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IMAGEM: César Bruneli |
Painel da ACSP completa duas décadas com o objetivo de informar e conscientizar o contribuinte sobre o peso dos impostos no dia a dia. O primeiro trilhão deste ano foi alcançado com cinco dias de antecedência na comparação com 2024
No dia 20 de abril, o
Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) completa 20 anos
contabilizando em tempo real os impostos, taxas e contribuições pagos à
União e aos governos estaduais e municipais pelos brasileiros.
A alta da inflação, em especial
dos alimentos, levou o painel eletrônico a registrar R$ 1 trilhão às vésperas
do seu aniversário, às 18h04 do último domingo (30/03), na virada de março para
abril. A marca foi atingida cinco dias antes de 2024. Em 2023, a mesma marca
foi registrada em 26 de abril, o que demonstra como a arrecadação começou
acelerada em 2025.
Criado em 2005 pela ACSP, o
Impostômetro nasceu com o objetivo de chamar a atenção dos contribuintes para a
grande parcela da sua renda que é destinada ao pagamento de tributos. Hoje, o
painel é uma referência nacional, copiada em diversas regiões do Brasil e até mesmo
ponto turístico para quem circula pelo Centro Histórico da Capital
paulista.
"Toda vez que a
arrecadação tem uma performance mais forte, vira notícia. Então, o
objetivo principal foi alcançado: fazer o cidadão saber o quanto paga de
imposto. Mas não basta saber, é preciso entender que isso dá a ele direito de
cobrar resultados, contrapartidas do governo sobre como os recursos são
utilizados", diz Marcel Solimeo, economista-chefe da ACSP.
A chegada ao trilhão no fim do
primeiro trimestre de 2025, como registra o Impostômetro, continua a destacar
mais do mesmo: sem o arrefecimento da inflação, que causa aumento das receitas,
o aumento da carga deve continuar, afetando ainda mais o bolso dos
consumidores, explica o economista. O reajuste de algumas alíquotas que haviam
sido reduzidas, como a de combustíveis, também justifica esse aumento da arrecadação.
Portanto, ainda que a economia continue a manter um crescimento modesto e a
inflação já tenha sido bem mais alta, esses fatores acabam gerando 'um peso' sobre
os preços.
"A inflação sozinha já
seria um fator de aumento da carga tributária. Mas o problema maior é que agora
temos um aumento da 'inflação da arrecadação', sem melhora nas contrapartidas,
com o aumento de gastos não-essenciais pelo consumidor, e até muitos outros que
não são justificáveis - como os 'penduricalhos' (benefícios financeiros
complementares aos salários e pagos aos membros do judiciário). Tudo isso é
pago pelo governo", completa Solimeo.
Mas há uma contradição ainda
mais grave, entre a política fiscal e monetária, que não ajuda a melhorar esses
indicadores: enquanto o Banco Central aumenta os juros para desacelerar a
economia, o governo continua injetando dinheiro via FGTS e fazendo empréstimos
para baixar a taxa de juros - exatamente no sentido contrário do que o BC
determina para a política monetária, aponta o economista da ACSP. "A
política dos juros altos penaliza a economia, os empresários e o consumidor com
a alta nos preços e inflação gerada pela conduta do governo. Ou seja, pagamos
imposto duas vezes."
DUAS
DÉCADAS DE TRANSPARÊNCIA
Localizado na rua Boa Vista,
51, no Centro Histórico da Capital paulista, o Impostômetro da ACSP foi
inaugurado um dia antes do feriado de 21 de abril de 2005. A ideia era associar
o painel com a história de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que em
1792 se rebelou contra a cobrança do quinto (imposto de 20% sobre o ouro
produzido no Brasil) e a prática da derrama.
Tiradentes lutava pelo direito
do povo e, com essa inspiração, o Impostômetro foi criado para os contribuintes
e cidadãos terem o direito de saber e cobrar como o que é arrecadado é
utilizado, pois é a partir deste montante que o governo cria capacidade para
investir em áreas importantes para a população, como saúde, educação, segurança
pública e infraestrutura.
Marcel Solimeo lembra que desde
a sua inauguração, o Impostômetro conquistou grande apelo. Ele chama atenção
também para o crescimento do valor arrecadado nas três esferas de governo do
país, pois houve um aumento bastante significativo após a inauguração do
painel já que, na época, a carga tributária era inferior a 30% do PIB. Hoje,
está na casa dos 35%.
Ou seja, de toda a riqueza que
se produz no Brasil, mais de um terço se converte em impostos, taxas e
contribuições. "E mesmo com todas as campanhas e todo o esforço em
prol da conscientização por parte da população sobre a quantidade de impostos
pagos diária, mensal e anualmente", reforça o economista, lembrando de
iniciativas como a que a ACSP desenvolveu para ajudar o consumidor nessa
conscientização, como o Imposto na Nota.
Em 2024, o painel eletrônico da
ACSP atingiu pela primeira vez a marca inédita de R$ 3,6 trilhões pagos em tributos. Neste ano, essa marca pode ser superada se o
ritmo da arrecadação for mantido.
https://diariodocomercio.news/publicacao/s/com-alta-dos-precos-impostometro-chega-aos-20-anos-registrando-r-1-trilhao
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