A amamentação gera muitas questões, especialmente em ‘mães de primeira viagem’; pediatra do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), tira dúvidas importantes
Anualmente, a importância do aleitamento materno é lembrada durante as ações do “Agosto Dourado”. O mês é dedicado a estimular, esclarecer dúvidas e orientar sobre a importância da amamentação até, pelo menos, os seis primeiros meses de vida da criança. Ainda assim, dados do Ministério da Saúde (MS) indicam que somente 45,7% dos bebês brasileiros são alimentados exclusivamente com o leite materno, que é o alimento mais completo, sob todos os aspectos, para essa fase. Rico em nutrientes, vitaminas e minerais, ele reduz em até 13% as mortes infantis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de seus inúmeros benefícios, a amamentação nem sempre é um processo fácil, exige adaptação da mãe e do bebê, e muitas informações erradas acabam gerando falta de discernimento.
Para esclarecer alguns dos principais mitos e
verdades sobre o assunto, a médica pediatra Michelle Marchi de Medeiros,
coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Maternidade do
Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), elucida algumas dúvidas.
1 - Existe leite fraco? MITO! Todos têm a mesma constituição. As pessoas acreditam que, pelo leite materno ter uma cor e densidade diferentes, por exemplo, ao do leite de vaca, que ele seja mais fraco, o que não é verdade. O leite da mãe tem todas as propriedades na quantidade adequada que o bebê precisa para que possa se desenvolver de maneira saudável.
2 - Mama pequena produz pouco leite? MITO! O que dá o tamanho e
o formato da mama é a quantidade de tecido gorduroso, e o que produz o leite é
o tecido glandular. Então, mulheres com mama pequena podem produzir a mesma
quantidade de leite que mulheres com mamas grandes.
3 - O leite materno combate infecções?
VERDADE! O leite materno é muito importante para fortalecer a imunidade
dos bebês. É rico em anticorpos, possui glóbulos brancos e enzimas protetoras
que defendem o organismo de infecções e na recuperação de doenças, protegendo o
bebê contra várias patologias da infância, tais como diarreias, alergias,
infecções respiratórias e otites.
4 - Ingerir água aumenta a produção de
leite? MITO! Não há comprovação científica sobre isso. O metabolismo do corpo da mãe fica aumentado
durante a fase da amamentação e, por isso, é comum a lactante sentir sede com
mais frequência. Mas não há nenhum estudo que mostre benefício no consumo
aumentado de água para a produção de leite. Entretanto, uma mulher desidratada
pode ter sua produção diminuída. A quantidade ideal de líquido diária varia de
2 a 3 L/dia (cerca de 8 copos/dia).
5 - A cada três horas o bebê precisa ser amamentado? MITO! Não há uma regra: o bebê é quem vai demonstrar o seu ritmo e a mãe deve
ficar atenta para dar o peito sempre quando o bebê solicitar, avaliando sinais
de fome. Com o tempo, a criança vai fazer seu próprio horário de mamadas.
Existem bebês que levam em torno de 5 a 10 minutos para mamar; outros podem
levar de 20 a 30. O importante é que a mãe mantenha a amamentação até que o bebê
perca o interesse, o que significa que ele já está satisfeito. Um ponto de
atenção é a “pega”, ou seja, o bom encaixe da boca do bebê ao bico do seio da
mãe: a criança deve conseguir abocanhar a maior parte da aréola, para que
extraia de forma mais eficaz o leite e evite fissuras, sendo mais confortável
para ambos. Em situações especiais, os bebês precisarão ser estimulados a mamar
com intervalos pré-definidos, mas isso será orientado pelo pediatra.
6 - Cerveja preta e canjica aumentam a produção de leite
materno: MITO! A
alimentação é importante para manter a mãe saudável e compartilhar isso com o
bebê, mas não existe nenhum trabalho científico que associe algum alimento ao
aumento de produção de leite materno. Bebidas alcoólicas, como a cerveja preta,
são contraindicadas durante o período de amamentação.
7 - Se a mãe ingerir chocolate ou feijão, pode causar cólica
no bebê? MITO! Não
existe nenhuma comprovação de que a alimentação da mãe possa interferir na
cólica do bebê. A mãe deve ter uma alimentação saudável e balanceada, o que é
importante no período pós gestação.
8 - Quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz?
VERDADE! Logo após dar à
luz, a produção de leite é menor, cerca de 100ml por dia. Porém, após o quarto
dia, a mãe produz em média 600ml de leite por dia. Conforme mãe e bebê vão se
adaptando, o volume produzido varia, dependendo da necessidade de cada bebê, do
quanto a criança mama e da frequência de mamadas. Quanto mais volume e mais
vezes a criança mamar, maior será a produção. Algumas mães são capazes de
produzir mais do que a quantidade necessária para o bebê, o que possibilita a
doação para os bancos de leite humano.
9 - Chupeta e mamadeira atrapalham a amamentação? VERDADE! Oferecer bicos e chupetas pode fazer
com que bebês rejeitem o peito da mãe e, além disso, podem gerar problemas na
dentição, fala e respiração. A má higienização, inclusive, pode levar à
contaminação desses itens e causar doenças ao bebê.
10 - Além de positiva para os bebês, a amamentação também é
benéfica para a mãe? VERDADE! A amamentação fortalece o vínculo entre mãe e bebê, o que permite
uma sensação de bem-estar. Reduz a
depressão pós-parto, o risco de câncer de mama e ovário, e diminui as chances
de hemorragias, pois favorece a contração do útero e sua involução, permitindo
que retorne mais rápido para o lugar. Já para o bebê, são infinitas vantagens.
As principais são em relação ao sistema imunológico, que fica mais fortalecido,
atua contra infecções respiratórias e gastrointestinais, favorece o
crescimento, o desenvolvimento intelectual, protege contra a obesidade, o
diabetes e diversos tipos de alergia.
Vera Cruz Hospital
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