Esse perfil de executivo tem sido cada vez mais buscado pelas empresas que estão iniciando ou caminhando em uma jornada de transformação digital
A pandemia foi um divisor de águas para as empresas no que diz
respeito à forma de enxergar o trabalho. Por conta da necessidade de
isolamento, a vida dentro do escritório deu lugar a uma rotina de home office,
o que demandou uma adaptação rápida das empresas, e principalmente dos líderes,
para conseguir fazer a gestão de seus colaboradores remotamente.
No entanto, com a pandemia perdendo a força, as empresas começaram
a questionar o modelo remoto, sendo que algumas delas adotaram o modelo
híbrido, que, segundo o relatório anual Microsoft Work Trend Index, publicado
em março deste ano, caiu nas graças dos funcionários, incluindo executivos
C-level.
Na visão de Guilherme Spironelli, sócio da EXEC, empresa
especializada em Executive Search, o nível de abertura das empresas para
repensar o futuro do trabalho é diverso. “Algumas empresas estão mais
avançadas, outras menos. O que a gente vê hoje, com o trabalho híbrido sendo
adotado por grande parte das empresas, principalmente de TI ou que tenham uma
área de Tecnologia bastante relevante. Mas as transformações são rápidas, e o
que vemos hoje vai se tornar passado”.
Segundo o documento da Microsoft, 58% dos trabalhadores preferem o
modelo híbrido ou remoto de trabalho, o que traz aos líderes diversos desafios
para se tornarem digitais. “O diferencial desse tipo de líder é gerir uma
equipe em um cenário remoto, que não só deve ser hands-on, mas que também
coloca em prática as softskills, além de liderar pelo exemplo”.
Além das hardskills, que abordam as competências técnicas, o líder
digital precisa colocar em prática as softskills, que engloba a prática de
pontos como resiliência, empatia, equilíbrio emocional, entre outras.
Mas o que é de fato um líder digital?
A liderança digital pode ser resumida em um parágrafo.
É a disciplina de direcionar uma organização para a transformação digital para
que ela possa permanecer competitiva e adaptável no ecossistema digital e
social em rápida mudança.
O principal papel de um líder digital, segundo Spironelli, é
liderar a organização na adaptação da mudança digital e conectar a tecnologia
ao mercado, bem como aos negócios e à cultura organizacional.
O que é preciso para se tornar um deles?
Exigência cada vez maior na hora de contratar um executivo, adotar um mindset digital demanda a prática de algumas premissas importantes, na visão de Spironelli. O executivo elenca cinco delas.
1. Capacidade de se comunicar. De acordo com uma pesquisa do MIT sobre as melhores práticas para equipes remotas, a comunicação foi considerada o fator mais importante para o sucesso da gestão. “O líder digital precisa ter uma fala coerente, transmitir sua mensagem de forma simples, objetiva e direta. Ele está distante de sua equipe e por isso não pode haver falhas nesta comunicação”, analisa.
Ferramentas como e-mails, bate-papos, WhatsApp, videoconferências, entre outros, permitem que o contato com a equipe seja contínuo, porém, por outro lado, torna as comunicações impessoais. “Isso impede que os times compartilhem os problemas que enfrentam devido aos avanços tecnológicos. Com o líder se comunicando com sua equipe em um nível pessoal, os colaboradores se sentirão conectados com a organização e motivados a compartilhar suas dúvidas”, ressalta.
2. Ter adaptabilidade. O líder digital precisa ter a
capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças, desde o que envolve modelos
de trabalho até mesmo às mudanças estruturais da empresa, além de se
familiarizar rapidamente com novas tecnologias. “Hoje as informações chegam
rápido, as mudanças acontecem em uma velocidade acelerada e o líder precisa se
adaptar rapidamente para gerir sua equipe às novas realidades”, ressalta
Spironelli.
3. Praticar princípios ESG. As práticas de ESG
(Ambiental, Social e Governança, na sigla em português) estão sendo cada vez
mais exigidas das empresas e de seus times. E o líder tem um importante papel
nessa jornada, principalmente no papel de gerir times cada vez mais diversos,
diz o especialista.
“A realidade é que cada vez mais convivemos com
pessoas de diferentes culturas, credos, gênero, raças, entre tantos outros
aspectos, que se torna um desafio para o líder digital gerir uma equipe tão
diversa de forma remota. Muitas vezes são pessoas que trabalham em vários
lugares do País e do mundo, com visões e culturas diferentes. Colocar tudo isso
em harmonia requer uma habilidade e tanto”, ressalta Spironelli.
4. Capacidade de tomada de decisão. Com a informação
circulando de forma rápida e mudando a cada momento, o líder digital precisa
ser ágil na tomada de decisão. E o grande desafio, segundo o sócio da EXEC, é
“fazer isso no escuro”. “Muitas vezes o líder digital vai ter que tomar decisões
tendo poucos insumo, tendo que se guiar pelo feeling. Ele pode ter ou não 100%
de acerto, mas precisa tomá-la para não perder o timing”.
5. Permita-se errar. A digitalização e a chegada das
startups trouxeram uma outra mentalidade para as empresas. A cultura de que “é
proibido errar” abriu espaço para “permita-se errar”, conforme aponta
Spironelli.
“Isso é muito forte nas novas empresas de tecnologia.
Por exemplo, se a companhia vai colocar um aplicativo de serviços no ar, a
ferramenta começa a operar e com sua execução junto aos usuários é que os
ajustes são feitos”, diz.
O líder digital, na visão do especialista da EXEC,
deve estimular seus funcionários a experimentar coisas novas e entender que
cometer erros é algo positivo, desde que a empresa não sofra grandes
consequências. “Também é importante estabelecer práticas de feedbacks para
aprender com os erros”, enfatiza.
Os líderes digitais estão cada vez mais sendo
requisitados pelas empresas. Por isso, estar preparado, alinhado a essas
premissas, é fundamental para conseguir alçar voos cada vez mais altos.
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