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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Disparidades no cuidado à menopausa: mulheres rurais enfrentam mais desafios em relação às urbanas

Envato
Estudo da Universidade de Washington destaca diferenças e aponta caminhos para melhorar o atendimento


Mulheres que vivem em áreas rurais apresentam mais sintomas relacionados à menopausa do que aquelas em zonas urbanas, revelou um estudo da Universidade de Washington. As disparidades, associadas à falta de acesso a serviços médicos, incluem maior incidência de dores musculares, alterações de humor, secura vaginal e problemas urinários.

“Essas diferenças estão diretamente ligadas à desigualdade no acesso aos cuidados de saúde, um problema recorrente em várias partes do mundo, incluindo o Brasil”, comenta Alexandra Ongaratto, médica especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do Instituto GRIS, o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil.


Um paralelo com o Brasil

No Brasil, a situação é semelhante. Segundo dados do IBGE, cerca de 15% da população vive em áreas rurais, onde o acesso a médicos especialistas, como ginecologistas, é limitado. Dados da pesquisa Demografia Médica no Brasil 2023, conduzida pelo CFM, mostram que 73% dos médicos estão concentrados nas capitais, deixando as regiões rurais subatendidas.

“Essas mulheres precisam enfrentar longas distâncias e custos elevados para consultas, o que limita o diagnóstico e tratamento de condições como os sintomas da menopausa. Essa realidade exige atenção urgente das políticas públicas de saúde no Brasil”, afirma a ginecologista.


Desafios e soluções

O estudo norte-americano apontou que apenas 11% das mulheres rurais participantes faziam terapia hormonal, devido a barreiras como a distância de atendimento médico e receios infundados sobre o tratamento. No Brasil, o cenário é ainda mais preocupante, já que muitas mulheres sequer recebem informações adequadas sobre os benefícios e riscos da terapia hormonal.

“A desinformação sobre a menopausa é um problema global, mas no Brasil ela é agravada pela falta de programas de educação em saúde voltados para mulheres em áreas de difícil acesso. É essencial que essas mulheres saibam que existem opções seguras e personalizadas para tratar os sintomas da menopausa”, diz Alexandra.


Impactos do estudo para o futuro

Os dados da pesquisa reforçam a necessidade de iniciativas que diminuam as desigualdades no atendimento, tanto nos EUA quanto no Brasil. Entre as recomendações, estão:

  1. Expansão de programas de telemedicina: ferramenta que pode conectar mulheres em áreas remotas a especialistas de grandes centros.
  2. Capacitação de médicos generalistas: preparar clínicos gerais e enfermeiros para atender às necessidades de saúde da mulher, especialmente na menopausa, encaminhando para médicos especialistas.
  3. Campanhas de conscientização: informar a população sobre os sintomas da menopausa e as opções de tratamento disponíveis.

“Se queremos reduzir essas desigualdades, precisamos integrar a menopausa nas discussões sobre saúde pública. Não é só uma questão de qualidade de vida; é uma questão de direitos”, enfatiza a médica.


Uma perspectiva esperançosa

No Brasil, iniciativas como as campanhas de conscientização em redes sociais já estão promovendo avanços. “As mulheres estão começando a buscar informações e atendimento de forma mais ativa, mas precisamos garantir que elas tenham suporte, independentemente de onde vivam”, conclui Alexandra Ongaratto.

Com estudos como esse, espera-se que as disparidades entre populações urbanas e rurais sejam diminuídas, garantindo a todas as mulheres o direito ao envelhecimento saudável.

 

Instituto GRIS


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