Os animais são
seres capazes de sentir sensações e emoções, e passíveis de proteção jurídicaDivulgação
O Código Civil está passando por uma reforma
recente e os animais ganharam um novo status legal. Deixaram finalmente de
serem considerados meros objetos e/ou animais irracionais, mas sim seres vivos
sencientes, ou seja, capazes de sentir sensações e emoções e passíveis de
proteção jurídica própria.
A convivência entre humanos e animais,
principalmente em condomínios residenciais, comerciais e mistos é um tema cada
vez mais relevante, e surgem importantes debates sobre seus direitos e deveres
nesse contexto.
A mudança proposta na reforma do Código Civil
representará um novo paradigma legal, promovendo uma convivência mais justa,
igualitária e consciente nos condomínios.
Dra. Alessandra Bravo, advogada
especialista em Direito Condominial e Direito Animal explica como essa mudança impacta os condomínios residenciais:
“A proposta do artigo 1.510-A
afirma finalmente que os animais são capazes de sentir emoções e sensações de
forma consciente e racional. Essa mudança considera o bem-estar integral dos
animais. As necessidades individuais devem ser respeitadas,
assim como sua dignidade e capacidade de sentir. A imparcialidade é essencial
para criar um cenário favorável a todos os envolvidos em quaisquer conflitos.”
- Deveres
dos Condôminos:
- Animais
em condomínios são um exercício do direito de propriedade, mas esse
direito está associado ao respeito pelos vizinhos
- O
Código Civil (artigos 1.277, 1.278 e 1.279) permite cessar interferências
nocivas à segurança e ao sossego dos demais.
- Responsabilidades
dos Tutores:
- Limpeza
das sujeiras dos animais nas áreas comuns é obrigatória
- Cães
agressivos devem usar focinheira, conforme previsto na legislação do
Estado que se encontra
- Limpar
as fezes e urina do animal, manter a higiene e a vacinação em dia
- Reforma
do Código Civil:
- O
novo texto reconhece os animais como seres sencientes e passíveis de
proteção jurídica própria
- A reforma
representa um avanço importante para o bem-estar animal e a harmonia nos
condomínios.
Reconhecimento dos Animais
como Seres Sencientes e Famílias Multiespécie
Uma família multiespécie é aquela formada pelo
núcleo familiar humano em convivência compartilhada com seus animais de
estimação sob o mesmo teto. Esse vínculo vai além das responsabilidades de um
tutor, marcado pelo afeto e amor. Essa situação pode causar impactos diretos
nas relações entre os moradores e o condomínio, promovendo a necessidade de
tolerância e a compreensão entre os vizinhos.
Yoshie Kuninari é tutora de Jully, uma poodle de 05
anos. Ela comenta sobre o profundo afeto que transcende a relação humana e
animal:
“Nós dividimos o mesmo
travesseiro e edredom. Essa proximidade é um testemunho do amor e da nossa
cumplicidade. O meu filho já apresenta a
Jullynha como uma irmãzinha, parte realmente da nossa família.”Yoshie durante uma “Cãominhada”
com sua poodle Jully
Embora algumas pessoas possam estranhar essa relação, para Yoshie e sua família, Jullynha é parte integrante do lar, merecendo todo o respeito e carinho.
A família multiespécie transcende os limites
humanos e inclui os animais de estimação como membros essenciais, explorando a
relação familiar e o papel especial que os pets representam no convívio diário.
Stela é moradora de um condomínio residencial e
tutora da Lully, de 07 anos, da raça shih-tzu. Ela destaca o equilíbrio entre
moradores com e sem pets. Conversas amigáveis e respeito mútuo garantem uma
convivência harmoniosa para todos:
“Proteger os direitos dos
animais é uma responsabilidade de todos nós, e a legislação está cada vez mais
atenta a essa questão. E aqui temos um problema que considero em comum: latidos
excessivos de uma cachorrinha quando o proprietário sai. A solução? Conversei
com o dono e, quando necessário, entro no apartamento, brinco com a cachorra e
ofereço um petisco. Geralmente, a cachorra se tranquiliza, evitando latidos
persistentes. A convivência com animais em condomínios exige empatia, diálogo e
respeito mútuo.”
