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terça-feira, 20 de agosto de 2024

Mudanças climáticas aumentam chance de incêndio florestal em 20 vezes na Amazônia

Condições favoráveis à ocorrência de fogo se intensificam em todo o planeta; eventos são mais violentos, frequentes e atingem áreas maiores, indica novo balanço anual.

 

Publicado na Earth System Science Data na 4ª feira (14/8), o 1º relatório State of Wildfires faz um balanço dos incêndios florestais no mundo entre 2023 e 2024. O estudo mostra alterações de comportamento nas queimadas sob influência das mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas. A Amazônia é uma das regiões do planeta que mais sofreram impactos significativos nesse sentido.

De acordo com o documento, as mudanças climáticas aumentaram em até 20 vezes as chances de ocorrência de condições favoráveis para incêndios florestais sem precedentes na Amazônia Ocidental entre março de 2023 e fevereiro de 2024, destaca o UOL. Apenas no estado do Amazonas, o fogo vem se alastrando por áreas antes não atingidas, aumentando seu raio de atuação em 200% desde 2002, explica o Um só planeta.

A equipe de 44 pesquisadores aponta que o fogo ficou mais violento em todo o planeta. Apesar da área global queimada ter sido próxima à média de anos anteriores – cerca de 3,9 milhões de km2, quase 60% de todo o território amazônico –, as emissões por incêndios ficaram 16% acima da média. Foram 8,6 bilhões de toneladas de CO2 – quase quatro vezes as emissões anuais brasileiras, incluindo todos os setores, como transportes e indústria.

Na Amazônia, a probabilidade atual de eventos de fogo e seca como os de setembro a outubro de 2023 é de cerca de uma a cada seis anos (16%), mostra o relatório. Em um cenário em que as emissões de gases estufa permaneçam altas no planeta, essa chance aumenta para 21% até a década de 2090.

“É virtualmente certo que a força climática total aumentou a área queimada na Amazônia ocidental em até 49,7%, e muito provavelmente que fatores socioeconômicos exacerbaram o aumento”, aponta o estudo. Ainda segundo a pesquisa, a temporada de incêndios na região foi impulsionada por secas prolongadas, mas ações antrópicas, como desmatamento, agricultura e fragmentação de paisagens naturais, também tiveram influência.

Se o período analisado pelo documento já foi muito ruim, tudo leva a crer que o próximo State of Wildfires – o relatório será publicado anualmente – será ainda pior, pelo menos em relação ao Brasil. Afinal, os indicadores de incêndios tanto na Amazônia como no Pantanal vêm batendo recordes neste ano.

Somente no Amazonas foram registrados 3.968 focos de calor nos primeiros 13 dias de agosto, com maior concentração no sul do estado, informam Agência Cenarium e Amazônia Real. A título de comparação, em agosto de 2023 foram registrados 1.220 focos.

Segundo o presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), Juliano Valente, 80% dos incêndios no estado são causados por ações criminosas, relacionadas à agricultura e à grilagem. Municípios como Autazes, Apuí e Novo Aripuanã estão entre os mais afetados. Até o momento, três pessoas já foram presas em flagrante por crimes ambientais.

O governador amazonense, Wilson Lima, anunciou um reajuste de 55% nas diárias dos servidores que estão combatendo queimadas no estado, a contratação imediata de mais 85 brigadistas e a convocação de 200 bombeiros em treinamento para combater incêndios florestais, relatam Amazonas Atual e BNC Amazonas. Os novos brigadistas e os bombeiros irão se juntar aos 365 servidores estaduais que já estão atuando no combate ao fogo.
 

Seca assola 9 em cada 10 Terras Indígenas na Amazônia

Quase 360 territórios na região enfrentaram estiagem em julho, o que leva a insegurança alimentar e hídrica; Amazonas é o estado com mais TIs afetadas. 


Um levantamento do InfoAmazonia mostrou como a seca na Amazônia está afetando as comunidades indígenas. A partir de dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) referentes a julho, foram identificadas 358 Terras Indígenas em situação de seca no bioma, o que representa 92% dos territórios da região.

Para comparação, em julho do ano passado, 260 TIs estavam em situação de seca, um número 37% inferior ao registrado no mesmo mês deste ano. A seca extrema é ainda mais intensa neste ano: em julho de 2023, apenas um território indígena experimentava essa situação; neste ano, o número saltou para 17.

