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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Brasil em chamas: fumaça de queimadas na Amazônia e no Pantanal continua se espalhando pelo país

Corredor de fumaça” vai de Manaus a Porto Alegre, passando por países vizinhos; Fiocruz recomenda máscara com sistema de filtragem.

 

A fumaça dos incêndios na Amazônia e no Pantanal já havia atingido o Sul e partes do Sudeste há cerca de 10 dias. O fenômeno foi interrompido pela massa de ar polar continental que derrubou as temperaturas e trouxe alguma chuva ao Centro-Sul do país. O “corredor” de poluição voltou a atacar agora, atingindo 10 estados e países vizinhos.

Imagens de satélite da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) e da NASA mostram a fumaça avançando desde o norte do Brasil e da Bolívia para regiões do Paraguai, Argentina, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O mapa da NOAA, reproduzido pela, mostra claramente a concentração de aerossóis – partículas na atmosfera como poeira, fumaça e poluição, que podem bloquear a luz solar.

Em Manaus, o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (SELVA), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), apontou na 3ª feira (20/8) um nível de material particulado de 35,9 µg/m3 em partes da cidade, explica a Onda Digital. Segundo o Selva, para ser considerado “bom”, o ar precisa estar até 25 µg/m3.

Como a qualidade ruim do ar tem sido uma constante na capital amazonense, a Fiocruz chegou a recomendar o uso de máscaras com sistema de filtragem especial (N95 ou PFF2) no "período crítico de exposição à fumaça".

E Porto Velho, em Rondônia, vem registrando também uma das piores qualidade do ar do país desde o início de agosto, mostra o IQAir. O aeroporto chegou a fechar por falta de visibilidade.

E seguindo a tendência dos últimos anos, é quando a fumaça chega ao Sudeste e ao Sul que a sociedade brasileira se dá conta da dimensão dessas queimadas, destaca o O Globo. As cidades mais afetadas pela fumaça ficam no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, mas a neblina também chegou ao Rio de Janeiro e a São Paulo. O fenômeno é facilitado pela onda de calor e pode voltar a acontecer até a próxima 6ª feira (23), segundo O Globo. 

Segundo Estael Sias, meteorologista da MetSul, a fumaça se espalha por meio do "rio atmosférico de fumaça" – um paralelo com os "rios voadores", que são enormes corredores de umidade atmosférica da Amazônia até o centro-sul do país. Nesse momento de seca, sem umidade, o que está sendo carregado pelos ventos que vêm do Norte para o Sul é a fumaça. "Este ano, especialmente, são muitos meses de escassez de chuva, o que favoreceu as queimadas e resultou em muita fumaça na atmosfera", explicou.

O número de queimadas na Amazônia e no Pantanal vem batendo recordes neste ano. De janeiro até o início de agosto, mais de 1,2 milhão de hectares foram consumidos pelo fogo no Pantanal. A Amazônia acabou de ter o seu pior resultado para um mês de julho desde 2005, com 11.145 focos de queimadas no bioma, segundo dados do Sistema DETER, do INPE.

g1, Veja, O Globo, ICL Notícias, Folha e GZH também repercutiram o “rio de fumaça” das queimadas na Amazônia e no Pantanal.

Em tempo: O retorno do calor e da baixa umidade do ar pioraram a situação dos incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Segundo o Corpo de Bombeiros, além dos focos que já estavam ativos, um novo foi registrado em Porto Murtinho na 2ª feira (19/8), informa o g1.

 

Seca faz rio Negro atingir nível crítico, e Solimões tem menor cota para agosto da história

Imagem de ribeirinho salvando boto em leito seco do rio Madeira viraliza e revive trauma da estiagem de 2023, que pode ser pior este ano.

Um vídeo que viralizou nas redes sociais escancara a gravidade da seca na Amazônia. Nele, um ribeirinho está com um boto nos braços. O animal ficou encalhado em um banco de areia no leito seco do rio Madeira, e o homem corria para levá-lo para um trecho ainda cheio do rio, mostra o Portal do Holanda. Inevitável não lembrar dos mais de 100 botos mortos no lago Tefé, no rio Solimões, pela estiagem extrema e o superaquecimento da água em 2023.

