O outono é uma
época de maior variação de temperatura, tempo mais seco e piora da poluição,
favorecendo, assim, um aumento da circulação de vírus e bactérias que causam
doenças respiratórias. Porém, um vírus que merece atenção devido a uma maior
incidência nessa estação é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).1,2
A infectologista
Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), que também é líder médica de vacinas VSR da
GSK, explica mais sobre esse vírus que é muito conhecido por pais de crianças
pequenas por ser um dos principais patógenos associados à bronquiolite.3
Mas o VSR também pode ser grave para a população com 60 anos ou mais,
principalmente naqueles que possuem condições crônicas de saúde, também
chamadas de comorbidades, podendo apresentar quadros mais graves da doença,
como pneumonia e até o óbito.4 Somente no primeiro semestre do ano
de 2024, mais de 45% dos casos reportados de Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) no Brasil foram causadas por VSR.5
1. O que é
o Vírus Sincicial Respiratório (VSR)?
O Vírus Sincicial
Respiratório (VSR) é um vírus comum que infecta o trato respiratório, podendo
afetar desde o nariz até os pulmões, e costuma acometer principalmente os
extremos de faixa etária, ou seja, crianças pequenas e idosos.4,6-8,10
“Em crianças, ele é conhecido por causar bronquiolite, já nos idosos,
provoca sintomas parecidos com um resfriado, mas pode evoluir para doenças mais
graves, como pneumonia, e até mesmo levar a óbito”, alerta Lessandra.
2. Quais são
os principais sintomas?
Segundo a médica,
o VSR pode ser facilmente confundido com outras infecções respiratórias, como a
gripe e a COVID-19. “A maioria dos adultos apresenta uma infecção leve do
trato respiratório superior, com sintomas como coriza, tosse, febre, dor de
garganta, dor de cabeça e mal-estar. No entanto, alguns podem desenvolver
doenças graves do trato respiratório inferior, incluindo pneumonia. Além disso,
a infecção pelo VSR pode piorar ou descompensar doenças crônicas
pré-existentes, e indivíduos com 60 anos ou mais estão em maior risco”,
comenta.
3. Como o
VSR é transmitido?
A transmissão
acontece por meio de gotículas expelidas durante a fala, tosse ou espirro e
contato com superfícies contaminadas. A fase contagiosa dura de 3 a 8 dias, mas
algumas pessoas, especialmente aquelas com um sistema imunológico enfraquecido,
podem transmitir o vírus por até 4 semanas.9,10 “Vale alertar
ainda que crianças pequenas são frequentemente expostas e infectadas pelo VSR,
principalmente em ambientes como creches, escolas, parquinhos e festinhas, e
poderão transmitir o vírus aos adultos que tem convivência próxima, como pais e
avós. Pesquisas mostram que crianças em idade escolar são responsáveis por
cerca de 54% a 73% das infecções domiciliares,”, conta a médica.
4. Por que o
VSR pode ser grave em pessoas com 60 anos ou mais (60+)?
“A população conhece o VSR por causa da bronquiolite em bebês, mas é essencial que saibam que a doença também tem risco de desfechos graves em idosos, principalmente naqueles com comorbidades como diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma e insuficiência cardíaca congestiva (ICC). A explicação é que, com o passar dos anos, assim como nós vamos envelhecendo, ocorre o mesmo com sistema imunológico e, com isso, temos mais dificuldades em combater infecções. E, em indivíduos adultos e idosos que possuem doenças crônicas, esse risco é ainda maior de complicações, como piora de quadros de doença pulmonar ou causando pneumonia, podendo até ocorrer o óbito”, explica a Dra. Lessandra.
Segundo dados do
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos,
anualmente, o VSR leva a aproximadamente de 60 a 160 mil hospitalizações em
adultos com 60 anos ou mais.4 No Brasil, entre 2020 e 2022 foram
notificados mais de 30 mil casos da doença, com uma taxa de letalidade em SRAG
por VSR de 20,77% em 2022 em adultos de 60 anos ou mais.12 Em 2024,
essa taxa de letalidade em hospitalizações por SRAG causada por VSR no Brasil,
na mesma faixa etária, chegou a 20%.15
5. Por que os
adultos com 60 anos ou mais, com comorbidades, estão ainda mais em risco?