Conflitos entre tutores dos
pets e moradores – convivência harmoniosa e normas
A coexistência pacífica entre humanos e animais
requer um equilíbrio entre direitos e responsabilidades. Os condôminos tutores
devem garantir que seus pets também não interfiram nos direitos dos demais
moradores.
O Código Civil estabelece que os condôminos têm o
dever de não prejudicar o sossego, a salubridade e a segurança dos demais. Isso
inclui o cuidado com os animais. Dra. Alessandra Bravo, especialista em Direito
Animal, destaca que:
“Os animais têm o direito de
permanecer e viver nos condomínios, e como as pessoas que ali residem precisam
se enquadrar e respeitar as regras estabelecidas. Além disso, os tutores devem
se responsabilizar por eventuais danos causados pelos seus próprios pets.”
As divergências entre moradores podem surgir devido
a diversos fatores, como:
- Barulho: Latidos excessivos e outros
ruídos causados pelos animais podem perturbar a tranquilidade dos vizinhos
- Sujeira: A higiene e a limpeza das
áreas comuns são questões sensíveis quando se trata de animais
- Alergias
e Medos:
Alguns condôminos podem ter alergias ou medo de animais, o que gera
tensões
Dra. Alessandra Bravo considera que dúvidas
frequentes incluem questões sobre raças permitidas, rotinas diárias, intolerância
entre animais e responsabilidade por danos. Ela explica:
“Embora a Constituição Federal
assegure direitos aos animais, cada Estado tem regras específicas. Por isso,
avaliar cada situação individualmente é essencial e necessária para maior
efetividade.”
Dra. Alessandra Bravo ainda ressalta que os
moradores devem seguir as normas internas do condomínio, desde que não firam os
direitos dos animais. Ela afirma:
“Os deveres dos moradores
incluem respeitar as regras de boa vizinhança e convívio. A convivência em
condomínios é um delicado equilíbrio entre direitos individuais e o bem-estar
coletivo. Quando se trata de animais de estimação, essa harmonia requer conhecimento,
respeito e paciência.”
O síndico profissional de um condomínio
residencial, Antônio Carlos, enfatiza a importância do diálogo com os moradores
e da conscientização sobre as boas práticas relacionadas aos animais nas áreas
comuns dos condomínios. Ele procura manter uma comunicação aberta para garantir
o bem-estar de todos.
“Um caso relevante ocorreu
quando um morador levava sua gatinha para fazer as necessidades na área do
parquinho das crianças. Ao abordá-lo, o morador foi extremamente ríspido, o que
me levou a adverti-lo administrativamente. Essa situação gerou um desconforto
ainda maior, mas ele acabou acatando para evitar multas.”
Orientação Jurídica e Mediação
de Conflitos
Advogados especializados em
Direito Animalista ajudam na elaboração de regulamentos internos que respeitem
os direitos de todos: humanos e não humanos. Eles consideram as necessidades dos animais, a convivência harmônica e
a segurança de todos os condôminos.
O síndico profissional Antônio Carlos destaca que o
conhecimento das leis e normas relacionadas aos animais, ajudam os síndicos a
lidarem com coerência nesse assunto, mas que contar com o apoio de um advogado
condominial é fundamental:
“O advogado é de extrema
importância no momento de aplicar as normas relacionadas aos animais
corretamente, evitando impactos negativos para o condomínio. Conscientizar sobre as boas práticas com os animais é essencial para
uma convivência harmoniosa.”
Dra. Alessandra Bravo enfatiza a importância de
advogados especializados em Direito Animalista:
“Esses profissionais podem
auxiliar condôminos, síndicos, administradoras e gestores condominiais.
Oferecem orientação jurídica preventiva e contenciosa, mediam conflitos
relacionados aos animais e defendem os direitos dos proprietários de animais de
estimação e do próprio condomínio.”