Assim como ocorreu em 2023, a estiagem chegou antes do tempo habitual, afetando comunidades e a vida selvagem. E tudo indica que a tragédia será mesmo pior neste ano. Somente no Amazonas, 20 municípios estão em situação de emergência por conta da seca, informam CBN, A Crítica e Amazonas Atual, com 27 mil famílias afetadas – 111.959 mil pessoas, segundo a Defesa Civil do estado.

No domingo (18/8), o Solimões atingiu, em Tabatinga (AM), uma cota de 2 centímetros, a menor para o mês de agosto desde o início das medições. Antes disso, o nível mais baixo já registrado havia sido de 8 centímetros em 2005, lembra o Poder 360. Para se ter uma ideia da gravidade deste recorde, a média para o mês é de 4,45 metros, segundo o Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta Hidrometeorológico (SipamHidro).

Na 2ª feira (19/8), o rio Negro atingiu um nível crítico de vazante em Manaus, com 22,76 metros, informou a Defesa Civil do Amazonas. Dados do Porto de Manaus mostram que, só em agosto, o rio caiu 2,42 metros, totalizando uma redução de 4,09 metros desde o início da vazante. A situação é a mesma nas bacias do Alto Solimões, Médio Solimões e Médio Amazonas. Todas, segundo a Defesa Civil, estão em nível crítico de vazante, relata o g1.

Em julho, por causa das previsões de temperatura acima e das chuvas abaixo da média, o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e o governo do Amazonas alertaram para a possibilidade de seca severa na região. O pico da vazante ainda é esperado para outubro, tanto no Solimões, como nos rios Negro e Amazonas.
 

Polícia prende suspeitos por morte de líder indígena na Bahia

A Polícia Civil baiana prendeu oito pessoas suspeitas de envolvimento na morte do indígena Lucas Kariri-Sapuyá em dezembro de 2023, em Itaju do Colônia.

Depois de meses de investigação, a Polícia Civil da Bahia prendeu na última 2ª feira (19/8) oito pessoas suspeitas da morte do líder indígena Lucas Santos de Oliveira, também conhecido como Lucas Kariri-Sapuyá. Ele era cacique de uma aldeia Pataxó Hã-Hã-Hãe e um dos coordenadores do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA).

O crime ocorreu em dezembro de 2023, quando a vítima foi alvejada por dois homens armados enquanto passava pela estrada que dava acesso à comunidade em que vivia, no município de Itaju do Colônia. De acordo com a Polícia Civil baiana, os suspeitos foram localizados após um trabalho tático e de inteligência que envolveu cerca de 200 agentes. Foram executados 27 mandados de prisão, busca e apreensão, que também resultaram na captura de duas armas de fogo e munição, 11 celulares, pacotes de drogas e uma balança de precisão. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

Uma das principais frentes de atuação do líder indígena era em defesa da Terra Caramuru-Catarina Paraguassu, que possui um longo histórico de conflitos fundiários entre indígenas e fazendeiros da região sul da Bahia.

Os investigadores não confirmaram as possíveis motivações para o crime, mas representantes indígenas acusam pistoleiros a mando de fazendeiros locais como responsáveis pela morte de Lucas Kariri-Sapuyá. As tensões se intensificaram desde o ano passado por conta de embates entre fazendeiros e indígenas pelo controle de fazendas dentro do território indígena.

Em janeiro, uma ação ilegal de retomada de uma fazenda dentro da reserva resultou na morte da líder indígena Maria de Fátima Muniz, a Nega Pataxó. O suspeito, um homem de 19 anos que seria filho de um dos fazendeiros, foi preso em flagrante. A ação teria sido orquestrada pelo grupo miliciano “Invasão Zero”, que também está envolvido com episódios de violência contra indígenas em outros estados.

A Tarde, CNN Brasil, Folha e g1, entre outros, repercutiram as prisões dos suspeitos pela morte de Lucas Kariri-Sapuyá na Bahia.

