Pesquisadores do Instituto de Zootecnia apontam características positivas da planta e ressaltam potencial produtivo
O agravamento da estiagem no estado de SP tem afetado plantações e
aumentado o problema de escassez de alimentos para os ruminantes. Na busca por
espécies vegetais mais resistentes a estas condições, pesquisadores do
Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento
do Estado de São Paulo, têm encontrado na Moringa oleífera uma
alternativa viável para alimentação neste período.
Além de ser mais resistente à seca, a moringa é um alimento
alternativo com características produtivas, nutricionais e medicinais que podem
melhorar a produtividade e qualidade dos produtos de origem animal com redução
de custos e menores impactos ambientais.
O óleo extraído da semente da planta apresenta atividade
antimicrobiana, diminuindo a incidência de bactérias patogênicas que podem
causar doenças. Seu uso ajuda a selecionar as bactérias benéficas no trato
gastrointestinal dos animais. Em ruminantes este alimento contribui para
diminuição da produção de gases de efeito estufa como o metano, diminuindo o
impacto ambiental.
Todas as partes da planta podem ser aproveitadas. Caules, flores,
frutos e sementes são comestíveis para os animais e com elevados teores de
proteínas, vitaminas e minerais. As folhas são ricas em betacaroteno, vitamina
C, proteína bruta (PB), ferro e potássio. Já as sementes são ricas em proteínas
e rica em óleos essenciais, incluindo compostos fenólicos, flavonoides e outros
que podem ser promotores da saúde animal.
Segundo o pesquisador do IZ Fábio Prudêncio de Campos, esta planta
tem teores de proteína bruta de 28% nos folíolos e 25% nas folhas. “Quando
colhida em altura de 1,60m e picada na íntegra (caule e folha), a planta
apresentou teor de PB total ao redor de 14% e digestibilidade da matéria seca
de 64,3% no período das secas, sendo semelhantes a vários capins tropicais no
período das chuvas. O que se infere que haverá ótimo consumo e desempenho
animal. Contudo, é necessário o manejo de reposição de nutrientes do solo,
principalmente fósforo e potássio”, relata.
Campos comenta que, como toda leguminosa, seu principal problema é
o ataque de formigas tipo saúva, principalmente no processo de implantação.
“Deve-se ter um rigoroso controle, mesmo depois de sua implantação”, diz.
O pesquisador também alerta que, por ser uma planta arbórea,
deve-se ter o controle da altura de corte, a fim de se manter a relação
caule:folha de forma mais equilibrada. “Em alturas acima de 1,60m haverá muito
caule, superando 58% na massa de forragem, o que diminuirá a digestibilidade
dessa planta quando oferecida aos animais na forma de silagens ou picadas no
cocho. Assim, planta de 1,0m poderá ter menor volume de massa produzida, porém
terá maiores valores nutricionais, por ter maiores volumes de folhas em relação
aos caules”, comenta Campos.
Moringa oleífera
A moringa é uma planta arbórea originária da Índia e que
atualmente está presente em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo.
Pode ser usada na produção apícola, na alimentação animal e humana, na produção
de óleo de ótima qualidade de produtos medicinais, fibras têxteis e cosméticos.
O interesse em seu cultivo em vários países deve-se principalmente as
propriedades nutricionais, terapêuticas e profiláticas.
A planta é de fácil propagação (sementes) e de rápido crescimento,
demandando pouco cuidado, por possuir uma resistência que permite viver por
longos períodos de estiagem. Na literatura menciona-se que o plantio pode ter até 500.000
plantas de moringa por hectare, podendo atingir uma produtividade de 200
toneladas de forragem fresca. Contudo, para facilidade de manejo dos tratos
culturais, é recomendado o plantio mais adensado, com espaçamento de 50 × 20
cm, o que representa 100.000 plantas por hectare, porém com menor
produtividade. A forma de plantio inicial recomendada é através do uso de tubetes
de germinação de sementes com solo vegetal comercial, para se ter o maior
controle. Sendo assim, o replantio deverá ser no campo quando as plantas
atingirem alturas ao redor de 10 a 15 cm. No entanto, pode-se também efetuar o
plantio das sementes direto no campo, porém o controle inicial deverá ser ainda
mais rigoroso, por causa das plantas invasoras e ataques de formigas que
ocorrem em todas as fases de crescimento das plantas.
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