A Mediação Animalista é uma ferramenta valiosa para
a resolução consensual de conflitos envolvendo animais. Ela promove:
- Um
espaço de fala e escuta para os envolvidos
- Conscientização
sobre os direitos dos animais
- Prevenção
de novos danos
- Construção
de entendimento benéfico para todos, incluindo os próprios animais
Crime de Maus Tratos e Animais
Comunitários - Lei nº 14.064/2020
A majoração do crime de maus tratos foi um avanço
significativo na legislação brasileira. Essa lei fortaleceu a proteção dos
direitos dos animais e seu bem-estar. Agora, decisões judiciais têm sido
favoráveis à punição de abusos e negligência, sempre buscando o melhor para
todos os animais.
Incluindo não apenas os animais de estimação, mas
também os chamados “animais comunitários”, que são aqueles que vivem nas áreas
comuns dos condomínios, muitas vezes sem um tutor voluntário específico.
Eles podem ser gatos, cachorros ou outros animais
que encontram abrigo e alimento nessas áreas. Esses seres indefesos muitas
vezes são abandonados pelo Poder Público e dependem da solidariedade dos
moradores.
Dra. Alessandra Bravo enfatiza:
“Os animais comunitários também
possuem direitos. Eles têm o direito de viver e serem alimentados nas áreas
comuns dos condomínios. Garantir o mínimo
de bem-estar para esses animais é uma responsabilidade de todos nós.”
Uma das perguntas mais frequentes é se os animais
comunitários podem ser proibidos pelo síndico, administração, funcionários ou
moradores. Dra. Alessandra esclarece:
“A resposta é não! Tal
proibição pode configurar como crime de maus-tratos e crueldade animal,
previsto na Constituição Federal e no Código Penal. Além disso, outras
implicações legais podem ocorrer, dependendo do Estado onde se encontra o
condomínio.”
A presença dos animais comunitários nos condomínios
é uma realidade que deve ser tratada com empatia, compreensão e respeito.
Proteger esses seres é uma responsabilidade de todos, e a legislação está cada
vez mais atenta a essa questão.
Animais em Condomínios:
Diálogo, respeito e bem-estar
A convivência entre humanos e animais nos
condomínios requer sensibilidade, conhecimento legal e empatia.
O diálogo e a conscientização são ferramentas
essenciais para manter a harmonia entre os moradores. Vasco Rodrigues,
sub-síndico de um condomínio residencial, destaca que no local as soluções
ocorrem de maneira rápida e tranquila entre os próprios tutores. O segredo?
Consciência e respeito. O condomínio se destaca por buscar equilibrar os
interesses e direitos dos moradores com e sem pets. Vasco explica:
“Obedecer à convenção é
fundamental. Quando surgem dúvidas, a orientação está lá. Os regulamentos são
conhecidos e aplicados, garantindo tranquilidade. E aqueles que têm pets devem
atentar-se à convenção do condomínio e buscar a convivência em paz.”
Para resolver conflitos entre moradores e o
condomínio relacionados aos animais, o diálogo é essencial. Dra. Alessandra
Abravo diz:
“É recomendado que haja
diálogo entre as partes e respeito mútuo. Regras claras e coerentes são
fundamentais. Se necessário, busca por soluções amigáveis, ou até mesmo
judiciais, devem ser consideradas. Entretanto, as convenções e regulamentos
internos têm que estar condizentes com a realidade atual e enquadrados de uma
forma que proteja tanto os humanos como os não humanos, de outra forma,
qualquer cláusula proibitiva é nula.”
Manter a paz entre humanos e seus fiéis
companheiros de quatro patas, protegendo os direitos dos animais é uma
responsabilidade de todos. Yoshie, tutora da Jully, finaliza:
“Quem tem pet deve estar preparado para lidar com suas peculiaridades. O mais importante é manter o bom senso e o bem-estar dos pets e dos condôminos. Manter a calma, ter paciência e agir com responsabilidade é essencial.”
Fonte: ABRAVO - Advocacia e Assessoria Especializada
Advogada Alessandra Bravo
Instagram: @abravoadvocacia
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