Das 358 TIs sob seca na Amazônia, 192 (53,6%) foram classificadas em situação de seca severa em julho de 2024, enquanto 41% enfrentavam seca fraca ou moderada. O Amazonas concentra a maior parte das TIs em situação de seca na Amazônia Legal, com 146 territórios, seguido por Mato Grosso (68) e Pará (55).

Dados da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde indicam que 2,8 mil aldeias na Amazônia Legal não contam com estrutura de abastecimento de água. A situação é particularmente preocupante no Distrito Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Solimões, no Amazonas, que apresenta o pior nível de abastecimento de água de todo o Brasil - mais de 32 mil pessoas não têm acesso a poços ou caminhões-pipa para o fornecimento de água.

Uma das TIs é a Terra Cacau do Tarauacá, localizada no município de Envira (AM). Em julho do ano passado, o território viveu uma situação de normalidade hídrica. Agora, o cenário é completamente diferente, com as comunidades indígenas locais sofrendo com seca extrema.

A seca não prejudica apenas a disponibilidade de água para as necessidades básicas dos indígenas, mas também sua segurança alimentar. A pesca, atividade crucial para a alimentação amazônica, é cada vez mais difícil. Os indígenas são forçados a sair de seus territórios a pé para comprar comida nas cidades.

“Ano passado já secou, e hoje está secando muito o rio. É muito difícil ir pra cidade, porque o lago secou muito. Da minha aldeia pra chegar no rio, é 40 minutos a pé”, descreveu o indígena Marcos Kulina. O Povo Kulina vive às margens do rio Tarauacá, afluente do rio Juruá, mas a intensidade da estiagem impede a navegação.

“A gente continua ainda com precipitação muito abaixo do que deveria estar acontecendo. Agora, a gente está entrando no período de seca, os meses de julho e agosto normalmente são meses de pouquíssima precipitação na Amazônia de uma forma geral. Só que a seca já vai encontrar as bacias e os rios em condições de deficiência”, explicou Renato Senna, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

 

Estudo mostra como integrar renováveis ao sistema elétrico brasileiro

Documento reconhece desafios do Brasil para incluir crescente volume de projetos de fontes renováveis no sistema elétrico e orienta ações fundamentais para atingir o objetivo.


A transição energética global depende de uma integração bem-sucedida de fontes renováveis ​​a sistemas já existentes. O Brasil, que já se destaca por sua matriz elétrica em relação a muitos países, tem todo o potencial para liderar esse processo. Mas também tem um longo caminho de aprimoramentos socioambientais, regulatórios, operacionais, de planejamento e de formação de preços.

É o que indica o documento “Integração de energias renováveis ao sistema elétrico brasileiro”, lançado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) e a Coalizão Energia Limpa. O estudo reconhece os desafios do Brasil para incluir o crescente volume de projetos de fontes renováveis – solar, eólica e biomassa – em seu sistema elétrico e orienta ações fundamentais para o país atingir esse objetivo, informam Um só planeta, Canal Energia e Canal Solar.

Para chegar a esse fim, os principais pontos indicados pelo documento são:

  • Redefinir o papel estratégico das hidrelétricas, cuja operação pode ser otimizada para oferecer armazenamento de energia, potência em momentos críticos – ajudando a equilibrar a variabilidade das fontes eólica e solar –  e para lidar com incidentes na transmissão de eletricidade;
  • Planejar com horizonte superior aos atuais cinco anos na transmissão, alinhando o crescimento das renováveis à expansão das redes;
  • Investir em sistemas de armazenamento de energia, fundamentais para impulsionar as renováveis intermitentes, com instalação de baterias;
  • Ampliar os parques híbridos, que combinam diferentes fontes como solar e eólica ou solar e hidrelétrica;
  • Investir em novas tecnologias e métodos de armazenamento de energia para cobrir o consumo da geração distribuída fotovoltaica, cuja curva de carga se concentra durante o dia; e
  • Incentivar térmicas a biomassa, com potencial ainda pouco explorado de biogás e biomassa proveniente de resíduos florestais e agrícolas.

“Fatos recentes, como o desperdício das fontes eólica e solar e o vertimento turbinável indicam que o setor elétrico deve se adaptar ao crescimento e ao perfil de geração das renováveis, visando potencializá-las, em vez de limitá-las. A tendência é que tenhamos cada vez mais pressão no sistema para atender a picos de demanda decorrentes de ondas de calor”, destacou Ricardo Baitelo, gerente de projetos do IEMA e autor do estudo.

