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segunda-feira, 24 de março de 2025

"Vamos ter outro filho?": o que considerar antes da decisão

A chegada de um segundo filho pode mudar a rotina, o relacionamento e até a saúde mental dos pais. Entenda os cuidados antes de aumentar a família


Ter um segundo filho é um desejo comum entre casais, mas essa escolha envolve muito mais do que amor. De acordo com Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline, a decisão deve ser tomada com consciência, diálogo e planejamento — principalmente emocional.

“Se um quer e o outro não, o risco de frustração, sofrimento emocional e até separação aumenta. A vontade precisa ser genuína dos dois”, afirma.

Ela explica que a sociedade ainda romantiza o crescimento da família e ignora o impacto que a chegada de outro bebê pode causar na dinâmica conjugal e na saúde mental dos pais. “Cada filho novo reduz a qualidade da relação conjugal. Isso não quer dizer que o casal vai se separar, mas o tempo, a rotina e a conexão mudam”


O peso de uma escolha desequilibrada

É comum que um dos parceiros tenha mais vontade de ter o segundo filho. Nesses casos, Rafaela recomenda cautela. “Não se pode ceder a pressões, nem do parceiro, nem da família, nem da sociedade. Ter um filho para agradar alguém é um risco real para o bem-estar emocional”.

Se o casal não chega a um consenso, ela sugere buscar ajuda profissional. “A terapia com psicólogo perinatal pode ajudar a entender os limites de cada um, o que é desejo real e o que é cobrança externa”.


Como está o primeiro filho?

A chegada de um novo bebê também impacta o primogênito, mesmo que ele ainda seja pequeno. Muitas crianças demonstram ciúmes, mudam o comportamento ou regridem em etapas do desenvolvimento.

“Algumas crianças acham que vai chegar alguém da idade delas para brincar. Quando veem que é um bebê que demanda tempo, colo e atenção, se sentem trocadas ou rejeitadas”, explica Rafaela.

A dica é conversar com o filho desde o início, de forma lúdica e carinhosa. “Mesmo bebês entendem o tom da conversa. É importante garantir que esse primeiro filho continue se sentindo amado e incluído”


Planejar não elimina os riscos, mas reduz impactos

Além do desejo dos dois, Rafaela destaca a importância de pensar nas condições práticas e emocionais da família. Como está o relacionamento? Há suporte familiar? Como estão as finanças? Existe tempo de qualidade para os filhos?

“Quando não há planejamento, as chances de sobrecarga e adoecimento emocional aumentam muito. Isso não é opinião, é dado científico”, alerta.

Mesmo assim, ela lembra que o planejamento não é garantia de tranquilidade, mas ajuda a diminuir os impactos. 


O que considerar antes de ter o segundo filho

De acordo com Rafaela, não existe uma fórmula pronta, mas algumas perguntas ajudam o casal a refletir sobre o momento certo para ampliar a família. A psicóloga sugere avaliar pontos como:

  • O desejo é genuíno dos dois ou parte de uma cobrança externa?
  • Como está a relação do casal atualmente? Existe diálogo e parceria?
  • Há suporte familiar, rede de apoio ou estrutura para lidar com imprevistos?
  • O primeiro filho está bem, recebendo atenção e afeto?
  • A saúde emocional da família está em dia? Há espaço para mais uma demanda?
  • As finanças permitem lidar com os custos de fraldas, creche, escola e alimentação?


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