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quarta-feira, 26 de março de 2025

Como o empreendedorismo impacta a periferia de São Paulo


A cidade de São Paulo é reconhecida como um dos maiores polos econômicos da América Latina. Contudo, é nas periferias que o empreendedorismo se revela como uma poderosa ferramenta de inclusão social e transformação econômica, mesmo em meio ao dinamismo de seu centro e de regiões mais abastadas. Essas áreas, muitas vezes marcadas por desigualdades históricas, encontram no espírito empreendedor um caminho para criar oportunidades e fomentar o desenvolvimento local.   

Segundo pesquisa do DataFavela e Sebrae-SP, apenas em 2023, 50% dos moradores de comunidades de São Paulo se consideravam empreendedores e 41% afirmaram possuir um negócio próprio. Ou seja, o empreendedorismo, mais do que uma atividade econômica, é um fator decisivo para a emancipação social. Nas periferias paulistanas, os pequenos negócios não apenas geram renda, mas também fortalecem comunidades. Por meio da abertura de padarias, salões de beleza, ateliês de costura ou startups de tecnologia, os empreendedores locais desempenham um papel crucial na geração de emprego e crescimento de redes de apoio dentro das suas comunidades.   

Um exemplo inspirador desse impacto é o de Tatiana dos Santos, 46, fundadora de um ateliê de costura na cidade de São Paulo. A empreendedora é a terceira geração de sua família na moda, seguindo o legado iniciado por sua avó no Nordeste e continuado por sua mãe em São Paulo. Tatiana transforma tecidos descartados por grandes confecções em peças exclusivas e, além de criar figurinos para eventos de dança, ensina corte e modelagem para ajudar outras mulheres periféricas a empreenderem e a conquistarem autonomia financeira.  

Por isso, empreender em contextos de vulnerabilidade exige criatividade, resiliência e inovação. Esses valores se refletem em negócios que, frequentemente, dialogam com as necessidades específicas de suas comunidades, gerando soluções que melhoram a qualidade de vida no território. Os números demonstram essa força: esse mesmo estudo aponta que os empreendedores de baixa renda movimentam impressionantes R$ 61 bilhões por ano na cidade de São Paulo, evidenciando a relevância econômica gerada por esses negócios.  

O papel de políticas públicas é crucial nesse contexto. Fornecer mentorias, infraestrutura e suporte financeiro são iniciativas que ajudam a superar barreiras como falta de acesso a crédito, formalização e capacitação. Contudo, o que está em jogo não é apenas o sucesso de negócios individuais, mas a criação de um ciclo virtuoso de transformação social. Quando apoiamos o empreendedorismo nas periferias, estamos plantando as sementes para uma sociedade mais próspera e igualitária.  

Empreendedores de comunidades mais afastadas do centro não são apenas agentes econômicos, eles se tornam protagonistas de uma mudança profunda, impactando não só suas próprias vidas, mas também as de suas famílias e comunidades. Ao olharmos para as periferias, vemos um terreno fértil para inovação e resiliência, onde as adversidades geram soluções criativas e oportunidades únicas.  

Para o futuro, a missão é clara: intensificar ações que promovam a inclusão produtiva, garantindo que cada vez mais pessoas das periferias possam trilhar o caminho do empreendedorismo e transformar suas realidades. Apoiar esses negócios não é apenas investir no crescimento econômico, mas também contribuir para uma cidade mais justa, inclusiva e sustentável. Afinal, o desenvolvimento de São Paulo como um todo passa, inevitavelmente, pelo fortalecimento de suas periferias. 

 

Renan Vieira - diretor-presidente da Ade Sampa


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