Aprovação do PL 2687/2022 poderá transformar a vida
de milhões de brasileiros com a doença
O Projeto de Lei
(PL) 2687/2022, que buscar categorizar o diabetes mellitus tipo 1 como
deficiência física para todos os efeitos legais, foi aprovado pela Câmara dos
Deputados. Caso seja avaliado positivamente pelo Senado Federal, a mudança da
classificação da patologia pode proporcionar um melhor acesso a tratamentos
tecnológicos, como a disponibilidade da bomba de insulina para pacientes, e
diretos previstos no Estatuto da Pessoa com Deficiência. Para Beatriz Scher,
que tem o diagnóstico da doença desde os 6 anos, a aprovação final dessa PL,
pode mudar a vida de mais de 588 mil pessoas diagnosticadas com diabetes tipo
1, dados do relatório "Type 1 diabetes estimates in children and adults”,
da IDF (Federação Internacional de Diabetes.
“Ao ser
reconhecida como deficiência, a diabetes tipo 1 garante aos pacientes os
direitos previstos no Estatuto da Pessoa com Deficiência, como acessibilidade,
inclusão social e não descriminação. Diabéticos tipo 1 poderão ter acesso
facilitado a serviços públicos e privados, como vagas de emprego, transporte e
educação. A garantia de direitos e a inclusão social podem contribuir para uma
melhor qualidade de vida, reduzindo o estresse e a ansiedade associados à
doença”, explica Beatriz que é empreendedora do e-commerce biabética, que
comercializa produtos práticos, funcionais e com estampas coloridas.
Acesso a
tratamento e tecnologia
A classificação da
diabetes 1 como deficiência pode facilitar o acesso a bomba de insulina, um
dispositivo que automatiza a distribuição da insulina e proporciona maior
controle da glicemia. “Essa classificação PCD pode levar um aumento da oferta
de outros tratamentos e tecnologias como sensores de glicose contínuos e
programas de educação em dainetes. E com isso pode ser reduzido os custos da
doença para as famílias, que muitas vezes enfrentam para arcar com os gatos de
medicamentos e equipamentos”, comenta Bia que tem uma comunidade nas redes
sociais em prol da conscientização sobre a doença.
Para a
endocrinologista Solange Travassos, um dos principais desafios ao conviver com
a patologia é a falta de acesso ao tratamento. Isso porque, segundo a
profissional, menos de 15% dos adultos com diabetes tipo 1 têm controle
satisfatório e entre as crianças, apenas cerca de 20% tem um controle adequado
com baixo risco de complicações. "Vale ressaltar que cada paciente é
único, não é como seguir uma prescrição de um antibiótico, que é igual para
todos. As pessoas com diabetes necessitam de orientação médica, nutricional e
para a atividade física. A incidência de transtornos mentais como ansiedade,
depressão e o stress gerado pelo tratamento do diabetes são frequentes e
necessitam de acompanhamento psicológico e por vezes psiquiátrico",
explica.
Mudança no
ambiente escolar e profissional
Beatriz que vem
acompanhando e estudando sobre a o Projeto de Lei (PL) 2687/2022,conta que as
escolas poderão ser obrigadas a oferecer adaptações para alunos com diabetes
tipo 1, como locais adequados para aplicação de insulina e acompanhamento por
profissionais de saúde. Além disso, no âmbito profissional, os diabéticos tipo
1 ter direito a adaptações no ambiente de trabalho, como horários flexíveis e
locais adequados para monitoramento da glicemia. “A classificação do diabetes
tipo 1 como deficiência pode ajudar a combater a discriminação e o preconceito
contra pessoas com essa condição”, afirma.
Um dos principais pontos usados na proposta da PL 2687/2022, é o reconhecimento da diabetes tipo 1 como deficiência em diversos países, como Espanha, Estados Unidos e o Reino Unido. Já na Alemanha, que também marca presença na lista de países que classificam a patologia como deficiência, crianças a partir de sete anos possuem acesso a bombas de infusão de insulina, responsáveis por aplicar microdoses de insulina ao longo do dia. A tecnologia permite que as canetas e seringas, principais meios de aplicação de insulina no Brasil, sejam evitadas.
"A Lei 2687/2022 poderá facilitar muito na rotina de crianças, já que,
caso as bombas de infusão de insulina sejam disponibilizadas no Brasil, elas
não precisarão de ajuda de adultos para aplicar a seringa ou a caneta. Muitas
escolas não possuem profissionais especializados para auxiliar essas crianças,
causando uma preocupação ainda maior nos pais. Essa falta de ajuda também
prejudica muitas mães, que acabam largando a sua vida profissional para estar
sempre disponíveis aos seus filhos, caso precisem de ajuda", finaliza
Scher.
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