Em tempo: O ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) instituiu uma sala de situação para acompanhar as ações de segurança na região da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, no Mato Grosso do Sul. A região foi tomada por episódios de violência contra indígenas no último mês, o que forçou o retorno da Força Nacional de Segurança Pública. De acordo com a CNN Brasil, o governo federal também trabalha junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para destravar o processo de demarcação do território, prejudicado pelo inconstitucional marco temporal, aprovado para restringir os Direitos dos Indígenas às suas terras ancestrais. Correio Braziliense e Valor também abordaram a notícia.

 

Grileiro lucra R$ 780 milhões com venda de créditos de carbono e madeira

Suspeito que participou da COP28 criou esquema para tomar uma área pública do tamanho Distrito Federal no Amazonas e desmatá-la. 

O Fantástico (TV Globo) deu destaque à história de um médico do interior de São Paulo que comandou um megaesquema de fraude de créditos de carbono gerados em Terras Públicas invadidas no Amazonas. Ricardo Stoppe Júnior teria lucrado R$ 180 milhões com a venda desses créditos de carbono certificados e mais de R$ 600 milhões com a extração ilegal de madeira.

O esquema fraudulento envolvia a duplicação e a falsificação de títulos de propriedade, o que resultou no roubo de cerca de 538 mil hectares de Terras Públicas na região de Lábrea (AM). Os crimes ocorriam há mais de uma década, mas se intensificaram nos últimos três anos, com certidões falsas emitidas por um servidor da Secretaria de Terras do Amazonas (SECT/AM).

Segundo a PF, o esquema também envolvia funcionários de cartórios da região e do INCRA. Os policiais conseguiram gravar conversas telefônicas que comprovam a negociação e o pagamento de propinas.

O Fantástico também mostrou como Stoppe se promovia publicamente como um grande player do mercado de carbono brasileiro. Ele participou da última Conferência da ONU sobre o Clima (COP28), realizada em novembro de 2023 em Dubai, nos Emirados Árabes, como o “rei do crédito de carbono” no Brasil.

Em junho, a PF começou a desbaratar o esquema criminoso por meio da Operação Greenwashing, que cumpriu mandados de prisão preventiva, inclusive contra Stoppe, e busca e apreensão em seis estados. Além do empreendimento ilegal em Lábrea, o grupo também operava dois projetos de geração e venda de créditos de carbono no sul do Amazonas, em um esquema que pretendia utilizar mais de 3,5 milhões de hectares de área grilada.

Em tempo: O governador do Pará, Helder Barbalho, confirmou que o estado pretende fazer sua primeira emissão de créditos de carbono durante a Semana do Clima de Nova York, que acontecerá em paralelo à reunião da Assembleia Geral da ONU no final de setembro. De acordo com Barbalho, a comercialização será feita pelo valor de US$ 15 por tonelada, acima da média do mercado. “Isso [acontece] pela qualidade do crédito, pela comprovação da redução das emissões do estado”, disse o governador. A Folha deu mais informações.

 

Energia solar ultrapassa a marca de 46 GW de capacidade instalada no Brasil

Mais de 4 milhões de imóveis já são abastecidos pela geração própria solar em telhados, fachadas e pequenos terrenos; residências lideram o uso. 

A geração de energia solar ultrapassou a marca de 46 gigawatts (GW) de potência instalada em todo o país. Somente neste ano foram instalados mais de 9 GW fotovoltaicos, somando os segmentos de geração centralizada [projetos contratados em leilões do governo] e distribuída [produção de eletricidade pelo consumidor]. A fonte já representa 19,4% da matriz elétrica brasileira.

Na geração distribuída [GD] já são mais de 4 milhões de unidades consumidoras abastecidas por painéis solares instalados em telhados, fachadas e pequenos terrenos, destaca Míriam Leitão n’O Globo. Apenas em julho houve a instalação de novos 100.000 sistemas nessa modalidade, que totaliza 31 GW de capacidade instalada, destaca o Jornal do Comércio.

De acordo com a ABSOLAR, as residências lideram o uso da tecnologia na GD, com mais de 2,8 milhões de imóveis abastecidos – 70% do total de unidades consumidoras. O segmento é seguido pelos estabelecimentos comerciais e de serviços, com mais de 674,4 mil locais (16,8%). Logo depois vêm propriedades rurais, com 410,4 mil (10,2%), indústrias, com 97,4 mil (2,4%), e prédios do poder público, com 12,1 mil (0,5%). Os demais tipos de consumidores, como serviços públicos e iluminação pública, somam cerca de 1,7 mil (0,1%).

