UBS Jardim Nakamura, na zona Sul, se
destaca pela busca de inovações para enfrentar esse desafio de saúde pública,
que ganha força nesta época do ano
O
Brasil registrou quase 7 milhões de casos de dengue desde o começo do ano,
segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde.
Desses, mais de 2 milhões de casos e quase 2 mil óbitos ocorreram em São Paulo.
Embora em 2024 o pico de casos tenha ocorrido entre os meses de
abril e maio, e os números recentes tenham apresentado queda, há a
possibilidade de que a incidência da infecção volte a aumentar a partir deste
mês de dezembro, com a chegada do verão e o aumento das chuvas.
Nesse cenário, o Sistema Único de Saúde (SUS), por intermédio das
equipes de Vigilância e com o apoio do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis
(PAVS), segue intensificando ações preventivas para a população. Profissionais
como agentes comunitários de saúde (ACS), agentes de promoção ambiental (APA),
enfermeiros, auxiliares de enfermagem e médicos se mantêm na linha de frente,
orientando e realizando intervenções com as comunidades.
“As Unidades Básicas de Saúde (UBS) e suas equipes atuam tanto no
atendimento nas próprias unidades como nas visitas domiciliares. Quando
necessário, realizam também bloqueios e varreduras nas áreas mais afetadas. O
PAVS, por meio dos APAs, auxilia ainda em atividades educativas, como rodas de
conversa, palestras, jogos e apresentações teatrais para a conscientização”,
afirma Bruno Saito, gestor ambiental do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas
"Dr. João Amorim".
Entre janeiro e dezembro de 2024, as unidades gerenciadas pelo
CEJAM, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP),
registraram cerca de 62,5 mil pacientes com diagnóstico positivo para dengue.
“Após o atendimento médico e a confirmação por meio de teste,
anunciamos ao Sistema de Informações de Agravos de Notificação, a partir do
preenchimento de uma ficha, que é encaminhada para a Unidade de Vigilância em
Saúde (UVIS) regional dentro de um prazo de 24 horas. Essa, por sua vez, pode
determinar a realização de um bloqueio na área residencial do paciente, para
evitar transmissão, a depender do caso”, complementa Dion Carvalho, supervisor
de vigilância da organização.
O bloqueio abrange um raio de 150 metros ao redor da casa do
paciente, incluindo imóveis residenciais, comerciais e terrenos. “Normalmente,
a equipe se dirige ao endereço e realiza visitas a todos os imóveis nesse raio.
Verificamos calhas, ralos, caixas d’água, recipientes de água para animais,
quintais, entre outros locais, em busca de criadouros e larvas do mosquito
transmissor da dengue”, detalha Michele Assunção, também gestora ambiental do CEJAM.
As ações de bloqueio visam controlar o avanço da doença e reforçar
a importância da prevenção, especialmente em áreas onde os surtos têm sido mais
severos.
Tecnologia e mutirão para enfrentar esse velho inimigo
Na zona Sul de São Paulo, a UBS Jardim Nakamura, gerenciada pelo
CEJAM em conjunto com a SMS-SP, está adotando uma nova ferramenta digital para
reforçar a prevenção da dengue: um mapa interativo. A partir da plataforma My
Maps, a equipe consegue acompanhar em tempo real os locais de risco no
território da unidade.
O projeto, que foi iniciado em 2023, sinaliza pontos críticos,
áreas de difícil acesso e locais onde há resistência às orientações, por
exemplo. “Percebemos a necessidade de monitorar os pontos de risco com mais
precisão e criar estratégias para reduzir os casos, que estavam atingindo altos
níveis. Foi assim que começamos a desenvolver o mapa, e esse trabalho vem dando
muito certo”, destaca Alexandre Neves, APA da unidade e idealizador da
iniciativa.
Para esse verão, os esforços serão ainda maiores, a partir de uma
força-tarefa em todos os territórios em que as unidades de saúde administradas
pelo CEJAM estão localizadas, incluindo a do Jardim Nakamura.
“Essa ação direciona toda a equipe para áreas críticas, com o propósito de bloquear ainda mais a presença de criadouros e larvas, especialmente em locais onde há maior incidência de casos positivos ou situações problemáticas”, incrementa a gestora ambiental Michele.
O mutirão, que pode durar até nove dias, envolverá um trabalho intenso para promover o fechamento completo de áreas com foco. Durante esse período, terrenos serão inspecionados, serão realizadas vistorias nos domicílios e a população receberá orientações específicas sobre medidas de prevenção.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
site da instituição
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