Além de campanha de conscientização, o Cartão
Vermelho vai acionar a CBF, governos e os clubes de futebol por políticas para
a segurança de meninas e mulheres no esporteJogo amistoso entre as seleções de Brasil e
Chile em julho de 2023.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Me Too Brasil e a Plan International Brasil lançaram, nesta
semana (21), o Cartão Vermelho, uma campanha de
utilidade pública voltada para a violência contra mulheres no ambiente do
futebol. O foco é, além de conscientizar o público feminino, engajar meninos e
homens em discussões sobre respeito e consentimento, e pressionar as
autoridades do esporte, clubes de futebol e patrocinadores a adotarem medidas
efetivas contra o assédio sexual nos estádios, nos clubes de futebol e em todo
o ambiente esportivo.
A iniciativa terá
ampla divulgação nas redes sociais e também contará com uma pesquisa
direcionada ao público feminino para compreender a extensão do assédio e da
violência vivenciados nesse espaço. As entidades pretendem acionar a Confederação
Brasileira de Futebol (CBF), os dirigentes do futebol e as lideranças do
Ministério dos Esportes para que se comprometam com políticas e ações de
segurança para meninas e mulheres dentro e fora dos estádios.
“Existe uma
necessidade urgente de conversarmos diretamente com o público masculino sobre
esse tema em um país que, apesar de 18 anos da Lei Maria da Penha, segue sendo
o quinto no mundo em feminicídio. A cada oito minutos, uma mulher é estuprada,
e 61% dos casos envolvem crianças e adolescentes com menos de 13 anos de idade,
na maioria meninas. Existe uma necessidade gigantesca de engajarmos os homens
no enfrentamento e na prevenção desse problema”, aponta Marina Ganzarolli,
presidente do Me Too Brasil.
A campanha é
motivada pelo histórico de casos não só de denúncias e condenações criminais
envolvendo jogadores, mas também de casos de assédio sexual no futebol
feminino. Um estudo da jornalista Camila Alves, divulgado em 2023, mostrou que
quase metade das jogadoras das Séries A1, A2 e A3 do Campeonato Brasileiro já
sofreu assédio sexual ou moral. Mesmo com denúncias, como as feitas
recentemente por jogadoras do Santos contra o treinador, foram ignoradas; o
técnico foi afastado, mas não demitido pelo clube.
“A Plan
International Brasil se une ao Me Too Brasil, olhando tanto para meninas quanto
para mulheres, mas também para meninos e homens. Precisamos engajar o público
masculino para educar os meninos, desde cedo, para respeitarem os limites do
pleno e positivo consentimento”, explica Cynthia Betti, CEO da Plan
International Brasil.
A partir de um
formulário online (neste
link), que já está disponível, as mulheres poderão relatar as suas
experiências nos estádios brasileiros e opinar sobre medidas que possam ser
tomadas pelos clubes para tornar a experiência nos estádios e a cultura do
futebol mais inclusiva e segura como um todo.
Veja o primeiro vídeo relacionado à campanha nas redes, da influenciadora Ana Terra
Me Too Brasil
O Me Too Brasil é uma organização 100% brasileira, sem fins lucrativos,
dedicada à defesa dos direitos das vítimas de violência sexual, oferecendo
escuta, acolhimento, além de atendimento psicológico, jurídico e assistencial.
Com o apoio de uma equipe de 550 voluntários, a organização já prestou
atendimento a cerca de 400 vítimas, em quatro anos, por meio de seus canais de
escuta especializados.
As vítimas podem
acessar o atendimento pelo site
oficial e pelo canal de atendimento gratuito (0800 020
2806), disponível em todo o Brasil. O acolhimento é realizado
de forma sigilosa, garantindo a proteção e confidencialidade das informações,
com foco na centralidade da vítima e nos impactos do trauma, independentemente
de raça, classe social, orientação sexual, identidade de gênero ou poder do
agressor.
A organização também promove campanhas de conscientização, incidência legislativa, advocacy e litigância estratégica, buscando o diálogo com a população e os poderes legislativo, executivo e judiciário, com o objetivo de colaborar no aprimoramento da proteção às vítimas de violência sexual.
Sobre a Plan International
A Plan International está no Brasil há 27 anos e se dedica a garantir os direitos e promover o protagonismo das crianças, adolescentes e jovens, especialmente meninas, por meio de seus projetos, programas e ações de incidência e de mobilização social. Tem também viabilizado condições de subsistência em comunidades que sequer tinham acesso a recursos essenciais, como a água. Implementamos projetos no Maranhão, no Piauí, na Bahia e em São Paulo.
Atua em rede com outras organizações do terceiro setor e movimentos sociais,
têm pautado as demandas das meninas em novos espaços do Legislativo, Executivo
e na sociedade civil, alcançando todo o território nacional. Considerada uma
das organizações mais confiáveis do país, a Plan
International Brasil está entre as 100 Melhores ONGs e tem a certificação
A+ no Selo Doar Gestão e Transparência. Em 2023, foi escolhida como a Melhor
ONG de Defesa de Direitos e a Melhor ONG do Maranhão no Prêmio Melhores ONGs. A
Plan acredita que um mundo melhor para as meninas é um mundo melhor para todas
as pessoas. E, para construir uma sociedade mais justa e igualitária, conta com
o apoio de embaixadoras como Ana Paula Padrão, Joyce Ribeiro, Astrid Fontenelle
e Ana Fontes.
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