sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Dengue: SUS intensifica combate aos focos em SP durante o verão


UBS Jardim Nakamura, na zona Sul, se destaca pela busca de inovações para enfrentar esse desafio de saúde pública, que ganha força nesta época do ano 

 

O Brasil registrou quase 7 milhões de casos ​​de dengue desde o começo do ano, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. Desses, mais de 2 milhões de casos e quase 2 mil óbitos ocorreram em São Paulo. 

Embora em 2024 o pico de casos tenha ocorrido entre os meses de abril e maio, e os números recentes tenham apresentado queda, há a possibilidade de que a incidência da infecção volte a aumentar a partir deste mês de dezembro, com a chegada do verão e o aumento das chuvas. 

Nesse cenário, o Sistema Único de Saúde (SUS), por intermédio das equipes de Vigilância e com o apoio do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS), segue intensificando ações preventivas para a população. Profissionais como agentes comunitários de saúde (ACS), agentes de promoção ambiental (APA), enfermeiros, auxiliares de enfermagem e médicos se mantêm na linha de frente, orientando e realizando intervenções com as comunidades. 

“As Unidades Básicas de Saúde (UBS) e suas equipes atuam tanto no atendimento nas próprias unidades como nas visitas domiciliares. Quando necessário, realizam também bloqueios e varreduras nas áreas mais afetadas. O PAVS, por meio dos APAs, auxilia ainda em atividades educativas, como rodas de conversa, palestras, jogos e apresentações teatrais para a conscientização”, afirma Bruno Saito, gestor ambiental do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim". 

Entre janeiro e dezembro de 2024, as unidades gerenciadas pelo CEJAM, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), registraram cerca de 62,5 mil pacientes com diagnóstico positivo para dengue. 

“Após o atendimento médico e a confirmação por meio de teste, anunciamos ao Sistema de Informações de Agravos de Notificação, a partir do preenchimento de uma ficha, que é encaminhada para a Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) regional dentro de um prazo de 24 horas. Essa, por sua vez, pode determinar a realização de um bloqueio na área residencial do paciente, para evitar transmissão, a depender do caso”, complementa Dion Carvalho, supervisor de vigilância da organização. 

O bloqueio abrange um raio de 150 metros ao redor da casa do paciente, incluindo imóveis residenciais, comerciais e terrenos. “Normalmente, a equipe se dirige ao endereço e realiza visitas a todos os imóveis nesse raio. Verificamos calhas, ralos, caixas d’água, recipientes de água para animais, quintais, entre outros locais, em busca de criadouros e larvas do mosquito transmissor da dengue”, detalha Michele Assunção, também gestora ambiental do CEJAM. 

As ações de bloqueio visam controlar o avanço da doença e reforçar a importância da prevenção, especialmente em áreas onde os surtos têm sido mais severos.
 

Tecnologia e mutirão para enfrentar esse velho inimigo

Na zona Sul de São Paulo, a UBS Jardim Nakamura, gerenciada pelo CEJAM em conjunto com a SMS-SP, está adotando uma nova ferramenta digital para reforçar a prevenção da dengue: um mapa interativo. A partir da plataforma My Maps, a equipe consegue acompanhar em tempo real os locais de risco no território da unidade. 

O projeto, que foi iniciado em 2023, sinaliza pontos críticos, áreas de difícil acesso e locais onde há resistência às orientações, por exemplo. “Percebemos a necessidade de monitorar os pontos de risco com mais precisão e criar estratégias para reduzir os casos, que estavam atingindo altos níveis. Foi assim que começamos a desenvolver o mapa, e esse trabalho vem dando muito certo”, destaca Alexandre Neves, APA da unidade e idealizador da iniciativa. 

Para esse verão, os esforços serão ainda maiores, a partir de uma força-tarefa em todos os territórios em que as unidades de saúde administradas pelo CEJAM estão localizadas, incluindo a do Jardim Nakamura. 

“Essa ação direciona toda a equipe para áreas críticas, com o propósito de bloquear ainda mais a presença de criadouros e larvas, especialmente em locais onde há maior incidência de casos positivos ou situações problemáticas”, incrementa a gestora ambiental Michele. 

O mutirão, que pode durar até nove dias, envolverá um trabalho intenso para promover o fechamento completo de áreas com foco. Durante esse período, terrenos serão inspecionados, serão realizadas vistorias nos domicílios e a população receberá orientações específicas sobre medidas de prevenção.

 

CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
site da instituição


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