Especialistas do CEJAM abordam sintomas, tratamentos e como buscar ajuda gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
O
Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase no mundo, ficando atrás
apenas da Índia, de acordo com o Ministério da Saúde. A doença, causada pela
bactéria Mycobacterium leprae, afeta a pele e nervos periféricos,
podendo causar incapacidades físicas se não tratada.
Entre
os sintomas mais comuns estão manchas na pele que podem variar de
esbranquiçadas a avermelhadas ou amarronzadas e, geralmente, apresentam também
a perda de sensibilidade ao toque, calor, frio ou dor. Em alguns casos, surgem
caroços, e, nos estágios mais avançados, pode haver fraqueza muscular e
deformidades.
Mesmo
tendo cura, o quadro carrega consigo um estigma que transcende séculos e deixa
marcas emocionais e sociais. Hoje, muitos pacientes diagnosticados ainda
enfrentam preconceito e discriminação.
"A
hanseníase é uma doença complexa. É fundamental adotar uma visão mais ampla ao
tratá-la, levando em consideração não apenas os aspectos biológicos, mas também
suas implicações na vida das pessoas afetadas e as dimensões psicológicas e
sociais. Só assim é possível proporcionar um atendimento integral e humanizado
aos pacientes", afirma Dra. Flávia Rosalba, dermatologista do Hospital Dia
Campo Limpo, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João
Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP).
Sentimentos
como ansiedade, baixa autoestima, vergonha, culpa, necessidade de se isolar e
depressão podem ser experienciados por pacientes com hanseníase. Essas emoções
podem se tornar grandes barreiras ao tratamento, uma vez que alguns pacientes
hesitam em buscar ajuda por medo.
“No
entanto, o tratamento é crucial para interromper a transmissão. Todo o cuidado
é realizado com medicações em comprimidos, disponibilizados pelo Sistema Único
de Saúde (SUS)”, explica a médica.
Outro
desafio é o diagnóstico tardio da doença. A especialista enfatiza que a
regularidade das consultas dermatológicas pode fazer uma grande diferença nesse
aspecto, proporcionando uma análise precoce e evitando possíveis complicações
de saúde.
Cuidado psicológico como parte necessária do tratamento
A
reabilitação física e emocional deve andar de mãos dadas, com ações integradas.
Assim, o cuidado psicológico é uma parte essencial do tratamento da hanseníase,
por conta de todo o impacto que a doença pode acarretar à saúde mental.
"O
acompanhamento em psicoterapia é uma forma de trabalhar a aceitação e
ressignificação do diagnóstico com o paciente", complementa Ana Paula
Ribeiro Hirakawa, psicóloga que atua no CER IV M'Boi Mirim, gerenciado pelo
CEJAM em parceria com a SMS-SP.
Ela
explica que o suporte psicológico pode incluir terapias individuais e,
principalmente, atividades em grupo que abordem questões de autoestima,
enfrentamento e reinserção social. Nesse sentido, os grupos de apoio podem ser
um reforço a mais.
Já
o suporte social, inclui orientações de assistentes sociais, que podem
direcionar a pessoa para programas governamentais e comunitários para inclusão
e reintegração.
SUS oferece suporte
A
Unidade Básica de Saúde (UBS) é a porta de entrada para o cuidado dos pacientes
com hanseníase. Ela dispõe de uma equipe multiprofissional que auxilia no
diagnóstico, realizando os encaminhamentos necessários para centros
especializados de hanseníase e reabilitação, além de também oferecer o
tratamento.
A terapia, um recurso importante para o apoio a esses pacientes, também pode ser acessada gratuitamente a partir da UBS mais próxima. As unidades gerenciadas pelo CEJAM, por exemplo, possuem uma linha de cuidado dedicada exclusivamente à saúde mental, que faz toda a diferença no acolhimento e cuidado dessas pessoas.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
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