O
fim de um recesso, de férias ou mesmo de um final de semana, pode ser
desafiador para readaptar o corpo e a mente ao ritmo estruturado. A boa notícia
é que o cérebro possui uma capacidade única de reorganização chamada
neuroplasticidade, que permite essa transição. O neurocirurgião, neurocientista
e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Fernando Gomes,
destaca o que acontece com o cérebro nas férias e como compreender e estimular
essa habilidade pode trazer benefícios à saúde mental e ao desempenho no dia a
dia.
“O
tempo que o cérebro leva para se ajustar ao fim das férias e retornar à rotina
pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como idade, estilo de
vida, nível de estresse e qualidade do descanso durante o período de folga. No
geral, estima-se que esse processo de readaptação pode levar de 5 a 14 dias”,
alerta o médico.
Ele
conta que durante a pausa nas férias, o cérebro começa a reestruturar conexões
para se adequar à rotina, retomando padrões de atenção, memória e tomada de
decisão. Assim, os horários de sono e vigília ficaram desregulados nas férias,
o cérebro pode precisar de alguns dias para sincronizar o ciclo biológico com
os novos horários. “Por isso que o retorno à rotina pode elevar os níveis de
cortisol temporariamente, mas isso tende a se estabilizar à medida que o cérebro
"aceita" o novo ritmo”.
Para
facilitar essa transição o médico sugere estabelecer uma rotina consistente
ajuda o cérebro a se ajustar mais rápido e introduzir as atividades
gradualmente, evitando um choque abrupto de compromissos. “Pequenos intervalos
ajudam o cérebro a processar as mudanças e manter o foco, afinal, é normal
sentir-se menos produtivo nos primeiros dias, mas a consistência nas práticas
diárias acelera o ajuste”, tranquiliza.
Mas,
Dr. Fernando alerta que, se após duas semanas os sintomas como dificuldade de
foco, cansaço extremo ou irritabilidade persistirem, pode ser útil consultar um
especialista, pois isso pode indicar fatores adicionais, como estresse crônico
ou falta de recuperação adequada e até agravar doenças mentais pré-existentes.
Nesse
contexto, a campanha Janeiro Branco surge como um alerta para a importância do
cuidado com a saúde mental, especialmente em momentos de transição já que, de
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse crônico é um dos
principais fatores de risco para doenças como depressão e ansiedade. Segundo
Dr. Fernando, "a volta à rotina, se não for bem gerenciada, pode gerar um
aumento nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, dificultando a
adaptação e afetando o bem-estar emocional e físico."
Os sintomas mais comuns dessa transição mal gerida incluem insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração e até mesmo alterações no apetite. Em casos mais graves, pode haver o desenvolvimento de transtornos mentais, como a síndrome de burnout.
A campanha Janeiro Branco tem como objetivo promover a conscientização sobre a saúde mental e incentivar práticas preventivas. Neste ano, a campanha Janeiro Branco 2025 adota o tema: "O que fazer pela saúde mental agora e sempre?” destacando a necessidade de criar ambientes mais saudáveis em casa, nas escolas e no trabalho.
Dr. Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. A autor de 9 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro
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