Em tempo: O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê elevar os limites de exportação de energia gerada no Nordeste para o restante do país em setembro, o que pode contribuir para reduzir o volume de cortes de geração renovável, informa o Terra. O ONS prevê que esses limites poderão ser elevados a 13.000 megawatts (MW), ante os atuais 11.600 MW, com a operação da linha de transmissão Jaguaruana II-Pacatuba no próximo mês. Os limites de escoamento da energia gerada no Nordeste para as demais regiões foram reduzidos após um evento aparentemente simples em equipamentos no Ceará causar um apagão de grandes proporções no país, em agosto do ano passado.

 

Ativistas climáticos bloqueiam quatro aeroportos na Alemanha

Os manifestantes invadiram os aeroportos de Berlim, Stuttgart, Nuremberg e Colônia para pressionar o governo alemão pela proibição da queima de combustíveis fósseis até 2030.  


Ativistas do grupo de jovens Letzte Generation (“Última Geração”, em Português) invadiram os aeroportos de quatro das maiores cidades do país e obstruíram a passagem de aviões. Os manifestantes se colaram na pista para dificultar a retirada pelas forças policiais.

A ação aconteceu nos aeroportos de Berlim-Brandemburgo, Colônia-Bonn, Nuremberg e Stuttgart, o que resultou na suspensão parcial das operações e em atrasos nas decolagens e pousos. Os ativistas abriram buracos em cercas com alicates, colaram-se no asfalto e ergueram cartazes com mensagens como “O petróleo mata” e “Assine o tratado”.

A última mensagem é direcionada ao primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, criticado por não se esforçar por um acordo internacional de não proliferação de combustíveis fósseis até o final desta década. Os manifestantes acusam Scholz de se omitir diante de uma ameaça existencial à sobrevivência das gerações mais jovens e futuras.

“A extração de petróleo, gás e carvão deve parar urgentemente porque destrói os nossos meios de subsistência”, explicou a estudante Regina Stephan, integrante do Letzte Generation, em nota publicada pelo grupo. “Enquanto nossos líderes trabalharem de mãos dadas com as empresas de combustíveis fósseis e colocarem o lucro acima da vida humana, estaremos aqui, na pista.”

A ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, condenou a manifestação e pediu que os ativistas sejam processados e condenados pela Justiça. “Essas ações criminosas são perigosas e estúpidas”, criticou. O Letzte Generation respondeu reiterando a inação das autoridades do país. “O que é perigoso é seu fracasso político [na questão climática]”, destacou o grupo, citado pelo Guardian.

Associated Press, Deutsche Welle, Euronews e Reuters repercutiram a ação.

Em tempo: Um novo estudo liderado por cientistas do Imperial College London (Reino Unido) descobriu que as aeronaves comerciais mais modernas podem estar contribuindo tanto quanto suas versões mais antigas para o aquecimento global. Isso porque os rastros de condensação gerados por esses aviões no voo em grandes altitudes são mais volumosos e duram mais do que aqueles gerados por aeronaves mais velhas, embora os aviões modernos emitam menos carbono. O estudo foi publicado na revista Environmental Research Letters. A CBS News deu mais detalhes.

 

Grécia controla maior incêndio florestal do ano, mas segue com calor extremo

Fogo consumiu mais de 10 mil hectares perto de Atenas e causou uma morte; temperatura alta e seca se mantêm na Itália e nos Balcãs.

Depois de quase uma semana, as autoridades da Grécia confirmaram que conseguiram controlar o maior incêndio florestal registrado no país em 2024. O incêndio queimou cerca de 10 mil hectares nos arredores da capital, Atenas, e resultou na morte de uma mulher. Mesmo com o fogo controlado, o tempo quente e seco ainda preocupa os gregos, que temem mais uma tempestade desastrosa de fogo neste verão.

Como destacou a Reuters, a Grécia está em alerta máximo de incêndio nesta semana, com temperaturas máximas na casa dos 40ºC. A intensidade dos ventos também preocupa, já que esse foi um dos fatores que contribuíram decisivamente para a disseminação do incêndio em Atenas, que cresceu rapidamente no último final de semana.

O incêndio danificou 22 empresas e destruiu pelo menos 78 casas. Vilarejos ao norte e nordeste de Atenas tiveram de ser evacuados ao longo da semana para evitar mortes. A ação não impediu que o fogo ceifasse ao menos uma vida, a de uma operária que morreu no último domingo (11/8). A Associated Press deu mais detalhes.

