De acordo com especialistas, estresse moderado foi associado a um risco aumentado de 78% para a doença
O estado de estresse, quando se torna parte comum da rotina, deixa de ser um mecanismo do corpo para lidar com situações de perigo e passa a representar um risco para a saúde. Um estudo¹ da Revista Neurology, publicado em março, sugere que o estresse crônico aumenta o risco para quadros de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico entre as mulheres – quando ocorre a obstrução de uma artéria cerebral que prejudica o fluxo sanguíneo na área.
Os pesquisadores compararam os níveis de estresse de 426 pacientes entre 18 e 49 anos com histórico de AVC isquêmico com outras 426 pessoas sem histórico da doença. A avaliação, que durou um mês, levou em consideração uma série de pontuações para definir diversos níveis de estresse e foi percebido que pessoas com histórico de AVC tinham mais chances de sofrer com estresse crônico, já que tiveram pontuação média de 13 (estresse moderado) em comparação com quem não teve o quadro, que registraram média de 10 (pouco estresse).
Outra análise levou em consideração fatores que poderiam influenciar no risco de AVC, como consumo excessivo de bebidas alcoólicas e hipertensão. Neste caso, o estudo observou que, entre as mulheres, o estresse moderado representou um aumento de 78% nas chances de desenvolver o AVC isquêmico.
“Uma pessoa que fica estressada por muitos dias seguidos tem mais chances de sofrer com um quadro de AVC porque o estado de estresse libera no corpo o cortisol, um hormônio que nos ajuda a ficar mais alerta em situações de perigo. Porém, ele também libera substâncias inflamatórias e vasoconstritoras, que causam o aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e placas de gordura nas veias, que consequentemente aumentam as chances de desenvolver o quadro do AVC, principalmente o isquêmico”, explica o dr. Marcus Tulius, neurologista do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), que faz parte da Rede Américas, segunda maior rede de hospitais privados do Brasil.
O
excesso no consumo de bebidas alcoólicas potencializa os efeitos colaterais do
estresse no organismo, já que também contribuem para o aumento da pressão
arterial e podem influenciar outras doenças cardiovasculares, como arritmias.
“Já em relação aos fatores de risco presentes entre as mulheres que as tornam
mais suscetíveis aos casos de AVC isquêmico em relação aos homens, estão a
gravidez; a pré-eclâmpsia, que é a pressão alta registrada durante a gravidez;
e reposição hormonal pós menopausa”, detalha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário