Especialistas
revelam como variações genéticas específicas podem influenciar na resposta do
cérebro ao estresse e à ansiedade, tornando algumas pessoas mais propensas a
recorrer à comida
Durante o Janeiro Branco, mês dedicado à saúde mental, um tema ainda mais em voga é a fome emocional, um comportamento alimentar diretamente relacionado a emoções negativas como tristeza, ansiedade e estresse, ao contrário da fome fisiológica, que é impulsionada pela necessidade do corpo por nutrientes.
“ A fome emocional surge como um alívio para o
desconforto psíquico. Quando alguém se sente triste, estressado ou ansioso, é
possível que recorra à comida como uma forma de lidar com esses sentimentos.
Esse comportamento pode ser temporariamente reconfortante, já que comer ativa o
sistema de recompensa no cérebro, liberando neurotransmissores como a dopamina,
que geram sensações de prazer e alívio. No entanto, esse alívio é superficial e
não resolve as questões emocionais subjacentes ”, explica Ricardo
Di Lazzaro, responsável pela vertical de genômica pessoal na Dasa Genômica,
além de médico, doutor em genética pela USP, é cofundador de Genera – primeiro
laboratório de genômica pessoal do Brasil.
A Influência Genética
Além das emoções negativas, um aspecto importante da fome emocional está relacionado às predisposições genéticas. “Existe uma tendência genética para desenvolver esse comportamento alimentar. Variações genes específicos podem influenciar em como o cérebro responde ao estresse e à ansiedade, tornando algumas pessoas mais propensas a recorrer à comida quando estão emocionalmente sobrecarregadas”, completa.
Essas variações genéticas podem afetar o equilíbrio de neurotransmissores alterando a maneira como as emoções são processadas e, consequentemente, como as pessoas lidam com o estresse emocional. Em alguns casos, esses fatores genéticos podem contribuir para a dificuldade em regular a alimentação e os comportamentos alimentares impulsivos, como o comer excessivo ou compulsivo durante períodos de estresse.
“Incluir a genética como uma variável fundamental
pode ser a chave para um tratamento mais eficaz da fome emocional, auxiliando
as pessoas a lidarem com suas emoções de forma equilibrada e saudável. Uma
maneira de identificar a propensão a esse comportamento é por meio de testes
genéticos de consumo, como os oferecidos pela Genera, que podem ser realizados
em casa ”, afirma Ricardo.
Fome emocional e transtornos psicológicos
A fome emocional tem uma relação direta com
transtornos psicológicos, como ansiedade, depressão e estresse crônico. “Diversos
estudos demonstram que os indivíduos que lidam com esses transtornos muitas
vezes apresentam um ciclo vicioso de comer emocionalmente, o que pode agravar
ainda mais suas condições psicológicas. Além disso, o comportamento alimentar
relacionado à fome emocional pode resultar em distúrbios alimentares, como a
compulsão, criando um ciclo difícil de romper”, afirma Ricardo.
O caminho para o tratamento e a prevenção
Entender a compulsão alimentar (fome emocional) em
suas múltiplas esferas, articulando conexões com fatores genéticos, ambientais,
comportamentais e psíquicos, abrirá novas possibilidades terapêuticas mais
efetivas, que não se concentrarão apenas na sintomatologia, mas,
principalmente, nas causas determinantes desses sintomas. “Ao
identificar as predisposições genéticas, as influências emocionais e os hábitos
por trás da compulsão alimentar, podemos adotar medidas personalizadas, que
tratem não apenas as consequências, mas essencialmente o doente”,
diz Ezequiel José Gordon, psiquiatra do Hospital Nove de Julho.
Ricardo Di Lazzaro - responsável pela vertical de genômica pessoal na Dasa Genômica, além de médico, doutor em genética pela USP, é cofundador de Genera – primeiro laboratório de genômica pessoal do Br
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