Compreender os efeitos de cada modelo nos hormônios é importante para eleger a melhor opção de acordo com a estrutura hormonal de cada mulher, ensina endocrinologista
Os métodos contraceptivos acompanham a maioria das mulheres em grande parte de sua idade fértil, período que dura cerca de 30 anos. Ao longo das fases de vida, a mulher recorre a diferentes métodos para evitar a gravidez, mas, nem sempre tem orientação para escolher aquele que melhor se adequa à sua realidade pessoal.
A Dra. Thais Mussi, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), frisa a importância de reconhecer que os métodos possuem diferentes mecanismos de ação e que podem afetar os hormônios e a saúde de várias maneiras. "Essa escolha deve considerar os efeitos hormonais do contraceptivo. Questões como histórico de doenças cardiovasculares, trombofilias, enxaquecas, e outros fatores de risco devem ser avaliados em conjunto com um profissional de saúde", orienta a especialista.
Além disso, segundo a Dra. Thais, é fundamental que a mulher monitore as mudanças na saúde física e mental quando inicia ou altera o uso de métodos contraceptivos. "Por isso, é importante entender a diferença entre todos eles", enfatiza a endocrinologista, ao destacar que há os métodos hormonais e os não hormonais. "Os contraceptivos hormonais, como pílulas, adesivos, injeções e dispositivos intrauterinos (DIUs) hormonais, contêm hormônios sintéticos que mimetizam os hormônios naturais do corpo, principalmente o estrogênio e a progesterona", explica.
Mais
numerosos no mercado, os métodos hormonais funcionam de maneira específica em
suas diferentes propostas, por isso, a Dra. Thais define, abaixo, as
peculiaridades de cada um:
- Pílulas combinadas
Elas contêm estrogênio e progesterona e funcionam principalmente suprimindo a ovulação. Ao inibir a liberação de hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH) pela hipófise, essas pílulas impedem que os ovários liberem óvulos. "Além disso, elas espessam o muco cervical, dificultando a passagem dos espermatozoides, e alteram o revestimento do útero, tornando-o menos receptivo à implantação de um óvulo fertilizado", detalha a médica.
Seu
uso contínuo pode regularizar o ciclo menstrual, reduzir dores menstruais e
diminuir a incidência de cistos ovarianos. Por outro lado, segundo a Dra.
Thais, podem aumentar o risco de trombose venosa, hipertensão arterial e, em
alguns casos, influenciar negativamente o humor e a libido.
- Pílulas só de progesterona (minipílulas)
Utilizam
somente a progesterona e são indicadas principalmente para mulheres que não
podem usar estrogênio. "Elas funcionam principalmente espessando o muco
cervical e alterando o revestimento endometrial e podem ser menos eficazes na
supressão da ovulação em comparação com as pílulas combinadas, mas ainda assim
são altamente eficazes", avalia a especialista.
Esta
modalidade, segundo ela, tende a causar menos efeitos colaterais relacionados
ao estrogênio, como náuseas e retenção de líquidos, mas podem causar
irregularidades menstruais.
- Adesivos e anéis vaginais
"Eles
também liberam uma combinação de estrogênio e progesterona, semelhante às
pílulas combinadas. A diferença está na via de administração, que pode ser mais
conveniente para algumas mulheres e oferecer uma liberação mais estável de
hormônios", define a Dra. Thais.
- Injeções de progesterona
Administrações
trimestrais de progesterona também espessam o muco cervical e afinam o
revestimento endometrial, segundo a médica. Elas podem suprimir a ovulação em
alguns casos e são eficazes por períodos prolongados. Podem causar
irregularidades menstruais, ganho de peso e alterações de humor.
- DIUs hormonais
Liberam
progesterona diretamente no útero, proporcionando uma liberação constante e
local do hormônio. Espessam o muco cervical, afinam o endométrio e podem, em
alguns casos, suprimir a ovulação. São altamente eficazes e podem durar vários
anos. "Aqui os efeitos colaterais comuns incluem sangramentos irregulares
e, eventualmente, ausência de menstruação", explica a Dra. Thais.
Métodos contraceptivos não hormonais
Ao
lado das opções que utilizam hormônios na composição, os DIUs de cobre não
afetam os hormônios naturais do corpo, de acordo com a médica endocrinologista.
"O cobre tem um efeito espermicida, que impede a fertilização do óvulo.
Esses métodos não alteram os níveis hormonais, evitando muitos dos efeitos
colaterais associados aos métodos hormonais, mas podem causar aumento do fluxo
menstrual e cólicas", explica a médica.
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