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segunda-feira, 31 de março de 2025

Impactos do diagnóstico tardio do autismo

 

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Mês de abril é marcado pelo Dia Mundial do Autismo; psicóloga do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista alerta importância do acompanhamento


Desde os primeiros anos de vida, cada indivíduo trilha um caminho único de descobertas e aprendizados e, para algumas pessoas, esse percurso é cheio de cores intensas, sons altos e detalhes que passam despercebidos aos olhos da maioria. Ao levá-las ao especialista, talvez a sigla TEA apareça entre os possíveis diagnósticos.
 

O Transtorno do Espectro do Autismo – também conhecido como TEA – é um conjunto de condições do desenvolvimento que afetam a forma como uma pessoa percebe o mundo e interage com os outros. “O autismo é caracterizado por dificuldades na comunicação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos”, explica a coordenadora técnica do Espaço Integrar Multiterapias do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista, Caroline Montaner. 

Para auxiliar no tratamento, os especialistas dividem o TEA em níveis de gravidade. “No nível um, a pessoa tem dificuldades sutis, mas consegue se comunicar e interagir com algum apoio. Pode apresentar comportamentos repetitivos e interesses restritos, mas lida relativamente bem com as atividades diárias”, salienta. “Já no nível dois, os sintomas ficam mais visíveis e podem interferir na rotina. E quando falamos do nível três, visualizamos grandes desafios e é fundamental que tenha suporte intensivo em quase todas as áreas da vida”, completa. 

Na maioria dos casos, esses sintomas são alertas para os pais e o autismo é percebido ainda na infância. Entretanto, nos últimos anos, os diagnósticos tardios têm aumentado. “Muitas pessoas com autismo, especialmente aquelas com níveis de menos suporte, podem aprender a mascarar ou a gerenciar suas dificuldades sociais e comportamentais, o que torna o diagnóstico mais difícil na infância”, detalha a psicóloga. 

Dessa forma, a falta de acompanhamento, em grande parte da vida, causa resistência às interações, leitura de expressões e compreensão de normas sociais. “Pode afetar relacionamentos familiares, profissionais e amizades, gerando sentimentos de isolamento e frustração”, pontua. “Isso pode levar a baixa autoestima, ansiedade, depressão e dificuldades para se integrar ao ambiente social e profissional”, acrescenta.

 

Crises e tratamentos 

Toda pessoa diagnosticada com Transtorno do Espectro do Autismo está sujeita a passar por crises. “Os episódios podem ocorrer devido à sobrecarga sensorial, estresse ou mudanças imprevistas na rotina”, diz Caroline. Elas não são exclusivas dos níveis mais altos e podem ser provocadas por explosões emocionais, ansiedade ou comportamentos repetitivos intensificados em momentos de sobrecarga. 

Por isso, é importante que as terapias comportamentais, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), apoio psicológico, intervenção na linguagem e terapia ocupacional, e, em alguns casos, medicação para lidar com sintomas associados, como ansiedade ou impulsividade, estejam presentes na rotina do paciente. “É necessário apoio intersetorial em áreas como educação, saúde, emprego e inclusão social. No Brasil, há avanços em políticas públicas, mas a implementação ainda é desigual, e muitas pessoas autistas enfrentam barreiras no acesso a serviços e recursos adequados”, destaca a coordenadora técnica. 

Criado pela Organização das Nações Unidas, o Dia Mundial do Autismo (2 de abril) prevê difundir informações sobre a questão, reduzir a discriminação, evidenciar a importância de políticas públicas e o acesso a tratamentos de qualidade.
 

 

Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista


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