Mais uma chance
para o público ver a tragicomédia Ana Lívia, uma intensa e intrigante
celebração ao poder do teatro. Estrelada pelas atrizes Bete Coelho e Vera
Zimmermann, com direção de Daniela Thomas,
a peça terá apenas quatro novas apresentações, desta vez no Centro
Cultural São Paulo - Sala Jardel Filho, somente de 23 a
26 de janeiro (quinta a sábado, às 20h, e domingo, às 19h), com ingressos
gratuitos. O texto, criado especialmente para a Cia.BR116 –
Teatrofilme, é a estreia autoral em teatro do escritor e tradutor Caetano W.
Galindo.
“Ana Lívia é teatro
sobre teatro. É sobre atrizes em guerra com seus personagens, ou personagens em
embate com suas atrizes (...) uma declaração de amor ao teatro. Aquele,
renitente. Aquele que entra crise, sai crise, insiste em sobreviver”,
anuncia Daniela Thomas, que também assina a cenografia.
O texto idealizado
por Galindo serviu como uma fonte de onde também brotaram contribuições de toda
a equipe. “Assim que eu sentei pra escrever, aconteceu de um jeito quase
assustador aquilo que às vezes a gente ouve os escritores descreverem e sempre
pensa que é lorota: essas duas vozes, a Ana e a Lívia, começaram a dizer o que
queriam, não o que eu pretendia”, relembra o autor, referindo-se à
dinâmica viva do texto, que foi se transformando a cada leitura.
Como uma catarse
em looping incessante, a conversa compulsiva e provocadora de Ana e Lívia traz
à tona a relevância da escrita contemporânea de Galindo, tradutor de Ulysses,
de James Joyce, cujos trechos finais resultaram no espetáculo Molly—Bloom,
montagem anterior da Cia.BR116 – Teatrofilme. As referências agora incluem Emily
Dickinson, Dylan Thomas e, claro, James Joyce
(os nomes das personagens, por exemplo, remetem a Anna Livia Plurabelle, de Finnegans
Wake, obra referência, também, em outros pontos do espetáculo). “O trabalho
de Galindo tem a ousadia da mistura estrutural inovadora, muito bem construída,
com uma naturalidade que surpreende e encanta, que faz do moderno, eterno e do
eterno, moderno”, analisa Bete Coelho, que também assina a
codireção com Gabriel Fernandes.
“Duas
atrizes em busca de um desfecho”. É
assim que o autor resume a trama, em uma montagem que se derrama e escorre,
graças à fluidez da narrativa e da atuação, como um rio que, sem escolha, ruma
ao mar. E continua: “Duas mulheres, atrizes, irmãs (...) Ana tenta
aceitar o fim, mas Lívia não quer nem saber disso. Lívia inventa novos rumos,
mas Ana não se deixa convencer. Ana Lívia é a soma, é o fluxo, é o rio que
receia chegar à foz, ao mar”.
O elemento
principal desta montagem é a atuação visceral das atrizes Bete Coelho
e Vera Zimmermann, no papel já vivido por Georgette
Fadel e Iara Jamra, em uma concepção
artística limpa, precisa, despida de enfeites, que prioriza alguns dos
principais elementos da linguagem teatral - o poder da palavra e do gesto.
Performances e identidades que se opõem e se complementam, compondo uma unidade
ambígua, mas consistente, como as pontas opostas de uma mesma mesa (ou seria um
palco?), peça central da cenografia, conduzidas por uma iluminação desenhada
por Beto Bruel, sugerindo o inquieto universo que acolhe as intrigantes
personagens. E Bete Coelho conclui: “Muito bom podermos usar a arte para falar de
transformação, finitude, tema difícil e, ao mesmo tempo engraçado, como é a
própria vida”.
Sinopse
Ana precisa contar
uma coisa terrível, mas Lívia não quer deixar ela falar. Lívia quer falar de
uma nova peça enquanto Ana sente que chegou ao seu terceiro ato. Cada uma delas
está sozinha com suas dores, seus desvios e seus medos. Cada uma tem apenas a
outra. A vida passada, o teatro, o papel que tiveram e têm uma na vida da
outra, o futuro que não sabem se terão. Tudo isso volta à tona numa conversa em
que as duas tentam fugir da verdade, da juventude, da vida, do fato de estarem
sozinhas no palco e da dependência de um texto escrito por outra pessoa. Duas
atrizes que agora não têm mais um dramaturgo; dois papéis de um personagem só.
Ana foi, Lívia é, Ana Lívia… será?
Ficha
Técnica
Texto: Caetano W.
Galindo | Direção: Daniela Thomas | Codireção: Bete Coelho e Gabriel Fernandes
| Elenco: Bete Coelho e Vera Zimmermann | Cenário: Daniela Thomas e Felipe
Tassara | Produção de Cenário: Mauro Amorim | Figurino: Bete Coelho e Daniela
Thomas | Design Gráfico: Celso Longo e Daniel Trench | Direção Musical: Felipe
Antunes | Assistente de Direção: Theo Moraes | Diretor Técnico: Rodrigo Gava |
Desenho de Luz: Beto Bruel | Assessoria de Imprensa: Fernando Sant’ Ana |
Produção Executiva: Mariana Mantovani | Direção de Produção: Lindsay Castro
Lima | Produção: Cia.BR116 – Teatrofilme | Realização: Centro Cultural São
Paulo
Ana
Lívia
Tragicomédia
Somente
quatro apresentações: de 23 a 26 de
janeiro de 2025, quinta, sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h
Local: Centro Cultural São Paulo - Sala Jardel Filho - rua
Vergueiro, 1.000, Liberdade, ao lado da estação de metrô Vergueiro | (11) 3397-4277
Lotação
da Sala Jardel Filho: 321 lugares
Ingressos: grátis, podem ser reservados online (www.centrocultural.sp.gov.br/bilheteria) ou presencialmente
na bilheteria do CCSP com uma semana antecedência, a partir de 16/01/25
Horários
da bilheteria: de terça a sábado, das 13h às 22h;
domingos e feriados, das 12h às 21h
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
Duração: 90 minutos
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