Durante o mês de conscientização, é
fundamental ir além do câncer do colo do útero e abordar também outros tumores
que atingem o aparelho reprodutor feminino; Oncologista comenta como
identificar, prevenir e tratar
Ao longo do mês, a campanha Julho Verde vem para alertar sobre a
prevenção e conscientização dos cânceres que atingem o aparelho reprodutor
feminino (útero, ovário e endométrio). Indo além do câncer do colo do útero,
doença que atinge 17,010 mulheres por ano, segundo o Instituto Nacional de
Câncer (INCA), é fundamental também abrir os olhos para os tumores
ginecológicos como um todo.
Ainda de acordo com o INCA, cerca de 30 mil brasileiras são
diagnosticadas com cânceres ginecológicos por ano, sendo mais comum o câncer do
colo do útero em mulheres mais jovens e os tumores ovarianos e de corpo uterino
naquelas acima de 50 anos.
A oncologista Angélica Nogueira, da Oncoclínicas, alerta a
importância da vacina contra HPV, um fator importante e que não pode ser deixado
de lado. “Mais de 90% dos casos do câncer do colo do útero estão ligados ao
HPV. Infelizmente, apenas um terço das meninas são vacinadas no Brasil e isso
pode impactar diretamente no problema. Isso poderia reduzir em até 95% as
chances de desenvolvimento da neoplasia”.
Desde 2014, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas
Unidades Básicas de Saúde no Brasil e está disponível atualmente para todas as
crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. "A imunização pode ajudar não só a
prevenir o câncer do colo do útero, como também o de vulva, vagina e ânus nas
mulheres e de pênis nos homens". Além disso, vale lembrar que a vacina
também é indicada para pacientes com câncer, HIV e transplantados (até os 45
anos nas mulheres e 26 anos nos homens).
"O câncer do colo do útero ainda é, infelizmente,
considerado um problema mundial de saúde. Nos países em que há uma alta taxa de
infecção pelo HPV, a neoplasia possui uma maior repercussão. Apesar de na
grande maioria dos casos as mulheres terem a infecção resolvida por volta de
seus 30 anos, ainda existe a probabilidade de o vírus evoluir para o câncer do
colo do útero", comenta a oncologista.
Como identificar tumores ginecológicos
Considerado grave e silencioso, em 75% dos casos o câncer
ginecológico é descoberto em estágio avançado. Contudo, alguns sintomas podem
indicar que algo está errado com o corpo, por isso, fique de olho se houver:
- Sangramento vaginal anormal
- Febre que persiste por mais de 7 dias
- Inchaço abdominal
- Gases
- Dor pélvica ou pressão abaixo do umbigo
- Dor de estômago
- Alterações intestinais
- Mamas sensíveis, com secreção, nódulos, inchaço ou
vermelhidão
- Fadiga
- Vulva e vagina com feridas, alteração da cor ou bolhas
- Perda de peso sem motivo (10kg ou mais)
Quanto ao rastreamento dos cânceres ginecológicos, Angélica
Nogueira comenta que o Papanicolau é uma maneira de identificar as lesões
pré-malignas antecipadamente. “Ele pode ajudar a diagnosticar precocemente o
câncer do colo do útero e evitar que o tumor seja encontrado em estágios mais
avançados, prejudicando o tratamento e deixando-o mais complexo”.
Já nos casos de câncer de ovário e endométrio, ainda não existem
bons exames de rastreamento precoce. Em casos como esse, o médico pode
solicitar exames clínicos ginecológicos, laboratoriais e também de imagem que
ajudam a identificar a presença de ascite ou acúmulo de líquidos, além da
extensão da doença em mulheres com suspeita de disseminação intra-abdominal.
Contudo, se houver suspeita de câncer de ovário, por exemplo, é necessária uma
avaliação cirúrgica.
Além disso, o raio-x ou tomografia computadorizada do tórax pode
auxiliar na análise de derrame pleural, metástases pulmonares ou ainda
quaisquer outras alterações.
Fatores de risco
- Câncer do colo do útero: HPV, ter tido cinco ou mais partos, HIV, tabagismo e
constante troca de parceiros
- Câncer de ovário: menarca
precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, mulheres que
nunca tiveram filhos ou que possuam histórico da doença na família.
- Câncer de endométrio: menarca precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52
anos, mulheres que nunca tiveram filhos, idade acima dos 50 anos,
obesidade, diabetes, ou que realizaram terapia de reposição hormonal de maneira
inadequada após a menopausa.
Prevenção
De acordo com a oncologista da Oncoclínicas, no caso do câncer
do colo do útero, a prevenção deve ser realizada através do Papanicolau (a
partir dos 25 anos), sendo repetido uma vez por ano por três vezes e, se não
houverem alterações, uma vez a cada três anos após esse período, vacinação
contra o HPV e uso de preservativos durante a relação sexual.
"No caso dos cânceres de útero e endométrio, por não
existirem exames específicos de rastreamento, é fundamental praticar
regularmente exercícios físicos, manter uma dieta equilibrada e, caso seja
indicado pelo especialista, o uso da pílula anticoncepcional", comenta a
especialista.
Tratamento
O
tratamento adequado irá depender do estadiamento das neoplasias e também se
existem metástases. "Podem ser recomendadas radioterapia, cirurgia,
quimioterapia, braquiterapia, ou ainda a combinação de dois ou mais
tratamentos".
“Não podemos esquecer que quando falamos de prevenção e
tratamento, é muito importante buscar por fontes de informação seguras. Na
internet, por exemplo, existem diversos boatos que podem impactar de maneira
negativa na saúde da população. Por isso, sempre tire as principais dúvidas com
um especialista e confirme quaisquer informações recebidas pelas redes sociais
antes de compartilhar ou iniciar tratamentos milagrosos. Isso pode trazer
consequências graves para os pacientes oncológicos e até mesmo dificultar e
agravar o quadro de saúde", finaliza Angélica Nogueira.
Oncoclínicas&Co.
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