Estudos mostram
que adultos com 60 anos ou mais com DPOC podem ter até 13 vezes mais
probabilidade de serem hospitalizados devido a complicações do VSR. Portadores
de asma podem ter até 3,6 vezes mais possibilidade de hospitalizações; e
diabetes podem ter até 6,4 vezes mais. Já com os portadores de ICC, há a
possibilidade de até 7,6 vezes mais riscos de serem hospitalizados.13
6. Como é
feito o diagnóstico do VSR?
O
diagnóstico é clínico, mas a identificação e confirmação do VSR é feita por
exames laboratoriais, entre os quais testes rápidos que detectam o antígeno
viral e ensaios moleculares (como PCR).3 Mas, segundo a
infectologista, os adultos raramente são testados
para o VSR e, como os sintomas podem ser confundidos com um resfriado, a doença
acaba sendo pouco conhecida e é subdiagnosticada.
7. Existe
tratamento para o VSR?
De
acordo com a Dra. Lessandra, não há tratamento específico para o VSR. “A maioria dos pacientes costuma se recuperar em uma semana, mas,
pessoas com 60 anos ou mais, podem ter uma recuperação mais lenta, além de
terem mais riscos de perda de qualidade de vida. Ou seja, mesmo após a
recuperação da infecção, o VSR pode trazer impactos a longo prazo em alguns
idosos, como diminuição da independência, das atividades sociais, da
produtividade e alteração do sono. Além disso, ações como respirar, comer,
tomar banho e caminhar podem se tornar desafiadoras. Por isso, é muito
importante que as pessoas, principalmente os idosos, conheçam mais sobre a
doença, seus riscos, formas de prevenção e procure um médico caso tenham
sintomas respiratórios”, orienta.
8. Quando é o
momento de procurar atendimento médico?
Lessandra recomenda
consultar um médico caso apresente sintomas respiratórios intensos, como falta
de ar, dificuldade ou dor para respirar. Alguns idosos podem ter febre, falta
de apetite, dor de cabeça ou no corpo associados a esses sintomas
respiratórios, e devem buscar orientação médica assim que possível.7
9. É possível
contrair VSR mais de uma vez?
Sim. Segundo a
infectologista, qualquer pessoa, de qualquer faixa etária, pode contrair o VSR,
e infecções repetidas podem ocorrer ao longo da vida, pois a imunidade por
infecção não é duradoura.3
10. Existe
prevenção contra o VSR?
A Sociedade
Brasileira de Imunização (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia (SBPT) e outras importantes sociedades médicas brasileiras
recomendam a vacinação como uma das principais formas de prevenção contra o
VSR.14 Além disso, algumas outras medidas podem ajudar a prevenir o
contágio e a transmissão, como lavar as mãos frequentemente; evitar tocar no
rosto, nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; cobrir a boca e o nariz
ao tossir ou espirrar; evitar contato próximo com pessoas doentes; limpar e
desinfetar superfícies que são tocadas com frequência; e evitar sair de casa
quando estiver doente.9
Referências:
- FUNED. Doenças do
outono reforçam atenção da vigilância laboratorial da Funed. Disponível
em: <Link>. Acesso em: 11
de fevereiro de 2025.
- GOVERNO DO ESTADO
DE SÃO PAULO. Alerta para doenças respiratórias no outono. Disponível em:
. Acesso em: 11 de fevereiro de 2025.
- SOCIEDADE
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em: <Link>. Acesso em: 11
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- FIOCRUZ. INFOGRIPE.
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(2024/2025). Disponível em: <Link>. Acesso em: 11
de fevereiro de 2025
- BRASIL.
Ministério da Saúde. Informe Semana 52 de 2024 | Vigilância das Síndromes
Gripais Influenza, covid-19 e outros vírus respiratórios de importância em
saúde pública. Disponível em: <Link>.
Acesso em: 11 de fevereiro de 2025.
Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.
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