Sociedade
Brasileira de Mastologia (SBM) chama a atenção para a propensão em casos de
tumores mais agressivos e com estadiamento avançado da doençafreepik
“O meu câncer voltou.” O anúncio feito recentemente
por Preta Gil mobiliza os fãs da cantora e também chama a atenção para os casos
de recidiva de outros tipos de câncer. Da mesma forma que a artista, que
recebeu o diagnóstico de um tumor no intestino em 2023, mulheres com câncer de
mama também correm o risco de voltar a ter a doença após o tratamento. “Cada
tumor, de mama, pulmão, gastrointestinal, tem perfil diferente. Mas é
importante que as pacientes com histórico de câncer de mama, o mais frequente
entre as brasileiras, saibam que a possibilidade de recidiva também existe e é
maior nos casos de tumores mais agressivos e com o estadiamento mais avançado da
doença”, afirma o mastologista André Mattar, membro da Sociedade Brasileira de
Mastologia (SBM).
Após receber o diagnóstico de câncer de intestino
no ano passado, Preta Gil se submeteu, inicialmente, a uma cirurgia para a
retirada do tumor. Em dezembro, anunciou o fim do tratamento após um
procedimento para reconstruir parte do trato intestinal. No último dia 25 de
agosto, no entanto, a cantora informou os fãs sobre a recidiva da doença, com
dois linfonodos, uma metástase no peritônio e um nódulo no ureter.
No câncer de mama também há a possibilidade de
recidivas. “Diante de um diagnóstico, avaliamos alguns fatores como o subtipo
tumoral e o comprometimento dos linfonodos. Também levamos em consideração o
estadiamento, que varia de zero, para um tumor in situ, até o
estadio IV, o mais avançado da doença”, explica Mattar. Diante de cada quadro,
ressalta o especialista da SBM, os tratamentos são variáveis “e importantes
para definir as chances de recidiva dos tumores”.
Entre os subtipos de câncer de mama, o mastologista
destaca os tumores hormonais, também chamados luminais, os HER2 positivos, para
os quais já há tratamento específico, como as medicações trastuzumabe e
pertuzumabe, e o triplo-negativo, bastante agressivo, tratável com
imunoterapia. Os luminais representam cerca de 70% dos casos da doença; os
tumores HER2+, aproximadamente 17%; e os triplo-negativos, por volta de 13%.
Nos luminais, tumores com forte expressão de
receptores de estrogênio e progesterona, o tratamento começa, habitualmente,
com cirurgia e avaliações posteriores sobre a necessidade de quimioterapia,
radioterapia e até um tratamento específico com os anti-hormônios como
tamoxifeno, anastrozol, entre outros.
Predominantes em números de casos, os luminais,
segundo o mastologista, são os que têm maior chance de apresentar,
eventualmente, uma recidiva no futuro. “Neste subtipo, há o risco de volta
durante toda a vida da paciente”, afirma o médico. “Hoje em dia, dependendo do
risco apresentado por cada pessoa, realizamos o tratamento anti-hormônio por um
tempo maior. Inicialmente, era feito por cinco anos. Atualmente, em algumas
situações, estendemos por dez anos”, completa. A recidiva nos luminais pode
ocorrer na própria mama, na região embaixo do braço ou até em outros locais.
André Mattar chama a atenção, ainda, para a
recidiva sistêmica, que é a metástase. “A metástase se apresenta quando o tumor
que estava na mama volta no fígado, no pulmão e em outros locais. Essas
recidivas são mais comuns em subtipos mais agressivos, como os HER2 e os
triplo-negativos, e eventualmente nos luminais”, diz.
Nos tumores HER2 e triplo-negativo, os maiores
riscos de recidiva são observados nos primeiros dois anos após o tratamento.
“Com o passar do tempo, a probabilidade vai diminuindo. Se os tumores não voltarem
no período de cinco anos, a chance de recidiva é muito pequena, quase zero.”
De acordo com o especialista, seja qual for o
subtipo do tumor, o acompanhamento das pacientes é feito durante cinco anos,
justamente pela maior possibilidade de recidiva. Neste período, afirma Mattar,
em pessoas assintomáticas o exame físico completo, a mamografia e,
eventualmente, o ultrassom são rotina. O mastologista alerta para a não
necessidade de um grande número de exames, incluindo PET-Scan e tomografias,
quando não há queixa da paciente. “Estudos demonstram que os exames de rotina
são suficientes e exames feitos de forma aleatória não fazem sentido, ainda
mais por provocarem ansiedade e estresse. Evidentemente, quando houver algum
indicativo à realização dos procedimentos para diagnósticos, eles devem ser
feitos”, reforça.
Para André Mattar, é fundamental que entre mulheres
que passaram por tratamento de câncer de mama as avaliações sejam periódicas.
“A recidiva é um risco real e a preocupação do especialista é prolongar, com
qualidade, a vida da paciente”, conclui o membro da SBM.
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