Um outro indicativo de expansão é a plataforma Meu Financiamento Solar, especializada em financiamento para projetos de energia solar. Segundo o Portal Solar, o volume de recursos cresceu 41% no 2º trimestre do ano em comparação com igual período de 2023. A maior parte do crédito liberado foi destinada a projetos de residências e empresas no estado de São Paulo. Logo depois vem Pará, Bahia, Mato Grosso e Pernambuco.

Segundo a ABSOLAR, o setor fotovoltaico nacional já atraiu mais de R$ 214,9 bilhões em investimentos, gerou mais de 1,38 milhão de empregos no país e evitou a emissão de 55,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade, informa o Canal Solar. Os negócios no setor fotovoltaico também garantiram mais de R$ 66 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.

 

Petróleo da morte: como a indústria de combustíveis fósseis alimenta a guerra em Gaza

Nova análise revela como empresas e governos petrolíferos estão apoiando o esforço de guerra de Israel em Gaza, que matou mais de 40 mil pessoas. 

Governos e empresas de países signatários da Convenção da ONU sobre o Genocídio estão alimentando o esforço de guerra de Israel na Faixa de Gaza, inclusive com o fornecimento de combustíveis fósseis para essa operação de destruição. A conclusão é de uma nova pesquisa divulgada nesta 3ª feira pela Oil Change International.

De acordo com a análise, empresas petrolíferas privadas e de capital aberto forneceram coletivamente mais de 2/3 de todo o petróleo consumido por Israel em março passado. Desse total, metade foi vendida pelas grandes empresas do setor fóssil, vulgo Big Oil - Chevron, BP, ExxonMobil, Shell, Eni e TotalEnergies.

Entre 21 de outubro de 2023 e 12 de julho de 2024, a pesquisa identificou 65 remessas de petróleo bruto e produtos petrolíferos refinados a Israel. Mais da metade dessas remessas (54%) partiram de seus portos de origem, depois de 26 de janeiro passado, quando o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) opinou que Israel pode estar cometendo crime de genocídio em Gaza. 

Entre os países fornecedores de petróleo a Israel, está o Azerbaijão, futuro anfitrião da COP29 de Baku, responsável por 28% do suprimento de petróleo bruto por meio do oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC), operado pela BP. Itália, Albânia, Grécia e Gabão também se destacam entre os principais vendedores de petróleo a Israel.

Outro fornecedor é o Brasil, responsável por 9% do suprimento desde o início da guerra, o 4º maior de Israel. A maior parte do fornecimento, no entanto, é feita por meio de Shell e TotalEnergies. Um dos apelos da Oil Change International é de que o governo brasileiro restrinja a comercialização de combustíveis com Israel.

Ao Guardian, um porta-voz da Presidência da República afirmou que as negociações de combustíveis fósseis são realizadas diretamente pelo setor privado, de acordo com as regras do mercado. “Embora a posição do governo sobre a atual ação militar de Israel em Gaza seja bem conhecida, a posição tradicional do Brasil sobre sanções é não aplicá-las ou apoiá-las unilateralmente”, explicou.

Em tempo: Mais de mil sobreviventes de desastres climáticos nos EUA ingressaram com um pedido conjunto de investigação contra as grandes empresas de combustíveis fósseis do país por conta de crimes cometidos contra o clima global. A carta, organizada pelos grupos Chesapeake Climate Action e Public Citizen, pede ao Departamento de Justiça norte-americano que averigue a responsabilidade do Big Oil por ações de desinformação pública e pressão política sobre agentes governamentais para evitar restrições ao setor.

“Sobrevivemos a furacões, inundações, calor extremo, incêndios e outros perigos que impactam nossas vidas com mais frequência e intensidade devido às mudanças climáticas”, destacou a carta. “Embora nossas histórias e experiências sejam diversas, a má conduta da indústria de combustíveis fósseis é uma linha consistente”.

Euronews e Guardian deram mais detalhes. 



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