Uma das suspeitas é que um curto-circuito em um cabo de energia defeituoso tenha sido o gatilho do incêndio em Atenas, de acordo com a Reuters. A empresa operadora da rede elétrica grega, no entanto, afirmou não ter encontrado evidências de mau funcionamento que possa explicar a origem do fogo.

Enquanto isso, a onda de calor que assola a Europa Mediterrânea deve se manter intensa nos próximos dias. Segundo a Bloomberg, há alertas de calor em vigor para a Itália, incluindo as ilhas de Sicília e Calábria, e a maior parte dos Balcãs. Ao mesmo tempo, os ventos vindos do Mar Egeu podem intensificar o risco de fogo na Grécia e em países vizinhos, como Albânia e Macedônia do Norte.

Já nas ilhas Baleares, na Espanha, chuvas torrenciais inundaram estradas, forçaram pessoas a deixar suas casas e cancelaram as operações aéreas em Mallorca. A agência meteorológica espanhola AEMET emitiu um alerta de chuva extrema para o norte da ilha, com potencial para 180 milímetros de precipitação em 12 horas nesta 5ª feira (15). Os alertas de tempestade também abrangem a Riviera Francesa. A notícia é da Reuters.

Em tempo: Do outro lado do Atlântico, o foco está no furacão Ernesto. A expectativa é de que ele ganhe força nesta 6ª feira (16) e se torne um grande furacão de categoria 3, mas chegue às Bermudas no sábado (17) ligeiramente mais fraco, como furacão de categoria 2. Associated Press, Bloomberg e Reuters deram mais informações.

 

Mudanças climáticas agravaram chuvas que provocaram deslizamentos mortais na Índia

Deslizamentos de terra mataram centenas de pessoas na região de Kerala, no sul do país, após uma chuva intensa de monção no final de julho.

O súbito temporal em 30 de julho que causou uma série de graves deslizamentos de terra na região montanhosa de Kerala, no sul da Índia, foi 10% mais intenso devido às mudanças climáticas, segundo estudo de atribuição da rede global de cientistas climáticos World Weather Attribution (WWA). Centenas de pessoas morreram.

Em um único dia, quase 150 milímetros de chuva sobrecarregaram solos já bastante saturados por dois meses de monções. Foi o terceiro maior índice pluviométrico diário já registrado em território indiano.

A pesquisa descobriu que chuvas intensas dessa magnitude já se tornaram 17% mais pesadas nos últimos 45 anos. Se as temperaturas médias globais subirem 2°C acima dos níveis pré-industriais, a estimativa é que explosões extremas de chuva em um único dia em Kerala podem se tornar ainda 4% mais intensas, com potencial para causar deslizamentos de terra ainda mais catastróficos.

Até 3ª feira (13/8), pelo menos 231 pessoas haviam morrido e cem continuavam desaparecidas em Wayanad. Com sua alta elevação e encostas íngremes – combinadas com uma tendência a receber chuvas prolongadas e mudanças generalizadas em sua vegetação natural –, Wayanad é o distrito mais suscetível a deslizamentos de terra em Kerala, que respondeu por 59% dos deslizamentos de terra do país entre 2015 e 2022.

O estudo também analisa outros fatores “mistos” que podem ter contribuído para as altas fatalidades e a “aumentada suscetibilidade” de Wayanad a deslizamentos de terra. Isso inclui uma perda de 62% da cobertura florestal no distrito e avisos que “não alcançaram muitas pessoas”, destaca o Carbon Brief.

“A devastação em Kerala é preocupante não apenas pela difícil situação humanitária enfrentada por milhares de pessoas hoje, mas também porque esse desastre ocorreu em um mundo que continua a se aquecer”, disse ao New York Times Maja Vahlberg, consultora de risco climático no Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. “O aumento das chuvas com as mudanças climáticas identificado no estudo provavelmente aumentará o número de deslizamentos de terra que poderão ser desencadeados no futuro”, completou.

As chuvas de monção, que ocorrem de junho a setembro, oferecem alívio ao calor do verão e são cruciais para a agricultura e o reabastecimento das reservas de água, mas também trazem destruição regular. A WWA alertou que situações piores virão sem ações rápidas, informa a RFI

Reuters, ABC, Indian Express e The Hindu também repercutiram o estudo da WWA.

 



Fonte :
ClimaInfo
www.climainfo.org.br
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