Dados
representam um alerta para a população e a necessidade de medidas preventivas
imediatas com mudanças de estilo de vida, combate ao sedentarismo e dieta
saudável
Um novo estudo publicado na renomada revista The
Lancet Oncology revela uma tendência preocupante entre jovens adultos (25 a 49
anos): o aumento significativo na incidência de câncer colorretal em 27 dos 50
países analisados. Essa tendência contrasta com a estabilização ou diminuição
dos casos entre adultos mais velhos (acima de 50 anos) em muitas nações. A
pesquisa identificou um crescimento especialmente acentuado em países como
Chile, Nova Zelândia, Noruega, Porto Rico e Inglaterra, com taxas anuais de
aumento entre 3% e 4%.
Os resultados destacam que esse fenômeno, antes
concentrado em países de alta renda no Ocidente, agora também se manifesta em
economias emergentes na Ásia, América Latina e Caribe. “Com dietas ricas em
alimentos ultraprocessados, obesidade, e outros fatores ambientais como
possíveis causas desse aumento, esses dados são um alerta pois podem representar
uma tendência negativa de ocorrência entre os jovens brasileiros”, comenta o
Dr. Raphael Brandão, Chefe da Oncologia da Rede de Hospitais São Camilo de São
Paulo, que também destaca que no estudo, em 14 países, o aumento foi exclusivo
para a faixa etária jovem, enquanto em 13 houve crescimento tanto em jovens
quanto em adultos mais velhos, mas com maior aceleração entre os jovens.
Segundo dados do INCA (Instituto Nacional do
Câncer), no Brasil, o número estimado de casos novos de câncer de cólon e reto
(ou câncer de intestino), para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 45.630
casos, correspondendo a um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil
habitantes, sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 casos entre as
mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 20,78 casos novos a
cada 100 mil homens e de 21,41 a cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o
câncer de cólon e reto ocupam a terceira posição entre os tipos de câncer mais
frequentes no Brasil. As maiores taxas de incidência são observadas na Região
Sudeste para homens e mulheres. Nela, é o segundo mais incidente entre os
homens (28,62 casos por 100 mil), assim como no Centro-oeste (17,25 por 100
mil). Na Região Sul (26,89 por 100 mil), é o terceiro tumor mais frequente. Nas
Regiões Nordeste (10,99 por 100 mil) e Norte (7,05 por 100 mil), ocupam a
quarta posição. Entre as mulheres, é o segundo mais frequente nas Regiões
Sudeste (28,88 por 100 mil), Sul (26,04 por 100 mil) e Centro-oeste (16,92 por
100 mil). Na Região Norte (7,78 por 100 mil), é o terceiro câncer mais
incidente; e, na Região Nordeste (13,08 por 100 mil), o quarto.
“O câncer de cólon e reto abrange os tumores que se
iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon, no reto, que corresponde ao
final do intestino imediatamente antes do ânus, e no ânus. É uma doença
heterogênea, que se desenvolve predominantemente a partir de mutações genéticas
em lesões benignas, como pólipos adenomatosos e serrilhados”, explica o
oncologista, Dr. Brandão.
Estudos relacionam dietas ricas em bebida
alcoólica, carne vermelha e embutidos com uma maior incidência de câncer
colorretal. O especialista explica ainda que é importante estar atento a
sintomas principais como sangramento retal e perda de peso inexplicável.
Sinais para procurar um médico
- Presença
de sangue nas evacuações, seja sangue vivo ou escuro, misturado às fezes,
com ou sem muco.
- Sintomas
irritativos, como alteração do hábito intestinal e que provoca diarreia
crônica e necessidade urgente de evacuar, com pouco volume fecal.
- Sintomas
obstrutivos, como afilamento das fezes, sensação de esvaziamento
incompleto, constipação persistente de início recente, cólicas abdominais
frequentes associadas a inchaço abdominal.
- Sintomas
inespecíficos, como fadiga, perda de peso e anemia crônica.
“Levar uma vida saudável, manter uma dieta rica em
alimentos naturais com fibras e praticar atividade física regular são os
principais fatores de prevenção da doença, além de procurar ajuda médica ao
detectar qualquer um dos sinais”, afirma o especialista.
“Os dados evidenciam que o aumento no câncer
colorretal entre jovens adultos é um problema de saúde pública global que
demanda conscientização, rastreamento e mudanças no estilo de vida para evitar
que essa tendência se torne mais devastadora no futuro”, conclui Dr.
Brandão.
Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
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