Problema é especialmente maior em procedimentos que
envolvam imobilidade prolongada e trauma significativo ou que tenha afetado
grandes vasos sanguíneo
Silenciosa, a fluidez sanguínea acaba por passar
despercebida e despertar pouca preocupação, mas qualquer disfunção nesse
sentido pode representar um risco grave à saúde. A trombose é a formação de um
coágulo - também conhecido como trombo - dentro de um vaso sanguíneo,
bloqueando parcial ou totalmente o fluxo de sangue. Pode ocorrer em veias (trombose
venosa) ou em artérias (trombose arterial).
Algumas características e hábitos tornam o indivíduo mais
elegível à trombose, segundo o Dr. Mauro Freire, cirurgião vascular do CEJAM -
Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” no Rio de Janeiro, mas traumas
e período pós-operatório aumentam o risco, deixando pacientes em geral expostos
ao problema. Isso ocorre porque ambos podem desencadear uma série de fatores
que favorecem a formação de coágulos sanguíneos.
“O risco de trombose aumenta após praticamente qualquer
cirurgia, mas é maior em certos tipos de procedimentos, especialmente aqueles
que envolvem imobilidade prolongada, trauma significativo ou que tenham afetado
grandes vasos sanguíneos”, destaca o especialista.
Cirurgias ortopédicas, como de substituição de quadril e joelho,
por envolverem grandes ossos e imobilidade pós-operatória prolongada;
abdominais e pélvicas, especialmente de câncer ou ginecológicas; cardíacas,
incluindo a colocação de stents ou pontes de safena, e neurológicas, como
as de coluna ou cérebro, são as que mais apresentam risco elevado de trombose.
Outros fatores como tempo de recuperação, predisposição genética, idade avançada, obesidade,
tabagismo e uso de contraceptivos hormonais podem favorecer ainda mais o
surgimento desse quadro. Por esses motivos, em situações de trauma ou após uma
cirurgia, médicos frequentemente recomendam medidas preventivas, como
anticoagulantes, meias de compressão ou mobilização precoce.
A trombose pode ser fatal em certos casos, especialmente quando
um coágulo de sangue se forma em uma veia profunda (trombose venosa profunda -
TVP), geralmente das pernas, e se desloca para o pulmão, causando uma embolia
pulmonar. Nessa última, o risco é mais significativo no caso de uma TVP, um
coágulo pode bloquear artérias pulmonares, levando à diminuição ou interrupção
do fluxo sanguíneo e oxigenação no corpo.
Outra situação em que a doença pode ser particularmente perigosa
inclui trombose arterial, coágulo em artérias como as que levam sangue ao
coração ou ao cérebro, podendo causar infarto do miocárdio (ataque cardíaco) ou
acidente vascular cerebral (AVC), ambos com potencial letal.
Há também a Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide, uma condição
autoimune que aumenta o risco de trombose, podendo levar a complicações fatais
se os coágulos se formarem em locais críticos. Já o risco de trombose levar à
morte depende da localização do coágulo, do tamanho
e da rapidez com que o tratamento é iniciado.
“Existem protocolos de profilaxia da trombose implantados nas
unidades de saúde que são de extrema importância e que auxiliam na diminuição
dos eventos trombóticos dos pacientes internados, salvando vidas. A doença, que
não é tão rara, pode ser evitada com medidas simples já estabelecidas no
sistema de saúde”, afirma o médico.
Os tipos mais comuns
Trombose Venosa Profunda (TVP): ocorre, geralmente, nas veias
profundas das pernas. Se um pedaço do trombo se desprender, pode chegar aos pulmões, causando embolia pulmonar, uma condição grave.
Trombose arterial: ocorre nas artérias, interrompendo o fluxo sanguíneo para
órgãos vitais, como coração e cérebro. Pode levar a ataques cardíacos ou
derrames.
O que favorece a trombose após trauma ou cirurgia
Imobilização prolongada: diminui o fluxo sanguíneo nas veias,
especialmente nas pernas, favorecendo a formação de coágulos.
Lesão dos vasos sanguíneos: o trauma ou a própria cirurgia podem
causar danos aos vasos sanguíneos, o que ativa o sistema de coagulação.
Resposta inflamatória: tanto o trauma como a cirurgia
desencadeiam uma resposta inflamatória no corpo, que pode aumentar a coagulação
do sangue.
Grupos de risco
Idosos: o risco de trombose aumenta com a idade, especialmente após os
60 anos.
Pessoas com histórico familiar: aqueles com familiares próximos que
já tiveram trombose têm maior probabilidade de desenvolver a condição.
Mulheres grávidas ou no pós-parto: a gravidez e o período logo após o
parto aumentam o risco de trombose, devido a alterações hormonais e vasculares.
Usuárias de contraceptivos orais ou terapia de reposição
hormonal:
pílulas anticoncepcionais e terapias hormonais aumentam o risco de coágulos
sanguíneos.
Pessoas com imobilização prolongada: aqueles que permanecem imóveis por
longos períodos, como pacientes hospitalizados, pessoas que viajam longas
distâncias ou usam cadeira de rodas estão em risco.
Obesos: o excesso de peso aumenta o risco de trombose, devido à pressão
adicional nas veias.
Pessoas com câncer: certos tipos de câncer, bem como tratamentos como
quimioterapia, aumentam o risco.
Fumantes: o tabagismo danifica as paredes dos vasos sanguíneos,
aumentando o risco de coágulos.
Pessoas com condições crônicas: insuficiência cardíaca, doenças
inflamatórias, diabetes e Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo também
aumentam o risco.
Sintomas
Inchaço: um dos sinais mais comuns, geralmente em uma perna, podendo
causar dor ao toque.
Dor ou sensibilidade: geralmente na panturrilha ou coxa,
piorando ao caminhar ou ficar de pé.
Vermelhidão ou descoloração: a pele sobre a área afetada pode
ficar vermelha ou azulada.
Calor: sensação de calor na região do coágulo.
Veias dilatadas: Veias podem ficar mais aparentes ou saltadas na área
afetada.
Se a trombose se deslocar e atingir os pulmões (embolia
pulmonar), os sintomas podem incluir falta de ar súbita; dor no peito, que pode
piorar ao respirar fundo; tosse, que pode vir acompanhada de sangue; tontura ou
desmaio.
De acordo com o Dr. Mauro, esses sintomas indicam uma emergência
médica e necessitam de tratamento imediato.
Como evitar?
Manter-se ativo: evitar longos períodos de imobilidade, como ficar sentado
ou deitado por muito tempo. Quem trabalha sentado deve se levantar e caminhar a
cada hora.
Hidratação: beber bastante água ajuda a manter o sangue fluido e a evitar o
risco de formação de coágulos.
Evitar o tabagismo: fumar aumenta o risco de problemas circulatórios e
trombose.
Manter o peso saudável: o excesso de peso aumenta a pressão
nas veias das pernas, o que pode elevar o risco de trombose.
Uso de meias de compressão: em alguns casos, especialmente em
pessoas com varizes ou que passam muito tempo em pé, as meias de compressão
podem ajudar a melhorar a circulação sanguínea.
Medicamentos anticoagulantes: para pessoas com maior risco, como
aquelas com histórico de trombose ou condições genéticas, o médico pode
prescrever anticoagulantes para prevenir a formação de coágulos.
Movimentação durante viagens longas: em viagens de avião ou de carro, é
importante levantar-se e alongar as pernas a cada duas horas para melhorar a
circulação.
Se houver fatores de risco, é fundamental consultar um médico para uma avaliação mais detalhada e orientações personalizadas.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
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