![]() |
Freepik |
Toda grande mudança assusta.
Sempre foi assim. Quando a Revolução Industrial trocou a força de trabalho manual
por máquinas, muitos temeram pelo fim dos empregos. Quando os computadores
chegaram aos escritórios, houve pânico – quem precisaria de tanta tecnologia?
Depois veio a internet, que prometia revolucionar a comunicação, mas também
trouxe receios sobre privacidade, controle e o desconhecido.
Agora, estamos diante de uma
transformação ainda maior: a Inteligência Artificial. O que torna essa mudança
diferente das outras? Não é a incerteza – porque ela sempre existiu. O que
impressiona agora é a velocidade. A IA está evoluindo rápido, e suas aplicações
estão se espalhando por todos os setores: finanças, atendimento, saúde,
logística, marketing, entretenimento…
Dessa vez, a mudança não é
apenas sobre automatizar tarefas ou otimizar processos. É sobre reescrever a
forma como trabalhamos, criamos e até tomamos decisões. A IA não é apenas uma
ferramenta; ela já está se tornando parceira de profissionais, antecipando
necessidades, sugerindo caminhos e, em muitos casos, assumindo funções que
antes exigiam anos de experiência humana.
E isso gera um desconforto.
Afinal, se tudo está mudando tão rápido, como nos preparamos para um futuro que
ainda não está claro? Como se manter relevante quando não sabemos quais
empregos existirão daqui a cinco ou dez anos?
Esse medo não é irracional.
Conheço histórias de pessoas que, ao pararem de trabalhar – seja por
aposentadoria ou por venderem suas empresas –, entraram em uma espécie de crise
existencial. Depois de anos construindo carreiras e se dedicando a uma rotina profissional,
de repente, o tempo livre se tornou um problema. Elas sentiram um vazio, como
se estivessem desconectadas do mundo. Algumas encontraram novas ocupações,
investiram em filantropia, abriram novos negócios. Outras, sem um propósito
claro, mergulharam em uma espiral de desmotivação.
Agora, imagine um futuro onde o
trabalho, como conhecemos hoje, deixa de ser essencial. Onde a IA e a automação
resolvem a maior parte dos problemas diários e garantem nossa subsistência. O
que você faria com seu tempo? A princípio, pode parecer um sonho – mais
liberdade, menos preocupação. Mas será que saberíamos lidar com isso?
Nosso propósito hoje está, em
grande parte, atrelado ao trabalho. Não apenas pelo dinheiro, mas pela sensação
de pertencimento, de contribuição. Se essa estrutura for radicalmente alterada,
vamos precisar encontrar novas formas de nos sentir úteis, desafiados,
engajados. E essa talvez seja a grande pergunta que ninguém está respondendo:
não é apenas sobre como a IA vai transformar o mundo, mas sobre como nós, seres
humanos, vamos nos transformar junto com ela.
A IA já está mudando a forma
como aprendemos, trabalhamos e interagimos. A única escolha que temos é como
vamos reagir a isso. Vamos ignorar e ser engolidos pela mudança? Ou vamos
usá-la para reinventar o que significa viver com propósito?
Elton Monteiro - Empreendedor, mentor, investidor e especialista em IA
Fonte: https://www.dcomercio.com.br/publicacao/s/a-inseguranca-da-mudanca
**As opiniões expressas em
artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem,
necessariamente, com as do Diário do Comércio
Nenhum comentário:
Postar um comentário