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Medidas do governo e mudanças nos hábitos familiares são essenciais para conter o avanço da obesidade entre crianças e adolescentes
A
obesidade infantil tem se tornado um problema de saúde pública cada vez mais
preocupante no Brasil. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
(Sisvan) revelam que, em 2023, 14,2% das crianças com menos de cinco anos
apresentavam sobrepeso ou obesidade. Em resposta, o Governo Federal anunciou a
redução do limite de alimentos ultraprocessados nas escolas públicas, com
previsão de restrição para 15% em 2025 e 10% até 2026. O objetivo é melhorar a
qualidade da alimentação escolar e combater a obesidade infantil.
Diante
desse panorama, o cenário futuro também preocupa: de acordo com o Atlas Mundial
da Obesidade e a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil poderá ocupar,
até 2030, a quinta posição no ranking mundial de obesidade infantil.
Atualmente, 14,3% das crianças de 2 a 4 anos estão acima do peso, enquanto
29,3% das crianças de 5 a 9 anos apresentam excesso de peso.
O
crescimento do problema não se restringe à infância. Segundo a OMS, os índices
globais de obesidade quase triplicaram desde 1975, e mais de 40% dos adultos
estão acima do peso. Como grande parte dos hábitos alimentares e
comportamentais são formados na infância, entender os impactos da obesidade
infantil e desenvolver estratégias para preveni-la é essencial para evitar
complicações futuras.
Entre
os fatores que contribuem para a obesidade infantil, além da má alimentação, o
sedentarismo tem um papel significativo. O uso excessivo de dispositivos
tecnológicos reduz a prática de atividades físicas, agravando ainda mais o
quadro. Além disso, a obesidade infantil está associada a uma série de
problemas de saúde, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, tal qual
doenças que afetam bem-estar emocional e social das crianças.
O
tratamento da obesidade infantil exige uma abordagem multidisciplinar, que
inclui mudanças nos hábitos alimentares, incentivo à prática de atividades
físicas e, em alguns casos, suporte médico. O endocrinologista e professor do
curso de Medicina do Centro Universitário UniBH, Fabiano Malard de Araújo,
explica que o manejo da condição pode envolver ajustes na dieta, como a
substituição de alimentos processados, e, em algumas situações, o uso de
medicamentos específicos.
"Para
o tratamento da obesidade, nós precisamos seguir três pilares: a dieta, a
atividade física e a medicação – esta última para alguns casos selecionados.
Existem muitas dietas estruturadas por aí, mas o principal na faixa etária
pediátrica envolve cortar os alimentos processados e incentivar ao máximo o
consumo de vegetais e frutas. Dietas muito restritivas não são o ideal, pois é
fundamental que a pessoa consiga segui-las de forma permanente para que venham
os resultados a logo prazo” conta o especialista.
“Sobre
a atividade física, ela vem sendo um desafio cada vez maior devido ao tempo
excessivo com telas e, por último, é possível lançar mão de medicações para
obesidade, mas em algumas situações específicas. É importante reforçar que
nesses casos sempre será necessário o acompanhamento especializado”, destacou.
Celebrado
no último dia 4 de março, o Dia Mundial da Obesidade veio com um alerta sobre a
necessária conscientização sobre a doença. Estudos afirmam que, se nenhuma
medida efetiva for tomada, as chances de reverter esse quadro no Brasil até
2030 são de apenas 2%. “Isso reforça a importância de políticas públicas,
educação nutricional e mudanças de hábitos tanto nas escolas quanto nas
famílias para combater a obesidade infantil e garantir um futuro mais saudável
para as novas gerações.
"É
nossa responsabilidade reverter essa tendência, porque as crianças sempre
copiam os hábitos dos adultos mais próximos. Muitas vezes, é mais fácil fazer
uma alimentação ruim e levar uma vida sedentária; por isso é tão importante dar
a devida prioridade que esses hábitos merecem, tanto para nossa saúde, como
para ensinarmos o correto para as próximas gerações”, conclui Fabiano.
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