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A economia gerada pelo uso de bioinsumos no Brasil é estimada em US$ 15 bilhões anuais (foto: Julio César García/Pixabay) |
Grupo de cientistas apoiado pela FAPESP testou uma nova combinação de microrganismos capazes de promover a fixação biológica de nitrogênio no solo. Estratégia trouxe maior crescimento e produção de vagens nas plantas, além de reduzir a necessidade de adubação
O Brasil é o maior produtor de
soja do mundo e uma das razões é a incorporação de bioinsumos, ou seja,
microrganismos que promovem a fixação biológica de nitrogênio no solo. Sem tal
prática, esse nutriente essencial teria de ser suplementado por adubação. Ao
manejar o uso de fertilizante, a economia gerada para os produtores no Brasil é
estimada em aproximadamente US$ 15 bilhões anuais.
O principal bioinsumo hoje
usado comercialmente são bactérias do gênero Bradyrhizobium spp. (rizóbios).
Em um estudo apoiado pela
FAPESP, essa estratégia foi combinada com um novo isolado bacteriano (PGPR,
sigla em inglês para rizobactérias promotoras do crescimento de plantas). Os
resultados foram divulgados na
revista Microbiology Ecology.
“Observamos que houve maior
crescimento e produção de vagens nas plantas, sem que os microrganismos
lançados no ambiente causem impacto na estrutura da comunidade microbiana
nativa”, conta Leandro Fonseca de Souza,
biólogo com pós-doutorado no Laboratório de Genética de Microrganismos da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo
(Esalq-USP). “Além disso, combinar esses microrganismos tem potencial de
contribuir com a assimilação do fósforo no solo pela planta, outro nutriente
importante suplementado por adubação”, complementa.
Descoberta
O Bacillus
thuringiensis RZ2MS9 foi isolado pela primeira vez da rizosfera
(região onde o solo e as raízes das plantas entram em contato) de guaraná da
Amazônia (Paullinia cupana, variedade sorbilis) e demonstrou potencial
de promover crescimento de soja e milho em experimentos de casa de vegetação e
também ensaios em campo.
Essa linhagem é capaz de
produzir sideróforos (moléculas importantes para captação de nutrientes do
ambiente), hormônios vegetais, solubilização de fosfatos e fixação biológica de
nitrogênio in vitro. A linhagem pertence à coleção de
microrganismos do Laboratório de Genética de Microrganismos da Esalq, de onde
outro isolado, a Pantoea agglomerans cepa Esalq 33.1, ganhou
destaque recentemente como bioinsumo comercial desenvolvido em parceria entre a
empresa Bionat Soluções Biológicas e
a Esalq-USP.
O estudo inovou ao demonstrar
que o uso do microrganismo em campo traz pouca influência sobre a diversidade
das funções potenciais naturais do solo. Também apontou que, mesmo quando a
diversidade funcional foi influenciada, o efeito foi de curta duração, perdido
ao fim de um ciclo de produção de soja. Isso soma evidências à segurança
ambiental de utilizar B. thuringiensis RZ2MS9 em coinoculação
com bioinsumos já existentes no mercado para a cultura de soja.
Ricardo Muniz
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/pesquisa-expande-possibilidades-para-producao-sustentavel-de-soja/54462
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