Especialista em Relações Internacionais do CEUB
comenta desconfiança das partes em ações de infraestrutura e negociações complexas
do acordo
Após
467 dias de guerra e 48 mil mortos na Faixa de Gaza, Israel e Hamas anunciaram nesta
quarta-feira (15) acordo para cessar-fogo, marcando uma pausa no conflito que
se arrasta desde 2023. Apesar do anúncio, as últimas horas foram marcadas por
intensos ataques aéreos israelenses em Gaza. Marcelo Valle, professor de
Relações Internacionais do Centro Universitário de Brasília (CEUB), comenta
como funciona o acordo no cenário mundial.
O
especialista explica que o acordo prevê a libertação de dezenas de reféns e a
retirada gradual das tropas israelenses da Faixa de Gaza. O processo será implementado
em três fases, incluindo a reconstrução de infraestrutura e negociações
complexas. “Os ataques de hoje resultam da desconfiança entre as partes quanto
ao cumprimento integral do tratado, especialmente nas fases posteriores”,
considera Valle. Esse é segundo cessar-fogo anunciado desde o início da guerra.
O
docente do CEUB acredita que, ao contrário da primeira trégua, mais breve e sem
expectativa de solução definitiva, o acordo atual tem potencial para encerrar o
conflito, embora existam incertezas quanto à execução das fases seguintes. “A
guerra, que atravessou todo o ano de 2024, tornou-se insustentável tanto do
ponto de vista econômico quanto humanitário. Israel destruiu grande parte da
infraestrutura de Gaza e debilitou o Hamas, além de enfrentar pressão
internacional por desrespeitar regulamentações da ONU”, analisa.
Em
termos da política internacional, Valle acrescenta que, nos Estados Unidos, o
presidente Joe Biden busca capitalizar o acordo como um legado de seu governo,
enfatizando sua participação nas negociações. Enquanto isso, Donald Trump, que
se prepara para assumir o cargo, pode usar a trégua como um trunfo político,
associando-a à sua chegada ao poder.
Desafios e incertezas
O especialista em Relações Internacionais revela que um dos pontos mais polêmicos do acordo é o controle do Corredor Filadélfia, passagem estratégica entre Gaza e o Egito. “O Hamas defende o livre acesso ao corredor, enquanto Israel exige mantê-lo sob vigilância para impedir o transporte de armas.”
Na visão do docente, o cumprimento do cessar-fogo depende de ações concretas de ambas as partes. Embora o plano tenha potencial para encerrar o conflito, as últimas fases envolvem questões delicadas que podem comprometer a execução do acordo: “Ainda assim, o cessar-fogo é amplamente visto como necessário, considerando os custos humanos e econômicos do conflito”.
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