Rede de apoio pode
ser essencial para a saúde mental da mãe, mas também pode atrapalhar. Saiba
como transformar a ajuda em suporte realCrédito: Drazen Zigic
A chegada de um bebê transforma a rotina da
família, e o papel da sogra nesse momento pode ser de grande ajuda ou uma fonte
de estresse. Segundo a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do
Instituto MaterOnline, tudo depende de limites claros, diálogo aberto e
respeito às necessidades da mãe e do casal.
“Tem sogras que se tornam um
apoio tão importante que muitas mulheres preferem a presença delas até no
parto. Por outro lado, há sogras que acabam se tornando um fator de risco para
a saúde mental da mãe no pós-parto”, afirma
Rafaela.
Rede de apoio: aliada ou
desapoio?
A especialista destaca que a rede de apoio é
essencial para ajudar a mãe a descansar, se cuidar e lidar com a nova rotina.
No entanto, quando as relações não são bem definidas, essa rede pode se tornar
uma “rede de desapoio”.
“Palpites constantes, críticas
e invasões de privacidade são atitudes que deixam a mulher mais insegura e
ansiosa. Isso, somado às demandas do pós-parto, pode ser prejudicial à saúde
mental”, explica.
Como transformar a ajuda da
sogra em uma aliada no pós-parto?
A especialista traz algumas dicas para evitar
conflitos e fazer da presença dela um apoio:
- Estabeleça
limites claros: Deixar claro como e onde a
ajuda será bem-vinda evita desgastes. Por exemplo, pedir para trazer uma
refeição pode ser muito mais útil do que visitas longas e sem aviso
prévio.
- Comunique-se
com respeito: Conversas francas e delicadas ajudam a alinhar expectativas e a
evitar mal-entendidos.
- Valorize
as boas intenções: Muitas sogras querem ajudar, mas nem sempre
sabem como. Elas agem com base no que aprenderam no passado. Entender que
a intenção é boa facilita o diálogo.
- Delegue
tarefas:
Permitir que a sogra ajude em tarefas como organizar a casa, preparar
refeições ou segurar o bebê pode aliviar a mãe sem interferir nos cuidados
principais com o bebê.
- Oriente
sobre visitas e horários: Visitas inesperadas ou em momentos
inoportunos, como quando o bebê está dormindo, podem atrapalhar o descanso
e a rotina da mãe.
Pai é pai, não rede de
apoio
Outro ponto importante, segundo Rafaela, é entender
o papel do pai no pós-parto.
“O pai não é ajudante, ele é
pai. Ele tem as mesmas responsabilidades que a mãe no cuidado com o bebê, como
trocar fraldas, dar banho e ajudar no sono. Precisamos falar em paternidade
saudável, em que o pai realmente compartilha os cuidados de forma igualitária”.
Quando a rede de apoio vira um
problema?
Rafaela explica que a rede de apoio se torna um
problema quando invade o espaço da nova família ou desvaloriza as escolhas da
mãe. “Frases como ‘você não sabe segurar o bebê’ ou ‘seu leite não sustenta’
minam a confiança da mãe e podem agravar quadros de estresse ou depressão”,
diz.
Ela destaca que os psicólogos perinatais têm um
papel importante na orientação da rede de apoio. “É preciso educar essa rede
para que ela realmente ajude e saiba identificar os sinais de que a mãe pode
precisar de ajuda profissional. Um apoio bem estruturado fortalece a mãe e cria
um ambiente acolhedor para o bebê”, conclui Rafaela.
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