alguns dos sinais mais visíveis dessa mudança. Para o especialista em comunicação e oratória Giovanni Begossi, que tem mais de 15 anos de estudos dedicados ao assunto, esses comportamentos revelam uma relação mais estratégica, seletiva e emocional com a exposição na internet. “O feed vazio é uma forma de dizer ‘eu estou presente, mas no meu tempo’. Não é desinteresse, é escolha. A Geração Z busca autonomia sobre sua imagem e rejeita a ideia de estar o tempo todo disponível para consumo”, afirma Begossi. 

Outra hipótese é a de que os jovens passaram a privilegiar os conteúdos temporários, como os stories, que desaparecem depois de 24 horas. Essa estratégia de postagem não deixa rastros e ainda elimina a preocupação com a narrativa e a estética do perfil. Além disso, nos stories tem a opção dos “amigos próximos”, onde eles podem selecionar quem recebe cada tipo de conteúdo, quase sempre deixando os mais velhos de fora. 

“Seja por um movimento consciente, seja por estética, cansaço da exposição constante, medo do julgamento e a necessidade de se diferenciar dos Millennials, apagar fotos ou não postar nada é uma forma de se comunicar cheia de simbolismos. Já entre a Geração Alpha, o silêncio visual também serve para observar antes de participar, construindo uma identidade digital mais sutil e privativa, que não tem nada a ver com inatividade, pois eles estão ativos, sim. E muito”, afirma Begossi, que possui o maior perfil de comunicação e oratória na América Latina, com mais de 2M de seguidores.  

De acordo com o especialista, a linguagem corporal também ganha força nesse movimento. Fotos com a mão no rosto, que escondem parte da face ou cobrem os olhos, comunicam algo como, quero revelar, mas aos poucos, introspecção e privacidade. “Essa imagem passa uma ideia de recuo, de proteção. É como se o jovem dissesse que não quer ser totalmente visto e invadido, e mesmo em silêncio, ele está transmitindo algo”, explica o especialista que dá treinamentos em empresas e para diversas personalidades sobre comunicação eficiente e estratégica. 

Ele ressalta que cobrir o rosto é um gesto sempre presente em perfis adolescentes e mostra como esses grupos estão se comunicando de forma diferente da que conhecemos. “A Geração Z domina a lógica dos algoritmos e entende o impacto de cada publicação. A Geração Alpha segue aprendendo com esse repertório e tende a levar adiante uma comunicação ainda mais visual e seletiva”. Segundo Begossi, um exemplo disso são os dumps no feed, uma sequência completamente aleatória de fotos, não necessariamente envolvendo pessoas.

“Ambas gerações têm consciência da imagem desde cedo e utilizam códigos que falam de forma direta, mesmo sem legenda. Menos imediatistas e mais ligados no sentir e não no dizer, eles constroem uma narrativa que comunica muito sobre o tempo em que vivem. Trata-se, de fato, de uma linguagem nova e silenciosa, mas muito eficaz”, finaliza Begossi. 

 

Giovanni Begossi - mais conhecido como El Professor da Oratória, possui 15 anos de estudos dedicados à comunicação, é advogado e bicampeão brasileiro de oratória. Palestrante e professor de argumentação internacional, foi por meio da comunicação que deixou de ser um “nerd anti social” e ganhou mais de 20 prêmios de debate e oratória em três idiomas diferentes: inglês, espanhol e português. Referência no ramo, é criador dos métodos Hiper Persuasão, Oratória Viral e Destrave Sua Comunicação, além de mentor de grandes influenciadores, empresários multimilionários, ex-BBBs, políticos, atletas profissionais e até desembargadores. Possui o maior perfil de comunicação e oratória da América Latina com 2 milhões de seguidores no Instagram. @elprofessordaoratoria

 

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