Transformação
digital é um processo em constante evolução. Não importa o ramo de atuação, a
evolução da tecnologia impõe novos parâmetros e oportunidades todos os dias
mundo afora. Embora ainda estejamos apenas arranhando a superfície da
Inteligência Artificial (IA), a “queridinha” do momento perante empresas e
negócios, especialistas já olham para o que pode ser a nova onda. No setor
bancário, o termo “Bancos Quânticos” é uma das bolas da vez.
Como o nome
sugere, trata-se do conceito que combina os princípios da computação quântica
com operações bancárias. A ideia central envolve o aproveitamento das tecnologias
quânticas para revolucionar vários aspectos dos serviços bancários e
financeiros. Segundo um relatório da IBM,
determinadas ações e operações das instituições seriam rapidamente impactadas:
· Otimização
de negociações
· Elaboração
de perfis de risco
· Direcionamento
e previsões
· Recomendações
de produtos
· Gerenciamento
de portfólio
· Pontuação
de crédito
· Detecção
de fraudes
· Prevenção
de lavagem de dinheiro
· Previsão
de crises financeiras
Mais do que uma
evolução da computação clássica, a quântica permite uma alta velocidade de
processamento de dados e informações, criando oportunidades e resultados até
então considerados impossíveis. As interações entre moléculas, atos e
partículas subatômicas, muito minúsculas e rápidas, fazem parte da física quântica,
esta a força teórica do que a computação quântica pode oferecer para múltiplos
setores. Porém, especialistas veem o mundo bancário e financeiro na dianteira.
Um estudo da McKinsey
corrobora essa análise.
Os bancos estão no
topo quando os temas envolvem investimentos em tecnologia e bases de dados
gigantescos e robustos. Com o apoio de uma tecnologia como a quântica,
projeta-se o aumento da otimização de produtos, serviços e interações com os clientes,
com maiores usos preditivos voltados ao mercado de ações e de empréstimos, além
da redução de riscos de toda a ordem, tudo graças à alta velocidade de
processamento de cálculos complexos.
Desta forma é que
avaliações de risco para crédito (com informações mais precisas sob perfis), ou
a precificação de ativos – para ficar em apenas dois exemplos – podem ser
impactadas de maneira decisiva para os bancos e instituições financeiras que
possam abraçar a computação quântica. Já há trabalhos em andamento: Goldman Sachs,
JPMorgan e HSBC
iniciaram as suas primeiras iniciativas com essa nova tecnologia. No Brasil, Itaú e Bradesco
trabalham para desenvolver as suas próprias soluções na área. Até mesmo a IA e
suas propriedades ímpares será impactada diretamente pelos supercomputadores
quânticos necessários para rodar todo esse ecossistema.
Como toda
evolução, contudo, há algumas barreiras e desafios a serem vencidos. Enquanto
os mais otimistas acreditam que até o final desta década será possível vermos
“Bancos Quânticos” com aplicações comerciais viáveis, há aqueles que pedem
cautela. Para começar, é preciso levar em conta que um computador quântico,
apesar de poderoso, é muito sensível e instável. De variações de temperatura à
pequenos tremores e vibrações, eles podem perder as informações que carregam
tão rápido quanto realizam cálculos impressionantes.
Não por acaso,
atualmente o hardware desse tipo de computador é armazenado em refrigeradores
com temperatura próxima do zero absoluto, o que ajuda a garantir que os qubits
(que supera a lógica binária do bit de vale um ou zero) permaneçam
estáveis. Entretanto, nem todos os equipamentos funcionam em condições tão
frias, o que impõe um custo bastante alto para a construção de uma arquitetura
quântica operativa e funcional. Muito da aplicação futura com elementos
quânticos vai depender não só de investimentos pesados, mas também da evolução
de máquinas e condutores que dão suporte a esses supercomputadores.
Além disso, como
acontece a cada nova revolução tecnológica, o bom uso também pode vir
acompanhado da utilização nociva. A computação quântica tem a capacidade de
quebrar muitos dos algoritmos de criptografia que são usados hoje para proteger
o ambiente digital. Por isso, todos os bancos e instituições financeiras que
dependem de algoritmos de criptografia de chaves públicas tradicionais são
vítimas potenciais de um ataque tão logo a computação quântica com criptografia
relevante fique disponível.
Por outro lado,
enquanto os riscos de segurança se postam como um possível entrave, a segurança
digital pode receber um impulso positivo, com o desenvolvimento da tecnologia
de criptografia quântica, que é inquebrável por computadores clássicos e
permite proteger dados confidenciais de clientes e instituições financeiras
contra ataques cibernéticos. Essa evolução também pode ser considerada uma
medida preditiva contra os chamados ataques de descriptografia retrospectiva (quando
um criminoso coleta dados criptografados para descriptografá-los quando a
tecnologia quântica estiver acessível. Aqui também se impõe a necessidade de
mão de obra especializada, o que significa mais investimentos em profissionais
que possuam noções tanto de computação quântica quanto de finanças.
Como se vê, muitos
dos desafios que se impõem diante do imenso potencial da computação quântica no
ambiente financeiro e bancário em muito lembram o que se teorizou durante
décadas em torno da IA, que está entre nós com cada vez mais relevância. É
possível prever a necessidade de considerações regulatórias a cada nova etapa
que virá – no ambiente financeiro bancário, estamos falando de novas questões
em torno da privacidade dos dados, à segurança e ao potencial acesso desigual
às tecnologias quânticas.
Como um líder
otimista que sou, aposto que as organizações que investirem nessa tecnologia no
presente poderão se destacar no futuro, com a oferta de produtos e serviços
inovadores, personalizados e mais eficientes para seus clientes. Os primeiros
trabalhos experimentais estão em andamento e o potencial será sentido mais cedo
do que eu ou você imaginamos. Até porque a transformação digital não para: ela
apenas muda de marcha.
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