Levantamento indica que mulheres totalizam 61% das internações. Cirurgia de catarata reduz o risco em 40%. Entenda.
Queda entre idosos pode causar invalidez e por isso é uma importante questão de saúde pública. A cena de um idoso em cadeira de rodas é mais frequente do que se pode imaginar. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto de Instituto Penido Burnier um levantamento realizado pelo hospital no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Ministério da Saúde aponta que só neste ano o número de hospitalizações de idosos por queda de janeiro a agosto do ano foi de 117.36 mil, ou 20internações por hora. Nem é preciso dizer que muitos se tornam inválidos. A internação hospitalar só acontece quando o acidente é grave e, portanto, representa risco de invalidez porque só acontece quando o acidente é grave. Pior: soma mais da metade das internações por causas externas no País.
A pesquisa também mostra que as mulheres correm mais risco. Sofreram até o mês de agosto do ano 72 mil internações/queda ou 61% do total.. Queiroz Neto explica que isso acontece porque a mulher tem mais problemas de visão, o diabetes é mais frequente entre elas e estas duas variáveis podem interferir no equilíbrio. A população feminina também tem maior predisposição à osteoporose conforme envelhece devido a diminuição dos estrogênios o que torna as quedas mais perigosas entre mulheres.
Queiroz Neto ressalta que de
acordo com a Pasta só 20% dos que sofrem quedas precisam de internação. A
maioria, 80%, recebe tratamento ambulatorial. Nesta parcela estão muitos dos
acidentes oculares atendidos nos ambulatórios de emergência do hospital. O oftalmologista ressalta que das doenças na
visão a catarata é a que mais contribui com as quedas a partir dos 60 anos por
ser a mais frequente. A boa notícia é que a cirurgia de catarata reduz em 40%
as quedas. “O problema é que muitos pacientes, só buscam por tratamento depois
de um acidente doméstico ou no trabalho.
Para mitigar o sofrimento dos
idosos o hospital firmou uma parceria com a prefeitura municipal e ampliou em
570 o número de cirurgias de catarata realizadas pela Fundação Dr. João Penido
Burnier. Todos os procedimentos estão acontecendo aos sábado conforme inscrição
na fila do SUS coordenada pela prefeitura.
Alterações nos olhos
A catarata, explica, resulta
da aglomeração de proteínas no cristalino, lente interna do olho, que
lentamente vai se tornando opaco. O oftalmologista afirma que no início as
alterações na visão podem passar despercebidas, mas quando a doença é
diagnosticada requer acompanhamento médico. Aos 60 anos, ressalta, nossa pupila
diminui de tamanho, a quantidade de luz que penetra nos olhos é menor e
precisamos de ambientes até três vezes mais iluminados para enxergar como uma
pessoa de 20 anos.
Sintomas
Nem sempre estas alterações são percebidas. A
cirurgia tem indicação quando surge dificuldade para realizar as atividades
cotidianas. Os principais sintomas elencados por Queiroz Neto que indicam estar
na hora de operar são:
·
Troca frequente dos óculos.
· Enxergar halos ao redor das luzes
·
Incapacidade de
enxergar com pouca luz.
· Maior sensibilidade à luz e perda repentina da visão dirigindo com faróis contra.
·
Visão embaçada que
dificulta a leitura.
·
Redução da visão
noturna.
·
Dificuldade de
adaptação a diferentes níveis de iluminação.
·
Insônia decorrente
da menor entrada de luz azul nos olhos que reduz a produção de melanopsina, uma
substância que regula nosso estado de alerta e sono.
Diagnóstico e Exames pré-cirúrgicos
O oftalmologista afirma que o
diagnóstico da catarata é feito durante um exame de rotina. O preparatório da
cirurgia inclui exame biométrico da curvatura, espessura e superfície da
córnea, tamanho da pupila, imagem do globo ocular com características da íris
(parte colorida), vasos sanguíneos que influem na visão, diagnóstico de
pequenas imperfeições ópticas que surgem com o envelhecimento e escolha da
lente intraocular a ser implantada na cirurgia, de acordo com o estilo de vida,
hábitos, sua expectativa e presença de
comorbidades como diabetes, glaucoma, ceratocone, alterações na retina e
mácula.
Como é feita a cirurgia
Ao contrário do que muitos
imaginam, a cirurgia de catarata não dói. Queiroz Neto afirma que a cirurgia
conta com um sistema que permite a portabilidade dos exames pré-cirúrgicos aos
equipamentos do centro cirúrgico para lhe oferecer a mais precisa correção. Na
cirurgia o olho é anestesiado com uma gota de colírio e o paciente recebe uma
sedação para relaxar. Uma pequena incisão de dois milímetros é feita na borda
externa da córnea para aspirar a catarata através de um equipamento de
ultrassom e a lente escolhida é suavemente inserida em seu olho. Queiroz Neto
afirma que no mesmo dia você recebe alta e a maioria das pessoas ficam
surpresas com o mundo novo que começa a ver no dia seguinte quando é retirado o
curativo. A visão é o mais dominante de todos os nossos sentidos. Por isso
merece cuidado, conclui.
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