A chegada de um segundo filho pode mudar a rotina, o relacionamento e até a saúde mental dos pais. Entenda os cuidados antes de aumentar a família
Ter
um segundo filho é um desejo comum entre casais, mas essa escolha envolve muito
mais do que amor. De acordo com Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e
fundadora do Instituto MaterOnline, a decisão deve ser tomada com consciência,
diálogo e planejamento — principalmente emocional.
“Se um quer e o outro não, o risco de frustração,
sofrimento emocional e até separação aumenta. A vontade precisa ser genuína dos
dois”,
afirma.
Ela
explica que a sociedade ainda romantiza o crescimento da família e ignora o impacto
que a chegada de outro bebê pode causar na dinâmica conjugal e na saúde mental
dos pais. “Cada filho novo
reduz a qualidade da relação conjugal. Isso não quer dizer que o casal vai se
separar, mas o tempo, a rotina e a conexão mudam”.
O peso de uma escolha desequilibrada
É
comum que um dos parceiros tenha mais vontade de ter o segundo filho. Nesses
casos, Rafaela recomenda cautela. “Não
se pode ceder a pressões, nem do parceiro, nem da família, nem da sociedade.
Ter um filho para agradar alguém é um risco real para o bem-estar emocional”.
Se
o casal não chega a um consenso, ela sugere buscar ajuda profissional. “A terapia com psicólogo perinatal pode
ajudar a entender os limites de cada um, o que é desejo real e o que é cobrança
externa”.
Como está o primeiro filho?
A
chegada de um novo bebê também impacta o primogênito, mesmo que ele ainda seja
pequeno. Muitas crianças demonstram ciúmes, mudam o comportamento ou regridem
em etapas do desenvolvimento.
“Algumas crianças acham que vai chegar alguém da idade
delas para brincar. Quando veem que é um bebê que demanda tempo, colo e
atenção, se sentem trocadas ou rejeitadas”, explica Rafaela.
A
dica é conversar com o filho desde o início, de forma lúdica e carinhosa. “Mesmo bebês entendem o tom da conversa.
É importante garantir que esse primeiro filho continue se sentindo amado e
incluído”.
Planejar não elimina os riscos, mas reduz impactos
Além
do desejo dos dois, Rafaela destaca a importância de pensar nas condições
práticas e emocionais da família. Como está o relacionamento? Há suporte
familiar? Como estão as finanças? Existe tempo de qualidade para os filhos?
“Quando não há planejamento, as chances de sobrecarga e
adoecimento emocional aumentam muito. Isso não é opinião, é dado científico”, alerta.
Mesmo
assim, ela lembra que o planejamento não é garantia de tranquilidade, mas ajuda
a diminuir os impactos.
O que considerar antes de ter o segundo filho
De
acordo com Rafaela, não existe uma fórmula pronta, mas algumas perguntas ajudam
o casal a refletir sobre o momento certo para ampliar a família. A psicóloga
sugere avaliar pontos como:
- O desejo é genuíno dos dois ou
parte de uma cobrança externa?
- Como está a relação do casal
atualmente? Existe diálogo e parceria?
- Há suporte familiar, rede de
apoio ou estrutura para lidar com imprevistos?
- O primeiro filho está bem,
recebendo atenção e afeto?
- A saúde emocional da família
está em dia? Há espaço para mais uma demanda?
- As finanças permitem lidar com
os custos de fraldas, creche, escola e alimentação?
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